Vídeo: Não há só um teatro, há muitos!

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hoje trago-lhe teatro e com o tema que não é fácil a violência sobre as mulheres vou conversar com Miguel Falcão Professor investigador e dramaturgo galardoada há dois anos com o prémio Nacional das Artes do espetáculo Maria João fon inhas pela peça as ressuscitadas uma peça dura cuja estreia absoluta acontece esta quinta-feira dia 28 na casa do teatro de centrada no encontro entre duas mulheres vítimas de vários tipos de violência abuso e opressão masculina curiosamente a interpretação está a cargo dos seus três ensinadores Susana se Gaspar Paula Pedregal e Nuno Correa pinto é a primeira vez que os três diretores artísticos do chão de oliva trabalham simultaneamente na criação e interpretação da companhia de teatro de cindra Olá Miguel e bem ajas por ter aceitado este meu convite bem-vindo à rádio observador Olá João Paulo muito obrigado pelo convite é um prazer estar aqui na rádio observador O prazer é todo meu Miguel tu tu ainda agora tinha perguntado vens do concelho de Vila Franca do chira tu moras em Alhandra h no próximo verão celebras as budas de prata é uma festa vai ser festa bodas de prata do casamento não é É verdade com duas filhas e dois filhos muita gente para quem passar a arte que que é muito bom tu há uma coisa que tu que eu gostei que tu mandaste na tua biografia que é Eu gosto de cozinhar tens algum prato de ser assim um preferido teu de fazer gosto muito de Cozinhar comida de inspiração tradicional portuguesa Ok na minha família sempre se cozinh muito Houve várias cozinheiras na minha família e penso que isso me influenciou bastante gosto muito de cozinhar go jantaradas para amigos iso para família somos sempre no mínimo seis à mesa é é tão bom mesa farta é tão é tão bom isso tão bonito H gosto e há uma coisa tu dizias gosto muito de falar com os outros e gosto muito de falar sozinho falas muito sozinho este estilo Travessa do fala só vais na rua e falas sozinho ou de vez em quando estás sentado estás concentrado em casa e e põe a falar sozinho a dizer coisas olha se me distrair na rua sou capaz mas sobretudo em casa e quando estou sozinho falo falo onde estiver falo muito sozinho é Gosto de gosto de pensar em voz alta isso ajuda-me a esclarecer o pensamento e a a tornar o meu pensamento mais claro talvez Aliás acontece-me o mesmo com a leitura se puder leio sempre em voz alta eu vou vou falar contigo sobre isso porque tu tens uma série de coisas sobre isso sobre o ler em voz alta é muito engraçado e é muito importante e ver nas escolas e não só mas pronto faz isso e é muito engraçado agora tá a pensar que como dramaturgo também deve ser engraçado quando TS a escrever uma coisa ou com uma um tema de uma peça na cabeça e se calhar também te ajuda eh a sonoridade das palavras como é que elas soam ditas sim é diferente estar ao computador a escrever só um texto não é e ouvires uma resposta uma mulher a responder à outra e e este chante de coisas se calhar falar alto ajuda e falar e ler portanto eu quando estou a escrever muito regularmente eh leio em voz alta aquilo que estou a escrever leio movimento pelo espaço eh tudo isso faz parte do meu processo de escrita preciso de ouvir de facto muito bem tu viveste até aos 31 anos em Alhandra e a terra do do cenário deste dos esteiros Claro obviamente do do suer Pereira Gomes estamos a falar do neorrealismo desta Vila Operária e eh das lutas antire regime H tu tens uma tua própria família muito politizada certo aliás houve vários presos políticos na tua família nos quais te inspiraste até para duas uma ou duas peças já es sim é verdade sim é verdade a Leandra todo o concelho de Vila Franca de xira e a Leandra em particular eram eh localidades por um lado com o movimento associativo muito forte cultural artístico eh ao nível amador eh e também com células políticas sobretudo do Partido Comunista embora não se soubesse mas com eh pessoas que de facto eram muito ativas ainda durante a clandestinidade durante o estado novo Eh e vários dos meus familiares tiveram muito envolvidos nessas células políticas nessa atividade política partidária muito diretamente eh e portanto alguns deles acabaram por ser por partir para a clandestinidade primeiramente homens e uma mulher vários mas sobretudo um casal de tios o meu tio saveriano e a minha tia Beatriz e e acabaram por ser presos pol doos quais te inspiraste então só este ano estrearam além destas ressuscitadas que vamos falar hoje os os 23 segundos e as sombras são duas peças que tu escreveste inspiradas muito levadas à Cena portanto baseadas num fato histórico que foi uma tentativa de fuga de de Penix Se não me engano exatamente portanto trata-se de um díptico é essa trata-se de um díptico a primeira peça que foi levada à Cena pela comuna este ano eh é a peça 23 segundos e inspira-se num Episódio real eh que aconteceu no início dos anos 50 eh um desses meus tios participou Portanto ele já estava preso político eh no Forte de de peniche eh e e portanto houve um grupo de presos