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bem-vindos aos 10 anos de observador nascemos H 10 e rado A5 assinalamos esta década com uma série de entrevistas especiais em que procuramos os bastidores dos momentos mais marcantes de cada ano eu sou J um perfiro editor de fotografia eu sou Patrícia Reis escritora e curadora da exposição 10 anos de observador por este para este Episódio convidamos o embaixador português em Kev na Ucrânia António Alves Machado que tem vivido o conflito entre a Ucrânia e a Rússia que se iniciou a 24 de fevereiro de 2022 Fazemos uma ressalva este Episódio é porventura o mais internacional de todos porque o João prefiro está em Bruxelas o António está em Kev eu estou em Roma e a equipa de rádio do Observador está em Lisboa se existirem falhas técnicas pedimos desde já as nossas desculpas João conversa fotografia fotografia que que o senhor Embaixador eh já já já está a ver eh e fazíamos uma pergunta muito rápida e que pedíamos também uma resposta rápida que era o que é que vê nesta fotografia e que sentimentos é que esta fotografia lhe Transmite uma vez que está tão próximo da realidade que que que se vê na imagem esta fotografia acho que retrata muito bem o drama logo inicial da guerra que foi os refugiados não é os ucranianos terem que largar as suas casas e as suas famílias para irem para o desconhecido para fugir dos Horrores da Guerra acho que expressa muito bem aqui a criança contra o vidro eh não sei se de um autocarro do Comboio e e deve ser a mãe atrás Portanto acho que isto é o Drama Da Separação familiar se calhar o pai estava do lado de trás exatamente e e havia explosões e havia explosões no ar e esta fotografia é datada de 25 de fevereiro de 2022 portanto eh no dia a seguir H um início da invasão russa à Ucrânia e foi fotografada em levive na estação de comboios de levive Onde exatamente como disse o embaixador havia eh diariamente a separação de famílias as mulheres e as Crianças podiam abandonar o país e os homens eh devido à lei marcial eh eram impedidos dessa saída e tinham que ficar e no país esta é uma das 80 fotografias que estão em exposição na sociedade de Belas Artes em Lisboa eh entre 7 de nov e 7 de dezembro eh 2022 ficou marcado pelo lançamento pela pelo início da invasão russa ao território ucraniano uma guerra cuja violência tem sido sistemática e recorrente em todos os meios de comunicação social nacionais internacionais O Observador estava na Ucrânia logo desde o início eh chegou à Ucrânia dia 24 de Fevereiro portanto no dia em que começou esta invasão h e Eh vamos Recordar um bocadinho podes fugir a isto queres Recordar um bocadinho a tua experiência na Ucrânia antes de falarmos com o António Afinal tiveste lá três meses numa primeira fase e depois um mês e pouco numa segunda viagem queres falar um pouco dessa experiência Sim nós enquanto equipa de repórteres do Observador eh já tínhamos a intenção de ir para a Ucrânia fazer a cobertura de uma possível ainda era não sei se recorda António certamente Se recordará desta possibilidade da Rússia invadir a Ucrânia com aquelas imagens saté eh dos tanques Russos a aproximarem-se das Fronteiras ucranianas eh e nós eh entramos no dia 24 porque e assim era preciso eh era preciso que jornalistas tivessem no local a relatar aquilo que estava a acontecer e eh só em termos de curiosidade levei roupa para o dias e acabei por ficar quase TRS meses ininterruptos em território ucraniano eh voltei à Ucrânia por diversas vezes eh a última vez para acompanhar a a a visita do nosso Presidente da República Marcelo Belo de Sousa a território ucraniano que o António Embaixador de de Portugal em Kev também acompanhou em permanência assim como acompanhou também a viagem do então primeiro-ministro António Costa que também visitou eh logo eh poucos meses depois do início desta invasão E H visitou Kev visitou as zonas de butcha ir pim as zonas mais afetadas a norte da da capital ucraniana António vou-lhe eh tentar fazer uma viagem no tempo eh eu sei que chegou à à Ucrânia um bocadinho antes eh do início do covid portanto em 2020 Hum como é que tem sido esta experiência de uma vivência de uma pandemia um