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bem-vindos aos 10 anos de observador nascemos há 10 anos e a Rádio Faz 5 anos de existência assinalamos esta década com uma série de entrevistas especiais em que procuramos os bastidores dos momentos mais marcantes de cada ano eu sou o J perfiro editor de fotografia e eu sou a Patrícia Reis escritora e curadora da exposição dos 10 anos do observador para este Episódio convidamos o fadista camané e o Manager e filho de Carlos do Carmo becas do Carmo bem-vindos obrigada por terem aceitado o nosso convite bem-vindos Olá obrig cada conversa temos associada uma imagem e eu se calhar camaré pedi-te para descrever esta imagem que vai estar patente na exposição e que teremos dos 10 anos do Observador e que inaugura no dia 7 de novembro na sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa o que é que tu vês eu vejo o Carlos eh a mandar um beijo ao público e a despedir-se eh supostamente eu penso que não não sei se estou enganado mas eh eu acho que era e é foi um espetáculo maravilhoso ele cantou super bem eh era suposto eh a ideia seria o a despedida do Carlos e dos palcos eh Se bem que eu achei que o concerto foi tão bom que que ele tava tão bem a cantar acho que ele cantou super bem CONSEG conseguiu até lidar com alguns limites porque não era uma pessoa jovem eh mas fez um espetáculo maravilhoso e e como Vent mesmo cantou super bem cantou como sempre como sempre e foi um espetáculo lindíssimo e becas é isso O que é que esta imagem me diz esta imagem diz-me que e demonstra serenidade que no fundo era o que ele era er uma pessoa muito Serena eh agradecimento no fundo a imagem mesmo um agradecimento ao público como o camané disse e enfim quase que reflete o balanço que ele próprio deveria estar a fazer de da Despedida Mas de todos os anos de carreira Sim sim e mas assim mas demonstra eh mesmo na despedida a a serenidade que ele que ele sempre teve e que e a calma e e a compreensão de de todos os momentos e mais uma vez o demonstrou aí eh eh a tranquilidade e a serenidade do momento que podia ser eh difícil mas que ele encarou com toda a naturalidade Esta é uma das 80 fotografias que estará patente na exposição na sociedade de Belas Artes em Lisboa entre 7 de novembro e 7 de dezembro 2021 ficou marcado pela morte de Carlos do Carmo camané é incontornável na história do FAD Claro super eh eu acho que foi uma Hum falo por mim não é eu comecei a ouvir o caros do caro muito jovem havia um os discos em casa e ouvi e e foi dos primeiros das primeiras pessoas que eu eu quando em 77 lembro perfeitamente O Carlos estava lembro-me da imagem do Carlos estava olhar para esta imagem mas lembro-me da primeira vez que eu vi o Carlos pessoalmente em 77 no cliseu dos Recreios nos Bastidores e eu fui lá cantar ao Coliseu dos Recreios e é que tu tinhas em 77 em 77 tinha 9 10 anos e não ia fazer 10 anos e e pronto e o caros foi super simpático com com o meu pai comigo ele tava com um casaco vermelho nunca mais me esqueço H pronto Foi uma foi super simpático e depois apresentou os luzid Olha este menino que anda f e não sei quê aquelas coisas mas mas uma pessoa muito lembras-te o que é que foste cantar eh cantei um um fado Eh que que tem é um fato tradicional eh o era o fato puxavante que é um fato tradicional há vári vários fatos tradicionais ou fado britinho ou não sei quê pav An Era e eu cantei com uma letra nova uma letra a falar da mãe e da escola da escola portanto uma letra daqueles poetas populares que escreviam nas coletividades eh e eu e eram quadras e eu coloquei as quadras Nesse fato tradicional como os fadistas cantavam mais cada um cantava o mesmo fato tradicional mas com letras diferentes e acabavam parecer fatos diferentes mas pronto e os fatos têm o fato tradicional tem essa essa possibilidade e eu construí um fado a falar da minha idade e das da minha vivência naqu um bocado descritivo da da vida da escola daquelas coisas e e pronto e e con o Carlos e foi um Foi uma noite fantástica ele cantou super bem também eh e e é