políticos naquela altura ainda não tinham sido feitas as obras eh que vieram a tornar Aquela aquele forte uma prisão de alta segurança e portanto os presos ainda estavam em casernas com o fundo com o chão em madeira em soalho ISO permitiu e várias vezes um determinado tipo de fuga que era através da da da da da criação de de de de túneis no chão de sobrado e essa foi foi a tentativa de fuga que eles tiveram um grupo de cerca de 12 a 14 homens o grupo mudou ligeiramente houve um ou dois que foram libertados no processo e um ou dois que entraram para a para a caserna e e portanto Eles tentaram essa fuga durante meses fizeram um túnel é impressionante pensar que fizeram um túnel de quer dizer que prepararam eles fizeram o túnel mesmo construiram sim s a 12 que que era a distância que distava dessa caserna até à Muralha para fora da Muralha e portanto já estavam praticamente a poder dar o salto quando um deles estava-se na altura do Natal um deles tinha sido libertado era preciso substituí-lo porque cada um tinha a sua função uns de de vigia outros de eram chamados mineiros e o meu tio era um desses era preciso muito sangue frio para ir no túnel e tentar escavar com as colheres e com pouco mais que eles tinham e e no fundo fazendo-se valer da das suas várias competências porque havia um mineiro de facto havia um eletricista havia um carpinteiro e portanto fazendo-se valer dessas várias competências foi preciso escurar terras essas coisas todas e portanto o que aconteceu foi que eh Portanto o o o túnel quando já éa em 10 ou 12 m Eles foram descobertos e e e a tentativa foi abortada a peça chama-se 23 segundos porque eles perceberam que o guarda mais rápido a chegar à cela eh que punha a chave no no portão no de Ferro demorava 23 segundos a chegar à P tinha mesmo que fazer isso porque se mandassem esse tinha que ser esse o tempo EAM exatamente nem mais um segundo portanto em 23 segundos o mineiro que estivesse lá e a 9 10 m no na profundidade tinha de vir às a recuas os outros que estavam preparados tinham de limpar as terras pôr na no no chão e de de sobrado fechar com a tampa de madeira disfarçarem deitarem e tudo passar despercebido e a peça retrata isso e eles estavam ser apoiados a partir do exterior por uma mulher a única pessoa que no exterior sabia era uma mulher AC companheira de um deles também politicamente eh afiliada eh e portanto a segunda peça que referiste eh sombras que foi levada à Cena no teatro da Trindade até há 15 dias atrás eh retrata a história eh dessa mulher eh e com a filha não é essa mulher que volta para casa da mãe portanto é uma uma J spoiler há uma uma questão com uma criança parar uma fil é uma jovem mulher eh que nasce numa eh que nasce e cresce é educada no no no seio de uma família absolutamente tradicional mas isto é ficcionado enquanto que a primeira é inspirada no episódio real eu não conhecia a história desta mulher não a investiguei portanto é totalmente ficcionada interessava-me eh olhar para eh para o o regime e para a a oposição ao regime Mas a partir de um olhar feminino a partir de duas mulheres que neste caso são mãe e filha então ela é uma jovem eh é educada numa família tradicional muito ligada ao regime e muito católica eh O Pai já falecido portanto aã viúva ela regressa para casa da mãe quando já tem uma criança e ela julga que a mãe não sabe do que se tem passado com ela ela foi mandando cartas à mãe hh tentando dizer que estava no estrangeiro com o marido trabalhando etc mas na realidade andou na clandestinidade eh e o marido acabou por ser preso e É nesse período quando ela já tem uma filha bebé que ela vai para casa da mãe no sentido de passar mais despercebida e a ao mesmo tempo ter apoio familiar para poder continuar a apoiar o marido ao mesmo tempo há ali uns choques com a mãe obviamente com os valores diferentes de uma de outra exatamente E é isso que a peça Vai retratar e e no fundo a mãe vai acabar por de certa maneira denunciá-la e ela ser preso tu Contas as tuas tu tens mesmo jeito para contar histórias porque tu Miguel depois as pessoas ficam com vontade de ver estas coisas portanto est falar estes 23 segundos Como Tu disseste na Comuna de teatro de pesquisa uma instação do João Mota que alhar foi teu professor exatamente meu professor é um grande amigo e que acompanha estes cinco pressos políticos durante a fuga no estado novo e o tal membro de um partido O Mineiro cá tá aqui seri o teu tio um preso por ter lido poesia Isto é incrível outro por ter ouvido uma estação de rádio proibida podia ser esta se fosse outros tempos e outro que depois de enovar fez parte de uma greve uma greve eu lembro-me que fal da descrição disto onde havia uns cartazes a dizer temos fome e coisas assim coisas chocantes E H há dois guardas e uma narradora a neta de um despreso que vai recordando o que ouvi o avô contar sobre o tempo da prisão no início dos anos 50 que no fundo essas duas pessoas três pessoas completam este este elenco e é uma ideia é muito engraçado que tu tiveste aqui porque a história contada por de sucessivos flashbacks é