um fenómeno tão inesperado e depois a vivência de uma guerra logo imediatamente a seguir a chegada dos Jornalistas o envolvimento político eh diria que a sua missão tem sido tudo menos previsível sim mas infelizmente a a guerra anulou um bocadinho as recordações da da pandemia e do covid que obviamente foi um período de confinamento para todos e portanto não deixa boas memórias mas depois o drama da Guerra ultrapassou e e e deixou isso um bocadinho apagado na na nossa memória mas entre entre as duas situações entre a pandemia e o início da Guerra ainda tive oportunidade de viver um bocadinho da vida deste país que é um país extraordinário a cidade de k que o João também bem conheceu é uma cidade fascinante cheia de história cheia de de museus cheia boas pessoas muito muito animadas com uma população muito nova com uma dinâmica grande é uma cidade muito bonita e mas infelizmente uns meses depois terminadas essas essas essas restrições do pandemia começou a a ha ameaça não é acho que se lembram disso começou a constar que poderia haver uma invasão em larga escala porque de facto como os ucranianos sempre dizem já havia Guerra Não é porque já havia a anexação da Crimeia donass mas que exatamente a anexação da Crimeia em 2014 a invasão do donbass tinha havido também uma tentativa de invasão de Odessa e e no donbass embora estivesse em vigor um sar fu havia violações e havia já 14.000 mortos 14.000 mortes e por isso havia 14.000 mortos em 2022 quando começou a invasão em larga escala e portanto a situação já é era de havia um conflito havia uma guerra havia um embora houvesse um sessar fogo o cessar fogo era violado todos os dias depois a partir daí o que aconteceu foi a ameaça começou a parar a ameaça a partir mais ou menos do início de novembro de 2021 eh quando começaram a circular notícias e imagens satélite de concentração de tropas russas junto às Fronteiras da Ucrânia que percebia-se que havia um cerco várias áreas que era que era Sul que era que era Leste e portanto começou-se a temer que houvesse fosse desencadeada uma operação militar panto mais do que uma ameaça uma operação militar não se pensou e não se pensava na altura é que essa operação pesse ser uma guerra em tão larga escala pensava-se que podia ser uma uma de força sobre o Don base uma ação de força uma ação de força a leste mas não se pensou que não se pensava na altura que pudesse abranger uma parte tão grande do território da Ucrânia e muito menos leviv tão bem retratada nesta imagem nesta fotografia do João Porfírio e portanto a partir daí foi e a preparação Portanto pensarmos o que é que poderia acontecer o que é que deveríamos fazer em caso caso isso acontecesse e começou a haver de facto um ambiente assim mas anio António todo é é muito difícil prepararnos para uma guerra e superou todas as suas más expectativas certo foi foi uma dimensão tal e que superou todo todo todo e qualquer tipo de preparação que pudessem ter ou não sim sim sim superou quero dizer nós a primeira coisa que nós fizemos quando se começou a falar em possível de haver uma guerra foi fazer um mapeamento da cidadãos portugueses que estivessem na Ucrânia saber ou certo quandoos tínhamos onde é que estavam e pensar se tivéssemos que os proteger como é que podíamos chegar a eles ou fazer a eles chegar a nós e quantos são depois outras T ideia de cor nós na altura eh isto evidentemente que muitos passam a fronteira diariamente mas os nossos números andaram sempre na altura à volta dos 250 mas que incluíam maioritariamente cidadãos com dupla nacionalidade ou seja portugueses mesmo só portugueses eram poucos não havia aqui propriamente uma comunidade portuguesa largada não é claro não não havi uns cidadãos portugueses aí numa outra empresa há uma empresa portuguesa na havia umaa portuguesa operar na Ucrânia e depois havia cidadãos portugueses aqui em ao serviço de ou da missão da observação da da missão da da União Europeia ou da Cruz Vermelha ou da da FAU portanto havia aqui alguns portugueses mas não eram um número significativo e por outro lado os duplos nacionais e estando na Ucrânia são ucranianos obviamente são cidadãos ucranianos e por outro lado não