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Esta é a história do dia da Rádio observador Vladimir Putin preferiu sacrificar Assad Abu mohammad al Jani é o homem que derrubou bachar al-assad aqui faz o discurso da Vitória na grande Mesquita de Damasco um lugar sagrado para o Islão construído há mais de 1000 anos diz que os Rebeldes Lutaram sozinhos só com a ajuda de Deus a Síria caiu em poucos dias e Moscovo terá fechado os olhos e deixado o brutal regime de Assad à sua sorte que se esgotou rapidamente porque terá Putin sacrificado a Síria e que consequências poderá ter para a guerra na Ucrânia São perguntas para a conversa com Paulo Batista Ramos professor de relações internacionais na Universidade do Minho e especialista em segurança eu sou o Ricardo Conceição e esta é a história do dia de terça-feira 10 de dezembro bem-vindo Professor obrigado Ricardo por mais este convite vamos situar para os nossos ouvintes de forma breve o que é que aconteceu nestes últimos dias na Síria e de uma forma muito simples serei o último a dizê-lo mas vou dizê-lo caiu o regime de baixar al assado portanto era um regime dinástico que já tinha 53 anos que el herdou do pai e efetivamente quando toda a gente não estava à espera de forma surpreendente para todos incluindo para os próprios intervenientes e Assad caiu e quem é que agora está no poder bom eh para já para já não está ninguém no poder isto não significa que exista um vazio de poder não existe mas por enquanto há uma série de grupos Principalmente um eh que chegaram a damasco e que tomaram controle da capital da Síria e agora estão num processo digamos assim de seleção eh de de organização digamos assim que que a política que a ca vai ter e eu diria que será alguém da fação ou do grupo do veterano de gead chamado ald julani eh que irá tomar o poder Provavelmente algum conselho algum órgão colegial islâmico que irá tomar o poder e entretanto estamos a assistir a uma rápida ação de vários países como Israel ou a Turquia e e de Out outros grupos que estão a a ocupar os espaços vazios deixados também pelos velhos Aliados do regime de bachar al-assad como o irão e a Rússia estamos nessa fase de ocupação do território e do espaço político também né Eh mais ou menos Digamos que esses atores que o Ricardo mencionou já lá estavam hum digamos já se degladiar eh pelo pela Síria e por um pedaço território na Síria ou preponderância na Síria Digamos que havia uma hegemonia eh do Irão e da Rússia mas eh de repente não muito de repente Mas um pouco em resultado enfim até conversamos sobre isso a semana passada eh do es frangalhos do destruir do ex bolá por parte de Israel portanto aquela destruição eh miva que Israel sistemática que Israel efetuou da estrutura militar e política do hisbolá levando quase o grupo terrorista ao desaparecimento teve consequências e teve impactos diretos na na Síria e nomeadamente era o hisbolá o principal sustentáculo das Forças Armadas do regime Sírio e portanto o hezbolá teve que se ir retirando ao longo destes meses eh da Síria e deixou completamente desamparado as forças armadas da Síria e em certa medida isto que que nós vimos acontecer eh teve a ver diretamente com este perda de Poder da parte do hisbolá e a sua retirada massiva da Síria outro aspecto importante e é a resistência que a Ucrânia está a impor à Rússia no palco com o europeu portanto aquela ideia que a Ucrânia não está só a lutar pela Ucrânia mas também tá E é a primeira linha de defesa da Europa e como vemos não é só a primeira linha da defesa da Europa também foi a Ucrânia que forçou digamos assim e a retirada de grande parte das tropas não totalidade mas grande parte das tropas russas de da Síria e que levou também mais uma vez a um dos principais Aliados do regim retirarse as forças armadas ficaram também sem o apoio aéreo que costumavam ter da parte das for russas isso foi decisivo derrocada do regime de ass já à conversa Professor Paulo batia Ramos da Universidade do Minho naa parte da história do dia porque terá deixado Putin C 190 um avião Da TAP com 83 passageiros aordo é desviado para Madri mas o sequestrador que tem uma arm carregada apont aos pilotos não é um pirata do ar comum chama-se Rui vive no Feijó e só tem 16 anos é pá levo uma pistola o meu pai tem então mostar a pistola de facto mostrou-nos a pistola Este é o piratinha do ar uma série para ouvir em seis episódios que faz parte dos podcast Plus do Observador estamos de regresso à conversa com o especialista em segurança e Médio Oriente Paulo Batista Ramos da Universidade do Minho Professor um dos Derrotados é claramente a Rússia e uma e das perdas para a Rússia passa por ficar sem duas