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se tem dúvidas sobre a língua portuguesa está a ouvir o programa certo para o acompanhar na manhã na tarde na noite na Madrugada onde quer que seja buco Fusco também 5 7 minutos exatamente português Soave na rádio observador com o Marco Neves linguista e especialista que é dúvidas regional não pode faltar nós nunca nos vamos esquecer disto pois eu sei agora estou estou estou tramado por usar velha expressão portugesa tiktok Instagram mas é com propriedade porque na capa do teu livro estav mas muitas pessoas reclamaram eu tive muitas Então mas agora aparece na capa dizer tiktok eu eu não tenho culpa eu a partir de agora eu já é um marketing é um marketing como está tá tudo bem pronto para mais um programa especial nós Devíamos chamar ter daqu uma um nome para este tipo de devia ter um jingle especial é também acho Também acho que sim vamos às dúvidas dos nossos ouvintes mas acho acho que já não vamos a isso e Então temos um programa dedicado às dúvidas são muitas são muitas são tivemos de selecionar é Preciso pedir desculpa a todas as pessoas que não vão ter sua dú acho que as pessoas depois levam mal Ah estou sempre a pedir desculpa não mas é mesmo verdade temos muitas muitas dúvidas e com um bocadinho de paciência provavelmente chegaremos a a todas Ou pelo menos a a quase todas Então não vamos perder mais tempo Marco vamos começar e vamos a um uma Olha uma dúvida que eu nunca tinha tido não sei se vocês já vamos falar sobre uma peça de fruta que se chama Eu também não não ligo depois que se chama diospiro pelo menos é como nós dizemos a maioria diria eu a maioria das pessoas diospiro só que a questão é a palavra diospiro tem um acento no o portanto será escr com acento no Será que Devíamos passar a chamar ao diospiro dióspiro o que eu posso dizer sobre isto é uma desculpa Marc é uma dúvida do nosso ouvinte Miguel um abraço para Miguel e e há que dizer que além do Miguel já recebi esta dúvida não me lembro agora dos nomes das pessoas mas já recebi várias vezes ah e e é uma dúvida curiosa eh e e o que eu posso dizer primeiro há algumas palavras que nós podemos chamar palavras de dupla prosódia que têm duas formas de de de serem lidas eh porque o que acontece é que as palavras vêm do grego eh ou do latim ou às vezes como é o caso desta vem do grego e do latim e no meio destas transformações todas as línguas vão mudando aqui a aum h a acentuação da da palavra português acaba por é uma por ter uma acentuação que nem sempre está está certa o que aconteceu aqui foi aqui uma palavra que parece ter sido introduzida na nossa língua ali por volta dos anos 30 do Século XX e nessa altura quando foi introduzida Como como é que vou dizer como uma importação H pela escrita alguém que decidiu Vamos dar um nome a esta fruta e e foi ao latim e acabou por E acabamos por importar esta esta palavra eh na verdade as primeiras vezes que aparece escrita parece de ospid só que nós temos uma tendência muito forte na nossa língua portuguesa para pôr para criar palavras ou para quase que obrigar muitas palavras a serem palavras graves ou seja terem a o a acentuação não estou a falar da acentuação gráfica estou falar da acentuação no Nossa na nossa fala na na penúltima no fundo é a digem acentuação gráfica é só para tentar reproduzir essa acentuação e h e e as pessoas desde desde o início praticamente que dizem de aos espiro porque já nos anos 50 portanto pouco tempos depois já havia pessoas a escrever sobre o tema sobre esta dúvida portant é uma dúvida que acompanha a palavra desde o início e pelo que parece Claro toda a gente diz de aspiro mas depois há algumas pessoas que vão dizer então mas Devíamos escrever como se escrevia no início eh Mas neste caso há que dizer que os então podemos continuar a dizer deos há que dizer que os falantes são são em última análise os falantes são os ditadores da língua são são os queem mais ordena os pessoas dizem-me sempre Então mas os falantes podem fazer o que quiserem Não é isso não são e já disse isto uma vez aqui não é o falante em particular cada um de nós mas os falantes enquanto enquanto grupo e a certa altura decidem que é de uma maneira e neste caso até já decidiram forma bastante sólida que é diospiro Então vamos continuar a p o assento eu sou de opinião que a escrita deve seguir