estavam em zonas em regiões da que fossem consideradas pudessem ser alvo de maiores ataques ou seja estavam muito mais para oeste do que para Leste e portanto foi tentar fazer esse no fundo esse rastreamento e entrar em contacto com eles sem os assustar obviamente isto os dois meses antes atualizar os contactos pedir que atualizem a documentação que tivessem h e saber como é que poderíamos falar com eles at eh chamar-lhes a atenção para que estivessem atentos à página de informação da da embaixada e portanto Isso foi um trabalho que fomos fazendo na na embaixada ao longo desses três últimos meses e obviamente em em estrita coordenação com o ministério dos goos Estrangeiros eh porque nós obviamente trabalhamos em rede portanto aí é muito importante eh estar em coordenação com os nossos serviços consulares com com os vários gabinetes com o gabinete do ministro o gabinete do secretário geral as direções Gerais de administração Claro António deixa-me Só fazer-lhe uma pergunta Estava à espera que o dia 24 de Fevereiro fosse este início de um conflito tão que se prolongou tanto Estava à espera que se prolongasse tanto e e que fosse imediatamente em fevereiro que isto começasse era expectável não quer dizer começou a ser expectável três dias antes sobretudo TRS dias antes quando o presidente Putin anunciou o reconhecimento das das autoproclamadas repúblicas do dombas portanto aí começou-se a temer que pudesse haver H alguma intervenção mas pensamos que seria talvez mais concentrada nessa nessa área do país que é muito grande como sabem eh depois esses ú os três dias que mediaram entre esse anúncio que salve o erro foi em 21 invasão 24 começamos a perceber que iria acontecer qualquer coisa de de má e na vespa à noite eh já todos sabíamos no dia seguinte de madrugada no dia 24 de madrugada que iria ser desencadeada uma uma operação militar uma invasão não pensamos logo início essa Sim era essa mesm a minha pergunta como é que recordava a madrugada eh de 23 para 24 e de fevereiro quando e se começam a ouvir em quieve na cidade onde está neste exato momento eh os primeiros bombardeamentos por volta salvo da 6 e pouco da manhã e é que a a a invasão tem o seu início digamos assim como é que se recorda desses dias dessas primeiras horas como é que foi o trabalho como é que foi eh contactar todos estes portugueses eh que estavam no país como é que recorda essas primeiras eh 24 horas sim temos que recuar um bocadinho eh para fazer aqui o quadro completo eh e nós 10 dias antes de começar a guerra nós recebemos aqui uma equipa do comando conjunto de operações militares portanto três eh militares e portugueses que tinham muita experiência de operações de evacuação muito bem preparados e que de facto foram excelentes e nos 10 dias que eles aqui estiveram antes da guerra nós Montamos com eles uma operação Primeiro de tudo atualizar os contactos nós entre portanto já tínhamos ido aos poucos como eu lhe disse sem assustar avisando as pessoas primeiro para se não tivessem que estar Obrigatoriamente na Ucrânia que se fossem próxima das Fronteiras eventualmente sair portanto fomos nós já desaconselhável o resto do território fomos eh progressivamente aconselhando que as pessoas não estivessem aqui no país depois com essa equipa de militares Montamos um plano de reconhecimento de eventuais vias de evacuação dos portugueses que obviamente era a nossa prioridade caso começasse a guerra e eles fizeram aí um trabalho de campo excecional escolhemos três locais um era essa fábrica portuguesa a faped em rivne que ficaria na rota para a Polónia e que foram também excecionais connosco e ajudaram imenso sempre dentro do maior sigilo a preparar o apoio para uma operação desse tipo depois havia uma uma rota pelo centro mas que passava por um aeródromo e podia ser acabamos por deixar cair essa porque o aeródromo poderia ser um alvo e depois uma rota mais junto à roménia Por remel nitz que foi a que acabamos por utilizar onde reservamos com antecedência eh quartos num num centro íp eh que era do nosso conhecimento que ficava próximo das fronteiras com a roménia e com a moldova depois também encetamos contactos com as embaixadas