engraçada essa proximidade porque ele eu ouvia eu comecei a ouvir fados ouvir o Casos do Carmo Amália os fadistas os marcenaro toda a gente em casa e de repente chegava a um sítio e cantar ao lado deles e não era cantar ao lado deles mas mas ali estavam ali estavam na noite do fado foi Fantástico e e pronto e depois ao longo da vida fui fui encontrando o Carlos muitas vezes ch queiro faia hã era uma pessoa fantástica e depois quando eu parei de cantar porque houve aquela minha transição de voz ele perguntava sempre por mim é o meu pai quando eu encontrava no bairro Alto e era super simpático e depois com o meu percurso ele foi uma pessoa muito influente na minha vida não é claro eh foi uma pessoa que me apoiou sempre sempre mesmo em em várias fases da minha vida e e o meu trabalho também portanto foi hum recorda-se do primeiro elogio e da primeira crítica que o Carlos do cám lhe fez H ou a mais importante a crítica e o elogio mais importante que o Carlos O Carmo lhe fez e lembro-me dele dele me ter feito não me lembro de lembro-me de elogios mesmo de em palco lembro fizemos um concerto juntos há muitos anos no em frente aoo Panteão Nacional em Bé para imensa gente com orquestra e e fizemos aí fizemos em no Algar e em sesimbra acho eu ou ou setu e foi ele foi sempre uma foi sempre impecável comigo lembro-me dele elogiar quando eu por exemplo nós entrávamos no palco e e ele cantava eu eu entrava aí primeiro e cantava um fado dele ele entrava assim muito chateado e depois cantava um fado meu e era um despique e havia essa eh prto e ele ele sempre falou muito bem eu tive o privilégio que ele participou no disco meu eu também participei no dis do Carlos portanto sempre houve um incentivo não a relação que eu tenho com com o Carlos foi mais incentivo de em relação ao meu percurso mas claro mais do que isso foi aquilo que ele me deu não é artisticamente aquilo que eu ouvi como referência perceber como é que dizia como é que dividia as o sentido da palavra que ele tinha ensina toda a gente basta ouvir o Carlos uma dicção perfeita uma dicção perfeita isso tudo ele foi o meu professor quer dizer os meus professores foram as pessoas que eu ouvia e ele foi ele coisas fantásticas que ele Lembro uma vez fui ver um espetáculo dele em oiras no cinema do Eiras ele que ele cantou o homem na cidade eu era muito novo quando foi o homem na cidade também devia ter 12 13 anos e lembro-me que a seguir VII ver um espetáculo dele em que ele cantou passado dois anos para aí foi o homem no país e eles foi a primeira vez que eu vi um artista português chegar a um palco e fazer um um repertório só de um disco Portanto ele as pessoas pediam os as Canas do tes pediam tudo grandes êxitos não é mas ele cantou só um homem no país eu eu um dia e mais tarde fiz um espetáculo assim porque aprendi que é possível fazer isso que é já tinha visto alguns cantores de outros países e espetáculos já vi depois mais gostar de de fazerem isso mas a primeira vez que eu vi um artista fazer isso foi o Casos do caro portanto isso é é uma coragem incrível é sei lá há tanta coisa para dizer sobre ele que um homem na cidade é é icónico não é se letra do é incrível incrível é incrível porque ele depois foi foi encontrar uma sonoridade não é aqueles arranjos daquele disco a forma como está tocado portanto tudo aquilo é é uma é diferente é dentro do fado e diferente de tudo que se fez e nunca te passou pela cabeça levar o homem na cidade não não porque já tá já tá feito não tenho nada a acrescentar absolutamente nada quando era miúdo lembro perfeitamente e quando cantava nas casas de fados ah às vezes ir buscar um dois temas três desse desse repertório gostava imenso deos cantar portanto estava nas casas faz a cantar e cantava alguns fados do cas do Carmo hah houve uma altura no meu percurso também que cantava um ou dois temas do Carlos no um espetáculo cantava Aliás a f uma parte cantava um tema do caso do Carme um tema do Mercenário e um tema da Amália por exemplo mas ele tem um percurso incrível a escolha dos fados são