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estou de acordo que não é exatamente a mesma coisa que o 25 de Abril o 25 de Abril é uma mudança de regime hum o o 25 de Novembro é a salvação dessa mudança portanto eh no sentido de termos passado de um regime autoritário para uma democracia que foi o que aconteceu a 25 de Abril Hum e a 25 de Novembro evitou-se que voltássemos a um regime diferente Ora bem porque é que eu digo isto com esta convicção toda e e eu eu como como tu referiste eu de facto tenho uma memória pessoal desse dia sei o que estava a fazer sei o que o que aqueles que à minha volta estavam a fazer e portanto eu tinha 18 anos só na altura mas nessas Nessas horas aquilo que fiz foi ensinarem como é que se usavam armas automáticas e eu para a a a a revolução que vinha aí Hum E que estava a ser preparada que ia a acontecer era isso que se esperava que aconte só não se sabia quanto mas ia a acontecer era isso sabia estava em curso se tinha começado estava em curso portanto podia acontecer eh no sítio onde eu estava havia enfim eu não não vi mas sei que era assim eh estava um carro parado à porta era um um citron andian que era que eles tinham as asas talvez se recordam eram dois cavalos um boquinho modernizado que tinha a parte de trás quase arrastar no chão porque tinha bagageira cheia de armas pronto eh Isto é naquele naquele naquelas horas naquilo não durou muito tempo naquelas horas esteve de facto em causa saber se Portugal ia ser aquilo que hoje é isto é uma democracia Liberal portanto uma democracia e não Il Liberal como agora tá na moda e noutros países uma democracia Liberal portanto uma democracia em que todos não tão não só têm direito à palavra como e a direito a se exprimirem a direito a eleger aos seus representantes como existe liberdade para tudo portanto no sentido de dizer da formação de partidos realização de eleições Liberdade da oposição limitação de poderes ou se e agora vou desculpa lá vou citar aqui um texto deste fim de semana que acho que estava muito bem escrito no que diz respeito à ao que estava em causa é o texto de António Barreto no público e que diz que de um lado estavam mas que o uma esquerda que não era democrática era revolucionária desejava liquidar a iniciativa privada e o capitalismo impedir a livre elaboração da Constituição evitar as eleições legislativas previstas para daí uns meses afastar a ideia de um Parlamento eleito e plural erguer obstáculos à criação de um regime democrático parlamentar parecido com o que vigorava em praticamente todos os países ocidentais e europeus portanto pretendiam transformar em órgãos de soberania os poderes de organismos não eleitos como as comissões de trabalhadores e dem moradores os sindicatos e outros órgãos do Poder Popular segundo a terminologia da época era Exatamente isto que estava em causa isto representava 20% do país nós sabíamos que represar 20% do país porque tinha havido umas eleições uns meses antes para Assembleia constituinte e dessas eleições tinha resultado que 20% do país tinham votado em partidos que apoiavam este projeto Portanto o PCP era o maior todos eles mas depois havia uma constelação de outras forças radicais no Parlamento Só estava representada uma que era o DP com um deputado mas estava representada o resto tinham concorrido mas não tinham eleito deputados tinham tido votações e divisórias mas tinham um poder nas ruas nas manifestações no poder efetivo que era muito grande e aquilo que o António Barreto aqui recorda que havia há duas coisas que são muito pouco recordadas por um lado havia pouca vontade que esse eleições as próprias eleições de 1975 portanto 6 meses antes do 25 de Novembro essas ações estiveram em Vasco Gonçalves que era o primeiro ministro ligado a este estes setores ligado ao partido comunista não tem há declarações dele no sentido de dizer não é melhor não haver o povo não sabe o povo não tá preparado era o discurso simétrico ao discurso que tinha havido durante décadas durante o período autoritário em que o povo não estava preparado o povo não estava não sabia como é que havia de votar portanto não se podia dar demasiada Liberdade ao povo senão o povo votava mal votava manipulado enfim coisas que se ouviram infelizmente muitas vezes e depois havia eh tinha resultado enfim daquelas várias turbulências que houve entre o 25 de abril e o 25 de Novembro eh houve dois momentos em que num é uma espécie de