dos países limítrofes com as secções consulares para ter uma ideia de como é que eles estavam a organizar as fronteiras caso nós tivéssemos que fazer esses percursos e e depois disso obviamente que preparando esse plano de evacuação eh quando se aproximou a hora enfim já já não tínhamos dúvidas na a partir do dia anterior que que isso iria acontecer eh conseguimos lugar uns uns autocarros para transporte de portugueses avisamos quando começou a guerra avisamos que o local de concentração que era esse em remel mitski porque acabamos por saber que a rota para a Polónia pela outra Estrada de riv estava e completamente lotada e E então indicamos aos portugueses que se juntassem a nós na embaixada onde teríamos autocarros ou então que fossem ter remeli provavelmente até poderiam estar lá mais perto e e portanto no dia 24 demos início a essa operação de evacuação assim que recebi instruções do do do min estrangeiros e secretário-geral e mas o plano Inicial que depois teve que cair era Nós pensamos e o governo ucraniano as autoridades ucranianas vão para levive que aqui e nós ouvimos explosões aqui em em kiv não é portanto eles vão para levive que é uma zona mais segura mais perto da fron com a Polónia e e nós vamos acompanhá-los portanto reservamos para mim e e para alguns dos meus funcionários estadia em levive e Montamos e digamos dois dois grupos um grupo que seguia para levive comigo e e outro grupo que seguia para ramel nit para levar os portugueses que estivessem os cidadãos nacionais para a fronteira e assim foi só que nessas 14 horas que o meu grupo de morou até remel nit soubemos das explosões em levive nomeadamente no aeroporto e percebemos também que o governo ucraniano não se ia deslocar para L viiv portanto deixava de fazer sentido a hipótese L viiv concentramos todos em remel nits e e daí depois obviamente sempre em em recebendo instruções diretas do do do Senhor Ministro estrangeiros e do secretári geral e dos nossos serviços consulares depois fomos para essa Fronteira isto obviamente depois também muito com o apoio Nessa altura da embaixada Portugal na roménia na roménia anón eu detesto interrompê-lo mas temos mesmo que ir para intervalo já retomamos e retomamos exatamente aí esta interação entre as diferentes embaixadas portanto a pergunta que lhe Deixo é não é possível montar nenhuma operação de evacuação Sem o sem trabalhar em rede Como disse há pouco António Vasco Alves Machado é o embaixador português em kiv é o nosso convidado hoje neste Episódio 10 anos do Observador recordamos o início da guerra na Ucrânia na qual estivemos envolvidos enquanto repórteres E deixamos uma pergunta que é Antónia eh não é possível trabalhar um conflito sem estar em rede com as outras embaixadas estava a falar da roménia e dessa e dessa apoio da embaixada portuguesa quer noos falar um pouco disso de como é que esse trabalho diplomático se faz em rede esse esse apoio é fundamental portanto começa obviamente nos nossos serviços centrais em Lisboa no Ministério dos vossos estrangeiros e nas vossas várias direções Gerais que er a direção geral política externa que er a direção Geral de assuntos consoles o gabinete do secretário geral a direção de administração as comunicações e e portanto foi uma equipa que a partir de Bucareste nos foi esperar à Fronteira que nós indicamos fronteira a Embaixada em Bucareste também cobra a moldova portanto eles estavam a sair à Fronteira para nos apoiar depois durante TRS Dias estivemos na roménia Para apoiar a chegada de outros portugueses que tivessem ficado para trás porque deixamos também aqui um autocarro em em kiv paraos e depois já na roménia recebi instruções do do do Senhor Ministro para me deslocar para a nossa Embaixada em Varsóvia porque nesse momento a prioridade era e ajudar a gerir o fluxo de refugiados que através da Polónia se iriam deslogar para Portugal e portanto aí foi crucial o apoio que eu recebi da da embaixada em Varsóvia do embaixador Luís que foi extraordinário em todo o apoio que deu que nos instalou que nos deu gabinetes nós quando saímos daqui levamos equipamento que nos deixava eh nos permitia estar operacionais e o que ajudou muito