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todas as grandes personalidades criaram luzes todas as grandes personalidades têm sombras Todas têm facetas contraditórias e Mário Soares que hoje aqui evocamos não é exceção Mário Alberto Nobre Lopes Soares tinha virtudes e defeitos era um ser humano imperfeito Era por isso além do seu percurso político Um Homem Comum neste Centenário do seu nento devemos concluir que o balanço Global da sua ata política é positivo em momentos fundamentais da nossa democracia ele esteve mesmo do lado certo estava certo quando combateu o estado novo colocando sem tibas ao lado da liberdade e por isso sofreu prisões e o exílio estava certo também em 1973 quando fundou um partido convicto de que a oposição ao regime não poderia ficar sob a hemia do Partido Comunista estava certo durante todo o verão quente de 75 quando não vacilou no combate às novas tentações totalitárias demonstrando coragem física e política como se viu em ocasiões tão diferentes como no primeiro de maio de 75 em Lisboa ou mais tarde na campanha presidencial de 86 na Marinha Grande deixou bem claro que o PCP e a Extrema esquerda não tinham um monopólio da rua em momentos como o comício da fonte luminosa em Julho de 75 uma das mais impressionantes manifestações alguma vez realizadas em Portugal três meses antes as urnas eleitorais tinham demonstrado que afinal essa rua ao contrário do que aparentava com o seu estridente sectarismo não valia mais de 15 por Soares Também deixou claro que o PCP e a Extrema esquerda não tinham monopólio da palavra mesmo quando assaltavam órgãos de informação para imporem a sua cartilha como aconteceu no Jornal república e na Rádio Renascença já vencedor nas urnas venceu também o célebre frente a frente com Álvaro cunhal na RTP em novembro de 75 quando o espetro da guerra civil pairava sobre Portugal fez então deslocar a esquerda para o Centro para a moderação democrática passa redundância foi anticomunista sem deixar de ser antifascista era socialista Mas acima de tudo um Democrata como sublinhou Felipe González há quase 8 anos assinalando o seu falecimento a minha geração que nasceu e cresceu já depois do derrubo da ditadura aprendeu também com ele e por ele que a liberdade não tem donos e que a democracia não pode ter receio de enfrentar os seus inimigos tantos que a combatem por fora como aqueles que a tentam sabotar por dentro bastaria a sua ação naquele ano e meio consequente À Revolução dos escravos para lhe garantir um lugar na história quando o 25 de novembro reconduziu o país ao Espírito original do 25 de Abril ele como rosto principal emergiu como um dos seus líderes naturais do espaço democrático sendo justo lembrar aqui também os nomes de Francisco s carneira e de Freitas do Amaral como é justo Recordar outros socialistas que participaram neste combate como salgado Zenha em Manuel Alegre dois camaradas seus que conheceram bem as luzes e as sombras de Mário Soares suares destacou-se e destacou-se com outros em planos que os que os Democratas valorizam como o fim da tutela militar sobre o regime que só terminou em definitivo com a extinção do concelho da revolução algo que só se tornou possível com a revisão constitucional de 82 ou como o início do processo de adesão do nosso país à então comunidade económica europeia pela sua mão nos claustros no MJ dos Gerónimo suares soube desde o início que não haveria democracia plena em Portugal dissociada da nossa integração nesse amplo espaço comunitário e os portugueses recompensaram elegendo como primeiro presidente da república civil após 60 anos de presença militar na chefia do Estado senhoras e senhores deputados sendo um dos pais do nosso sistema democrático tem parte da paternidade características já referidas as eleições Livres a liberdade de expressão ou a integração europeia mas tem também parte na paternidade de outras características do sistema que cresceram e perduram o centralismo um estado omnipresente e a dependência deste o comp o desmo e o dirigismo se nas primeiras a eles e a outros fica o nosso agradecimento a estas últimas fica o nosso compromisso de as continuar a combater como referi no início há sempre sombras nos percursos dos Grandes Homens primeiro-ministro Em dois períodos diferentes foi ele a chamar de emergência FMI para travar a banca rota que parecia inevitável e pior seria se Soares não tivesse metido o socialist o socialismo na gaveta expressão que ele popularizou motivando muitas críticas à sua esquerda enquanto Ministro dos negócios estrangeiros ficou mais que uma sombra uma imensa marca de dor e perda não em si mas em milhares Em centenas de milhares que tiveram de sem qualquer preparação e sem escolha largar as suas vidas e recomeçar em Portugal uns eram os retornados mas muitos já eram após muitas gerações mais de lá do que De Cá anos depois a partir do Palácio de Belém a forma como geriu os assuntos de Macau como única competência executiva que lhe restava enquanto Presidente da República teve aspectos que suscitaram muitas dúvidas e o incomodaram na campanha para a sua reeleição em 1991 Macau uma sombra que a muitos Foi útil eis-nos neste espaço histórico onde ele tantas vezes marcou presença a evocar o seu percurso político Soares foi um homem que soube subir ao povo na expressão cunhada pelo poeta Pedro Homem de Melo um dos seus maiores amigos António Campos lembrava o assim há dias numa entrevista o Mário Soares Não perdia à noite com a política só perdia ao dia era um homem que amava a vida e conseguia conciliar a política com o gozo brutal de viver tinha um prazer enorme de viver esta era outra característica de Mário Soares que vale a pena destacar e Recordar esta ligação à vida sem a qual toda a ação política é estéril como se no fundo com as suas luzes e as suas sombras acabasse por ser semelhante a qualquer um de nós muito obrigado [Aplausos]