incríveis são são são é uma escolha o repertório tem repertório diferente H um disco dele por exemplo que era 10 fados vividos em que é mais tradicional É incrível o Bom Gosto estética também da forma como os músicos estão a tocar nesse disco não é e aliás essa sonoridade que ele criou eh que é única eh isso e não se mexe não se mee becas becas do Carmo foi Manager do Carlos do Carmo filho do Carlos do Carmo Hum como é que é tudo isso como é que se conjuga essas duas essas duas coisas responsabil grandes responsabilidades mas com dificuldade imagine com dificuldade nas decisões sim mas com amor eh e um diálogo muito franco e muito muito diário com com franqueza com muita lealdade consegue-se ultrapassar isso tudo mas foi um foi um des o becas Manager falava ao pai como Manager Manager ou como filho eu às vezes armava me Manager como meu pai sim eu tentava eu tentava e e ele aceitava isso com com com com com piada achava piada que o filho tentasse ele tinha sentido do humor muito sentido muito sentido Hum também tinha uma vaidade grande eu lembro-me de vários espetáculos nos Bastidores ele tirar os óculos antes de entrar em pco e eu dizer-lhe mas qualquer dia já não vê nada como é que vai fazer isso palco os óculos nunca eu lembro-me perfeitamente dele de ter esta este sentido estético de de também ser uma Persona de palco bergas tê esta esta noção sim ele era um esteta e e e tinha esse Rigor visual e de de de passagem de de imagem sim gostava de se apresentar sempre impecável gostava de ter essa imagem e e cultivava isso de uma forma saudável mas mas fazia questão Sim era uma pessoa rigorosa no modo como se apresentava era uma pessoa que que trabalhava estudava e era muito rigoroso com o espetáculo em si lembro-me que um dos primeiros concertos que eu fotografei enquanto fotojornalista foi um concerto do Carlos do Carmo e lembro-me que a dada altura Carlos do Carmo para a a música a meio e pede para os fotojornalistas saírem todos de frente de palco porque ele queria ver o público e e portanto havia essa exigência também sim ele não gostava de de nenhuma distração sim ele não gostava de de nenhum motivo de distração não gostava de câmaras não gostava de fotógrafos não gostava de nada na interferência do espetáculo sim gostava que tudo tivesse liberto para ele se comunicar que que era o que ele que gostava de fazer era comunicar com o público simada interf dos opostos tive o privilégio de o entrevistar em casa dele aqui bem perto das instalações do Observador E e essa quase esse distanciamento que existiu no concerto para os foi exatamente o oposto em casa dele fez questão de durante largos minutos mostrar-me o seu escritório com todos os seus prémios todos os seus Disc Porque tudo tem o seu sítio não é porque o palco é o palco e é o que interessa é o artista e o público e em casa a dar entrevistas o que interessa é o artista e o jornalista e e tem que haver essa comunicação ess esse vetor sempre afinado não é era um ótimo contador de história Sim era era um ótima entrevista entrevist exelente entrevistado uma pessoa podia ficar horas não é sim havia muitas histórias para contar e e e às vezes esta relação entre os fadistas e ou os grandes artistas e os jornalistas não é fácil depois não c né esta coisa querem Queremos sempre mais um bocadinho estamos sempre a puxar mais um bocadinho sempre não é fácil às vezes pois não quer dizer eu acho que que é é natural que que os jornalistas queiram saber e que há há pessoas que são diferentes não é o caros tinha uma capacidade enorme de comunicar e de e de falar e e realmente era muito nesse aspeto ele tinha esse lado que era Fantástico de de conversar bem de eu por exemplo sou uma pessoa muito mais tímida não é e às vezes tenho dificuldade em em em gerir e em e em falar porque porque entro numa certa insegurança ou não sei bem o que é não difícil de ultrapassar mas o caros realmente era incrível e era tipo dava vontade de ficar lembro de ficar noites até às tantas da manhã a conversar com el eh leu de coisas Eng e par eram tinha