inventona mas pronto que levou à admissão do General Spin presidente da república em 28 de setembro de 74 e depois é de facto uma tentativa de Cont golpe eh de no 11 de Março do General espínola que é derrotada e a partir daí há uma espécie de aceleração deste processo e na sequência da aação deste processo nós elegemos uma assembleia constituinte mas os partidos estavam de tal forma condicionados e de tal forma pressionados pela força dos militares e pela força dos militares que nessa altura se estavam muito muito não eram ainda os militares moderados que dominavam B eram os militares radicais que que que dominavam que a seguir a 11 de Março é Assinado uma coisa que ficou conhecida como primeiro pacto partidos mfa portanto é uma espécie de compromisso dos partidos relativamente à constituição que eles próprios vão escrever eles os militares os partidos não vai haver uma eleção constituinte Os muitos militares não queriam com essas essas eleições na nesse equilíbrio de forças Eles não conseguem evitar as eleições essas eleições acontecem no último dia do prazo do programa dafa que era no prazo de um ano portanto mas não há por aí não há problema nenhum até simbolicamente foi bonito e essas eleições ocorrem mas os partidos vão essas eleições condicionados naquilo que eles poderiam fazer na Constituição e não eram condicionalismos pequenos Há muitos documentos inclusivamente Alguns que estão manuscritos pelo próprio Vasco Gonçalves em que a par da Assembleia da República Eleita pelo povo haveria um poder que era a Assembleia do mfa no movimento das Forças Armadas portanto era uma espécie de tutela militar absoluta sobre o poder político havia legislação que não Podia Ser aprovada pelos deputados como hoje é como em todo lado tinha que ser ou aprovada ou sufragada pelos órgãos do do do mfa a Assembleia do mfa e o concelho da da revolução e muitas outras coisas e muitas outras coisas essa esse pacto só é revisto já depois do 25 de novembro e por causa do 25 de Novembro éem revisto a seguir dá aos aos deputados constituintes um grau de liberdade que eles não tinham os militares abdicam de muitos os militares do concelho da revolução da altura que já era dominado pelos moderados a a bedica de muitos dos poderes repara as escolha do Presidente da República não era para ser por vota Universal Presidente da República era escolhido pelos militares no primeiro pacto da mfa depois é que no segundo pacto passa a haver eleição para o Presidente da República mas mesmo assim mantém-se o concelho da revolução há um período transitório depis logo veremos como é que é e depois acabou pronto este período transitório acabou em 82 com a revisão da Constituição e o fim do concelho da revolução Mas eles ainda exp permearam um bocadinho e um bocadinho é que sou estou a ser estou a ser estou a ser enfim eh ligeiro portanto e esta e e e a noção de que eh Há aquela noção Ah agora muito este discurso em conta Portanto o Presidente da República ia ser mesmo eleito e nunca se percebeu em que qual é que seria a por a proporção da representatividade pela Assembleia do mfa que também é muito discutível defini-la nos seus termos e pela Assembleia eh Sim claro paraar a Assembleia do mfa há assembleias há discussões imensas sobre o que é que era a verd o que que o que é que podia considerar Assembleia do mfa era um plenário selvagem como alguns foram Praticamente em que chicou a ser pedida a pena de morte eh reinstituição da pena de morte ou se não se não essa era uma coisa diferente esta ideia de que não Isto foi apenas quer dizer eh eh eu sei que no no no dia 25 de novembro porventura houve havia haveria entre Os Vencedores daquele confronto porque houve um confronto e houve mortes não muitos mas houve mortes na calçada da Ajuda S três não foi sim houve S três dois comandos e um que estava dentro do do cartel da da da da Polícia Militar que eu já não me recordo se era civil se era um civil penso que era um civil interessa três militares que morrem milites morem um estava era afeta à polícia militar os outros eram eram comandos são mortos nunca se identificou a autoria de quem disparou porque o problema é que no no nos quartéis a distritos a este poder revolucionário não se distinguiam os civis portanto os militares vestiam-se de civis e os civis vestiam-se de militares portanto havia civis uma coisa certa dentro do quartel havia civis havia civ havia civis se foram esses civis