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Qual é o verbo mais importante da vida os mais românticos dirão amar os mais poéticos desfrutar os céticos e os decepcionados dirão trabalhar os sfos dirão empreender os mais Livres dirão rir e os prudentes dirão esperar para ver na vida de Mariana um dos verbos mais importantes é provar provar que é mais que o seu apelido e que o espaço que ocupou ao mesmo tempo que a irmã Joana na barriga da mã Inês provar que é mais que o seu género e a sua Juventude provar que é capaz de enfrentar os Gigantes do dinheiro e do Poder pôr-se à prova na apresentação de factos e de argumentos e esperar passar com distinção mas também provar no sentido de sentir o sabor ácido da crítica a frustração De não ver os avanços políticos que cria provar da responsabilidade e dos seus frutos does e amargos de membro de uma associação a licenciada mestre e doutorada em economia quando já era deputada tornou-se coordenadora do bloco de esquerda há 1 ano e meio uma prova longa de aplausos de obstáculos de reorganização de estratégia mas sem vontade de desistir acredito eu Mariana Mortágua é a dona da casa de hoje bem-vinda obrigada pelo convite obrigada por ter aceitado o meu convite uma das suas primeiras provas e que levou depois a um Boom de notoriedade foi a prestação que teve na comissão de inquérito à queda do Be já foi em 2015 já foi há quase 10 anos Eh vamos Recordar esse momento para quem já não se lembra ou para quem eh não o viu foi um momento chamado momento amadorismo com Zain al bava eh presidente da PT ex-presidente da pt em que Mariana morte ág Boa pergunta porque que que havia 80% 90% da tesouraria investida no grupo Espírito Santo Zena albaba fica desconfortável hesitante com a questão eh e depois responde era onde estava investido e depois Mariana Mortágua responde é um bocadinho amadorismo para quem ganhou tantos prémios de melhor CEO do ano melhor CEO da Europa entretanto o momento tornou-se viral Nessa altura Mariana mortag era deputada há menos de 2 anos ainda não tinha eh 30 anos e por isso pergunto-lhe aquele buom de notoriedade e de elogi à sua preparação à a sua acutilância foi de facto pela postura em si ou foi por ser uma mulher jovem recente no Parlamento ou seja foi uma pessoa preparada ou foi a miúda que enfrentou os poderosos provavelmente foi um ISO das duas foi a miúda que enfrentou os poderosos tem sempre uma boa narrativa mediática [Música] mas para enfrentar poderosos também é preciso estar-se quer dizer não é preciso mas é melhor est preparado eh e portanto eu espero que tenha sido uma uma mistura uma mistura dos dois mas na altura sentiu também essa surpresa por parte das pessoas hum as nós quando vivemos As coisas elas tornam-se muito pequeninas não é elas são maiores como nós as vivemos à distância eu na verdade estava muito focada em fazer aquela comissão de inquérito porque me dava muito prazer porque era muito importante para mim politicamente não pelo meu percurso político mas por porque aqu pelo significado daquela comissão de inquérito para a economia portuguesa para a história portuguesa até para a história das desigualdades das elites portuguesas era um bocadinho o desmascarar das elites todas elas a desfilar numa comissão de inquérito a poderem ser finalmente confrontadas com aquilo que tinham feito com os mandos e desmandos da Democracia Portuguesa ao longo dos últimos anos e isso além da descoberta técnica teórica his histórica e do confronto político que me ofereceu eh deu muito prazer fazer a fazer e portanto foi uma coisa que fiz com muito empenho e de facto muita concentração mas quando está a fazer lá está não se está a ver de fora não é depois aquele Boom todo que que se criou à sua volta foi muito também e nessa Surpresa porque nunca tinha acontecido até Então se calhar aquele confronto tão eh dispar no sentido de lá está os tais gigantes da banca os donos diso estudo e uma deputada recente que que provoca que faz comentários provocadores també tamb no sentido de diretos e incisivos eu sou e sempre fui muito realista relativamente ao protagonismo e a popularidade um político não agrada a toda a gente o tempo todo e não é consensual nunca se é consensual é porque não está a defender as suas ideias e e porque está sempre a tentar e conceder e nos seus nos seus valores ideológicos e essa é uma coisa que eu fui a aprendendo ao longo do tempo precisamente porque tive uma entrada na política que foi de uma popularidade muito rápida e também de algum consenso e e eu sempre tive um bocado a consciência e a noção de duas coisas primeiro que esse consenso se pode dissipar muito rapidamente e quem admira tua postura hoje por uma por uma razão amanhã estará a criticar porque tomaste uma posição quem toma posição por norma corre o risco de ter pessoas contra si é assim que é a democracia é assim que é a vida e em segundo lugar que a popularidade é eh e que a onda que se gera depois é alimentada por jornalistas por comentadores é uma coisa que vai e vem e que e que sobe desix muito depressa e que não vale a pena habituarmos muito a ela popularidade digo as pessoas são sempre populares mesmo quando não tão quando não estão num momento bom mas as ondas de aprovação eh tem os seus momentos Uhum eu recordo-me de alguns comentários eh de elogio eh que elogi e são isso mesmo mas alguns também possam ter sido feitos talvez isto já são os meus olhos os meus olhos de género com algum paternalismo também um deles por exemplo Ricardo salgado que a elogiou por estou a citar estudar bem os assuntos e ter qualidades de analista importantes e objetivas eh terá havido também aqui algum algum paternalismo e acho que é uma mistura de duas coisas H há paternalismo é óbvio e e e e isso existe muito na ainda existe muito na política no Parlamento que ainda é um meio de homens e um meio de homens mais velhos homens brancos mais velhos e e a política ainda é isso basta olhar para o Parlamento para os presidentes da república para os candidatos a presidentes da república para os governos e e acho que está pior agora do que até já foi emem termos paridade no Parlamento e de de representatividade e perguntar há esse lado não só na política mas também lá está em muitas áreas de poder daí também estes conos de poder não é claro e na economia é igual nas empresas é igual enfim é o reflexo da sociedade que temos Mas por outro lado também acho que havia uma forma ainda há de que não está desligado as questões de género mas que ainda há muito no Parlamento [Música] de pessoas que adoram ouvir-se elas próprias e que portanto não fazem um confronto Ou uma ou não estão numa numa comissão para desempenhar um um papel de investigação um papel que tem uma componente técnica mas também componente política também mas estão para fazer enfim Aquelas parangonas que nós associamos à imagem do político sempre e e e muito e de muita superficialidade aquelas introduções muito longas com palavras muito Muitas vezes muito precisamente e muito superficiais também porque