🗣️ Transcrição automática de voz para texto.
O Expresso e a notícias em parceria com a fundação Francisco Manuel dos Santos lançam o projeto cinco décadas de democracia olhar para o passado para pensar o futuro todos os meses com um tema diferente em análise e debate como resolver a crise da Habitação e preparar o país para o envelhecimento quais os
Desafios na saúde na educação na política e na economia que estratégias para as alterações climáticas as migrações e o combate à pobreza para saber as respostas a estas e outras questões acompanhe os debates na Sic Notícias e saiba mais sobre o projeto no [Música] Expresso Boa noite bem-vindo a mais um
Debate sobre as cinco décadas da Democracia ao longo do ano AIC notícias O Expresso e a fundação Francisco Manuel dos Santos refletem sobre o que mudou nos últimos 50 anos e que ses devemos retirar para melhorar o futuro esta noite perguntamos aos nossos convidados como devemos preparar Portugal para as
Alterações climáticas estão hoje connosco Pedro Matos Soares professores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Helena Freitas professora da Universidade de Coimbra Celso Pinto coordenador do núcleo de monitorização Costeira e risco da agência portuguesa do ambiente e Maria José roos professora e investigadora da Faculdade de Ciências
Sociais e humanas da universidade nova de Lisboa muito boa noite muito obrigada aos quatro por estarem connosco já partimos para a análise mas vamos agora fazer um enquadramento porque nos últimos anos Portugal tem sido cada vez mais afetado por fenómenos extremos como a seca e também os incêndios e
Pergunta-se se estará ou não o país preparado para um agravamento destas situações e para o aumento da frequência com que acontece menos chuva temperaturas mais elevadas e um risco de incêndio crescido a cada ano uma equação que tem um denominador comum as alterações climáticas que acontecem em todo o mundo
E se fazem sentir cada vez mais em Portugal Portugal hoje em dia não é daqui a 50 anos mostra em alguns dos setores alguma imprep paraa para o que é o nosso clima presente que está claramente em mudança o que nós observamos do ponto de vista das projeções climáticas e dos impactos
Diretos setoriais é de facto um um desafio muitíssimo na opinião dos especialistas é necessário repensar uma economia sustentada no turismo de massas e numa agricultura cada vez mais intensiva mas não só é importante olhar para o país como um todo e compreender as desigualdades entre litoral e interiores quando nós temos muitas assimetrias
Territoriais e desenvolvimento temos muita dificuldade em ter uma concertação social para fazer Face aos desafios nós temos que perceber que temos que ter um desenvolvimento que não seja desenvolvimento uniset ou Regional mas que tem que ter uma visão integrada os desafios são transversais à sociedade e ao território e implicam olharmos para
Os períodos de seca os incêndios a erosão Costeira e os aumentos da temperatura como desafios cada vez mais presentes por cada grau de aquecimento global o país aquece a um ritmo de 1.2 GC e se houver um forte combate às alterações climáticas no melhor dos cenários Portugal enfrentará um aumento
Médio da temperatura dura de 1 a 2 graus até 2070 mas se nada for feito até ao final do século o aumento pode superar os 6 grac Um cenário que não só agrava o risco de incêndio mas também trará desafios em relação ao recurso água nós temos que ter a capacidade de valorizar
O recurso ou seja o valor da água tem que ser qualquer coisa que nós trazemos à sociedade e que temos que expor com muita transparência que quando fazemos uma opção de um regadio intensivo Qual é que é o consumo de água desse valor desse desse desse regadio intensivo E
Qual é que é o custo da água para esse regadio e só assim é que as pessoas vão perceber não é nós não podemos esperar não é que a água seja do ao mesmo preço para um consumidor gigantesco para uma pessoa com carências não podemos esperar
Isso de facto até o ano 2000 Portugal enfrentava uma a duas secas severas A cada 10 anos mas a previsão é que entretanto este cenário passa a agravar-se e a frequência passe para 6 a a cada década se nós não tivermos uma concertação global para a redução das
Emissões de gas estufa o que se passa é que vamos ter cená de emissões crescentes que de facto T associado grandes impactos nomeadamente na frequência dos extremos climáticos o desafio é Global mas as decisões Nacionais podem fait e muit a forma como aproveitamos recursos e gerimos um
Futuro cada vez mais incerto e acima de tudo de extremos partimos então para a análise com os nossos convidados Pedro Matos Soares vou começar e por si o diagnóstico já se sabe é Malu é muito mal a situação é alarmante H há atores internacionais nomeadamente o secretário geral da ONU