uma piada incrível uma vez fos um espetáculo eu ia a guiar eu ia a guiá mas ia sempre a falar com ele a olhar para ele não é sempre a olhar para ele mas ele vinha sempre a falar vinha sempre a falar e o Carlos começ Onde é que iam íamos para Évora para um espetáculo íamos fazer um e e aliás íamos fazer uma coisa aos dois em Évora não sei se te lembras o que é que era e E então lembro perfeitamente do do ó camané quando fores a conversar comigo no carro eu aqui a agiar olha para frente olha sempre em frente quem me disse isto foi o meu grande amigo José Maria Nóbrega que tinha tem carta há 60 anos e nunca teve um acidente portanto Tu vais a olhar para fica a dica fica a dica não é foi super foi fant essa coisa ficou na história porque portanto partilhamos Entre todos fala mas olha sem B frente o Becas nós trabalhamos juntos há 30 anos o becas é meu menager também pois er isbre isso também quer isso e pronto mesmo antes não é Há sei lá 30 anos que becas E então é incrível como como como e Há muitas coisas que nós sobre o pai que o o becas que e o pai que nós vivemos Não é que que partilhamos partilhamos que é fantástico mas há um bocadinho essa essa ideia quase de família em al alguns em alguns cantos chamemos-lhe assim alguns Recantos do fado não é estas pessoas dão-se umas com as outras aquela uma certa amizade que depois se torna família é comum não é sim sim é comum mas deixa-me dizer que que entre mim o camané não existe esse esse lado familiar e não nós nós nós não não existe uma amizade da minha parte profunda pelo camar e admiração mas o trabalho é trabalho e é por causa do trabalho que estamos juntos não é por questões nenhumas de que vem detrás ou por por afinidades afinidades do caman com meu pai não FOA uma coa outra eu conheci o pai dele primeiro conheci bem mas é engraçado porque porque mas depois H foram Coincidências foi aconteceram as coisas normalmente portanto e o becas pronto aos poucos foi mas foi realmente uma pessoa com que eu que eu sempre confiei a trabalhar e somos amigos há muitos anos não é claro e é fácil trabalhar com camané é muito fácil é uma pessoa muito fácil de trabalhar eu já trabalho com vários artistas há muitos anos e e o camané é uma pessoa incrível de de de conversar de decidir de de encaminhar de de de decidirmos o trajeto a estratégia H é bom houve com com atenção conseguimos trocar as nossas ideias de uma forma bastante concreta civilizada eh orientada e é uma pessoa muito fácil de de trabalhar sim o seu pai era mais teimoso nesse não é tão difícil falar da questão profissional como o pai eh porque nós realmente murá as duas coisas nas nossas conversas de trabalho misturavam inevitável ele ainda por cima ele era um humanista uma pessoa das pessoas e e e e dava muita importância ao lado humano Portanto ele não ele nunca nunca decidimos nada do trabalho que fosse uma coisa assim meramente rigorosa e não era uma conversa de de de pai para filho de filho para pai e e e chegávamos a um consenso da da trajetória delinear a estratégia mas de de uma forma muito harmoniosa e familiar Sim era um era um misto e nunca foi assim tão dividido como isso não não houve aquela linha não er não não se conhecendo o meu pai o meu pai não não misturava as coisas todas não o meu pai misturava tudo e eh não não não conseguia compartimentar o trabalho do filho e não nós mostrávamos tudo e tínhamos conversas de pai para filho de e de trabalho CONSEG conseguíamos criar enfim ao longo dos anos todos enquanto eu trabalhei com ele foram quase 30 e tal anos né quase 40 e percorremos assim demos várias voltas ao mundo juntos eh mas foi sempre no na base da da da do amor e da da compreensão familiar que que as decisões do trabalho foram tomadas nós temos que ir para intervalo Mas voltamos já a seguir a conversar com caman com o becas do Carmo deixamos uma pergunta antes do intervalo João Portugal trata bem os fadistas bem-vindos de volta ao podcast 10 anos de observador um podcast que celebra o nosso aniversário e que explora alguns acontecimentos e protagonistas