é muito girir ela vai a narradora vai-se lembrando das coisas e as coisas depois acontecem na cena ao lado É extraordinário acho acho uma ideia extraordinária de facto não é só a história que que é muito importante ainda mais com mais valor quanto a mim porque foi vivida pela tua família mas mas eh eh a maneira de contar é muito importante e tu aí és um dramaturgo de mão cheia porque de facto tens uma maneira de contar muito muito curiosa estas coisas hã a luta exploras um bocadinho depois a luta das mulheres e o sofrimento dos familiares despr políticos é isso cará que estamos a falar já nas sombras não é teve na na sala de estúdio do Trindade mas Nação da An nave eh que acabou há há pouco tempo em novembro já Hum E esta mulher com com o filho recem-nascido e tal pronto e h como como autor Miguel como dramaturgo que é que sentes quando vês uma peça tua e este ano foram três não não caramba fartura e não há duas sem três e como é que é que sentes quando vês uma uma peça tua levada à Cena qual é a sensação é assim um filho teu que tá a brilhar lá fora numa profissão qualquer Por exemplo olha usaste mesmo o termo que eu tenho usado que é fartura é uma Fartura que não sei se se volta a repetir três peças levadas à Cena no mesmo ano eh por três companhias profissionais e pronto que eu muito admiro e com ens senadores que eu muito admiro e Que acompanho há muitos anos eh e e e nada foi foi previsto nada foi planeado aconteceu eu fico muito contente por por elas serem levadas à Cena este ano em particular em que se comemora a 50 ex eu que representadas no 25 de Abril há 3 anos essas peças escritas há 3 anos e eu pensei isto devia ser representado no ano dos 50 anos do 25 de Abril que era uma grande homenagem por um lado aos meus familiares aos que estiveram presos mas também aos que não estiveram e ficaram na retaguarda que isso também é muito importante e a peça também quero lembrar esses quero lembrar que eh os que partiam para a clandestinidade muitas vezes eram presos tinham na retaguarda eh o os pais os avós os irmãos os tios depois ficavam a cuidar eh dos filhos dos netos que ficavam a muitas vezes a substituir os cabeças de casal até no sustento da família isso é muito importante eh e esta peça ressuscitadas também vem nessa linha vem na linha da da de um conjunto de peças eh que sincera até num ciclo de peças sobre a resistência lá na na na na no chão da Oliva e e é portanto Uma Peça também interessante sobre essa temática eu fico sempre respondendo à tua pergunta eh olha impressionado É uma sensação extraordinária eh que é ao mesmo tempo ver eh as minhas palavras postas em cena Porque elas estão lá mas ver que outros criadores conseguem olhar para aquele texto e pensá-lo cenicamente de outra forma e eh já me tem aconte sido e em geral está a acontecer me conseguir um certo distanciamento a ponto de por vezes perguntar-me mas eu é que escrevi aquilo por um lado e por outro lado e inusitadamente emocionar-se com aquilo que eu próprio escrevi o que não sabia que me ia acontecer e de facto me tem acontecer e tu assistes dás ideias assistes aos ensaios interferes ou não não tenho não tenho não porque não me tem chamado mas em todo o caso H por acaso aqui agora no caso das ressuscitadas na companhia de te de Sintra participei n alguns ensaios de leitura inicialmente discussão do texto mas eu penso que os criadores do espetáculo tem de ter Total Liberdade e eu mesmo que me convidassem para participar nos cenário nos ensaios e na montagem do esp A não ser que se tratasse da criação de um texto durante o processo e seria diferente mas havendo já a partir de um texto e feito não eu não quereria eu quero que os criadores do espetáculo sintam a liberdade total para eh mobilizarem o texto como mobilizam outro elemento e qualquer do espetáculo da luz ao aos figurinos a cenografia etc muito bem os teus pais e os teus tios estão muito ligados também ao movimento associativo os teus tios Inclusive a tocar numa banda filarmónica tu também cantavas tu AOS 7 8 anos estavas num coro infantil depois chegaste a ter espetáculos onde cantavas a solo até Sim sim e E tens uma pena não ter sido cantor lírico tu cantas no Du é o que isto quer dizer é só canto no duch mais ninguém me quer ouvir E tens tens um gosto muito eclético e eh E tens alma de fadista como como Já já uma vez disseram isso não eu é que sinto isso eu digo isso muitas vezes as pessoas riem-se mas mas é verdade H pá E desde miúdo eu eu oço fado não é qualquer fadista gosto especialmente de vozes femininas durante muitos anos enquanto jovem eu dizia que só gostava de ouvir em vozes masculinas o o o o Carlos do caros hoje gosto de ouvir outros outros fadistas o camané outros sim o motinho o Ricardo Ribeiro etc há assim uma série de fadistas que eu também gosto mas sobretudo vozes femininas e sempre gostei desde desde da Argentina Santos da da Maria da Nazaré a Beatriz da Conceição aquelas mais antigas mas também das recentes gosto muito de ouvir a Raquel Tavares gosto muito de ouvir a Carminho eh enfim e outras incrível tens bom