Que tem alertado de forma contínua para a dimensão do problema e recentemente até disse algo do género que o colapso climático começou que foi algo que causou até algum algum tipo de de alarme mas centrando o nosso discurso em Portugal porque é isso que neste momento verdadeiramente importa
H porque é que Portugal Continental e a expressão é do Pedro eh é é considerado um hotspot para as alterações climáticas bom boa noite muito muito tenho muito gosto em estar aqui convosco hoje esta noite e esta questão do hotspot de alterações climáticas tem tem que ver
Com um binómio de alteração que já sentimos hoje em dia e que se projeta a ser exacerbado muito a breve prazo e com grande grande grande preponderância no final do século que tem a ver com um aquecimento de da das nossas temperaturas máximas mínimas e obviamente médias muitíssimo forte ou
Seja é maior do que a média global e por outro lado termos projetadas e já estarmos a sentir grandes rões de precipitação quer dizer que esta conjunção de fatores faz da Bacia do Mediterrâneo e as suas consequências obviamente fazem da Bacia do Mediterrâneo um ró se pote das alterações climáticas e Portugal por
Inerência e por similitude destas mesmas transformações que já estamos a viver no no no no no nosso clima e que se projetam ser muito exacerbadas e é por isso que se cham hotspot das alterações climáticas mas é um é um estamos num local eh de grandes vulnerabilidades a
Isso nós estamos numa zona de transição climática não nós estamos na na região subtropical quer dizer que Digamos que estamos na transição entre a região tropical e as latitudes médias latitudes elevadas e como todas as zonas de transição ficam muito vulneráveis a pequenas transformações a pequenas oscilações no sistema climático Nós já
Não temos digamos uma precipitação muito abundante mas sabemos que no norte de Portugal Temos bastante precipitação e apesar de sermos um país pequeno no sul temos muito pouca precipitação e Esta esta heterogeneidade esta assimetria dá-nos esta ideia de transição ou seja Portugal de facto e assim de uma forma
Simplista o Rio Tejo damos esta transição entre um sistema um um clima digamos úmido e um clima semiário do Sul de Portugal quer dizer que este facto de estarmos numa transição qualquer alteração e a alteração eh eh Digamos que está na causa destes défices de precipitação acentuados e projetados tê
A ver com uma migração digamos das tempestades mais para Norte ora elas migrando mais para Norte deixam de nos afetar eh com tanta frequência E deixamos de ter menos precipitação e e o facto de estarmos nesta nesta transição faz que tinhamos Esta esta esta transformação mais acelerada do que
Outras regões regiões do mundo e esta é toda é tudo verdade para a bacia do Mediterrâneo e com todas as suas consequências a nível das grandes vulnerabilidades do Mediterrâneo humanas e nos ecossistemas já vamos não resisto por ISO já vamos aprofundar essa questão Helena Freitas quera centrar uma coisa estamos falar do
Hotspot portanto que nós em biologia gostamos até de de enfim de de de classificar como um santuário digamos assim porque para nós é um santuário da biodiversidade nós esta condição esta condição de transição que é uma condição histórica é uma condição que não é não é
Não é não é recente portanto a nossa história é esta isso fez com que historicamente tinhamos também e tido e temos e nós também percebemos que a nossa paisagem Varia muito nós circulamos e percebemos uma uma transição também da paisagem portanto panto isso significa E isso também tem
Sido uma condição favorável à ocorrência de uma enorme biodiversidade portanto também caracteriza o mediterrâneo portanto esta condição tem sido uma condição favorável à expressão da vida não é da diversidade da Vida em de muitas formas e nós temos sabido aproveitar isso na nossa gastronomia no nosso bem-estar nas nas escolhas que
Fizemos eh para a vida não é e portanto isso tem sido altamente favorável e é aliás uma bandeira que nós temos utilizado nas nossas economias mediterrânicas não é Portanto vamos vamos à praia vamos temos uma enorme diversidade de e portanto Isto é é portanto e esta mesma condição e agora
Esta alteração da nossa condição climática vai também transformar portanto aquilo que é a nossa condição de vida A nossa condição dos nossos ecossistemas e portanto Este é este é digamos é por isso que é importante também olhar para esta questão climática numa perspectiva portanto saírmos um pouco desta tendência que estamos a ter
Para a pensar a descarbonização o 1.2 1.5 portanto de facto é verdade que estamos preparando cenários que são cenários de transformação à escala planetária estes cenários colocam-nos perante a necessidade de termos que adaptar a nossa forma de vida não é portanto e rapidamente e preferencialmente se nós queremos
Continuar a ter uma vida saudável se continuamos a ter riqueza se continuamos a querer a ter que as pessoas vivam bem nós temos que preparar de facto os nossos territórios para estes novos cenários que eu ou seja na opinião da Helena Freitas quando diz que temos que