da década fazendo uma antevisão do que será a exposição 10 anos observador que estará patente na sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa de 7 de novembro a 7 de dezembro os nossos convidados s fadista camané e o Manager e filho de Carlos do Carmo becas do Carmo bem-vindos de volta H deixamos uma pergunta no ar João qual é a pergunta se Portugal o nosso país trata bem os fadistas esse património e e material olha c maness não te importas do começo e e despe aqui res minha parte eu acho que Portugal trata os fadistas como trata os assuntos Todos nós temos uma característica e uma personalidade Portuguesa e não tratamos Nem Melhor Nem Pior o nosso coletivo eh e as nossas elites não tratam melhor o o Fado ou pior do que o resto dos assuntos Todos nós temos uma os assuntos todos culturais não não todos mas por exemplo não comparamos com o desporto também com o futebol por exemplo não poes abrir essa exceção podes abrir essa exceção do futebol uma grande exceção Sim infelizmente porque E isso também demonstra qualquer coisa é um sinal de qualquer qualquer coisa enfim que que os sociólogos que que façam esse trabalho mas realmente o o o futebol pode ser uma exceção em relação a depois a esta característica que eu falo que que marca o comportamento coletivo perante as coisas as situações os os movimentos e e tudo mas o becas concordará que existe uma uma uma Enfim uma discussão eh Há muito tempo não não não tem a ver com este governo ou com o governo anterior ou com o próximo governo que é a cultura ser sempre o parente pobre e das políticas públicas e e que são aplicadas seja porque governo for não estou a a a a especificar nenhum eh governo em especial existe sempre esta questão que o orçamento para a cultura é baixo que e os artistas têm pouco apoio que a pandemia Por Exemplo foi um período muito complicado para muitos artistas que não não podiam fazer concertos não podiam tocar não podiam cantar não podiam eh eh ser atores e e executar as suas peças entre outras coisas eh e e nessa medida é que a minha pergunta eh se fazia não é que é deveríamos nós tomar conta dos nossos artistas de outra maneira Com certeza que sim seria fantástico que houvesse uma uma atenção uma Dedicação à cultura porque a cultura enfim é um motor intelectual e civilizacional de qualquer qualquer povo sim porque é o que diferencia e Portugal de outros países a nossa identidade cultural porque é é isto que tem eh os estrangeiros quando vêm para Portugal visitar o país o turismo por exemplo é importantíssimo e e eles têm a noção da cultura que por acaso tem noção da cultura Portuguesa e tem um interesse enorme portanto tem que se apoiar muito mais e o caman sabrá que estrangeiros no nos seus próprios países têm muito interesse também pela nossa cultura imoo Chei sim H mas isto já acontece há muitos anos há muitos mesmo antes de eu nascer que já a cultura Portuguesa era incrível nós temos na literatura na poesia pronto em todas as áreas do teatro temos e há sempre umas dificuldades enormes para eh para gerir esse essa parte da da nossa cultura na pintura em tudo eh nada tem temos uma cultura fantástica que tem que ser apoiada e tem que ser tem que lhe ser dada realmente a o espaço que que ela PR esp financiamento nós somos um país em que se gosta de pouco falar de dinheiro mas os os artistas precisam de ser financiados os projetos artísticos precisam de ser financiados não é sim sim sim e alguns mesmo o caso do teatro por exemplo ra raís não é portanto e acho isso passa tudo um bocadinho até pela própria Educação não é a educação devia ser incentivada apoiada financiada e e quando e quando se fala de educação a cultura a música a cultura em geral e o desporto tudo isso faz parte enfim do processo de de de de trás para a frente que deveria ser trabalhado melhorado financiado e e a cultura é mais um desses aspectos que que devia de raiz e desde todos todos nós desde pequeninos ser apoiados e incentivados e financiados sim a cultura também a cultura acima de tudo diria eu sim sim porque