gosto este este O apelo do teatro vem de quando tu aos 11 anos já estavas neste Grupo de teatro o esteiros tudo isto persegue é a tua vida toda não é feram esta esta peça de homenagem ao Soeiro pereir Gomes obviamente H Aos aos 11 anos precisaram de uma criança e e andaste no Casting era foste tu escolhido é eu já andava a cantar e já era e era conhecido lá no Concelho fazia muitos espetáculos a cantar em vários coros e e quando o grupo de teatros esteiros precisou de uma de um miúdo para fazer o Gai tinhas que era uma das personagens do romance portanto isso em 1981 esse grupo de teatros teiros eh que foi que aliás este ano comemora 50 anos de atividade ininterrupta eh esse grupo foi convidado pela câmara municipal para levar à Cena uma adaptação do romance porque em 1981 se comem morariam os 40 anos da publicação do romance desse desse escritor que era da terra não era da terra mas viveu muitos anos na terra e então precisaram de um miúdo e chamaram e eu ia para fazer um um espetáculo esse espetáculo que depois percorreu todo o concelho e até eh Fez muitas apresentações fora do concelho e fiquei agarrado pelo teatro e nunca mais saí estive estive nesse grupo durante 20 anos e foram 20 anos muito especiais porque atravessou Tod Isto foi em 1980 atravessou toda a década de 80 e toda a década de 90 e estas décadas foram décadas muito importantes e sobretudo aí na na década na década de 80 eh eu portanto eu cresci eu era estava a iniciar estava na puberdade a iniciar a adolescência passei toda a adolescência início da idade adulta eh os a primeira década da idade adulta a fazer teatro fazia muito teatro muito espetáculos chegamos a ir ao estrangeiro também e andávamos por todo o país ganhamos muitos prémios muitos festivais eu próprio cheguei a ganhar um uns prémios H mas isto para dizer que nós fizemos muita formação também era um grupo com características muito especiais porque eh muitos dos seus fundadores eram pessoas de facto ligadas ao teatro ainda eh de antes da do 25 de Abril acompanharam muito a criação do teatro independente eh haviam muitos espetáculos tinham importantes bibliotecas de teatro e e portanto tinham também um gosto muito grande por ensinar os mais novos e ao mesmo tempo tinha uma ligação muito grande a companhias profissionais de teatro eu próprio comecei a fazer muita formação enquanto formando em em várias companhias e era assim que naquele tempo tirando alguns que iam para o Conservatória e almea carret futuro mal aposta exatamente eu andei por esses sítios como formando era jovem não é o Mario João Luís o alando Gerónimo há vários nomes eses começaram lá no grupo era assim que começavam os atores profissionais e esse grupo teve Houve um momento em que se equacionou Foi uma discussão interna muito grande sobre se ele se deveria profissionalizar porque tinha todas as condições técnicas de espaço de repertório de experiência de Formação eh por lá passaram muitos atores profissionais já depois de serem profissionais e voltavam ao grupo então hou dúvida ficar profissionais ou não o que é que decidiram eh ficar amador a maior parte dos elementos sempre quis fic per aquela chama eu percebo eu percebo isso ao mesmo tempo mos tinh outr profissões que não queriam deixar de exercer e viram sempre o teatro como como uma atividade que fazia paralela exatamente como am exato embora se fizesse sempre um teatro de de muito a sério de Mita ex er era um um um um teatro muito exigente e questionador que é o o vosso teatro a vossa companhia pautava por isso é é incrível tu pelo menos nunca tentaste nunca pensaste seguir o teatro profissionalmente como ator mas acabaste depois por seguir o apelo da escrita e então como dramaturgo como formador como investigador no fundo é é é o que tu tens sido e e e continuas a ser Miguel Falcão nós temos que fazer aqui um brevíssimo intervalo e já voltamos à conversa até já até já estamos a conversar com o Miguel Falcão ele é um dramaturgo galardoado com o prémio Nacional de arte do espetáculo Maria João fontinhas em 2022 pela peça as ressuscitadas que estreia esta quinta dia 28 na casa de teatro de Cintra centrada no encontro entre duas mulheres vítimas de vários tipos de violência de abuso e de opressão masculina já levamos a esta peça ainda quer falar um bocadinho sobre a tua inspiração sobre esta sobre esta tua este teu apelo pela escrita porque um dia pôs-se este apelo da escrita tu não não nasceste a escrever teatro quando é que te apareceu este este se calhar também a pelo repertório que tu tinhas no grupo nos esteiros H contacte com muita muita literatura de teatro e por isso isso te levou a andavas sem Dev andar sempre com livro de de peças atrás e portanto E H E aqui entra a homenagem vais fazer h agem a Augusto Boal faz favor porque tem a ver com isso não tem com esse teu apelo com ess olha pois isso isso realmente foi Olha foi uma uma uma experiência mesmo na na minha vida que talvez eu não estivesse a contar com ela que foi de repente entrar para um grupo de teatro e começar a contactar com muitos textos e com muitos