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Em 1993, entrando eu na casa dos vinte anos, ofereci os meus préstimos, em regime de voluntariado, a um programa de recuperação da vegetação nativa Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto. Fui integrado num rancho de trabalhadores temporários. A maioria eram mulheres da região que penavam por arranjar empregos. Sentados sobre a chapa, éramos transportados num atrelado de trator. Para aumentar o nosso desconforto, o jovem que conduzia tal veículo agrícola era algo doidivanas no seu descaso pela integridade dos passageiros rebocados, avançando com excessiva velocidade sobre as dunas (que deveríamos estar a proteger…).
As mulheres esforçavam-se por suplantar a inevitável barulheira mecânica com cantorias tradicionais. Pela sua voz potente e principalmente esganiçada, destacava-se uma gordinha de meia idade, bastante simpática nos seus modos brejeiros. O estrago que provocou nos meus ouvidos, fez-me desconfiar que ela era descendente do conhecido bardo das aventuras de Asterix…
Às tantas, o motorista galgou uma duna com tal celeridade que fez o reboque ficar suspenso no ar por uns dois segundos. O retomar do contato com o solo fez-se com um estrondoso impacto que castigou demasiado as nossas costas. O susto silenciou o álacre coro de vozes. Quando, ainda em choque, das bocas esgueiraram-se apenas alguns gemidos de dor, a referida cantora informou-nos: “porra, escapou-me a voz prò cu!”…
Mesmo sem termos escutado o seu acorde gasoso, rimo-nos bastante.
Regressando da minha primeira viagem ao Brasil, tive a sorte de conseguir um lugar junto à janela sem ninguém do meu lado. Assim, numa posição semelhante à fetal, consegui dormir um pouco. Acordei a meio da noite, ou assim o pensei, sem considerar os fusos horários vertiginosamente atravessados em direção ao sol nascente. Estava tudo às escuras, com a esmagadora maioria dos restantes passageiros entregues a Morfeu, como se as asas do avião (por alguns apelidado de “tubo de peidos”) fossem as do próprio deus grego. Senti que precisava muito de libertar um gás intestinal. De lado, com o rabo apontado para o estreito corredor, esforcei-me para que saísse de pantufas. Só que não. Fui traído pela sua triunfal fuga anunciada por uma trombeta! Nesse preciso instante, como se se tratasse de um sistema “inteligente” de iluminação interna, programado para se ativar com o som de flatulências impúdicas, as luzes acenderam-se todas e uma hospedeira anunciou que em breve iriam iniciar os serviços do pequeno-almoço! De esguelha, com os olhos semicerrados, percebi que junto de mim, do outro lado do corredor, uma brasileira encarava-me com furiosa indignação, enquanto sacava da sua bolsa uma lata de desodorizante; que, de braço esticado na minha direção, quase me tocando, aspergiu abundante e agressivamente, parecendo estar a repelir um assaltante, recorrendo a um spray pimenta!
Eu fingi que continuava a dormir, minimizando o embaraço.
eu sou uma pessoa que exagera nos espirros, parecendo muitas vezes um desenho animado, se soltasse o pum com a mesma intensidade com que espirro eu deveria voar cerca de 5m para a frente ou para cima🤣
3 comentários
Peidos memoráveis
Em 1993, entrando eu na casa dos vinte anos, ofereci os meus préstimos, em regime de voluntariado, a um programa de recuperação da vegetação nativa Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto. Fui integrado num rancho de trabalhadores temporários. A maioria eram mulheres da região que penavam por arranjar empregos. Sentados sobre a chapa, éramos transportados num atrelado de trator. Para aumentar o nosso desconforto, o jovem que conduzia tal veículo agrícola era algo doidivanas no seu descaso pela integridade dos passageiros rebocados, avançando com excessiva velocidade sobre as dunas (que deveríamos estar a proteger…).
As mulheres esforçavam-se por suplantar a inevitável barulheira mecânica com cantorias tradicionais. Pela sua voz potente e principalmente esganiçada, destacava-se uma gordinha de meia idade, bastante simpática nos seus modos brejeiros. O estrago que provocou nos meus ouvidos, fez-me desconfiar que ela era descendente do conhecido bardo das aventuras de Asterix…
Às tantas, o motorista galgou uma duna com tal celeridade que fez o reboque ficar suspenso no ar por uns dois segundos. O retomar do contato com o solo fez-se com um estrondoso impacto que castigou demasiado as nossas costas. O susto silenciou o álacre coro de vozes. Quando, ainda em choque, das bocas esgueiraram-se apenas alguns gemidos de dor, a referida cantora informou-nos: “porra, escapou-me a voz prò cu!”…
Mesmo sem termos escutado o seu acorde gasoso, rimo-nos bastante.
Regressando da minha primeira viagem ao Brasil, tive a sorte de conseguir um lugar junto à janela sem ninguém do meu lado. Assim, numa posição semelhante à fetal, consegui dormir um pouco. Acordei a meio da noite, ou assim o pensei, sem considerar os fusos horários vertiginosamente atravessados em direção ao sol nascente. Estava tudo às escuras, com a esmagadora maioria dos restantes passageiros entregues a Morfeu, como se as asas do avião (por alguns apelidado de “tubo de peidos”) fossem as do próprio deus grego. Senti que precisava muito de libertar um gás intestinal. De lado, com o rabo apontado para o estreito corredor, esforcei-me para que saísse de pantufas. Só que não. Fui traído pela sua triunfal fuga anunciada por uma trombeta! Nesse preciso instante, como se se tratasse de um sistema “inteligente” de iluminação interna, programado para se ativar com o som de flatulências impúdicas, as luzes acenderam-se todas e uma hospedeira anunciou que em breve iriam iniciar os serviços do pequeno-almoço! De esguelha, com os olhos semicerrados, percebi que junto de mim, do outro lado do corredor, uma brasileira encarava-me com furiosa indignação, enquanto sacava da sua bolsa uma lata de desodorizante; que, de braço esticado na minha direção, quase me tocando, aspergiu abundante e agressivamente, parecendo estar a repelir um assaltante, recorrendo a um spray pimenta!
Eu fingi que continuava a dormir, minimizando o embaraço.
Isto ainda dura?
eu sou uma pessoa que exagera nos espirros, parecendo muitas vezes um desenho animado, se soltasse o pum com a mesma intensidade com que espirro eu deveria voar cerca de 5m para a frente ou para cima🤣