portanto nós podíamos eh tínhamos quem falasse a língua tínhamos possibilidade de emitir documentos e portanto instalamos na embaixada em Varsóvia quem me levou até lá foram novamente esses esses três militares que foram fundamentais também neste neste processo E que nos permitiram levar também o equipamento para lá e depois durante algum tempo a partir de Varsóvia eh em cordenação diária Estreita com o embaixador e sua Embaixada em Varsóvia conseguimos ir gerindo aquele fluxo grande de refugiados muitos deles que vinham como esta como esta criança e Esta senhora que são aqui retratadas na sua fotografia e quando é que regressa depois de todo estas semanas longas semanas acredito eu quando quando é que regressou a kieve se regressou a kieve ou para outra zona da da Ucrânia e como é que foi ver a capital ucraniana que bem conhecia e despida de pessoas e com e checkpoints checkpoints que são para quem nos ouve controlos e nas estradas eh lideradas por militares portanto que controlam todas as viaturas todos os passaportes tudo aquilo que existe dentro de uma viatura automóvel é fiscalizada portanto como é que eh regressa a Kiev Quanto tempo depois é que regressa a Kev e como é que foi ver uma capital de um país gigantesco como a Ucrânia e naquele naquele estado nós a partir de princípios de Abril meados de Abril começamos a pensar nessa nessa operação de regresso nós ainda tínhamos aqui funcionários na na embaixada que aliás se deslocavam H todos os dias e que alguns foram conhecidos também dos Jornalistas que aqui estavam quantas pessoas é que trabalham na embaixada António desculpe a pergunta mas já agora para se ter noção uma Embaixada como Embaixada de Portugal em que sim no no total incluindo os dois diplomatas são nove pessoas portanto não não não somos muitos não uma Embaixada enfim com com muitas pessoas mas permitiu nós estarmos nos dois sítios porque connosco também foram funcionários de kief que estiveram connosco em Varsóvia e que foram fundamentais porque faziam um atendimento a muitos dos refugiados porque embora ha sejam próximas a língua Polaca da língua ucraniana era preciso falar e e ler os documentos que eles traziam e que eram escritos em ucraniano Depois começamos a pensar no regresso fizermos obviamente fez-se uma avaliação da situação de segur ver se isso era possível e foi decidido que eu regressaria com com o senhor primeiro ministro na altura dor António Costa h e portanto vim com ele ao mesmo tempo no dia 20 de Maio se não se não estou engano 20 de Maio de 2020 e portanto viemos uma delegação enfim já com alguma dimensão Houve aqui imensos encontros e oficiais e e o primeiro ministro anunciou O Regresso do embaixador com o embaixador ao lado estivemos na embaixada e e por contto ao que me perguntou obviamente que foi impressionante nós como viemos de comboio Não vimos os check points pelo caminho depois conheci os todos mas na altura foi aqui ver a cidade muito barricada não é na altura ainda havia aqui como se lembra as as as forças territoriais com as braçadeiras especiais havia vários checkpoints havia ruas fechadas os edifícios estavam protegidos com sacas de areia muitos deles a ainda estão e e tudo a circulação era toda muito mais restrita não é depois o a visita do primeiro ministro eh concretizou-se ele regressou e eu fiquei aqui com a minha equipa em Varsóvia e depois aos poucos fui vendo a a cidade a versovia não desculpa em aqui e fui vendo a cidade como ela estava nesses tempos que era um bocadinho diferente de hoje não é que está o António é pai é marido e eh como é que eh se diz à sua família que vai regressar eh para a Ucrânia em trabalho porque a sua missão é naturalmente muito importante eh para Portugal mas também para a Ucrânia Como é que se diz à família aos filhos e ao e a ao resto do núcleo familiar que se vai voltar para a Ucrânia um país onde toda a gente está a querer sair dele H como é que geriu todo toda essa situação vai-se dizendo num anio vai dizendo minha a minha mulher é uma mulher fortíssima fortíssima e que foi enfim um apoio fundamental Não só em toda a minha carreira mas como nestas Fases em fases difíceis como essa portanto íamos