importantes bases militares na Síria que bases militares são estas eh sim eh e e não quanto às bases militares talvez não sem dúvida que putino é um dos Derrotados não é o assado e família apareceram lá em moscova bater-lhe à porta eh portanto não há maior de demonstração da derrota de Putin fazia parte digamos assim dos planos estratégicos ou geopolíticos de Putin ter uma presença no médio Oriente uma presença forte no médio Oriente que contrabalançar digamos assim a presença eh norte-americana e portanto nesse sentido é uma derrota para Putin eh por outro lado aado acaba por ser um pouco indiferente para Putin eh este novo regime desde que seja eh anti-americano antiocidental a certeza que no Médio prazo o Putin estará disposto a encetar relações se já não enou com este novo Regime com os novos líderes e no contexto dessas relações manter e as famosas bases militares principalmente a base naval em tartour a manter a base essa base Val que não deixa de ser prestigiante e uma forma de projeção de poder e da Rússia para lá do enclave daquele enclave que eles têm ali do do Mar negro não é eles gostam muito de ter enfim Projeção de poder em mar aberto como representa esta base naval em tart mas no fundo Putin deixa cair bachar alçado porque H Deixa de ser a pessoa que lhe interessa nesta altura percebe que não não o Putin estava confortável com baiar al assado não tinha nada contra ele eh foi inevitável portanto deixar cair foi inevitável foi uma sequência de acontecimentos e que apanharam todos surpresa inclusive os próprios Rebeldes que e a iniciativa inicial a incursão inicial era contra alepo nem sequer era para conquistar alepo era só para enfim controlar lá uma parte de alepo onde as forças do regime bombardeavam uma zona onde as bombas de origem do bombardeamento as forças do regime sobre as forças Rebeldes e portanto Bas diariamente portanto basicamente era essa a intenção Inicial Depois foi tão fácil a conquista da alepo ou Digamos que as forças eh Armadas do regime evaporaram e foram derretendo ao longo do da incursão dos Rebeldes que eh depois se transformou numa caminhada bastante rápida menos de uma semana sobre a capital Damasco portanto Putin não deixou e cair assado não podia era fazer nada e diga-se passagem também e não valia a pena do ponto de vista dos cálculos geopolíticos Putin não enfim mas mas não podia para não desviar forças que tem que necessita para a Ucrânia sim não tinha tempo exatamente não tinha tempo de desviar forças que necessite para a Ucrânia para digamos ir dar ali uma pequena ajuda e a Assad e mantê-lo no poder e mostrar que ainda estava forte no poder e depois essas forças regressarem novamente à Ucrânia portanto Putin não tinha essa amplitude digamos assim estratégica para fazer esse tipo de manobras ainda por cima com a perca dos seus Mercenários favoritos não é do perrin e uhum do grupo Wagner exatamente o grupo Wagner que também estava na eh na Síria portanto havia ali uma falta de um vazio e em certa maneira da presença russa eh na Síria portanto Putin tinha muito pouco a fazer mas isso eh olhando para a queda de Assad da forma como caiu e essa falta de apoio a russ eh podemos dizer que isto até pode ser bom para Kiev ou não e eu a minha pergunta é neste sentido de nota falta ou incapacidade russa para reagir rapidamente e para colocar eh noutro teatro de noutro teatro de operações militares e e Meios com capacidade para proteger assado denota alguma fraqueza ou ou esta visão das coisas não não é a melhor não concordo Sem dúvida O é uma vitória para kieve eh aliás kieve tinha enviado militares para treinar as forças Rebeldes eh no comando e controle de daquil chamados drones não é portanto os ucranianos agora se tornaram eh hiper especialistas e portanto enviaram alguns militares já alguns meses para precisamente treinar os Rebeldes lá no no Bastião deles de e de Libe eh em drones e a Ucrânia tá a enviar também para a África militares Para apoiar Todas aquelas forças que se opõem digamos às Forças russas sejam forças regulares sejam Mercenários portanto Isto é efetivamente porque o grupo Wagner está está em África Exatamente exatamente isto portanto é também uma vitória de de zelinski da sua estratégia eh porque não se limita também só ao território da Ucrânia ele percebe que há um contexto mais geral mais geoestratégico deste confronto Rússia e Ucrânia e neste caso Sem dúvida que levou melhor e demonstrou e como o Ricardo mencionou bem as fraquezas as debilidades e das Forças Armadas russas Afinal mais uma vez não são assim tão Poderosas que conseguiram projetar força rapidamente alguns milhares de quilómetros de distância e voltando aqui ao início da