espetáculos eu com a minha família ia ver revistas à portuguesa a Lisboa ou as alguma alta comédia e tal e de repente Com estes colegas deste grupo eu criança jovenzinho e eles adultos e e muito habituados a a serem espectadores de teatro comecei a ver espetáculos do chamado teatro independente desde muito cedo a partir do início dos anos 80 portanto eu tenho memórias muito fortes de espetáculos da da comuna da cornucópia do teatro da Graça do teatro aberto ainda grupo Quatro Nessa altura tantas do Espanha mas do outro lado exatamente do Teatro Experimental de Cascais do tantas companhias que eu acompanhei acompanhei o o o grupo teatro de campolide que era um grupo muito amigo do grupo e que depois se profissionalizou e se tornou a companhia de teatro da Almada eh que era também um grupo Aliás com quem nós fazíamos formação eu não diretamente já foi foi um pouco antes da da minha entrada portanto todas essas experiências foram muito marcantes no meu no meu percurso e e comecei desde muito miúdo a ler peças que que se calhar não se esperava que o miúdo aos 12 13 anos começasse a ler não é os existencialistas mesmo algum teatro português que que talvez fosse menos menos conhecido do Lu Francis Rebelo do Bernardo santareno etc eu comecei a andar com essas peças e a ler esses textos esses e a ver esses textos em cena e tudo isso me começou a marcar mas eu nunca quer dizer poderei eventualmente na adolescência ter pensado em ser ator ou mas mas nunca nunca pensei de facto nisso Eh escrever também talvez menos ainda eh Nessa altura não pensava eu tava muito entusiasmada em so tudo em em ler etc mas nessa altura não pensava foi mais tarde mas no grupo esteiros que tive assim uma ou duas Primeiras Experiências que ali foram levadas à Cena mas espetáculos mais de café teatro de de performances etc e depois nunca mais eh pensei nisso e e pronto e e e depois por aí foste experimentaste começaste a a pegar no gosto depi mas tu falaste do abali e eu gostava de dizer isso porque a certa altura quando eu já tinha 16 17 anos Eh toda a gente pensou que eu ia seguir teatro porque eu estava muito lançado no teatro e tinha feito já muita formação e fazia muitos espetáculos e portanto os meus amigos a minha família toda a gente pensava que eu ia querer ir para o conservatório acontece que exatamente por causa do Boal falaste do Boal eh tinham-me tin proposto foi foi tinham-me proposto leitura de de um ou dois livros do do do Boal nomeadamente do Teatro do Oprimido e eu gostei muito daquilo achei aquilo muito interessante e e comentei lá com os meus colegas e eles diam levando assim uns livros de vez em quando o próprio Grupo de teatro também tinha uma pequena biblioteca e de vez em quando eu próprio ia lá buscar e e por exemplo um destes livros do Boal fazia parte dessa biblioteca H E então uma colega minha lembro perfeitamente dela me dizer Olha se tu gostas tanto do Teatro do Oprimido do boalo também tens que ler o o Paulo freiro tens que ler a pedagogia do oprimido porque foi inspirado no fundo tá a base ideológica digamos assim está ali na obra do Paulo fre foi epifania pá foi uma epifania eu fui ler o Paulo fereiro era um miúdo eu tinha 16 17 anos e e aquilo foi uma epifania de tal maneira que eu pensei não eu quero ser professor primário fiquei apanhado por aquilo e foi portanto eu aos 16 17 anos decidi que queria ser professor primário e quando cheguei aos 18 apesar de ter tido vários desafios para fazer formação até do Mário Barradas quando estive em é esve lá um verão inteiro a fazer formação eles diz tens que vi para cá fazer o nosso curso de teatro que era um curso médio de dois anos e eu disse não não eu quero ser professor primário engraçada est tua coisa do do professor primário acabaste para não ser p primário por uma questão pragmática como tu dizes mas de facto fizeste este Bacharel não é oente o curso do magistério primário passou para ensino superior apanhaste toda esta transição E H acabaste por licenciar depois em ensino de português e francês e h e onde te feste Erasmos deve ter sido dos primeiros Erasmos que houve Que foste fazer em França na na François rbl na universidade em tour exato E H depois especialize em teatro e educação doutoras em estudos de teatro isto já já mais recentemente com esta tese sobre o espelho de ver por dentro o percurso teatral de Alves redol H uma coisa que depois a impressa Nacional publicou com com com esta bolsa que Tu tiveste conseguiste decarte este este doutoramento foste o primeiro aliás primeiríssimo houve um colega que foi uma semana antes mas para mim er Fi do primeiros pronto exatamente H tudo sobre o neorrealismo também era a área que tu gostavas e começaste na docência de facto além de ter sido professor de português e francês eh dar formação de teatro era uma coisa que tu fazias muito e Com muito gosto vê-se há há há uma coisa curiosa que fizeste uma comissão de serviço na Câmara Municipal de Lisboa para criar esta coisa das oficinas de teatro que é que é muito importante isso essa tua dedicação e também a parte do da educação