Adaptar-nos a esta nova forma de de vida é porque ainda não o fizemos estou a abdicar mas não estou a abdicar digamos de nós temos que continuar a trabalhar no sentido de enfim de de de acabar e reduzir e de preferencialmente de facto eliminar as causas que sabemos que são
As causas que estão a promover a acentuar a acelerar de facto um um um conjunto de cenários que em última análise podem ser absolutamente dramáticos nós não queremos does Sime até porque sabemos exatamente Porque os cientistas do clima já nos disseram de forma muito clara Quais são os cenários nós sabemos que temos
Realmente que nos adaptar que temos que nos preparar e portanto isso passa Isso é Um Desafio enorme a nossa capacidade de planear a nossa capacidade de investir de forma preventiva a nossa capacidade de preparar as comunidades e Os territórios de facto nós queremos continuar a viver bem e e portanto isso
Significa de facto um esforço muito grande isso enfim teríamos que falar um pouco temas mas também não quero aqui monopolizar evidentemente a conversa mas era só uma primeira nota Já teremos oportunidade nomeadamente de explorar a questão da floresta porque é uma questão que absolutamente essencial Mas agora vamos vamos por
Outras paragens vamos falar sobretudo do marou com o Celso pinto de que forma Celso é que eh as alterações climáticas eh se têm feito sentir na nossa Costa bem as alterações climáticas o que nós sabemos hoje eh apesar de tudo um nós temos que diferenciar as consequências os impactos as principais consequências
Das alterações climáticas são a subida do nível médio do mar a modificação do regime de agitação marítima a sobre elevação meteorológica e a precipitação e de facto Eh aí os impactos serão essencialmente previsivelmente o aumento dos fenómenos de erosão Costeira e de inundação galgamento oceânico sabemos
Hoje apesar de tudo que a erosão em Portugal só 10 a 15% da erosão é que pode ser explicada atualmente pela subida do nível médio do mar aplicando uma formulação empírica muito muito utilizada bastante controversa na comunidade científica mas que é a melhor abordagem que temos e que nos diz só 10
A 15% é que essa erosão Pode ser imputada à subida do nível médio do mar no entanto sabemos agora também através do relatório do reteiro Nacional de adaptação um trabalho que está a ser foi promovido pela que está a ser desenvolvido pela Faculdade de Ciências e coordenado pelo pelo Pedro Soares eh
Diz-nos que de facto a partir de cerca de metade do século a subida do unel médio do mar será no fundo um dos principais motores driver do ponto de vista da erosão Costeira o que nós sabemos é que e e pegando também um pouco nas palavras da da Helena é que
Temos que encontrar outras causas para este problema do ponto de vista da erosão e de facto as causas São essencialmente O esgotamento das fontes sedimentares que afluem ao litoral e depois tem que explicar isto por outro tipo de de linguagem para que possamos que dizer e os portanto a ausência de
Sedimentos na linha de costa a presença de obras de engenharia Costeira que tem obviamente benefícios mas também trazem problemas negativos e no passado agora felizmente já não acontece a extração de Areias e efetivamente o que o que sabemos é que o litoral português está em erosão e como disse a subida do nível
Médio do mar contribui com uma pequena parte dessa erosão mas grande parte da erosão Costeira que nós temos deve-se ao chamado défice sedimentar ou seja H falta de sedimentos são sedimentos que não não chegam Às nossas à nossa linha de Costa São sedimentos que eram transportados pelos rios e que
Efetivamente hoje em dia chegam em muito menor quantidade o litoral obviamente precisa de sedimentos para manter o que nós chamamos de um certo equilíbrio dinâmico e na ausência destes sedimentos o lital o litoral acaba por recuar nós podemos a nível Mundial nós temos 24% da linha de costa mundial arenosa está em
Erosão em Portugal quando chegamos à linha de costa ar noosa que são cerca de 415 420 km esse valor sobe para qualquer coisa próximo dos 45% e sabemos perfeitamente que essa erosão grande parte deve-se efetivamente a essa ausência de sedimentos temos é que arranjar maneira e podemos falar disso
Mais à frente de no fundo mitigar esta erosão Costeira através de uma série de medidas de adaptação de diferentes e de através de diferentes metodologias mas é um processo simples é um processo complexo é um processo dispendioso eh mas o que nós sabemos e pegando também na n nas melhores estratégias que
Existem a nível mundial e seguindo as recomendações do sexto relatório do ipcc do painel intergovernamental para as alterações climáticas nós no passado atuávamos muito ao nível das consequências de erosão construímos muitas chamadas obras pesadas os paradões os esporões as obras aderentes que foram eficientes em proteger determinados núcleos urbanos mas atuavam