depois é tudo muito superficial é o confronto político o ataque e político mais superficial e e ao partidário mais superficial e eu acho que foi possível na comissão de inquérito a quebrar um bocadinho com essas lógicas e isso foi bom e também poder brilhar não só com um discurso lá está muito pomposo mas poder brilhar com questões concretas sim Acho que essa é vantagem as comissões de inquérito tem uma coisa maravilhosa que é poderem permitir pergunta e resposta num ritmo e que desincentiva a a proclamação a proclamação política e que incentiva a pergunta e a procura de uma resposta quando numa comissão de inquérito Nós deixamos de ter pergunta resposta e começamos a fazer discursos com resposta de volta é porque essa comissão de inquérito já não é uma comissão de Inquérito é outra coisa é um confronto político certamente é uma comissão outra política Mas deixou de ser uma comissão que procura obter respostas e passou a ser uma comissão de confronto político eu acho que ela esse confronto político é absolutamente legítimo eh o lugar dele não é é uma comissão de inquérito uhum temos também mais espaço para falar sobre a política e alguma parte dela nesta entrevista mas queria agora passar para um outro tema casou em junho com a sua atual esposa vamos voltar à política rapidamente vamos no casamento num dos palcos tinha uma faixa com a frase o amor é um ato político Porque é que o amor é um ato político O amor é um é um é óbvio que o amor é um é um ato político desde logo é um ato de liberdade Hum e e e muito em particular de toda a luta que foi feita em Portugal para que a uma lésbica se pudesse casar para que pessoas homosexuais pudessem casar e exercer esse direito é que foi duramente conquistado e que não é Garantido e que não podemos nunca ter a certeza que não vai ser revertido ou que não há quem não quem o queira e ou que não há quem eu queira reverter Hum eu acabei de me esquecer como é que comecei esta frase mas é óbvio que também é Umo político exercer esse esse esse direito e hoje em dia é um bocadinho mais que isso hoje em dia eu acho que perante uma política de desumanização e de banalização da violência e da agressividade a empatia a capacidade de nos reconhecermos como seres humanos como outros como nós como outras como nós também é um ato político e é cada vez mais um um ato político uhum eh antes de de si e de ter falado sobre a sua orientação sexual de uma forma muito muito concreta e muito direta Eu fui contar e há menos de 10 pessoas ligadas à política que falaram sobre sua orientação sexual foi Adolfo mosquita Nunes do CDs graça Fonseca que foi ministra da cultura do PS na altura também foi questionada a Mariana Mortágua sobre essa essa declaração e disse quem diz que não se deve dizer porque é do for pessoal é prova de que é uma questão política portanto daí também ter a ver com a com a faixa no seu casamento Sandra Cunha deputada do bloco de esquerda André mos Caldas que foi secretário de estado da presidência do conselho de ministros e também Paulo Rangel que era na altura eurodeputado do PS Paulo Rangel Por exemplo quando falou sobre a sua orientação sexual foi em 2019 e disse que e só falou Nessa altura para proteger a mãe católica e disse também fui muitas vezes discreto para proteger o meu núcleo familiar pergunto-lhe cresceu num meio pequeno em Alvito com cerca de 1500 pessoas no alentejo e E no meio também naturalmente católico com educação católica embora não a tenha seguido mas foram esses valores que foram transmitidos de que forma é que esta ideia do catolicismo também vai condicionando uma pessoa a ser ela própria Bente tem uma relação engraçada com a religião o que não Ou seja o que o que é que eu quero dizer com isto O Meio pode ser muito conservador sem necessariamente H esse conservadorismo vir de um exercício da do IC ismo ou da da prática da da religião h eu nasci em Alvito mas a minha família os meus pais foram viver para Alvito não são de lá o que me deu alguma liberdade por ter menos menos uma enorme relação com com aquelas pessoas que eu amo de paixão todas e aquela Vila mas uma distância relativamente à pressão social e ao controle social mas eu entretanto também saí de Alvito aos 18 anos Fui viver para fora estudar e portant estudar e para Lisboa e depois para londras durante para Lisboa para londras fiz os meus Erasmos fiz a minha vida e e Portanto acho que neste caso e há outra coisa que é importante uma parte da minha socialização é feita no bloco e como é feita no bloco é feita num lugar que é um espaço mesmo de liberdade desse ponto de vista por isso eu senti muito menos essa pressão ao longo da da minha vida e certamente não a senti quando achei que que foi à altura de dizer publicamente Isto foi pensado quando disse na siic notícias na altura ou foi foi disse porque ou seja tinha a ver com um um processo que tinha havido por causa do do contrato de exclusividade com a Sic Notícias melhor com o Parlamento e e enfim depois foi arquivado esse processo judicial e depois na altura o bloco falou numa perseguição política por parte de elementos do chega foi pensado porque hã a agressividade tem subido muito na política e e e e as perseguições existem e no caso do do CH ela ela é real e existiu nesse nesse momento em termos até judiciais Hum mas independentemente disso eu sabia que assumindo a coordenação do bloco ia estar mais posta críticas na altura não sabia ainda das da campanha das legislativas que viria mas quis deixar essa questão em pratos limpos não queria Ou seja que não tentassem usar isso como algo queria ser eu a contar e não alguém que cont por mim não por medo eh no meu caso não é para proteger ninguém minha família os meus amigos toda a gente à minha volta sabe da minha vida mas não quis que fosse nunca usado contra mim quis que fosse uma arma minha que eu posso usar quando quiser e quando pensou nesse momento e falou com muitas pessoas foi uma coisa muito H muito tensa como é que foi falei com a família mais próxima para estarem avisados se mas foi uma coisa que depois teve muito Impacto não recebeu mensagens positivas ou negativas não entre os mais próximos foi uma coisa mais ou menos banal acho que foi a mais para quem está mais distante sim quando fala nessa perseguição política e e Pública por parte do chega que disse que seja porque sou mulher seja porque sou de esquerda seja porque sou uma mulher lésbica eh esta perseguição política que tem a ver com a questão da orientação sexual em que é que ela se vê por exemplo Isabel Moreira este ano denunciou vários ates que são feitos a deputadas seja por serem mulheres seja por serem H negras comentários que vai ouvindo e em alguns momentos no Parlamento eh a Mariana morte água que comentários ouviu algum tipo de comentários que comentários é que ouviu quando fala nessa perseguição política que existe eu posso ser sincera eu desligo os ouvidos e comentários nos corredores do Parlamento e e sei que há e e é óbvio que que os ois ao fundo e não são simpáticos e sei que há especialmente