é o motor depois para todo para todo o resto como é óio muitas vezes não temos esta conversa sobre a ligação direta da cultura à à à economia mas Deveríamos ter porque a cultura gera economia como é parece mais menos Evidente não é como é que é cada vez que vocês querem montar um projeto falamos falam vamos vamos quem é que geralmente tem é a lâmpada do projeto eles agora apontam um out sentamos Num SF em frente um ao outro e começamos a falar e a escrever o que é que vamos fazer a seguir sim Então qual é o próximo projeto cé o próximo projeto agora sair um disco sa um disco um quando um disco que sai do ano até ao final do ano e que no fundo é baseado eu trabalhei 20 anos como produtor que foi o Zé Mário Branco foi por todos os meus discos e é baseado no repertório que ele fez para mim nos fatos que ele fez e e também que a Manuela Freitas fez fez as letras e também aquilo que ele musicou por exemplo do David Morão Ferreira uma série de de de de de poetas que escreve eram para mim Portanto ele ele fez um trabalho que criou uma sonoridade para mim e para o meu portanto também é uma homenagem Este é uma homenagem sim é uma homenagem mas baseada nesse lado claro que existem três ou quatro temas no disco que são que não são meus que são os também o que me fizeram conhecer o Zé Mário e pronto e é é essa é esse espetáculo que eu fiz no CCB que foi gravado portanto é um é um disco ao vivo um disco gravado ao vivo vai ser até o final do ano até o final deste ano sim sim sim sim e o que é que acontece a seguir é Torn Inter Nacional Torn internacional como é que é a internacionalização de uma carreira comc mané becas é é fácil não é dá muito trabalho enfim há uma carteira de contactos que tem que estar sempre a ser desenvolvidos e e puxados e e lembrados aos promotores internacionais enfim enviando material falando com eles e e tentando que haja um feedback Sim qual é o país que melhor percebe o nosso fato não Espanha adoram em França adoram eh não não sei eu eu não não consigo ter essa bitola e eu acho que por onde nós passamos é sempre até na China na China tivemos na China agora este ano e sítios estão em prováveis que que a partir poderíamos pensar que enfim que havia uma certa distância ou uma uma certa incomp PR é absolutamente Fantástico lá está são hábitos de Cultura de raiz e estão abertos e e receptivos a perceberem o que o que vem de fora camar nós vivemos num país muito pequeno em comparação com com outros países da Europa e do mundo quando está em palcos internacionais sente que os portugueses não são assim tão pequeninos e o FAD é muito maior do que o território físico do nosso país bem Eu por acaso sim às vezes sinto no final do dos concertos e e também olho para para as pessoas que estão à minha volta os portugueses que fazem música não não não eu procuro não pensar em mim quando estou em cima do palco não não não consigo tenho que sair de mim e fazer aquilo que é aquilo que com ter alma não pensar e dar aquilo que é a verdade e por dentro do texto das palavras e da da da emoção e da Alma da da música E então tento mas a verdade é que mesmo a própria língua o facto eles não perceberem mas acho que a música ultrapassa essa barreira completamente Eu lembro quando era miúdo ouvia H músicas em inglês ou francê francê e emocionava ouvir por exemplo naquele na minha juventude havia um tio um padrinho que ouvia muita música francesa e Então tinha lá um diso do do do do do Aznavour lembro de ouvir o Aznavour com 6 anos e emocionar ouvir long n rier morem aquelas canções todas e depois ouvia o Sinatra cantar porque havia uns vinis tinha muito poucos e havia dos Beatles Don Let Me Down Depois tinha do outro lado B tinha oing e depois tinha o o My Way com o strang night do Cat e e eu ouvia aquilo e depois ouvi tantas vezes que compulsivamente repetia gostava tanto mas depois passei aos fatos porque não podia estar todos os dias aquelas músicas pronto e foi assim que e e e é uma linguagem mas eu mas a música ultrapassa a barreira da língua completamente é isso que que