artística tens um livro sobre isso com com a Teresa leite e com a Teresa Pereira o ensino do teatro nas escolas a questão do do ler alto cá está a falarmos disto há bocadinho o clube de leitura em voz alta da al crocher por exemplo que não sabia que istia Ach extraordinário Isto é muito muito importante e tu dedicaste desde do primeiro ciclo que tinhas estudado mas também para para a infância estudaste Isto é importante de facto incutir o teatro já em criancinhas pequenas desde muito cedo olha eu penso que o contacto das Crianças com a arte em geral é muito importante porque a arte em geral e o teatro também bem eh ajudam a olhar para o mundo e para os outros de forma diferente de uma forma talvez mais crítica mais criativa eh com outro olhar eh e e portanto essa experiência da arte vivida desde muito cedo e desde criança torna também de facto essa leitura do mundo mais abrangente form muito formadora mais abrangente mais eh com mais capacidade de aceitar a diferença de aceitar a diversidade que o mundo é feito e o e o e o teatro também traz isso a arte em geral traz e o teatro traz porque o teatro inquieta não é o teatro interpela Qual é entre todas as artes Porque é que o teatro é tão especial para ti e olha o e a a minha aconteceu-me não é eu eu sou muito sensível a outras Artes também e e não acho que o teatro seja mais do que as outras Artes e a mim aconteceu-me e fiquei agarrado por ele como como te disse Mas e eu penso que o teatro porque é multidisciplinar e porque convoca todas as outras Artes a é possível de algum modo captar a atenção e o gosto e dos espectadores seja pelo lado da palavra seja pelo lado do movimento seja pelo lado e da imagem tudo está convocado no teatro eh e eh o te quando nós dizemos o teatro talvez fosse mais justo dizermos os teatros porque não há um teatro Há muitos teatros e há teatros mais próximos de de um sentido mais literal de diversão de entretenimento que também tem o seu lugar e há Talvez um teatro mais próximo de uma de de uma vontade de inquietar de interpelar de de levar o espectador a questionar-se sobre o seu lugar eh no mundo e e esse também tem o seu lugar eu penso que é sobretudo deste que eu estou mais próximo estas ressuscitadas eu tenho aqui três ou quatro segos para te perguntar ainda mas eu tenho que falar vai acabar o nosso tempo que é bom falar contigo e eu se e não falamos da peça e temos que falar portanto pe as ressuscitadas estamos aqui então casa de teatro de Cintra já desta quinta dia 28 até dia 8 de dezembro vai estar em cena às quintas sexas e sábados às 9:30 depois Domingos às 4 h o elenco são os três ensinadores que também são os intérpretes a Susana Gaspar a Paula Pedregal o Nuno Correia pintto é muito curioso já os três passaram por aqui também onde tu estás o corr pinto por causa veio Du vezes aliás por causa destas da do festival das das periferias a Paula Pedregal veio em Abril do ano passado com o Hugo Sequeira por causa daquele texto da cruzada das Crianças com com do um texto do Afonso Cruz e e a Sana Gaspar que veio já no verão passado em julho por causa das troianas que tiveram cá h e esta esta peça então tem a ver com o encontro estas duas mulheres que são vítimas de vários tipos de de violência eh é muito curioso estas ser ser ganh um prémio merecidíssimo o prémio de Maria João fontinhas um prémio que já existe há há há 16 anos e que Câmara de cinta atribui em homenagem a esta atriz e Senadora H que se dedicou ao teatro no no concelho de Cintra também h e este texto porque é ainda quiseste pegar concretamente neste texto sobre o abuso e a violência feminina que ainda é é infelizmente ainda é um texto tão Tabu porque é que que é que te moveu a escrever sobre isto olha eu lembro-me de quando escrevia Este texto também talvez há uns 3 anos ou assim e de ter ficado eh especialmente chocado eh todos os anos e com muita frequência nos nós ouvimos através das notícias estes números mas naquele momento não sei fui particularmente sensível eh a um número chocante de mortes de mulheres num só ano no nosso país eh e e e de repente começaram a surgir imagens que aliás isso acontece muito quando estou assim num processo de escrita de uma peça ou antes de iniciar eh muito tempo a trabalhá-la na minha cabeça e há imagens que se apoderam de mim que se tornam tão fortes que se que se me impõem Uhum E E nesta e e neste caso era a imagem de de uma Sepultura e Isto estava isto perturbou-se imenso esta ideia que ao mesmo tempo eu eu associava à aquela ideia que também não me largava de da violência sobre as mulheres da morte de mulheres por violência eh eh doméstica e ao mesmo tempo este número elevadíssimo de de mortes então foi foi a partir daí que que comecei tá já explica muita coisa nesta peça pois e portanto eh é um é um lugar ao mesmo tempo de de de de fuga é de um descond escondo mas ao mesmo tempo é um lugar e na terra e nas raízes onde aquelas mulheres também conseguem transformar-se e Renascer ressuscitar de certa maneira esta há uma coisa que eu gosto Miguel vou dizer já e achei muito inteligente a sabedoria