que deram o primeiro tiro ou não não sab há outro problema eles foram os tiros não foram de frente não é eles os tiros terão vindo de edifício em frente ao quartel ex eles estavam a cumprir aquilo que o que o Costa Gomes então Presidente da República tinha terminado tinha dado tinham dado instruções vi a acadeia de comando o Ian Jaime Neves de que podia que os quartéis de ajuda se iam render o Jaime Neves teria instruções para que podia entrar no quartel da ajuda porque eles se iam render a verdade é que quando os comandos vão entrar no quartel da Ajuda há tiros e são mortos eh portanto há ali uma situação que não é apenas uma questão de confronto é uma questão mais grave que é para os militares não é que é disparar se e aquilo que se à traição não é portanto é uma situação e comp portanto isto isto e eh Há um discurso foi muito repetido nos últimos dias bem mas aquilo houve dois derrotados no no foi derrotada à esquerda revolucionária e a seguir foi derrotada a Extrema direita queria legalizar o PCP verdadeiramente verdadeiramente isso não fazia parte do programa houve alguém que disse isso Neves disse isso o pir vores disse isso podem ter dito podem ter dito há um ou outro testemunho que em que isso é referido mas isso os homens não estão satisfeitos e pronto pode-se ter podem ter dito umas coisas do género era preciso pá sofremos tanto os comandos tiveram hou alturas em que houve tentativas de ser ao quartel dos Comandos com com batoneira do dos da construção civil e coisas desse G para bloquear o quartel dos Comandos ou tudo isto se passou nesse período é muito difícil imaginar o país agora agora para ter a noção que há que são períodos diferentes eu lembrei-me de uma canção vais cantar não vou cantar não vou cantar nem pensem nisso mas vou apenas ler a letra vou Apenas lê a letra é uma canção que toda a gente conhece mas que tem duas letras uma escrita no verão de 75 e outra não sabemos qu é que foi escrita mas cantada pela primeira vez em 78 portanto já depois Chico barco da Holanda Ah pois e a e a canção com a letra de 75 é a seguinte seis Onde estás perdão desculpem lá sei que estás em festa pá Fi contente e enquanto estou ausente Guarda um cravo para mim eu queria estar na festa pá com a tua gente e colher pessoalmente alguma flor no teu jardim bem amente Isto é a revolução portanto período revolucionário em pugal e há uma ditadura no Brasil ditadura portanto Isto é o Espírito só que pronto se a senhora entretanto ao 25 de novembro e o Chico Bararque acha ou o pai dele diz que foi o pai que escreveu Sérgio Boco de Holanda que era Historiador fundador do partido dos trabalhadores escrevem outra letra e a letra passa a ser foi bonita a festa pá portanto Isto é acabou já não há festa em Portugal a democracia já não é uma festa isto fiquei contente e ainda guardo renitente um um velho craf para mim renitente já murcharam a tua festa pá mas certamente esqueceram um l cemento em algum canto do Jardim portanto há de haver uma revolução um dia destes portanto estas duas estas duas letras da mesma canção eh mostram bem como há um ano s depois do 25 de de novembro e e e e atenção é Fe São escritas é escrito e cantado e celebrado por quem eh está com o processo revolucionário antes do 25 de Novembro portanto quando hoje eh se procura dizer de alguma forma como prar dizer o PCP que é uma coisa uma coisa Vingativa uma coisa contra o 25 de abril e é falso é falso porque é assim há um havia um projeto que não era o projeto do 25 de Abril que não era o projeto que estava no programa do mfa e todo esse projeto esteve em cima da mesa e nas ruas durante aqueles aqueles meses nas cadeias e nas cadeias havia havia muitas pessoas presas eu ontem estive estive a tentar encontrar mas não consegui encontrar Eu tenho o livro mas não consegui encontrá-lo o livro de uma de um livro é uma espécie de autobiografia de uma antiga militante do MRP que depois foi magistrado no Ministério Público chamar Aurora Rodrigues que eu conheci quando ela ainda antes 25 de Abril eh ela era estante direito conheci quer dizer conheci de reuniões não interessa eh e ela a foi presa duas vezes foi presa no 25 de Abril foi torturada passou ela era numa as estruturas eram por regra bastante mais violentas quando as pessoas eram de origens humildes e ela era de origem humilde portanto eh e portanto Foi bastante tortada depois foi libertada sem sem is sequer julgamento passado dois meses