a pronúncia que os falantes decidiram e poris isso eu eu por mim se estivesse à frente dos dicionários Tiraria ao centro pois certo para ficar mais uniforme Isto também não tem nada a ver com regionalismos n não não tem a ver com regionalismos porque na verdade esta esta H esta diferença aparece em todo o país dif não pronúncia é assim quase todo país algumas pessoas que insistem dizer deosp porque vem no dicionado e por isso querem seguir aquela pronúncia que parece ser a mais correta porque está lá indicada pela escrita eh portanto não é uma questão de regionalismo eu gostava aqui só de porque eu estive a falar a ler isto em vários pontos para poder responder esta esta dúvida foi daquelas que também quis investigar um pouco fizeste uma pesquisa mais intensa sim um bocadinho o um dos um dos websites muito habituais em que nós vamos quando falamos na língua portuguesa é e o ciberdúvidas Portuguesa e e e neste caso por exemplo tem uma resposta bastante completa sobre sobre este sobre este caso Às vezes as pessoas também ficam um pouco então mas diz que é assimo uma maneira Às vezes pode ser de outra mas a língua é é assim e o ciber dúvid até costuma ser bastante eh completo eh por vezes com algumas contradições do que também é habitual porque é escrito por muitas pessoas não é só não é só por uma Mas neste caso por exemplo tem uma explicação bastante desenvolvida sobre o sobre o caso portanto resposta eu diria que devemos continuar a dizer como os portugueses decidiram de diospiro e se calhar vamos mudar os dicionários Ora bem muito bem eu vou agora vou passar a dizer dióspiro p vamos começar aqui a criar uma vamos a outra dúvida e esta é até esta a conchegar aqui o meu coração porque eu já sofri disto H vacina ou vacina porque é que há pessoas que mudam aqui a sílaba tónica e essa foi foi a pergunta que eu que eu recebi já várias vezes porque é que mudamos a sílaba tónica e neste caso é diferente do que acontece em dióspiro e deosp ou seja não podemos dizer aqui que é um region aqui podemos dizer que há uma certa Tendência Regional para no norte dizer mais vacina mas também há pessoas que dizem vacina no norte e também há pessoas que dizem vacina no sul eu lembro perfeitamente na altura da da pandemia o presidente da Assembleia da república na altura Augusto Santos Silva dizer vacina e interromper o seu próprio discurso para dizer porque eu sou sou do Porto e eu digo vacina por acaso não vi essa Mas vi outras pessoas a dizer e há de facto uma tendência maior no norte aqui a questão é é é curiosa porque é diferente de de óp de os piro porque ao contrário do que nos parece e a pergunta vem sempre porque é que mudam a sílaba tónica As Pessoas não mudam a sílaba tónica porque porque continuam a dizer a sílaba tónica no si e porque se se mudassem diriam vacina ninguém diz vacina As pessoas dizem vacina tal como também dizemos padeiro padeiro tem Sila tónica no Ei e no entanto nós dizemos o pá com com aquela vogal aberta ao contrário do que é tendência da língua por razões históricas nesse caso eh no que toca à vacina eh nós o que temos aqui é provel provavelmente não há certezas porque é uma palavra relativamente recente vem do século X foi importada do francês como vinha vac muitas pessoas devem ter deixado o a aberto do francês poderá ter vindo daí é curioso que por exemplo há um outra palavra que nós também abrimos o o e com muita frequência que é mestrado quando seguindo a tendência da língua deveria ser mestrado e aí as pessoas não se queixam muito o vacina que costuma irritar muitas pessoas e é uma guerra cusa mais comissão Causa muita comichão eu eu vi pessoas insultarem mutuamente no nas redes sociais por causa desta nunca vi ning com o mestrado mestrada e ninguém se irrita muito mas com a vacina aquilo estava tudo irritadíssimo não sei se era por causa da da pandemia estávamos é T sabes que uma questão de region region é regionalismo também famílias há famílias onde toda a gente dis vacina outras famílias onde toda a gente dis vacina e outras famílias onde toda a gente diz uma maneira e há alguém que diz não não eu agora vou eu dizia vacina até virto a Lisboa foi a única coisa que eu mudei porque continua a dizer sapatilhas já mais coisas me D mais coisas que me D certeza portanto aqui a resposta no fundo é só é simplesmente dizer que há uma