A nível das consequências não atuavam a nível das causas sendo a causa o déficit sentar que nós temos de fazer efetivamente é atuar repondo essa areia no sistema Costeiro nas praias e isso faz at at das chamadas alimentações artificiais colocando areia nas praias nas dunas ou mesmo dentro do mar para no
Fundo tentarmos repor esse défice porque e os sedimentos passaram a ficar retidos muitos nas barragens houve uma diminuição também devido às barragens das velocidades de escoamento que impedem de facto o Transporte desses sedimentos havia à extrações das Areias portanto tudo isso somado fez com que esses sedimentos seja cada vez mais
Difícil esses sentos sedimentos chegarem às foses dos rios e daí a situação de Déficit di mentar cuidar dos rios temos que regenerar os rios isso mesmo Maria José roxo H vou-lhe perguntar concretamente sobre sobre os solos e nunca como neste último ano pelo menos recentemente se falou tanto de solos eh
A propósito até da da seca Severa que se sente em parte do país por isso a minha pergunta é muito direta de que forma é que eh o os nossos olos têm sofrido com com o impacto das alterações climáticas bem Primeiro de tudo muito boa noite
H É verdade que a questão solo é uma questão prioritária eh Há muito tempo que se vem falando da questão dos solos e até podemos já fazer uma relação da questão dos solos e da sua degradação com a quantidade de material que as grandes chuvadas colocam eh nos rios e
Nas barragens portanto não é que não haja esse esse material esses sedimentos eles estão a acumulados nas barragens o que faz com que muitas vezes se pense que temos muita água e temos pouca água nessas mesmas barragens estes solos têm sofrido pressões muito grandes e eh ao
Longo do tempo eh houve diferentes fases quer com as campanhas do cereal quer com as novas culturas que estão a ser eh praticadas são tudo eh formas de degradar o solo de destruí-lo e ao destruir um solo tem várias consequências se eu destruir um solo eu não tenho capacidade de retenção
De água nesse solo o que vai de certa forma prejudicar o desenvolvimento das culturas por outro lado se eu não tiver solo eu não tenho a produtividade portanto aquilo que acontece é que nós temos o no país áreas muit muitíssimo degradadas que são áreas que estão com elevado índice de desertificação que é
Um dos fenómenos que está relacionado também com a mudança climática porque se eu não tenho solo não consigo absorver também dióxido de Carbone carbono nos solos e consequentemente estou a agravar essa essa questão estou a agravar ainda mais o problema da da da alteração climática os solos têm um um papel
Fundamental crucial e tem sido o parente pobre de todas as iniciativas e no fundo de todas as políticas basta dizer que a diretiva solo é a última a aparecer em termos da União Europeia e isso faz com que seja necessário que as pessoas percebam que solo é um recurso
Finito portanto acaba que demora muitíssimo tempo a formar-se e que se destrói em pouco tempo e por isso é importante preservá-lo e é uma das formas de combatermos também a mudança climática é precisamente conservando sol Qual é o nosso problema temos solos pobres e portanto precisamos de
Conservar os bons que temos que têm sofrido imensas eh eu diria afrontas atentados à sua à sua existência e que depois podemos falar com mais por menor sim agora numa segunda ronda e quero que que nos dê indicações precisas começando pelo Pedro efetivamente h de de como é
Que podemos no fundo mudar este paradigma porque se nos recordarmos todos de 2017 e passamos a ter uma consciência coletiva do efeito das alterações climáticas por causa dos grandes incêndios que que sentimos nesse nesse ano em dois momentos em junho e depois em outubro mas efetivamente parece Pedro
H e é a perceção que eu tenho é que o assunto ambiente eh tem vindo a perder algum gás se me permite a expressão efetivamente O que é que nós podemos fazer para alterarmos este e nosso paradigma H há uma estratégia Nacional eh para combatermos este problema nas diversas frentes
Bom isso é uma é uma pergunta muito complexa e que me levaria a falar o programa inteiro para ser muito sincero eu que eu acho não por favor nada disso O que me parece é que nós temos que ter uma abordagem completamente diferente a este problema e e tem que ver com
Olharmos o nosso desenvolvimento porque de facto nós como a Rosa implicitamente referiu por exemplo nesta campanha eleitoral em que estamos a viver as questões das alterações climáticas praticamente desapareceram da agenda mediática e até e temos que ser justos os portugueses estão a enfrentar muitos problemas e quando lhes em vários