ou três e depois voltou a a estar presa e a descrição que ela faz nesse livro das condições da prisão em Caxias dos militantes do MRP eu tive dois ir mãos que eram no meu R tiveram também lá presos na mesma altura eh as as as descrições que ela faz das condições da prisão ela não foi torturada não não passou outra vez pela pelas estruturas que lhe fizeram para e ter confissões mas as condições que lá teve eh no período pós 25 de Abril eram piores do que aquelas que ela tinha tido antes e o número de presos em cachias muito superior portanto não estou a dizer que este fosse o destino final mas era o destino era por onde as coisas se encaminhavam e havia quem plane asse quem plane asse quem tivesse a ver se havia essa oportunidade a ver se havia essa oportunidade Quem estava por dentro das estruturas de direção das organizações radicais sabe que era assim as it Seabra que estava na altura tinham o escritório dela Portanto o gabinete dela à frente do gabinete do alvar pinhol eh testemunha de uma forma muito clara aquilo como é que as coisas passaram portanto como é que as coisas passaram isto no sentido de dizer a a expectativa era que mesmo nós tendo apenas ela não diz desta maneira mas no fundo é isto a expectativa do Oral era repetir a revolução de outubro e a revolução de outubro é feita como a Revolução de outubro é basicamente um golpe de estado feito numa cidade quer dizer aqui seria Lisboa ou a cintura vermelha de Lisboa cintura industrial de Lisboa eh que depois tomou conta do país no caso da Rússia feita por eh trabalhadores armados e soldados em Portugal Parecia tudo muito parecido havia soldados radicalizados havia trabalhadores armados podia ser que houvesse essa oportunidade e o PCP preparou-se para essa oportunidade e tinha sistemas de alerta montados Nessa altura para fazer avançar ou não fazer avançar as unidades que estavam do seu lado quando fez contas percebeu que ia perder mandou as recuar neste caso concreto os Fuzileiros que eram aqueles que podiam ter feito frente aos comandos porque os os eh os paraquedistas já estavam não tinham comando já não tinham estrutura de nada aquilo foi era caótico mas os Fuzileiros tivessem vindo da de de da do seu quartel que fica ali ao pé do Barreiro para Lisboa eh podiam ter aquele podia ter tido um destino diferente é evidente que havia um equilíbrio no país que já não era esse e já não permitia e portanto as ordens que tinham sido contragolpe preparado pelos pelos J alanos falarei disso havia claro que havia um contragolpe preparado mas houve ali eh uma altura em que o era incerto desfecho era incerto e o jaim Serra deu ordens para estarem preparados Jaime Serra era no P no PCP Quem fazia a ligação aos militares eh e há e há pessoas que testemunharam isso e depois houve a contraordem parem e houve a contraordem dado aos militantes que estavam nas sedes à espera que lhes fossem distribuídas armas isso é testemunhado quer dizer a Zita se abre andou de não era nas chedes era algumas vezes em casas andou de casa em casa a dizer vão-se embora acabou vão dormir isto já não há nada portanto a coisa esteve assim e portanto não venham dizer que agora é uma invenção porque e e eh o risco de irmos para um regime não agora se é uma se era um regime como Cuba ou como a União Soviética ou como Venezuela ou não sabemos agora não era uma democracia Liberal isso não era de certeza porque bastava que fôssemos obrigados a cumprir o primeiro pacto mfa partidos não era preciso muito mais bastava isso e bastava que no mfa a fação que tinha sido dominante até uma famosa reunião em tancos no verão de 75 essa fação continuasse a ser dominante eh porque é que isto tudo Falhou Eu acho que em parte isto falhou pela determinação do contragolpe que estava montado pela pelo General ramal Anes e também Aliás o general ramales ao contrário também de algumas mitologias continuam a achar que se deve comemorar o v novembro eu estive a ler e o livro que ele de entrevistas que ele deu que ele deu agora Fátima Campos Fer a Fátima Campos Ferreira as passagens que lá estão e ele não deixa dúvidas sobre isso Acha que o 25 de Novembro deve ser celebrado pá agora lá certeza foi ele que organizou o contragolpe sim tá bem mas aqui há uns tempos causa uma entrevista sobre Assembleia Assia umito que ele também era Como o Vasco loureno e como o Pedro Correia que são pessoas muito diferentes e que têm um ativismo completamente diferente