certa e deixa-me dizer uma coisa Às vezes as pessoas eh chegam a um acordo sobre a pronúncia e não diria certa mas consensual nós eh nós já já houve uma época em que dizíamos Expo ou Expo quando falávamos da Expo ou Expo 98 e depois toda a gente acabou por decidir que era da Expo Expo foi deixou de lado no caso da vacina ficamos com estas com esta duplicidade eh que também acontece no outras situações eh Nós também temos por exemplo eh não no caso da situação mas há quem diga lça Há quem diga loiça Há quem diga ouro ou oiro touro ou toiro e não há nenhum drama portanto a língua às vezes aceita ali duplas essas flutuações não assim nestas flutuações não é não é dramático vamos a mais uma dúvida e esta eu e o André estávamos a falar há bocadinho antes do do programa pensar nisso nem reparamos reparamos que fazemos isto muito muito já estou a dizer agora já estou a pensar palavra muito lê-se muito com o n porque tamb dizer ningém muito muito parece que estamos apagados aquil ex e esta e esta posso dizer que nos digamos nos últimos dois anos foi a pergunta que eu mais vezes recebi por vários não sei porquê eu tou dizer por vários motivos não faço ideia não tenho um único motivo para ser mais mas recebi muitas vezes pessoas a Mas é uma coisa tão inata que nós nem nós não não porque nós todos dizemos muito há muito tempo há muito tempo eh Por que razão é que primeiro há duas questões aqui Por que razão é que nós dizemos assim e por razão é que nós escrevemos assado eh nós dizemos assim porque pela mesma razão Porque dizemos mãe porque aquele m é um é uma consoante nasal então invade invadiu as vogais e nós começamos Provavelmente por mui E acabamos por mui muito agora o portanto é um fenómeno fonético português muito comum agora a questão é porque é que não está lá o til Que razão é que não está lá o n porque porque é que não há maneira nenhuma ali de apontar este un como temos em mãe m tem o til não é eh porque aquele ditongo para particular um i e só existe nesta palavra ou em palavras muitíssimo Mita palavras da mesma família há quem diga que ruim também é assim mas ruim é um pouco diferente pelo menos na pronúncia mais pausada é R ruim portanto são duas sílabas diferentes Portanto o muito tem esta particularidade em 1911 quando foi eh feita a nossa primeira ortografia sistemática houve mesmo uma decisão que está lá mesmo escrita na no no documento que em que decidiram Que esta palavra lia-se de uma maneira mas escrevia-se de outra porque senão tinham de fazer uma de duas coisas ou criar um til para cima do U que seria a única palavra que teria esse símbolo portanto tínhamos de criar um símbolo só para criar Ou pelo menos usar um símbolo que já tinha existido Mas que deixou de de ser usado ou então tínhamos que pôr um n só que tínhamos um ditongo com três letras u i n que também seria uma exceção na na na língua portuguesa nós líamos bem mas era sempre uma exceção eh gráfica e então as pessoas que criaram esta ortografia devem ter pensado e está lá escrito esta exceção se é parecer uma situação única mais vale dizermos aqui olha Esta palavra lê desta maneira não e acabou e e é excecional olha Marco aquilo que acabaste de dizer é bué fixe E porque é que eu estou a usar bufi acho que é a primeira vez que digo bu bu é fixe clar na rádio sim mas já disseste fora da Rádio Muito Estranho digo constantemente fora da Rádio mas mas é muito estranho estar a dizer bué fixe com com o microfone ligado cima com o Marco Neves à tua frente exatamente Ah mas eu também já usei bué não no malol lá está aqui na rádio também po isso ora porque é que estamos a falar de bué fixe porque a nossa ouvinte josita Almeida eh perguntou e quando é que apareceram estas duas palavras o bué eh calão para muito para muito para muitos para muitos nunca mais vamos conseguir dizer muito sem e o fixe que não é peixe em inglês mas é assim uma coisa boa uma coisa boa uma coisa Muitas pessoas dizem que as duas palavras vêm de Angola mas na verdade não uma delas não vem eh uma delas vem outra não eh também muitas pessoas dizem que são palavras muito recentes temos sempre aquela ideia de que são precisamente Porque estão associadas aos jovens mas se firmos bem e entraram no dicionário há pouco tempo não foi sim bué foi ali no início do Século XXI e mas mas já são usadas há mais tempo agora o