conversando e Geralmente as mulheres dos diplomatas tem reservado um lugar bastante invisível mas são cruciais diria é um sim e os maridos não só as mulheres não é tão invisível é menos falado mas é um é um lugar Fundamental e crucial e E no caso da minha comprovadamente e portanto foi um apoio não só quando eu saí daqui na operação de evacuação mas depois quando regressei e penso que ela própria também me ajudou a ir dizendo aos meus três filhos que estavam em Portugal e que que eu viria mas que ia tudo correr bem e que que estava seguro e que estava Protegido dentro do que é possível e portanto eu digo diria que a pergunta é um bocadinho ao contrário como é que a minha família geriu essa essa relação comigo porque aí foi foi uma um apoio extraordinário que eu tive e que ainda tenho ainda hoje não é então um contacto permanente porque a preocupação está sempre lá não é claro mas os diplomatas de carreira t essas vicissitudes não é essas coisas estes conflitos e outro tipo de conflitos podem acontecer em qualquer posto em qualquer missão e temos que sim e temos que estar preparados quer dizer a carreira não é só e as coisas boas não é só estar em países bonitos nem conhecer gente ou esse lado é muito interessante e importantíssimo mas também é depois saber viver momentos menos difíceis e situações de carra e de conflitos os colegas meus têm atravessado ao longo dos anos não só guerras internacionais como guerras civis e enfim seria mais complicado se a família cá estivesse Não é porque eu aí teria uma uma preocupação Claro mas assim tive a família do lado de fora e e a gerir bem e como digo com com com o apoio de uma de uma mulher excecional ora isso é sempre bom de ouvir certamente que ela ficará contente Antónia diga-me destes destes que aí está do ponto de vista pessoal Qual é a maior lição a maior lição em geral é um é uma lição de vida eu acho que a Ucrânia me deu a mim uma uma lição de vida de coragem de capacidade de de olhar para a frente de de não de não se deixar levar pelo pelos receios ir gerindo o dia gerindo o dia a dia no fundo se pensar que eu tenho que tratar dos problemas hoje obviamente não posso esquecer que há um amanhã mas é uma gão totalmente diferente da vida quer dizer amanhã não sabemos o que é que vai acontecer o que é que o que é que pode vir aí por cima não é e depois é é uma forma de estar na vida que os ucranianos têm dizer muito corajosa que o mundo todo tem admirado e que acho que é um exemplo para todos nós e e a mim ensinou-me também pessoalmente a sobreviver em condições difíceis se aqui há uns anos atrás me perguntassem o que é que eu faria se viesse a passar por isto ou se calhar teria ficado um bocadinho apreensivo Mas aprendi com eles quer dizer aprendi com os ucranianos e acho que é uma lição que me vai ficar para o resto da vida que é uma lição extraordinária queir a Deus que vem e e que a Ucrânia seja o o grande país que é em pleno António fala-se desde desde a primeira hora a deste desta guerra em em larga escala H fala-se desde a primeira hora de um cessar fogo de um possível cessar fogo lembro-me e que nos primeiros dias da invasão Houve várias reuniões entre eh membros do governo ucraniano e membros do governo Russo na bielorrúsia H não deram é nada eh quase e já passaram os 1000 Dias desta invasão quase a assinalar os 3 anos de guerra Como é que vê o desfecho deste conflito por via diplomática ou por via militar isso Isso é uma pergunta isso é pergunta acho que neste momento sem resposta o que eu acho que é essencial concentrarmos é que a Ucrânia tem que ter uma paz Justa e uma paz duradoura e portanto uma uma paz em que negociações que as negociações sejam feitas pela Ucrânia com a Ucrânia na altura que a Ucrânia achar que deve fazer e que essas negociações permitam ter uma paz Justa e duradoura depois ch mesmo correndo o risco de perder territórios a leste sobretudo isso não não não é isso isso não não não vou entrar por aí quer dizer temos que concentrar em ter uma paz Justa e que e que permita que que a situação nesta Nesta parte da Europa melhor como como ela merece porque acho que viu quando cá esteve é uma das Sensações que nós temos ao