nossa conversa Professor Paulo Batista Ramos eh e porque conhece muito bem o médio Oriente queria saber que cenários antv para a Síria bachar Al Assad que era do o poder do pai liderava um regime verdadeiramente brutal felizmente caiu digo eu eh mas mergulhamos agora numa incerteza eh que cenários podemos ter daqui para a frente para para um futuro próximo sim eh felizmente pelo menos por enquanto Agora toda a gente está feliz e regozija-se com a queda desse regime brutal bachar assado portanto toda a oposição por dos sírios toda a oposição Síria eh desde os fundamentalistas islâmicos a curdos eh assírios drusos cristãos enfim toda a gente Democratas toda a gente está feliz e a festejar a queed do regime agora o que virá aí eu diria que Muito provavelmente não deixará toda a gente tão contente da mesma forma que todos agora tão contente inclu nos Estados Unidos Europa acho que neste momento toda a gente Celebra a queda do assado Só talvez do Irão e a Rússia eh não estejam no tão content exato neste movimento De euforia mas de resto toda a gente está efetivamente satisfeita com a situação incluindo Israel mas há alguma cautela quanto ao que virá aí eu dividiria e o que é que pode vir aí sim eu dividiria em três cenários possíveis sendo um mais provável eh o cenário mais provável eh será a instauração de um governo islâmico tendo por constituição a sária portanto a lei islâmica eh e enfim um governo fundamentalista uma ditadura religiosa digamos assim algo dura talvez não tão dura como o Afeganistão mas qualquer coisa muito próximo dos inimigos do Irão dos inimigos sírios o irão portanto Aliás o discurso de julani é muito parecido com o discurso de comenia fala muito em democracia islâmica instituições islâmicas democráticas etc portanto parece que ele está a moldar à medida daquilo que foi a revolução iraniana de 1979 E será por aí próprio que é é um radical não é portanto Exatamente é um veterano de agade muito pragmático e tem-se transformado digamos assim ao longo das últimas duas décadas está cada vez mais pragmático aprendeu muito não é já foi parte alcaida deixou alcaida nunca fez parte do Estado islâmico mas apoiou o estado islâmico e a invasão incursão do Estado islâmico e no Iraque embora não tenha feito parte de diretamente Portanto tem aprendido muito muito com aquilo que se viveu no médio Oriente nos últimos 20 anos é um indivíduo novo tem claramente o apoio indireto é um indivíduo autónomo independente Mas não deixa de ter o apoio indireto da Turquia conta com o apoio da Turquia e do Qatar e da Irmandade muçulmana isso é bastante claro muitos grupos que estão à volta dele não ele mas muitos grupos estão à volta dele são turcomanos são da Irmandade muçulmana e portanto será muito provável que venha este seja o cenário mais provável e os outros dois cenários os outros dois cenários muito rapidamente seria um cenário ideal o cenário da da Democracia da instauração fazermos uma transição para a Democracia para um regime democrático com aprovação de uma Constituição democrática separação de poderes um pouco à semelhança digamos assim das democracias europeias ocidentais mas eu jul que aí não há nem sequer vontade da parte de julani nem dos seus apoiantes Turquia e Qatar embora haja outras forças no interior da Síria que assim o pretendessem como o exército Nacional Sírio os curdos seriam muito mais adeptos desta solução e por fim o último cenário eh seria o cenário de um regresso eh da Guerra Civil do Caos e eventualmente até da fragmentação da Síria da fragmentação da Síria em várias unidades ao Norte do Rio Eufrates para os curdos e enfim mais junto ao Mediterrâneo para os alías pós xiitas os sunitas ficariam com a zona Central portanto seria um cenário de forte instabilidade de forte desentendimento e do regresso da das Armas eu acho que eles estão os vários atores estão um pouco cansados e fartos de guerra e acho que este cenário enfim pelo menos para já não parece que seja muito provável A não ser que o primeiro cenário de instauração de um de um regime islâmico e teocrático na prática eh falhe redondamente Obrigado Professor Paulo Batista Ramos eu aqui agradeço Ricardo Paulo Batista Ramos é professor de relações internacionais na Universidade do Minho e especialista em segurança É também um profundo conhecedor do médio Oriente esta foi a história do dia a sonoplastia é da Mariana Sousa Aguiar a música do genérico do João Ribeiro eu sou o Ricardo Conceição até amanhã se gostar deste podcast pode seguir dar cinco estrelas e comentar o episódio na Apple podcasts ou no Spotify pode também subscrever e gostar no YouTube assim recebo uma notificação sempre que houver um novo episódio