dirigidos a mulheres e e sei também que há um desrespeito eu sei que é verdade o chega desrespeita É muita gente na Assembleia mulheres e homens mas há um desrespeito muito profundo e pela figura feminina e pelo papel das mulheres isso vê-se mesmo em debates na televisão a forma como muitas vezes e é feito o confronto com com as mulheres no no Parlamento a perseguição política de que eu falo e que falei nesse menos era outra coisa tinha a ver com um advogado do chega que aliás tinha sido acusado de fraude no Exercício da sua função ter tentado pôr um processo judicial contra mim contra mim que é um processo de caráter político e e ess relativamente a essa perseguição política que eu me estava a pronunciar Uhum mas e o ambiente lá está está mais tenso no no Parlamento H por exemplo Isabel Moreira só para aqui algumas coisas que disse disse disse já ouvi coisas como vaca mugidos nomes que se chamam deputadas assumidamente lésbicas aqui nunca ouviu nada em relação a é que eu desligo mesmo desliga ou ouve ouve e desliga ou desliga e nem houve eu desligo e é importante dizer para as pessoas saberem O que é que se está e o que é que está a passar não é são são ditas e mas eu estou estou a falar muito a sério eu procuro não ouvir eu eu explico O parlamento é feito em num semicírculo não é e e tem uma acústica especial que faz com que nós consigamos ouvir especialmente bem quem está à nossa frente do outro lado do hemiciclo ou seja nós conseguimos ouvir quase tudo o que é dito pelas bancadas à nossa frente que são CDs e o e o chega e eu desligo para mecanismo de defesa porque não gosto de estar a falar ou de alguém estar a falar e de estar a sentir e estar a tentar decifrar aquilo aquilo que está a ser dito e portanto desligo mesmo H mas mas todo esse tipo de de de comentários eles são mais ou menos conhecidos por quem frequenta o o Parlamento ainda assim ainda assim eu acho que nós não devemos centrar a nossa crítica A ao chega só pelo ambiente tóxico que instalou na Assembleia da República preocupa mais o ambiente tóxico que instalou na sociedade porque o chega está hoje não não só pelas ameaças concretas aos direitos das mulheres o aborto é uma delas Ah o financiamento de associações que combatem a discriminação de género são a violência doméstica são outra outro dos do dos Campos de ataque do chga mas acho que o Sega o que fez foi fazer com com misogenia com o machismo o mesmo que fez com o racismo que foi dar no fundo uma permissão e uma legitimação política e Pública desse tipo de discursos eh que agora são considerados como enfim mais uma opinião Uhum E isso é que é perigoso que é perigoso is er importante nós sabermos por exemplo em 2023 em março na altura ainda não tinha havido novas eleições e portanto ainda não havia 50 deputados do chega havia 12 eh na altura a Mariana disse numa entrevista o planária está a tornar-se um sítio cada vez mais violento com a presença de deputados como os deputados do chega quando se referia a um sítio cada vez mais violento referia-se também esse tipo de abordagem perante e com os outros deputados e as outras deputadas em concreto mas essa abordagem ela é muito abrangente ela tem comentários eh machistas e misóginos acho que aindaa real do Pan relata bastantes porque passa pela bancada do chega para ir até ao até ao plenário e acho que muitos dos comentários mais graves até foram idos a ela segundo denúncias da própria e e de quem frequenta algumas comissões parlamentares com alguns deputados do do chega o ambiente é violento porque porque há uma tensão permanente é óbvio porque o Tom subiu muito porque os ataques subiram muito porque se usa eu não acho que a linguagem tem passaram-se barreiras não é tem Claro passaram-se Barreiras importantes e a linguagem tem a sua função e e e eu também quero liberdade para poder usar a linguagem uma vez no Parlamento quando queriam repor uma pensão vitalícia a extentor de cargos públicos acho eu que foi isto não tenho a certeza eu disse fiz uma intervenção a dizer que era uma vergonha uhum há anos que Assunção Esteves era presidente da Assembleia da república e foi repreendida por isso eu não estou a dizer que os deputados não devem dizer vergonha eu acho que devem Acho deve haver uma grande latitude na forma como os deputados devem expressar porque eu não quero o politiques a invadir a assembleia da República eu não quero que toda a gente diga eh só frases redondas que no fundo não queram dizer nada porque não ofendem ninguém nem nem fazem nenhum confronto político e por isso é que eu digo o problema do Chega Não é só as palavras que usa é a forma como como usa forma como ocupa o espaço público e agressivamente Como faz CL que como eh fal em em uníssono como o barulho que faz H permanente pressão que faz sobre sobre as instituições Isso é que é perigoso porque o que faz é sticar a corda e tornar eh muito invisível a fronteira entre o que é aceitável e não é aceitável em democracia e quando se estica à corda quando nós deixamos de saber o que é verdade e o que é mentira quando as coisas mais absurdas são ditas na Assembleia da república e as mentiras mais absurdas são didas na Assembleia da república como se fossem verdade não é que as pessoas acreditem em tudo elas passam a não acreditar em nada e e esse é o problema não é que as pessoas eh O problema é quando as pessoas deixam de distinguir o que é que faz sentido O que é que não faz o que é verdade o que não é verdade o que é admissível e o que não é admissível e é e e esse é o é a estratégia da Extrema direita do milei do bolsonaro e do André Ventura esse discurso simplista é muitas vezes apontado como eh uma das razões p as quais as pessoas se vão aproximando eh de de partidos mais de extrema direita ou partidos como chega hh sobre o bloco de esquerda o bloco de esquerda passou de ter 19 deputados em 2019 para ter cinco deputados em 2022 e cinco deputados agora também em 2024 eh onde é que o bloco de esquerda perdeu as pessoas e será que este simplismo eh Em contrapartida com lá está com um discurso se calhar mais elaborado também pode ser uma das razões eu eu acho que não podemos analizar as coisas de facto de forma tão simples não acho que tínhamos perdido as pessoas Hum porque nunca ninguém tem de facto as pessoas aquela frase feita que ninguém é dono dos votos o bloco teve períodos de crescimento com no âmbito de conjunturas muito específicas e períodos de queda com a sua conjuntura e acho que somos capazes de reconhecer que esquerda está a passar uma fase difícil em geral sim em geral em geral eh a esquerda em Portugal a esquerda na Europa exeto nalguns casos da América Latina também a esquerda na América Latina eh e uma fase difícil que é uma fase difícil H por resultados eleitorais Mas é uma fase difícil por contraofensiva ideológica da direita quer da direita neoliberal Mas também da sua da sua versão conservadora que está a disputar a hisonia cultural que está a disputar as ideias políticas que está a introduzir novos conceitos que está a criar eh