de não teres caído no grafismo fácil da violência física sim muito bonito como isso é mostrado e como isso é dado e Com estes Flash e estas coisas é é muito curioso toda aquela a atmosfera a encenação aquele tom muito Sombrio aquele escuro A música tem um papel importantíssimo também aqui na música que escolheram para esta para esta ensinação e este e este buraco Claro onde onde que faz parte desta peça tá muito bem conseguido e e mostrado como é há aqui uma sepultura que é usada para para para para esconder destes abusos uhum ISO está muito bem mostrado porque podias mostrar de 50 maneiras e escolheste uma maneira muito inteligente e o mostrar Olha eu penso que às vezes tem mais Impacto mais força e o que não é mostrado explicitamente do que o que fica implícito em todo caso as opções também é preciso dizê-lo João Paulo que e aquilo a que assististe portanto no ensaio são são opções também dos são sobretudo opções dos dos ensinadores dos do da equipa técnica portanto os ensinadores são os atores como são também os atores como acabaste de referir e são os três ensinadores aqui os três deram são co encenadores são co encenadores e são os três intérpretes primeira vez que is acontece é m primeira vez que eles estão juntos como intérpretes mas tem também tem a encenação da Susana Arrais portanto Como estão os três em cena convidaram a Susana ar Rais à atriz e encenadora para ver de fora e e fazer a direção de atores tem uma cenografia figurinos que eu acho extraordinários do Luís Santos tem eh também a sonoplastia do Pedro branco com com música dele e o desenho de luz do Rui seab eu penso que o desenho de luz também é muito importante para digamos dar outra dimensão à própria cenografia e e e pronto as as opções opções foram foram muito bem escolhidas e d passa essa imagem ao mesmo tempo o texto como é que eu ten explicar não é muito pesado tu Consegues fazer isso pões as pessoas a pensar Miguel e é um problema grave é um problema sério é um problema atual ouvi dizer vi uma vez umas estatísticas que dizia há muito mais assassínios no Brasil por exemplo muito mais mas comparativamente nós temos mais violência doméstica do que no Brasil em Portugal O que é uma coisa completamente estranha e e assustadora né assustadora uma psicóloga forense contou-me isso uma vez aqui numa entrevista e humal por curiosidade nós hoje estamos a gravar esta esta conversa é dia 25 de novembro e é o dia internacional para a eliminação da violência contra as mulheres não podia ser mais oportuno e eu ouvi nas notícias eh hoje uma um representante da apaf que dizia que a cada 10 minutos morre uma mulher em todo o mundo vítima de violência doméstica e em Portugal até setembro passado portanto em três qu4 do da do ano Ainda faltam ainda faltavam três meses para o final já tinham morrido 15 mulheres eh assassinadas pelos maridos ou pelos companheiros uma duas três que fosse já eram já era um escândalo duas TR já era um escândalo e portanto isto continua a existir não é e portanto é é chocante não nada uma coisa medival e que a pessoa pensar de inquisição e não não não tem nada a ver são fatos dos nossos dias e isto ainda é muito escondido Miguel e tu é bom que isto seja falado e que seja visto e que seja comentado as pessoas vão ver e e e comentem e Conversem sobre isto porque ainda há muita coisa desta escondida exatamente e eu como o assunto é Tod as classes todas as idades exatamente transversal a todas as classes a todas as idades eh e como o assunto é tão absurdo eu eh Achei que só com uma estética próxima do do teatro do Absurdo eh como naquela designação do Martin esselin não é H só mesmo nessa estética é que talvez eu conseguisse trabalhar o o o o tema porque de facto é é um tinha tinha de ser trabalhada muito próxima do do trag cómico do do não sense eh e eu penso que o texto e o espetáculo tem isso e o espectador anda a saltar entre momentos que são trágicos eh pelo que está a ser mostrado ou sobretudo pelo que está implícito e pelo que está a ser dito e ao mesmo tempo momentos que suscitam o sorriso que que que tem algum sentido de humor eh e que também afasta ao espectador de de de uma de uma ligação muito emocional ao assunto que é tão sério não eu gosto disso e eu a isse muito muito inteligente porque cá está não caí nas soluções fáceis que podiam podia-se pensar em soluções fáceis para aquilo as pessoas não saem de lá deprimidas é isso que eu quero dizer mas saem de lá preocupadas quer dizer neste sentido de facto Isto existe isto acontece estes diálogo o diálogo tá muito bem conseguido muito bem construído entre elas duas belíssimas atrizes as duas a Paula e a Susana e h e de facto H faz pensar e é isso que para mim é um bocadinho a ideia do do que deve ser o teatro eh nessas alturas há teatros para tudo e para todos os gostos e todos os públicos mas este teatro Tem uma função muito específica e tu Consegues levar isto a muito bom Porto isso é é muito importante Miguel o o texto ao longo do tempo tu vais acertando por nós quando vês a primeira ensinação há por nós Tu vais acertando e