chegar ao Ucrânia conc a Ucrânia é estarmos numa grande capital europeia não é em que a história teve comigo penso eu pelo menos durante a visita do senhor presidente da república estivemos em Santa Sofia sem dúvid e e É extraordinário entrar em Santa Sofia são 1000 anos de história da Europa não é em que o o o fundador de Santa Sofia o yaroslav o sábio não é era chamado o o pai da da um dos Pais da Europa não é no no fundo enfim seria o sogro da Europa porque é um país com muita cultura com muo com muita história de facto e que cuida muito bem da cultura das três filhas dele é das três filhas dele uma é rainha de França outra é rainha da Hungria outra é rainha da Noruega não é eles estão na história da Europa nãoé na história da Europa e aqueles enfim todos aqueles mosaicos aqui enfim há muito mais do que Santa Sofia mas é um país profundamente europeu e peço desculpa provocação Aposto que é a mesma pergunta não força força então sem querer provocar as eleições norte-americanas e o resultado da vitória de Donald trump o António acha que vem mudar substancialmente este cenário que se vive hoje em dia na Ucrânia virá porque Donald trump tomará posse em janeiro de 2025 essa pronto é tão difícil como a anterior Mas como eu lhe disse como eu lhe disse aqui aqui na Ucrânia gç o dia a dia e portanto obviamente que alguém estará a pensar nessa nessa mas há sempre expectativas não é eventualidade sim mas mas aqui nós temos que nos concentrar e sobretudo nós aqui Embaixada como é que podemos ajudar a Ucrânia e acho que isso é que Portugal tem feito de todas as maneiras apoio político apoio militar apoio económico apoio socialo cultural e os próprios jornalistas que aqui estiveram chegaram a ser mais de 20 acho que T sido o João prefiro entre outros T sido uns bons divulgadores porque é muito importante que a uc não seja esquecida que a Ucrânia esteja à frente das nossas Caras todos os dias que as pessoas não se esqueçam o que está a passar o este povo que este país está a sofrer e Portanto acho que isso é que é a nossa função apoiar ajudar divulgar transmitir eh a mensagem da Ucrânia junto todos países no mundo onde nós também temos alguma influência e E é isso que todos nós fazemos e e e e os e os os jornalistas também obviamente e acho que têm conseguido essas Exposições são prova disso frases uma das frases de Donald trump antes até das eleições foi que acabaria com a guerra na Ucrânia menos de 24 horas hã e e acha que estas esta esta agora Vitória de Donald trump nas eleições pode de facto mudar o rumo e desta guerra e Como dizia há pouco que os ucranianos aquilo que precisam de uma paz paz social paz em todo o país justa mas acha que eh o facto de Donald trump ter ganho e as eleições e tomar posse no dia 20 de Janeiro essa paz possa vir ir a transformar-se numa paz podre isso já esto muito aqui o âmbito do que do que serão a minha do que ser é a minha capacidade de avaliação esperemos que sim mas mas vamos ver se eh como é que isso se faz quando é que se faz em que termos é que se faz mas é uma acho que é um acho que é incógnita para para todos acho que que hoje mais do que ontem se fala se fala em em em negociações eh sim acho que já é um passo positivo veremos vamos ver António ontem eh eh H há menos de 24 horas António Costa tomou posse como eh Presidente do Conselho europeu hh à hora em que esta entrevista for transmitida já António Costa terá saído da Ucrânia eh novamente uma segunda vez acha que um português António Costa em especial eh um português eh assumir uma pasta tão importante eh nas instituições europeias numa altura em que se vive um clima muito tenso na Europa e nas fronteiras com a Europa acha que António Costa poderá fazer aqui alguma diferença e E se sim que qual nesta negociação na possibilidade do alargamento da Ucrânia para a união europeia Como é que vê António Costa num cargo tão alto e e o que é que ISO poderá mudar para a Ucrânia eu acho que obviamente que é uma honra para nós portugueses ter o Dr António p nesse cargo mas quanto à pergunta eu diria de uma forma mais geral e não não me compete a mim falar da da ação da atuação das instituições europeias Mas o que eu