Estudos foram elencadas as grandes preocupações dos portugueses as alterações climáticas e em estudos prévios há uns anos atrás há poucos anos atrás apareciam como das grandes preocupações e elas desapareceram das 10 grandes grande parte dos debates e abordou a questão das alterações climáticas exam a surgir continuam a
Surgir mas no horizonte temporal mais longo no horizonte próximo quer dizer que que nós falamos muito e e esta esta este debates tiveram uma grande grande preponderância em fatores económicos em fatores como a habitação como a questão da água a questão obviamente que preocupa muit os portugueses que tem a
Ver da saúde que é o mais importante e nós estamos a esquecer que as alterações climáticas colocam cerceiam o nosso desenvolvimento e a defesa das nossas populações em todas estas Vertentes e nós não queremos ver esse problema eu não estou a dizer que nós temos que observar as alterações climáticas como
Uma coisa dramática catastrófica mas quando nós projetamos o nosso desenvolvimento e o nosso modelo de desenvolvimento nós temos que introduzir digamos este forçamento climático porque foi este forçamento climático que definiu os nossos EC sistemas e a nossa Cultura como disse a Helena e nós queremos esquecer disso ou seja o nosso
Futuro daqui a 5 anos 10 anos 100 anos depende da maneira como nós integrarmos numa no nosso desenvolvimento a nossa estratégia de desenvolvimento multisetorial com a questão do forçamento climático do ambiente em que vivemos enquanto nós dissociar estas duas coisas estamos perdidos aí sim temos António Guterres a falar do
Colapso climático da catástrofe da crise o que quiserem E isto é muito fácil de ilustrar reparem quando nós falamos em saúde falemos de uma das grandes preocupações dos portugueses que é a saúde quando nós observamos os excessos de mortalidade associados ao calor Em Portugal eles estão rampantes em
Crescimento nós tínhamos cerca de menos menos de 1% e até digamos ao clima presente já até 2000 2012 menos cerca de 0,1 81% de mortalidade atribuída digamos às ondas de calor e ao calor nós até 2050 podemos multiplicar e não é nos no pior do cenário isso por três vezes se
Formos para o final de século podemos multiplicar isso por sete vezes ou seja há um impacto direto na saúde na questão SA eu estou a falar completamente completamente e eu estou a falar de mortalidade nós depois estamos a falar de morbilidade estamos a falar do agravamento de doenças respiratórias
Cardiovasculares de de de golpes de calor desidratação e falemos de Economia hum as perspectivas de produção de produtividade perdas de produtividade em países da Bacia do mediterrano per são imensas e isto tem a ver com a nossa economia e as pessoas não querem ver isto falemos de água bom nós temos
Falamos do nosso desenvolvimento agrícola muito bem da nossa questão de da de abastecimento público a questão como é que o nosso turismo que já vale 20% do nosso PIB como é que nós vamos responder aos conflitos de usos com um um cenário de grande frequência de aumento da frequência das secas e de
Escassez de água no sul de Portugal mas não esqueçamos e muitas vezes disse que no Norte a água é muito abundante mas nós também temos Seca no norte de Portugal em 2022 tínhamos várias bacias do norte de Portugal do Minho onde chove mais na Europa em termos médios em que
Tínhamos as albufeiras com 40% e as pessoas esquecem-se disso em Portugal Nós temos que nos habituar a ter uma visão pelo menos de Médio prazo e as alterações climáticas estão todos os dias a dizer-nos isto rosa para finalizar a questão dos incêndios que foi de facto os incêndios florestais
Foram de facto digamos a grande digamos temos o grande botão de emergência relativamente à perceção das pessoas e dos médias relativamente às alterações climáticas até porque morreram mais de 100 pessoas e e é trágico é trágico que tenham que morrer pessoas para nós observarmos uma coisa que já sabíamos
Que a comunidade científica já sabia que os políticos já sabiam que as pessoas que trabalham nesta área e que vivem nestas regiões florestais já sabem o nosso risco de incêndio metrológico é também ele galopante hum ou nós incidir sobre os ecossistemas ou mudamos a estrutura da floresta temos verdadeiras
Campanhas do do de de mudar o uso do fogo em Portugal de valorização dos ecossistemas da gestão dos biocombustíveis obviamente se nós vamos quadriplicar o número de dias de risco extremo de incêndio meteorológico mas Pedro permita-me a interrupção Não melhorou nada desde 2017 porque se bem me recordo eh houve um debate bastante
Alargada em relação à forma de como gerimos a floresta mudou nós em Portugal temos exemplos dos melhores em tudo o problema é que eles são sempre exemplos piloto são sempre exemplos e não passam disso nós depois também temos estratégias e falou há pouco a Rosa até perguntou-me se tínhamos uma estratégia
Nós temos uma estratégia de adaptação às alterações climáticas nós temos um roteiro Nacional de adaptação às alterações climáticas que está quase a finalizar que acho que vai ser o temos aí um mais de certeza obviamente nós sabemos Qual é o mais da nossa sociedade em Portugal é a capacidade de passar dos