condicionamentos à discussão à discussão política que são naturalmente enviesados à à direita e por isso o que me preocupa e o que eu quero combater e travar e a procura das respostas não é a procura da resposta para como é que o bloco ganha este Ou aquele eleitor ou como é que ganha um dois deputados a procura é como é que se faz uma contrais demonia e como é que se faz uma barreira à h a avanço ideológico e político e cultural da da direita neoliberal e da direita conservadora mais radicalizada o foco ao longo dos últimos anos da esquerda em temas como as questões do do feminismo das mulheres as questões LGBT as questões identitárias digamos assim foi mal percebido ou a sua importância foi mal percebida eh por parte de de um conjunto da população que que agora desvaloriza esses temas e que acha que a esquerda está mais focada nas minorias do que nas nas maiorias e nos problemas do dia a dia hum obrigada por fazer deada do diabo mas eu faço dou essa resposta primeiro eh as mulheres são a maioria na sociedade não são uma minoria segundo o bloco H E a esquerda enfim eu falo pela minha esquerda não falo por todas porque acho que à esquerda comete erros inclusive nacional e internacionalmente Mas e a minha também também os comete certamente mas o bloco não fala mais sobre minorias direitos das pessoas LGBT H antirracismo feminismo Eh agora do que falava em 2019 do que falava em 2009 e do que falava em 1999 talvez falemos menos até eh falamos exatamente da mesma forma temos exatamente o mesmo programa temos exatamente as mesmas propostas e lutamos exatamente com com o mesmo compromisso por estas causas e com a mesma convicção mas há uma diferença é que hoje há uma guerra cultural da Extrema direita contra estas contra este grupo de pessoas que mencionou contra esta Liberdade quando contra estas causas e eu acho que quando eu falava há pouco de haver um avanço ideológico da da direita e da direita conservador e da Extrema direita um dos mais visíveis é este é a forma como a Extrema direita conseguiu a própria extrema direita que tem uma uma agenda hiper identitária Hiper identitária que é a identidade do enfim da figura do conservadora do pai de família do homem branco etc etc em todas todas as suas expressões e mais enfim eh em todas as suas piores pressões como é que essa direita conseguiu fazer com que um programa secular da esquerda de luta por direitos por liberdades e um prr de lutas pelo Direito das mulheres as pessoas LGBT como é que esse como é que conseguiu remeter esse programa para um canto da sala chamando-lhe o quismo aou que quiserem chamar e quase P as pessoas a pedir desculpa por lutar por causas seculares mas essa direita tem apoiantes tem muitas pessoas que gostam dessa direita Claro mas essa direita conseguiu construir essa narrativa e ela é auxiliada por uma reprodução acrítica destes argumentos exemplo hum todas as análises que se fazem à derrota de camala Harris no nos Estados Unidos de América eu acho que camala Harris perde Como já tinha perdido Hillary Clinton porque o partido Democrata é incapaz de se afastar de uma elite económica que nominou aquele país e que fez na verdade o Estados Unidos da América serem um partido com um país com único partido e duas fações republicanos e os Democratas com políticas externas bastante semelhantes está cá Gaza para para demonstrar e com políticas económicas assim não são assim tão diferentes e por o problema do partido eh Democrata nos Estados Unidos da América é que nunca representou ou eu diria que nunca mas pronto não tem representado a classe trabalhadora Mas a questão pela qual não representa a classe trabalhadora não é porque tenha falado de racismo ou de feminismo não representa a classe trabalhadora porque representa os fundos de investimento e os grandes banqueiros e os grandes interesses económicos é por isso que abandona a classe trabalhadora e quando nós temos a a reprodução incessante da ideia de que o partido Democrata um era era de uma esquerda eh trabalhista eh e número dois que o erro que fez foi ter uma agenda de defesa de direitos estamos a permitir a validar e a reproduzir precisamente o discurso e a guerra cultural que a Extrema direita eh está a fazer mas portanto a Extrema direita quase que se aproveitou da causa como uma responsabilizando por uma série de falhas que aconteceram ao longo dos anos É ISO exa direita está o neoliberalismo que se instituiu nas economias ocidentais a partir dos anos 70 foi um desastre foi um desastre precarizou eh [Música] desindustrialização à minha Acho que a partir da minha que o futuro não vai ser melhor que o passado que os filhos não vão viver melhor que os pais e isto era uma coisa que ninguém tinha que que que a geração da minha mãe não imaginava não imaginava A ideia era de uma evolução constante e o neoliberalismo acabou com isso e acabou com segurança instituiu um regime de individualismo absurdo de egoísmo absurdo de cada um por si eh cada um safa como o poder é a lei da selva é o daru inismo social de uma escalada de mérito em que toda a gente sobe supostamente em igualdade de circunstâncias e a desilusão e o ressentimento que esse neoliberalismo criou hh são terrenos muito férteis para este tipo de aproveitamento e o que faz a a agenda da Extrema direita é aproveitar esse ressentimento para fazer uma contraofensiva ideológica e infelizmente Parece que todos os Democratas vão caindo nessas armadilhas sucessivamente reproduzindo o discurso de que a esquerda desistiu de que c o pé da esquerda de que ah não há quem represente a classe trabalhadora de que agora é extrema direita que representa a classe trabalhadora como se a Extrema direita não estivesse em conluio com os grandes interesses económicos e financeiros que são precisamente com o zuro aí volta ao discurso porque o discurso muitas vezes mais simplista eh também cativa mais e nesta era rápida que nos suga a atenção e que nos suga a energia eh não acha que aí também eh ou seja o que me diz é que a a em relação a estes temas a agenda é a mesma que existia há uns anos certo e que se mantém focados no na saúde na habitação na educação certo Claro eh por vezes as bandeiras que são usadas são as bandeiras erradas chegam menos às pessoas as pessoas estão cansadas e portanto mas é que eu não acho que isto seja um problema das pessoas as pessoas sabem o que é que nós defendemos e o grande motivo de de ataque à campanha do bloco de esquerda nos últimos anos é porque nós defendemos a habitação com unhas e dentes porque nós nos opomos ao lojamento local e aos Fundos investimento e e achamos que alguma coisa tem que ser feita com as casas vazias e é por isso que nos atacam e é por isso que nos atacam até agora porque sabem que nós temos uma mensagem poderosa e que põe em causa alguns H enfim eh uma elite que está a criar uma crise para toda a gente nós eu não acho que as pessoas as pessoas é uma entidade muito abstrata sim mas eu não acho que as pessoas entendam as pessoas que vem o televal estão em relação à ideologia chamada