eu tava E então Eh de repente chega ao fim e as pessoas gostam imenso lembro lembra-se em Taiwan que tivemos eh eu fiz o concerto e tive foram duas horas de concerto e tive mais 2 horas e me a dar autógrafos no final do taiano e at oano pronto uma vez aqui há uns anos sim mas pronto é é as pessoas ficam portanto acontece claro que isso não acontece em todos os concertos não é mas foi aconteceu este esteem em particular num sítio onde a língua é tão diferente não é tu falar isso é particularmente gratificante para um artista é é super bom quer dizer foi um bocado cansativo Foi muito cansativo sobretudo que canta em português não e e e e pronto e não eh qu at às vezes canto uma canção Quando é quando V algum país o becas é que teve essa ideia até vamos na Argentina tocar Canto Canto um espetáculo dois tangos aprendo a cantar os tangos e essa é uma aproximação emotiva ao sítio Onde estás sim sim às vezes em Espanha canto uma canção em castelhano por exemplo e é sempre é engraçado de dar um bocadinho mas é um uma canção ou duas não é foi um uma uma maneira também de de de de agradecimento pela pela receção reção e é uma forma de respeito também eu sei que a a palavra é importantíssima para ti aliás também era para o Carlos do Carme eu sei que a palavra a poesia a letra aquilo que tu vais dizer casado obviamente com a música é muito importante para ti como é que se escolhe alguém para escrever para nós Ah é uma é uma é de uma forma intuitiva escolher um bocadinho pela intuição eu lembro-me de de olhar para alguns poemas por exemplo a Manuela de Freitas às vezes ajudava escolhia alguns poemas do do David Morão Ferreira que não tinham sido cantados Às vezes o David Ferreira mandava o filho do David Morão Ferreira mandava-me letras do pai e eu inéditas inéditas mandou-me imensas que eu gostei imensas e acabei poros gravar logo nos primeiros discos lembro quando eu fui para mii que agora é Warner lembro-me de de de haver essa essa vontade de e depois outros poetas lembro de de encontrar o poema do umas Quadras Ao Gosto Popular do pessoa e gostar e cantar colocar tinha aquela estrutura da métrica para e tu acompanhas os poetas e que faz contemporâneos teus Sim tenho algumas sim sim tenho algumas pessoas que que que me tenho identificado bastante e tenho gostado imenso lembro-me na na altura eh eh alguns poetas que escrevem até para outros estilos m do caso João mon e mas também a a r Maria do Rosário Pedreira que que é ótima Fiz alguns temas dela e há um rapaz que eu adorei que que que que é o Sebastião belfor Cerqueira por exemplo que que eu fui fui assistir uma vez um e uma leitura de poemas dele pelo Jorge Silva mel e a minha mulher também conhecia e então e falei com ele gostava ima poesia dele mas ele nunca tinha escrito mas métrica porque a métrica e eu perguntei-lhe se ele fazia ele de repente fez-me três fados num disco logo no disco anterior eh fez-me logo três fados lindíssimos porque ele o doutoramento dele pelo que eu percebi foi foi baseado em em em em letras para hip hop ah auau doutoramento em Literatura fez uma coisa completamente diferente e E então quando lhe mandei os fatos tradicionais p p escrever escreveu em cima de uma com uma métrica certa com tudo com histórias incríveis portanto há sempre pessoas H que eu que eu gosto imenso e tu estás disponível para isso eu estou disponível para quando intuitivamente eu eu eu às vezes é de uma forma intuitiva que eu percebo que a letra é muito boa que a poesia não é Eu leio um poema e sei e eh quando é e às vezes há poemas que não são para ser cantados não é mas que tão muito boas é fácil de perceber sim sim é é muito fácil Carlos do car também tinha becas esta este gosto extraordinário pela palavra e e um e um respeito imenso pelo pelos poetas mas também não cantava qualquer coisa hum não ele era muito seletivo muito seletivo muito rigoroso Maria do Rosário Pedreira ele cantou a primeira vez que Rosarinho peço desculpa marid Rosário escreveu para fado foi foi foi para o meu pai não é Foi aí que ela se iniciou e se