Planos à implementação e muito importante deixa-me só acabar aqui a monitorização as metas parciais nós não podemos dizer assim vamos ter política pública para resolver um problema em 2050 ou em 20100 sem observar e monitorizar de 5 anos quais é que são os efeitos dessas políticas transs setoriais se nós não fizermos isso
Continuaremos aqui a falar Helena Freitas há pouco deixou aqui uma ideia importante disse que havia uma necessidade de planear e investir de forma preventiva parece-me Um Desafio Colossal fazer só dois ou três exemplos também porque às vezes focamos as coisas muito plano quer dizer nós estamos a falar de
Vida à espécies as espécies proporciona-nos um conjunto muito vasto de ampos de bens e serviços sem os quais nós não vivemos e nós quando temos alterações climáticas não temos alterações natureza física ou biofísica nós temos alterações profundas na Biologia das espécies não somos só nós nós somos parte da natureza e a natureza
É profundamente afetada quando nós temos alteração de cenários porque as espécies que viveram Vamos lá ver nós nós existimos há 300.000 anos nós temos espécies na terra nós as as plantas apareceram as árvores há 400 milhões de anos portanto temos espécies tiveram um percurso evolutivo que se ajustou a determinados cenários climáticos é
Importante eu dizer isto porque nós estamos a afetar profundamente as espécies isto tem implicações tremendas para nossa para o nosso futuro e como estamos a falar aqui das próximas cinco décadas eu tenho que dizer isto quando eu tenho uma alteração de um cenário climático eu tenho por exemplo alteração
De uma rota migratória de uma ave que dispersa uma planta e sem esse agente expressor sem levar a semente eu não tenho a regeneração da floresta quando eu altero um cenário climático e altero por exemplo a vida de um polinizador eu deixo de ter polinizadores e os polinizadores representam 80% da nossa
Capacidade de produzir alimento portanto nós estamos a interferir diretamente com a capacidade de facto de produzir e de termos de facto de termos um futuro isto é uma coisa séria portanto nós de facto temos que preparar a nossa economia para um mundo novo e a questão climática é
Uma questão que nos orienta de base mas nós temos que ter a inteligência e recorrer ao conhecimento à convergência de facto da Ciência da inovação da tecnologia pant nos ajudar a fazer este caminho mas este caminho implica que também temos que nós próprios eh eh
Digamos e eh eh de uma vez por todas assumir uma uma Regeneração coletiva com um propósito transformador que é absolutamente indispensável nós temos que o fazer o mundo não pode continuar nós todos percebemos que isto não é possível porque quando nós temos clim temos práticos quando nós temos vou já
Avançar para ISO exemplos em Portugal vou dar em termos práticos porque há só uma questão que tendemos a esquecer outra questão muito importante na questão climática é a questão das doenças todas as espécies estão muito mais suscetíveis à doença e quanto maior se para Além da questão do clima se eu
Deixo de ter água disponível no tempo que as espécies tê etc eu vou E já estou a assistir nós já estamos a ter reduções muito significativas da produtividade por exemplo nos cereais e outras espécies entrarão estamos a ter Oliveiras com doença estamos a ter os sobreiros com do isto não é por acaso
Isto resulta de uma convergência O que é que nós precisamos urgentemente de política pública que seja sensata e que começa a estruturar de uma vez por todas por exemplo nós temos que ter uma política da água uma política pública da água absolutamente autónoma e dirigida à construção dos cenário É verdade nós não
Faz sentido nenhum o que fizemos há 10 ou 12 anos atrás ter de facto levado toda a abdicamos da gestão de Pracia hidrográfica no momento absolutamente crítico abdicamos hoje em dia Se quisermos dados enfim começa a existir mas não com da forma nós Devíamos ter de facto uma política setorial pública de
Água absolutamente autónoma e orientada já para a Regeneração dos nossos Rios é isto nós temos que fazer investimentos destes é é recuperar os boscos ripícolas tornar os nossos Rios mais saudáveis Porque eles estão a degradar-se todos os dias nós poremos Isto é Preciso olhar para de facto para a situação dos rios
No plano também da cooperação da cooperação ibérica isto Temos que enfrentar este problema evidentemente que sim e na política agrícola igual na política agrícola não podemos olhar para o lado nós todos Já percebemos que há culturas não é que não são sustentáveis não há possibilidade Portanto o o rendimento dessas culturas é um