ideologia o por exemplo é muito associada à esquerda ideolog é uma criação da Extrema direita para atacar a esquerda e a coisa mais impressionante e que mais me impressiona é que não seja só a Extrema direita reproduzi-la e é extrema direita a reproduzi-la mas como uma parte do centro democrático utilize esses termos para para atacar a esquerda ou para criticar a esquerda ou para diagnosticar um problema n esquerda ser irónica em relação a certas propostas ou a certas bandeiras não é para usar alguma ironia e alguma tentativa de descredibilizar certas certas Bandeiras Mariana quero muito saber a sua opinião sobre uma coisa é possível ser feminista e ser de direita ser Liberal não eu acho que o liberalismo e o feminismo são coisas distintas e incompatíveis mas polémico mas mas acho que têm alianças em momentos muito important Anes o que é que eu quero dizer com isto sim acho que é isso ess per segu acho o seguinte eu costumo explicar isto desta forma é óbvio que há Causas em que H liberais e e e não liberais anticapitalistas como lhe quisermos chamar H têm momentos de encontro em lutas políticas importantíssimas e é muito importante que elas aconteçam aborto por exemplo eh Tudo O Que São Direitos sexuais e reprodutivos eh tudo o que são liberdades individuais há um enorme encontro nessas pautas como diriam os nossos eh Como diria o português do Brasil e e eu acho bem que isso aconteça e gosto de as promover e acho que são muito importantes mas há um problema na ideia de que a ascensão económica ou liberalismo económico resolvem ehh algumas das raízes do da discriminação das mulheres e da e da condição subalterna das mulheres na na sociedade e o exemplo que eu dou é porque cada vez que uma mulher chega a se eu porque há uma cota porque estamos a destruir os telhados tatos de vidro telhados de vidro não sei qual qual a expressão telhados de vidro telhados de vidro Hum porque seja o que for essa mulher para ser CEO vai contratar provavelmente outra mulher para lhe fazer o trabalho doméstico e esse trabalho doméstico vai ser provavelmente garantido por uma mulher racializada por uma mulher Imigrante por uma mulher que acorda na se for em Lisboa na margem sul às 5 da manhã para apanhar o o o Comboio e e se ficar doente a mãe ou pai ou um irmão ou um filho ou essa mulher deixará de trabalhar para ser cuidadora Ou irá contratar os serviços de uma outra mulher e é por isso que a ascensão económica não é H suficiente nós temos que olhar para um conjunto de tarefas que são hoje asseguradas por mulheres o cuidado por exemplo todo cuidado da sociedade o cuidado das pessoas que estão doentes mais velhos as crianças que que a sociedade não encontrou uma forma ainda de partilhar e de gerir entre si e o que nos dizem o não só portuguesa europeia em geral um problema geral Porque nós não porque a sociedade está nos ombros das mulheres que fazem Este trabalho gratuitamente ou que fazem Este trabalho de forma muito mal paga acente em exploração Imigrante ou de mulheres racializadas e nós temos que resolver este problema o feminismo enquanto conceito político para si é um um conceito de esquerda e que para mim é um conceito é um conceito que incorpora um uma noção H radical num ponto sentido da palavração radical de direitos individuais de liberdades individuais eu ser dona do meu corpo eu poder Decidir sobre a minha vida de liberdade sobre como eu quero viver a minha vida mas que também incorpora uma ideia de Justiça económica de relações económicas e de relações económicas já tive aqui nesta mesa onde está agora sentada Assunção cristas que se diz feminista e que é contra a interrupção voluntária da gravidez para si é algo que não faz sentido é incoerente eu quero a favor das cotas por exemplo a favor do Casamento entre pessoas do mesmo sexo mas contra a ivg eu acho que enfim eu não quero comentar a opinião de outras pessoas mas é óbvio que acho mas fosse um exercício comenta esta frase no caso no caso da ivg H tal como no outros casos não me parece que uma sociedade que preconceitos alheios que ideias H alheias sobre h a vida e o momento da sua criação devam interferir com escolhas individuais e que têm a ver com o corpo e a vida de uma pessoa e o seu futuro e e isso é uma visão da vida de de liberdade é uma visão de liberdade uhum a Mariana coordenadora do bloco de esquerda há um ano e meio sucedeu a Catarina Martins que esteve 11 anos à frente do partido sido foi a primeira vez em Portugal e também uma das poucas e vezes no mundo que uma mulher sucedeu a outra mulher enquanto líder e de um partido no bloco não se diz Líder porque é uma organização horizontal certo mas há uma coordenadora mais ou menos mas pel menos coletiva precisamente há outra coletiva H outra designação queremos falar sobre uma eleição que está próxima uma das candidatas H que teve melhores resultados uma das poucas candidatas primeiro que tudo e depois uma daquelas que teve melhores resultados foi precisamente uma candidata apresentada pelo bloco de esquerda Marisa Matias que concorreu em 2016 ficou em terceiro lugar e depois em 2021 e ficou em quinto lugar irá avançar à terceira vez acho que a Marisa Matias está a fazer um belíssimo papel no no Parlamento foi isso que eu perguntei e nós queremos que ela que ela lá fique durante durante muito tempo não não não há nada que eu possa dizer neste momento sobre presidenciais nós estamos [Música] Hum fala-se muito sobre presidenciais eh Há muitos putativos candidatos muitos interessados muita gente com muita vontade eh de avançar eh será um tema que vamos ter que desistir no futuro mas sobre os quais sobre o qual eu não tenho nada eh que possa eu ia dizer uma coisa não tenho nada seguro que possa dizer neste momento mas até esta frase é problemática nesta altura mas Marisa Matias depois da segunda vez ficou resolvida digamos assim com Esta possibilidade ou acha que ainda quererá tentar Eu não acho eu não acho que eu acho que a Marisa pode ser o que ela quiser e acho que a Marisa fará sempre bem o que quiser e e e o blogo quererá que ela siga novamente será seria uma escolha eu espero que não uma possibilidade pel Men que essa possibilidade esteja sempre aberta hh para para a Marisa como para todas as pessoas que o bloco foi tendo próximo de si que o representaram que tiveram um papel importantíssimo política Portuguesa e nós felizmente Temos esta capacidade de ir integrando e de ir juntando e somando eh diferentes coordenadores coordenações fundadores e ter esta relação essa assim horizontal em que todas as pessoas estão sempre muito disponíveis E muito solidárias E poder contar com isso da parte da Marisa como da Catarina como eh de muitos outros fundadores e e e figuras do bloco é é um descanso um descanso mas o bloco quererá ter um candidato próprio ou uma candidata própria veremos Quais são as as condições eu penso até agora e se fosse agora teria uma candidata própria eu não gosto de cenários de se fosse agora ou se não fosse agora acho que haverá tempo para falar sobre presidenciais sei que