não não o texto entregas quando entregas o texto quando entrego está Está fechado Está sim não quer dizer que não possa eventualmente vir a alterar o texto futuramente por exemplo o texto esse tal do 23 segundos da comuna teve uma versão anterior antes de do texto ser entregue à comuna mas eles não não chegaram a ter conhecimento dessa versão anterior agora vou setir duas perguntas que estão fora olha deixa-me só dizer J Paulo desculpa porque nós falamos das atrizes que são belíssimas mas também não gostava de no plano da interpretação de deixar de dar uma palavra sobre o Nuno Correia Pinto porque ele tem um papel bastante ingrato nesta peça só aparece é o homem é o é o é o agressor ele só aparece muito pontualmente e e é um papel que não é simples quer pela sua natureza não é simples de representar queer pela sua natureza quer P pelo facto também de ter de dar de dar tudo que é muito naquele perfil de personagem em tão pouco tempo e penso que também uma personagem que deve ser uma interpretação que deve ser reconhecida porque de facto também é bastante ingrata vou vou agora saltar para um outro assunto antes de Estamos quase a terminar mas tu tens um livro sobre o arquimed da Silva Santos um homem fora do seu tempo quem é que foi arquimed Silva Santos como é que tu definirias em em três frases Olha o Arquimedes da Silva Santos foi uma uma uma personagem extraordinária é um é uma é uma figura do neorrealismo eh português foi poeta e foi eh neuropediatra foi é um dos primeiros neuropediatras e da do do da da da da do colégio português da da da Medicina da sim sim sim sim e e foi uma figura muito muito importante mas que escreveu peças ele não ele não não escreveu peças Ele é poeta foi poeta eh comemorou-se em 2021 o seu o Centenário do seu nascimento eh foi um homem muito ligado ao teatro durante o estado novo como eh digamos promotor eh de e como ator e como grande dinamizador que er no Teatro dos estudantes da Universidade de Coimbra queer também no grupo cênico do do Ateneu de Coimbra eh Aliás ele ele criou um grupo amador à semelhança um pouco da barraca do Lorca e a fez itinerâncias com eh um teatro de feição social que e era muito contra aquilo que enfim que se fazia no âmbito do regime há uma última História o que é que tu fales como docente que também foste noutras escolas não só car na escola de teatro mas mas e onde Aliás era responsável por mestrado de educação artística uma pós-graduação em animação de histórias pósgraduação marionetas formas animadas também o nun também falou muitas marionetas quando cá teve H tu foste docente por exemplo na escola superior de dança e foste docente na universidade de Cátia Cátia Val boila estamos a falar aqui em Benguela em Angola hh onde eh daste o primeiro mestrado em educação pré-escolar daquele país mas aí viveste uma experiência extraordinária olha e com essa história quer que acabasse Olha uma a experiência extraordinária e que me marcou imenso do ponto de vista humano eh eu eu fui de facto lecionar foi em 2013 eh foi no Polo do sumb da universidade de Cátia Val buila de Benguela mas no sumb uma cidade muito destruída ainda nessa altura pela guerra civil eh e quando Os estudantes universitários souberam que ia lá Estar um professor de teatro que ia de Portugal pediram à reitora para interceder no sentido de Eu lhes dar umas aulas ou seja eu durante o dia dava aulas no mestrado a duas turmas e portanto todo o dia das 9 da manhã até às 6 da tarde e depois à noite eh aceitei esse desafio de ir trabalhar com o grupo de teatro Universitário dessa Universidade eles faziam teatro e nunca tinham visto um espetáculo de teatro ao vivo eles extraordinário nunca tinham visto um espetáculo teatro ao vivo e queriam for mota e buscado Mota lá ias tu com eu e uma colega minha a minha amiga Catarina firme Catarina Tomás íamos juntos ela como repóter fotográfica nas motas por aqueles buracos durante uns quilómetros naquelas estradas eu ia fazer a formação e ela fotog queas um livro sobre isto Olha era muito bonito tenho tenho tens ceras histórias ótimas e tens imagens Fabulosas ó ó Miguel Nós queremos ver esse livro deve ser muito muito Vou pensar nisso eu e a minha amiga Catarina Tomás vamos fazer esse livro acho que V valia muito a pena muito bem muito bem Miguel nós não temos mais tempo quero agradecer muito a tua desidade aqui em vires à rádio observador assim que nos ouve eu Deixa então este este convent este convite feito por este por este convidado tão talentoso a peça as ressuscitadas então é um premiado texto do Miguel Falcão que está em cena na casa do teatro de Cintra desta qua dia 28 até domingo 8 de dezembro Quintas sexas e sábad às 9:30 e no domingo repete às 4 da tarde interpretada pelos seus TR senadores a Susana Gaspar a Paula Pedregal Nuno Correia Pinto bem ajas Miguel e até breve Muito obrigado OB pao e até breve se gostar deste podcast pode seguir dar cinco estrelas e comentar o episódio na Apple podcasts ou no Spotify pode também subscrever e gostar no you assim recebo uma notificação sempre que houver um novo episódio