enfim se atirou para para este mundo do fado h o meu pai Lia por profissionais é óbvio mas por prazer eu lia muita poesia muita poesia era muito rigoroso com com a poesia que ele tinha que se identificar muito tinha que aquilo tinha que que que lhe dizer tinha que e tinha que chegar ali a um ponto de maturação na cabeça dele que aquilo tinha que fazer sentido para cantar não podia ser uma coisa Qualquer por ser fácil por ser porque rimar por não nada disso nunca foi sempre andou à procura de grandes poetas de grande trazer pessoas para a poesia pela primeira vez como a Rosarinho por exemplo h para tentar dar um um grau de exigência ao júdice também ao júdice tambémm fo e depois claro que que nós ouvíamos est lembro de ouvir e depois também seguíamos tentávamos o Car o caros o caros fazia e nós segu PR eu lembro-me deav muit aquelas coisas que el que ele cantava não é lembro agarro a madrugada como se fosse uma criança uma roseira entrelaçada uma videira de esperança a maneira como como ele foi buscar como ele colava com as músicas que eles faziam tudo todo aquele trabalho e depois mais tarde eh eh os outros no homem na cidade toda aquela linguagem eu tenho presente na minha memória sem precisar de cantar eh H os textos histórias estão lá contadas desde miúdo eh aquilo ficou portanto e aquilo é assim eu também os e o que é que ele foi foi ensinou às pessoas que o caminho também podem seguir e depois os lembro-me dos 10 fatos vividos do de porque eu tenho tenho uma pancada por dois discos do caros do carno para além dos outros todos que fazem parte mas há ali dois que me marcaram imenso que é os 10 fatos vividos e o homem na cidade mas também gosto do homem no país também gosto M di tem aqueles mais lembro dos dos de brincar com o Carlos e cantar assim na brincadeira aquelas coisas do aqueles fatos antigos que ele quando ele começou a cantar que ele não ele ele dizia ah ISO não tava Ó Carlos pelo amor de Deus não tava o quê clar que tava fui ontem ver um treem desmantelado à quinta do Zé Grande em Odivelas se há relíquias que são traços de Fado aquela traquitana é uma delas a maneira como ele cantava aquilo aquilo como ele pronto ea um bocado irritado Não isso não Carlos isso é tudo Carlos isso é o ele dizer não isso é o começo não é o começo é o começo mas já tá muito bom e tava tava Aquilo é tem uma tem uma a forma Aquilo é precis pronto é assim descobrir o Casos do Carmo hoje em dia é é tornar a ouvi-lo tornar ouv a questão literária do meu pai Aquilo tinha uma marca que ele tinha aquil tinha um sentido ele nunca foi muito dado a às tristezas e às amarguras e às ões Aquilo tinha sempre uma mensagem humana e positiva verdade ele tentava ligar o positivismo ao humanismo e era muito e era muito descritivo quando ele fala El ele tem uma descrição de como da vivência da vida Aliás o reportório Engraçado que o Carlos tem uma maneira muito esse que que o becaa está a dizer esse lado é ele ele ele o o Fado que o Carlos cantou é da descrição do ambiente da vida e de uma série de vivências não é das pessoas que quando ele diz o cacilheiro O outro tem tem tudo a ver com a vida com com com com o movimento especialmente até da cidade de Lisboa que é incrível como ele e das pessoas e do que aquilo que elas fazem só para terminar muito rápido temos pouquíssimos segundos que fado é que melhor caracteriza pergunto a cada um de vós que melhor caracteriza e Carlos do carno para mim é um homem na cidade camaré Ah é um homem na cidade para mim também mas Há ali um lado mas há um lado que são 10 fados vividos também também pronto fica o recado vamos voltar a ouvir sempre ouvir Carlos do Carmo muito obrigada por terem aceitado o nosso convite os nossos convidados são fadista camané o Manager e filho de Carlos do Carmo becas do Carmo o nosso próximo episódio falaremos sobre outro acontecimento que marcou neste caso o ano de 2022 eu sou jun Porfírio fotojornalista do Observador E editor de fotografia deste jornal eu sou a Patrícia Rais e este é o 10 anos de observador obrigado obrigado nós