Rendimento é insustentável não é e e para além de todo de todo todo o processo à volta disso precisamos também de uma de uma política de uma política de facto FL portanto há todas as políticas setoriais que estão associadas ao território e que estão em mudança profunda precisam de um olhar crítico
Autónomo na perspectiva de planear e de prevenir portanto não há outra forma portanto nós temos que ajustar o quê onde temos culturas que são desajustadas que não é possível Nós temos que colocar outras estava o Pedro a dizer onde a nossa Floresta a nossa floresta está a ficar cheia de espécies exóticas elas
Estão a ocupar todo todo todo todo todo toda a nossa Floresta o onde e mesmo onde há intervenção que nós estamos a fazer é remover biomassa é claro que temos Se tivermos biomassa a acumular não é mas quando removemos biomassa estamos a fazer uma coisa brutalmente impactante que é por exemplo Deixar de
Alimentar os nossos solos os nossos solos alimentam-se de matéria orgânica exatamente o que estava a dizer a José se nós removemos a biomassa muito bem estamos a prevenir porque Queremos continuar a Construir ali Queremos continuar a ter este tipo de de Floresta teimosamente queremos este tipo de
Floresta e estamos vamos ter custos para isso o primeiro custo é este deixamos ter sol com qualidade quentar alguma coisa Maria J Anes irmos novamente ao mar até porque são porque complementar não é eh eu acho que este este assunto é é muito prioritário que é a questão da
Saúde dos solos e nós temos que pensar e e mesmo a própria agricultura tem que ser uma agricultura regenerativa tem que ser uma agricultura que toma em atenção que Um dos fatores fundamentais é o aumento de matéria orgânica de solos matéria orgânica não é isso que está a acontecer
Em grande parte do território mas aquilo que nós temos que pensar e vamos ser Claros é Que nestes cenários nós temos que ter uma visão estratégica e temos que pensar que o território tem características diferentes de norte a sul e que aquilo que nós precisamos é ter uma zonagem nós precisamos saber o
Que é que se pode fazer em cada área do país consoante estes cenários para podermos ter uma perceção isso ainda não está feito permita-me a pergunta os diagnósticos estão feitos aquilo que não está feito e aquilo que é importante as políticas setoriais existem mas há um
Momento em que nós temos que pensar o território e sobrepor aquilo que nós queremos ver efetivamente de feito e essa essa questão da agricultura e o desenvolvimento agrícola e nós queremos o desenvolvimento agrícola do país agora eh tem que ser pensado de maneira a que a agricultura sejam um fator de
Desenvolvimento mas também seja um fator que eh em que Se Produza mais com menos tendem atenção às questões ambientais sobretudo a questão da água e sobretudo a questão dos solos e da biodiversidade económica do setor H tem sido o maior entrave a questão económica é o fator que modela as paisagens não é
O mercado modela as paisagens aquilo que nós vemos nas paisagens é um pouco a função daquilo que o mercado de antemão eh impõe ou expressa mas nós temos que pensar de uma forma diferente a questão da segurança alimentar que falamos há pouco que é um fator importante a questão de
Nós fazemos uma agricult uma agricultura que tenha sobretudo três elementos de Base a questão da conservação de solos Conservação da água e A Conservação da biodiversidade e a biodiversidade é salvaguardar as nossas espécies também portanto culturas que nós temos e precisamos preservar a maior parte dos nossos agricultores estão preparados e
Querem Isto é isso mesmo não é Portanto vamos lá ver muito important dizer não não eles querem isso eles querem isso e a agenda europeia se nós conseguimos segurá-la vai nesse sentido porque há sempre depois um um uma oposição infelizmente que que que vamos assistindo evidentemente que sim mas
Isto é sempre assim também na política energética em todas mas a verdade é que nós estamos cada vez mais a convergir e cada vez mais temos a agricultura connosco e isso é muito importante dizer sim sem dúvida Além disso há muitíssimos bons exemplos daquilo que é uma agricultura que tem todos estes
Princípios e que salvaguarda os recursos naturais que é isso que nós pretendemos portanto Isso é uma realidade mas deixe-me só acrescentar um pormenor é que esta questão das alterações climáticas não é só uma questão de mundo Rural é também uma questão de cidades e e nós temos muito focado nestas questões
Como estamos a fazer aqui mas as cidades têm que ser repensadas as cidades têm que ser cidades que produzem Água São cidade Esponja e aquilo que eu gostava um dia de ver Neste País é era que se pensasse no território como território em que há territórios Esponja que são as
Florestas que é uma agricultura bem feita para poder ter água e para poder ter biodiversidade e pessoas no território Vamos pensar e saúde Vamos pensar que tudo isto que nós estamos a discutir implica pessoas no território eu preciso ter coesão territorial eu não não posso estar a dar água água ou