o assunto entusiasma muito comentadores e jornalistas e eu não quero e mulheres a que as mulheres no estão a ouvir e a quantidade de pessoas que que nos ouvem são mais mulheres do que do que homens eh e é muito interessante porque os jornalistas também e as jornalistas questionam até pessoas que se calhar nem tinham pensado sobre isso vai ser candidato normalmente é mais vai ser candidato do que vai ser candidata Ou seja já foram questionadas uma série de pessoas a maioria homens sobre eh se quererão aou não seguir por aí pessoas que à partida têm esse perfil e houve muito poucas mulheres que foram questionadas sobre será candidado não será candidata há sempre o problema as mulheres têm sempre menos tendência para se chegar à frente e e e por norma não são pensadas para cargos políticos mas de forma nenhum nenhuma Esse é o é o único critério h h só uma coisa que eu que eu posso dizer é que o bloco de esquerda fará tudo para que a esquerda num momento tão difícil e tão conturbado com a extensão de de com a ideia de insegurança segurança não é insegurança da da das ruas é é insegurança do amanhã é insegurança de ser dezembro e estar em 20 graus é insegurança da da vida correr tão rápida e com tantas transformações e tanto ameaças e a Extrema direita e as redes sociais e enfim tudo aquilo que que vai preocupando as pessoas no dia a dia eu acho que a esquerda precisa de ter um bom candidato e uma boa representação nestas nesta candidatura eh presenciais e o bloco tudo fará para que hh esta esquerda se sinta representada gostava de ter uma mulher como presidente da república eu gostava de ter não é só gostava de ter uma mulher é lógico gostava de ter uma mulher mas gostava de ter uma mulher de esquerda uma mulher que defendesse o fim do genocídio em Gaza uma mulher que fosse pela paz uma mulher que eh tivesse posições políticas pela justiça pela igualdade que se impusesse e se indignar-se contra o abuso portanto eh então e que nomos é que lhe vem à cabeça quando pensa nisso eu não vou estar aqui até para inspirar vários nomes V estar aqui a fazer Brain stor Stromberg como meu partido de n paraar presidência acho que eu acho que era interessante porque lá está tantos nomes de homens que já que já surgiram não é que nomes é que poderiam surgir era era mas não vamos fazer isso Catarina Martins Ana Gomes ser não vamos fazer isso não não acho acho que seria inconsequente e até um bocadinho irresponsável da minha parte hum lançar nomes com essa leveza mas estamos empenhados queremos um um bom candidato ou candidata para a esquerda é aquilo que que nos preocupa uhum até agora só houve e quatro candidatas sento que Marisa Matias foi duas vezes foi Maria de lutes pint cilo em 1986 Maria de plé Roseira e Marisa Matias em 2016 e depois Marisa Matias novamente e Ana Gomes em 2021 Acredito que para si seria muito mais interessante um cargo mais executivo uma ministra das Finanças como chegou a ser falado há uns anos e por Francisco lã ou eventualmente uma e uma figura de líder de um governo por exemplo H continua a continua não é algo que que tem cada vez mais vontade de fazer ter um cargo executivo para poder definir políticas com com essa com esse poder sim é óbvio que quem está na política e tem uma ideia para o país e e gosta do seu país das pessoas do país e do sítio onde sincer H quer poder determinar e políticas e quer poder criar mudanças e e é óbvio se me pergunta quer ter um cargo executivo para tentar controlar a crise da Habitação para baixar os preços das casas quero se quero ter um cargo executivo para poder determinar o disparate ou melhor neste caso terminar o disparato que se está a fazer no SNS e dar-lhe um um rumo novo quero Claro que quero acho que ter ideias concretas sobre o que se quer fazer e para onde se quer ir ideias concretas sobre o que não se deve fazer e para onde não devemos ir e sobretudo ver as coisas a acontecer ano após ano com os mesmos discursos que vão mudando um bocadinho conforme quem quem os diz mas nós a cometermos os mesmos erros nós o país ano após ano é óbvio que que existe a vontade de de afirmação de um de um de um projeto político mas isso depende de condições políticas isso depende de uma maioria isso depende de uma capacidade de eh convencer as pessoas de fazer esse trabalho político uhum sendo que no início não foi muito levada a sério aquele Episódio Todo vários episódios depois a seguir houve outros com Carlos Costa enfim e houve outras outros momentos no Parlamento mas eh quando chegou ao Parlamento eh como deputada já tinha estado antes enquanto enquanto assessora do bloco mas quando chegou como quando como deputada tinha 27 anos na altura foi a deputada mais jovem daquela legislatura H ainda se lembra de alguns momentos em que se sentiu pouco levada à sério e ao que se sentiu olhada de com alguma estranheza lembro-me dessa sensação hoje Se fosse dizer e precisamente esses essas palavras esses momentos acho que acho que teria dificuldade em reproduzi-los mas lembro-me da nítida sensação de ter que provar o que acho que foi uma escolha acertada de verbo inicial porque que que é ter que provar na altura ter que provar é isso é ter que provar por [Música] uma por um cuidado por um trabalho técnico H chegou lá por porque que não é só não é só provar porque é que estou lá é é provar que que estou que estou cá ah e Isso é óbvio que é um bocadinho mais difícil para mulheres do que do que para homens mas mas não Assim nenhum episódio que se lembre de algum comentário eu acho que houve um houve um em que eh até houve uma pessoa ao seu lado perante a resposta de um político eh prante a abordagem de um político que lhe disse assim bem só falta convidar-te para um café não foi ou já já já houve muitas coisas não é já nos chamaram de engraçadinhas já nos chamaram de coisas parecidas hum é o que é é a sociedade em que em em que nós estamos a viver e acho que e e temos que o combater Hum mas hoje ainda vê isso a acontecer por exemplo com as deputadas jovens lá no Parlamento acho que acontece um bocadinho menos o chega implica certamente um retrocesso mas o Parlamento tem que tem que contribuir e tem que contribuir acho que as cotas são um bom contributo a representação de mulheres em lugares há uma coisa que a Francisca vuna me disse aqui quando quando aqui veio que porque foi a primeira ministra Negra h e e é muito estranho quando nós nos habituamos a ser as primeiras em tantas coisas básicas foi a primeira coordenadora a suceder a outra Líder política não só em Portugal não é não se em Portugal foi a primeira mulher foi a mais jovem na sua legislatura foi mas se mais jovem houve outras em que houve muito mais jovens eu aí dou de barato mas mas ser a primeira mulher a fazer muitas coisas é uma coisa que nós que é estranha se pensarmos estamos em 2024 e é tão frequente eh descrevemos as coisas assim a primeira mulher que chegou ali a primeira mulher que fez isto primeira pessoa racializada negra que foi ministra em em em Portugal H é de facto muito ilustrativo do