diria é que os portugueses em geral são vistos na Ucrânia como grandes defensores e com uma capacidade de soft Power eh muito grande ou seja um país para a dimensão geográfica da Ucrânia poderia ser considerado um país não é porque a Ucrânia é muito grande é maior que França é maior que Portugal e Espanha juntos mas Portugal e os portugueses são reconhecidos como grandes defensores das posições da Ucrânia temos uma comunidade ucraniana em Portugal muito expressiva muito bem carada e por outro lado temos uma capacidade de divulgação de mensagens de defesa e de apoio à Ucrânia junto de muitos outros países do mundo e como estamos sempre à frente quer dizer quando é preciso um apoio Portugal aparece quando é preciso Portugal uma ajuda Portugal está lá eh Somos Um Bom exemplo para muitos outros países que se calhar estariam ali a pensar o que é que nós podemos fazer e ali eles vêm os portugueses fazem nós fazemos também e Portanto acho que isso é uma em geral é muito valorizado aqui na na na Ucrânia e e tem sido extensivo quer dizer ainda em Maio em em Lisboa o senhor primeiro-ministro assinou com o presidente zelensk um acordo sobre garantias de defesa certo não fomos uns dos primeiros certo e um pacote financeiro bastante Generoso obviamente que tem sido exatamente ainda na semana passada foi decidido o apoio também é mais um apoio repetir o apoio à iniciativa para a exportação de cereais com destino África da língua portuguesa neste caso até Moçambique Portanto tem sido ao longo destes tempos um apoio constante dos governos portugueses que sucederam e Como disse foi em maio que foi assinado esse acordo de defesa o próprio Ministro estrangeiros tem sido uma voz defesa da da aproximação da ção da da ucrania à União Europeia e Portanto acho que esta resposta geral que é melhor que lhe possa dar muito bem só uma última pergunta para en tem ótima os diplomatas portugueses têm ótima reputação pelo mundo inteiro já agora deixa-me acrescentar isto né porque isso também faz alguma diferença não é na forma como abraçamos as diferentes missões e e de facto a diplomacia portuguesa tem tem bons palms não é verdade fico fico contente de ouvir isso e tenho muita honra em estar integrado nessa máquina diplomática Portuguesa de facto funciona muito bem e com bons resultados e no reconhecimento a situação excecional em que o António está foi condecorado pelo presidente da república com as insígnias de grande oficial do Infante Dom Henrique no reconhecimento de viver este no Exercício destas funções em Kev ficou muito surpreendido fiquei surpreendido mas muito muito também agradado obviamente e muito honrado mas tomei essa como é natural essa esse reconhecimento e essa condecoração como de toda toda a minha equipa Não é porque eu nunca estive sozinho nem sozinho em relação Lisboa Porque eu tive sempre o apoio total e completo a todas as horas das minhas autoridades obviamente a minha família como disse acho que já já o expressi bem e depois os meus funcionários colegas todos trabalhamos no mesmo sentido e portanto ficamos todos muito honrados que o que o senhor presidente da república Tenha tenha reconhecido não só a mim mas mas o esforço da diplomacia Portuguesa no qual na qual eu como hra António uma última pergunta para encerrarmos já Ultra passamos bastante o tempo e tenho que lhe perguntar isto h não tive medo nunca não não não devo dizer que aprendi e também a enfrentar as situações e temos todos obviamente sempre algum receio temos aqui o que dominar e controlar não sabemos não é imprevisibilidade total mas não foi um sentimento que eu tenha tido desde que desde que aqui estou eh Provavelmente porque olhar para o lado e ver a coragem dos ucranianos acho que tira qualquer qualquer hipótese de de sentir medo não e o nosso convidado deste Episódio de Podcast 10 anos de observador foi o embaixador português em kiv António Vasco Alves Machado a quem agradecemos desde já a prontidão com que aceitou o nosso convite no próximo episódio João falaremos sobre um outro acontecimento que marcou o país neste caso no ano de 2023 eu sou o João perf ffia do Observador eu sou Patrícia Reis e este é o 10 anos de observador