Pensar na água para o Algarve e ter água na área de Beja e entre Beja e o Algar Tenho toda uma área que é Serra de CPA e mértola Casto verde que não tem acesso à água portanto nós temos que pensar o território e esse é um dos fatores
Fundamentais e tem que ser o futuro falemos novamente do mar a Celso porque deixou estos aqui um retrato um retrato que nós todos sabemos na verdade que que pode ser e dramático daqui a alguns anos mas eu queria que nos deixasse também algumas medidas no fundo para mitigar eh
Algumas destas situações que nos referiu nomeadamente em relação ao desaparecimento de algumas praias e da erosão dos solos sim efetivamente pegando nas palavras do do Pedro Matos Soares o que nós temos que fazer é implementar estratégias de adaptação implementar medidas de adaptação basicamente temos medidas que estão padronizadas nós temos que recuar
Algumas áreas do litoral áreas mais vulneráveis e já há bons exemplos em Portugal desse recu planeado e vai ser cada vez por exemplo só para nossos telespectadores temos ex exemp são bar Meu do mar que foram demolidas uma série de construções e que foram recuadas temos um exemplo excelente feito em
2015 promovido pela câmara de ovar em que foram foram construídas 30 casas afastadas do litoral foi demolido um bairro um bairro de pescadores e foram localizadas sem famílias e temos também a demolição de construções Ilegais na praia da foseta na altura por pelo Ministério do ambiente pela Pólis
Em que foram demolidas 70 próximo de 80 casas Ilegais mas depois de ter acontecido a tal tempestade ou seja aqui estamos a falar dos Tais mecanismos como se falava há pouco dos incêndios dos mecanismos catalisadores essa Será uma das medidas outra medida será acomodação ou seja nas áreas que são protegidas por
Obras de engenharia Costeira podemos ter que acomodar e levar a Sua cota o topo desta estruturas para ficarmos no fundo um pouco mais protegidos dos fenómenos de galgamento e inundação e na proteção temos essencialmente Duas Medidas a alimentação de praias ou seja atuar ao nível das causas como eu referi que é
Uma estratégia que nós já tem vindo a ser consagrada em Portugal desde os anos 50 nós já fizemos mais de 200 intervenções destas muitas até produzidas feitas pelos portos que utilizam os seus vestimentos dragados de boa qualidade e os repõem no litoral O que é um excelente exemplo e continuar
Esta política e a alimentação tem uma vantagem e pegando também naquilo que o Pedro disse há pouco vai nos permitir ganhar aqui algum tempo vai nos permitir dar um tempo para nos adaptarmos e implementarmos outras medidas mais complexas vai nos permitir acima de tudo repor parcialmente o déficit sedimentar
E nós temos bons exemplos já em Portugal temos alguns troços costeiros em que temos evidências científicas e pegando também naquilo que o Pedro disse na monitorização na monitorização costeira que fazemos em que conseguimos atenuar significativamente a erosão o troço por exemplo entre entre entre a barra de
Aveiro e o Praia de Mira Norte Costa nova tinha taxas de erosão Brut trás da em dos 4 5 m desde 2010 e mesmo antes foram colocados próximo de 8 milhões de metr cúbicos de cimentos nesse sistema e nós conseguimos reduzir a erosão em 50% portanto temos que continuar efetivamente essa política temos
Sedimentos até ao fim do século garantidamente para continuar Este trabalho agora temos que continuar a investir no conhecimento na monitorização e bons exemplos como este debate disseminar também esta informação e este conhecimento porque eh quanto melhor da melhor forma que nós passarmos esta informação à comunidade em geral e
À sociedade vai permitir também que ela esteja mais capacitada e que entenda melhor efetivamente que se trata de um problema grave que temos impactos nos mais diversos setores como aqui foi referido e a faixa Costeira Não foge não foge a esse exemplo fundo todos temos de ser um bocadinho até mais responsáveis e
Exigentes exatamente ISO mesmo chegamos ao fim infelizmente do nosso debate foi muito rápido eh é um tema sempre complexo mas foi um gosto ouva posso só acrescentar só 20 segundos eu queria acrescentar aqui uma questão relativamente ao que o cel nós precisamos de ter transparência nestes custos nós precisamos de dizer às
Pessoas que uma manter uma praia custa tanto e quais é que são as quais é que são os benefícios para a sociedade com Total transparência as pessoas perceberem quando enfrentamos estes problemas lhes damos custos e que fazemos opções que têm a ver com os interesses das pessoas o bem comum isto
É uma agenda do bem comum ex o bemestar das pessoas Exatamente é é bem comum é muito obrigada aos quatro foi um gosto até uma próxima oportunidade fechamos esta emissão especial já a seguir fico com Ana Patrícia Carvalho e a edição da noite a nossa parte é tudo boa noite até [Música] manhã
[Música] a