caminho que ainda temos para para fazer ele faz com representação mas faz não é só com representação ele faz com combate político com combate político ao conservadorismo com combate polí político H estes avanços que a que a Extrema direita está a fazer e pela pelo uma igualdade de facto na altura o que é que foi no início o que é que foi mais o que é que pesou mais nessa abordagem mais preconceituosa Por parte dos outros foi o facto de ser jovem ou foi o facto de ser mulher os outros saberão acho que mas aquilo que sentiu acho H sempre uma certa condescendência que junta várias coisas há uma certa condescendência com quem não se encaixa no perfil dos eh políticos da Assembleia da da República hh que que tem um perfil e que é cumprido por todas inclusive cumprido por aqueles que se dizem antissistema e que adoram H des respeitar as regras mais elementares e regulamentares do do convívio mas também esses ou sobretudo esses eh seguem esse esse padrão e o bloco não segue não não somos assim não não não não desse desse contexto não temos essa formação política eu não a tenho certamente H É por isso porque temos umas convicções ideológicas porque ainda nos lembramos porque é que estamos lá uhum sabemos perfeitamente porque é que estamos lá e e isso acho que leva muitas vezes essa condescendência de lá vem aqueles do bloco com as suas coisas e depois ainda mais forem jovens forem mulheres eh tudo isso vai são camadas de de condescendência mas mas tudo bem são as ideias continuam a ser Poderosas mesmo com esta diminuição Mariana caixinhas é coisa que que nunca gostou de se encaixar em e e também fui ler sobre sobre a Mariana criança adolescente e e sei que enfim como todas as raparigas Neste País eram muito incentivadas a caber numa caixinha daquilo que é ser uma menina eh essas caixinhas e vamos voltar à Mariana miúda essas caixinhas nunca lhe serviram daquilo que é ser uma rapariga eu vou ser sincera uma parte desse mérito não é meu é é dos Pais é dos meus pais que sempre nos deram a possibilidade de não nos sentirmos encaixadas sempre muito encaixadas no sentido de sim é por um contexto mas não postas numa caixa e mas o que é que eles faziam que transmitia isso ou o que é que não faziam que pressão é que não punham nenhuma não Não punham nenhuma das pressões dos símbolos normais que sobre nem dos prec conceitos normais sobre o que deve ser como se porta nem a ideia de uma menina não se porta assim esse não é comportamento para uma menina ou para uma rapariga isso não não existe e portanto eu nós crescemos muito Livres desse ponto de vista muito a Mariana e a Joana a irmã só para quem nos está a ouvir quem é que é o nó is coisa ter uma irmã gémea quer dizer quando falamos da infância acrescentamos lhe sempre um p sempre par eh e e por isso acho que fui crescendo ser uma ideia muito muito encaixada desses desses papéis de género mas compreendendo que eles que eles existiam e que e que tinham importância por aquilo que vi à volta e porque nós não estamos im mudos a eles na nossa casa na nossa família na nossa mãe nosso pai ainda mais mais um pai tem tinha 90 anos panto era uma outra geração E isso também deu bons combates entre nós eh combates sim políticos Hum mas mas mas na Essência da educação ou seja não havia pressões para tenar hav vestuário mais para determinado tipo de desporto o que mais mas eu que eu digo não havia nem nem para vestuário nem para desporto nem uma não havia uma uma forma padronizada de comportamento que um uma criança devesse ter não havia e e portanto havia uma liberdade para podermos crescer felizes sobretudo acho que é o mais importante o facto também de dos seus pais terem 20 anos de diferença também ajudava essa disrupção esse sentimento de liberdade ou não 20 anos mais nova que o seu pai não é H sim ajudava e o facto de serem pessoas com uma consciência social e com uma consciência política é óbvio que isso ajuda quando nós temos uma consciência política sobre as coisas H olhamos para ela e olhamos para os nossos filhos eh como e para a educação dos nossos filhos como um produto também dessa consciência dessa consciência política e não estamos só a reproduzir Eh estamos sempre a reproduzir coisas às vezes ninguém se escapa a isso mas não estamos só a reproduzir estereótipos estamos a pensar sobre eles se eles fazem sentido se não fazem e acho que esse exercício foi feito de alguma forma na nossa educa e e eu só tenho a agradecer os seus pais também foram um espaço de liberdade no que toca a sua identidade ou como eram mais velhos e não foram foram foram a a minha família é um é um são pessoas muito diferentes entre si uma família com mu com muita diversidade política de origens e sociais de enfim de profissões e mas é um sítio de muito respeito e de muita liberdade por toda a gente por cada uma foi sempre tranquilo foi hum foi foi porque em Portugal não é fácil o seu pai ainda viu casada H já não já estava bastante doente mas mas soube sim diria que acho que meu pai estava mais preocupado com as lutas as outras lutas políticas como é que é esta e sei que é uma notícia recente se não quiser falar sobre isso não falamos mas esta sensação de de perda uma pergunta que ainda não lhe fizeram não é não é uma pergunta que já me fiz algumas vezes mas para já é é sempre a noção e a e o reencontro com com um enorme legado Hum e e da importância D dess desse legado e de e de mantê-lo vivo e de reafirm uma e outra vez e esse encontro é óbvio que se torna mais vivo e mais presente no momento das homenagens E no momento da da da Despedida mas também é um reencontro com a família com connosco mesmo com os nossos passados com com o nosso passado com a nossa com a nossa relação mas é curioso porque no seu caso não é só o falecimento de um pai é é tem também um significado político público de Missão não é só não é só uma perda familiar não é é aquilo que essa pessoa representou também sim eu acho que é isso por isso é que eu digo que é um encontro com um reencontro para além da da figura do pai um reencontro com a figura política através dos testemunhos todos os que viveram com ele e também um momento de de inspiração porque e é mesmo e não é pelos grandes feitos heroicos acho que é porque nos ajuda sempre a lembrar de como houve uma duas gerações há tão pouco tempo antes de nós que que deram tudo pela liberdade mas mas quando digo tudo é tudo arriscaram a ser mortas presas viveram no exílio nunca conseguiram ter uma família deixaram filhos para trás fugiram nunca tiveram segurança nunca tiveram bem-estar conforto e são centenas milhares de pessoas que viveram assim durante décadas e algumas delas não chegaram a ver o 25 de abril e a liberdade e nós pensarmos hoje e sobretudo com a Extrema direita a crescer deste exemplo de de resistência e de combate político e é importante e e é uma inspiração e é uma inspiração e isso faz-nos sentir que bom venha ao que vier atirem contra nós o que quiserem que que há uma determinação e que tem a ver que é que se torna inevitável é uma forma de estar