que é curioso é que é uma palavra associada com jovens mas nós vamos encontrar pessoas de 50 anos a portanto a palavra foi acompanhando gerações e não desapareceu bué usa-se muito fixe então é muito mais antiga para dizer verdade eh nós vamos começar por Gué que vem tudo indica não vendo exatamente certezas porque porque muitas vezes em tecnologia não há certezas tudo indica vem mesmo de Angola de uma da língua do kimbundo que é uma língua Angola que tem que tem ou tinha porque também é uma língua que varia muito uma palavra que era mué algo assim eu não sei falar bem mué que dizer abundância e parece que isto acabou por ser importado pelo calão angolano e e depois Principalmente nos anos 70 com muitas muitos angolanos que vieram para para cá eh tivemos Esta palavra a vir para para Portugal e é uma importação de de África e tornou-se uma palavra muito comum muito informal é verdade muito irrita muitas pessoas ainda hoje sim temamos considerar calão ainda h eu eu neste momento eu não diria calão porque é mesmo uma palavra mais H familiar do digamos do registro familiar ligeira ah ligeira não nós não vamos usá-la numa aula provavelmente embora já já já tenh ouvido alunos a a usar mesmo perante professores Mas isso é uma questão de as pessoas vão aprendend a calibrar a língua na situação e mas não parece vai desaparecer é uma palavra que que está já está mesmo muito entranhada na nossa língua como todas as palavras acabam por ficar aquelas que sobrevivem quanto ao Fix eh eu não sei as pessoas têm tendência para achar que é dos anos 70 e já vi muitas pessoas convencidas disso que é uma importação também dessa época dos jovens mas Se nós formos ouvir uma certa parte do do da canção de Lisboa Vas que Santana Diz alguma coisa não sei se podemos ouvir vamos ouvir vamos ouvir então o Vasco Santana a dizer fixe ganhares da vida como é como é Já vais ver já vou era tão fixe pronto como vem nos anos 30 Nós já tínhamos o Vasco Santana e já fize com o sentido que tem hoje atenção porque fiz já existe há muito mais tempo com o sentido fixo H E esse sentido até se Manteve até muito tarde tinha outro sentido tinha o sentido de algum alguma coisa que está firme fiel e eu eu eu lembro-me de ver relatos do 25 de Abril mais promenor zados em que a certa altura Macel citan dizia ou alguém lhe dizia que a genr estava fixe no sentido em que estava fiel ao regime em que estava fiel à aquele regime estanho já não consig imaginar outro cenário para além do Fix depois foi foi-se perdendo provavelmente e hoje já nós só conseguimos aquilo que que aconteceu provavelmente é a partir deste sentido de fixo de fiel começamos a a falar de um de um amigo fiel um amigo fixe um amigo portanto vem da palavra fixo provavelmente do francês eh e da E daí apareceu esta conotação de algo agradável bom e hoje é é a única é a única utilização da palavra para a grande maioria dos falantes portanto é muito antiga no Vasco Santana como vimos usou com o sentido atual com o sentido de uma coisa boa eh o sentido antigo continuou a existir durante mais umas décadas mas hoje é a palavra portanto podemos dizer que é uma palavra muito antiga e havia uma revista no início do século XX que se chamava sempre fize o que também mostra que é que é uma uma uma palavra mesmo muito antiga olha bué fixe saímos daqui de barriga cheia É verdade com tantas dúvidas mas e mais virão vão vir vamos ter mais h e as pessoas podem mandar para onde nó era isso que eu ia dizer eu estava a pensar no e-mail para dizer tão bem como o André Maia português suave @ observador.pt sem o acento circunflexo e com os dois ses o do português suave está aprovadíssimo Espero que o episódio que as pessoas tenham achado o episódio fixe não é sim sim bué fixe f e também podem se quiserem enviar para o Marco Neves estrela no tiktok e no Instagram podem também chatear por lá exato e ficamos por aqui esta semana estamos de volta de hoje a oito dias com mais um novo ep semana vamos falar do de oito dias porque não é repara se reparares bem não são oito dias não são oito dias são Sis semana tem sete di sempre me fez confusão e sempre me fez confusão a semana começar uma segunda-feira e sempre me fez confusão o mês novo não não ser Novembro sem ter oit Dias duas semanas tem 15 não faz sen ficar indignado até ligeiramente beijinhos e abraços isso até