na vida de estar no mundo e essa essa revolução que que existiu fala acreditar que também é possível que aconteça uma outra e e que de volta a tudo isto é óbvio acho que esse otimismo é a raiz de todos os revolucionários é o otimismo não é racionalidade É mesmo é um otimismo possível e é falamos sempre do pessimismo da razão é otimismo da vontade é o otimismo da vontade e é o otimismo de saber que em todos os momentos da história mais recente da história do mundo as coisas boas aconteceram porque houve gente que lutou por elas mesmo nos momentos mais difíceis e Elas acabaram por e pensou impensável por acontecer e que pensaram impensável e que e que foram capazes de der rouar todas as fronteiras na altura em que estava a acabar com o esclavagismo com a escravatura mesmo nos Estados Unidos da América eh quem o defendia era um vistos como wokes párias eh radicais extremistas e estavam a defender o fim da escravatura eh e portanto saber que a história avança sempre porque porque há pessoas com esperança e com e com valores e que querem eh andar para a frente é uma segurança e uma e uma fonte de determinação tenho uma curiosidade Porque é que o bloco de esquerda não tem Jota não tem Jota porque o bloco um grupo de jovens não tem J porque nós eh não fazem essa separação não querem fazer essa separação porque é um partido muito jovem também não é por duas razões eu acho que há uma principal porque não achamos que faça muito sentido ter um partido dos pequeninos e um partido dos grandes ou seja o jovens fazem parte do do do bloco de esquerda os jovens são muitas outras coisas nas suas vidas os jovens também são trabalhadores também são estudantes também são mulheres também são pessoas LGBT também são pessoas racializadas são eh e militam e têm interesses variados e e tem que estar presentes nos órgãos do partido sem uma cota própria por porque estão a participar na Vida Ativa valem por si não valem por ser jovens é isso e não também por ser jovens mas mas por tudo o resto não é pel sua militância política e porque eu não não gosto muito da ideia de que há uma Jota com programa político diferente do programa político do partido como se fosse um Lobby jovem dentro do do partido mas depois o partido toma as posições eh maioritários mas estão jovens a dizer nós queremos isto mas o partido diz não mas agora é aquilo não acho que faça muito sentido acho que o partido faz sentido enquanto uma unidade enquanto unidade plural e de debate político mas não como entidades separadas o bloco de esquerda é um partido que dá oportunidade aos seus jovens o bloco de esquerda é é um partido que dá oportunidade a todas nós de encontrarmos um sítio de militância de de de partilha onde podemos hã lutar por aquilo em que acreditamos não é um um produtor [Música] de peço desculpa por dizer isto desta forma não é um produtor de carreiras e lugares é um é um sítio Onde nós estamos Porque queremos porque gostamos Porque queremos estar Porque queremos mudar o mundo ainda é assim e eu ainda acredito que seja assim e sei que é acha que os anos de política vão moldando a pessoa ou seja sente-se hoje já com algum tipo de vício ou com ou com mais sa que a Mariana e acho que nesta entrevista também já mostramos Isso é uma pessoa bastante reservada não gosta muito de falar da sua vida privada pessoal não gosta muito de de fugir da das questões políticas eh sendo que isso foi ficando cada vez mais eh presente ao longo dos anos porque também viveu algumas situações ou observou outras pessoas políticos também a viverem situações que os puseram mais expostos mediaticamente e portanto vai ficando mais com mais tores há sempre uma uma dificuldade em criticarmos uma coisa que escolhemos fazer não é e e é sempre um certo pudor em em falar sobre isso eu acho que seria sempre reservado independentemente do sítio onde estivesse e da profissão que ou da profissão não ou da do cargo que ocupasse mas é óbvio que a política e não é a política em si é a exposição pública molda às pessoas e e faz-nos ter alguns cuidados e algumas precauções isso aconteceu consigo é óbvio é óbvio porque porque quando há uma exposição pública tão grande e há também uma vontade e um esc cortinho tão grande de cada palavra de cada vírgula de cada frase e e há sobretudo nos tempos em que vivemos em que tudo é usado eh contra nós até mentiras portanto quanto mais não seja a exploração de uma verdade contextualizada de uma coisa fora de de um erro que toda a gente pode cometer de um erro eh é tão cruel hum o mundo da da política é preciso dizê-lo é tão cruel que isso se não for bem medido pode e paralisar Como assim no sentido em que um exemplo se não se nós não medimos se não for bem medido o o medo de não cometer erros o medo de não dizer uma frase ao lado o medo de não ser atacado por qualquer coisa paralisa porque porque uma pessoa que que vive nesse medo ou nessa nessa com essa preocupação cab por não fazer nada não consegue fazer nada e e eu acho que esteve quase a sucumbir a esse medo Em alguns momentos eu honestamente lembrar-me H todos os dias que eh este perigo é real porque porque por isto porque os assessores também avisam não Isto é uma é uma é uma a minha carga eu leva aos ombros não vou culpar mais ninguém por ela mas mas eu acho que toda a gente sente isso toda a gente que está na na política sente um bocadinho isso porque temos uma exposição pública e somos avaliados por Ainda bem faz parte mas à medida que o mediatismo o imediatismo a agressividade da política as manobras baixas quanto menos política há e mais H lama casos politi is eh mais isso pode condicionar porque nós sabemos que aquilo que vai ser retirado não é Ou raramente é Nossa convicção a nossa ideia de fundo o nosso argumento a nossa proposta é a nossa gaf O Nosso Erro o nosso nosso deslize seja o que for em qualquer esfera da nossa vida isso pode ser usado e tudo bem vem com o pacote e eu não não não não separo as coisas e acho que faz parte e e faz parte também de incomodar e faz parte de ter posições fortes sobre um assunto mas tem que sempre que me lembrar que H existe o medo e o risco de paralisar por para tentar evitar essa já aconteceu e foi depois puxada por pessoas à sua volta se tivesse acontecido acho que não estaria aqui o que eu digo é que eu tenho consciência disso e que e que penso sobre isso Ou seja é uma coisa não é uma ideia ganhei consciência sobre ela à medida da minha vida da minha vida política H mas acho que ninguém que está hoje a ocupar cargos políticos sobretudo à esquerda com grandes confrontos com grandes ataques estaria aqui se se vivesse nesse nesse medo portanto se alguém hoje quiser H fazer política à esquerda Esse é o conselho maior que eu dou Uhum é um outro verbo que também gosta muito é o verbo continuar portanto continuar foi mais um dona da casa obrigada Mariana por ter vindo ao nosso programa já sabem de 15 em 15 dias temos sempre uma nova figura Uma Nova História uma nova vida para contar eu sou a Catarina Marques Rodrigues e obrigada estarem desse lado