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a minha
geração este país também é para novos e
é por isso que recebemos em estúdio uma
jovem jornalista que sempre quis ser
jornalista neste momento está ao serviço
da agência reuters em Portugal nasceu em
Lisboa mas mudou-se para São Brás de
alportel quando acabou a quarta classe
porque o pai arranjou emprego no Algarve
no início chorava mas hoje agradece a
oportunidade que teve de sair da bolha
lisboeta rumo a uma pequena Vila entre o
mar e a serra depois do 11º ano foi
viver para o Texas nos Estados Unidos
num intercâmbio da afs em que uma
família acolhe voluntariamente um jovem
estrangeiro durante um ano seguiu o
caminho para Londres para estudar
jornalismo na Kingston University por lá
envolveu-se em tudo o que podia desde o
jornal da Universidade até à associação
de estudantes Nessa altura fez também um
semestre na Austrália numa espécie de
Erasmos o primeiro emprego foi em
Londres como coordenadora de comunicação
da London School of economics depois
desiludida com o jornalismo trabalhou
com com várias ONGs foi depois do
mestrado em conflito global e processos
de paz na Escócia que fez as pazes com o
jornalismo chegando a trabalhar num
jornal escocês e voltando a sentir a
adrenalina de correr atrás de uma
notícia de última hora e de ouvir
pessoas diferentes todos os dias de
questionar de querer saber mais talvez
tenha sido essa a vontade que a levou a
produzir o documentário debaixo do
tapete que conta a história da sua
família os Matoso de Andrade e Câmara
grandes Comerciantes de pessoas
escravizadas em Angola Catarina demony
muito bem-vinda obrigada pelo convite e
antes de mais Catarina muitos parabéns
por esta tua coragem de ir des Gravatar
o teu o passado a história dos teus
antepassados tu queses a saber de tudo
aquilo que contas neste debaixo do
tapete olha obrigada mais uma vez é um
gosto para mim estar aqui gosto muito do
teu programa Obrigada olha não eu só
descubro esta história esta parte da
história da minha família com cerca de
18 anos
e sempre foi um assunto
Tabu em casa não se falava sobre o
assunto à mesa do almoço não era tema de
conversa ponto Chegou a um ponto em que
eu comecei a duvidar e a questionar um
pouco sobre o passado da minha família
isto porque sabia que era uma família
dinheir em Angola mas a minha família
não tem as pessoas não tinham grandes
profissões portanto não estamos a falar
de pessoas que trabalhavam na banca
portanto sempre questionei de onde é que
vinha este dinheiro portanto como é que
a minha família poderia ser uma família
endinheirada que vivia bem eh sem ter
essas grandes profissões portanto já
tinha questionado na minha cabeça já
tinha questionado se seria uma
possibilidade e depois aos 18 anos a
minha avó materna a minha avó Lurdes
contou-me esta história mas é avó que
entrevistas no documentário é a avó que
entrevista no documentário no
documentário entrevista a minha avó
Lourdes e a minha bisavó chanina que já
tem 100 anos e entrevistas duas e foi a
minha avó que me contou desta história
mas ela própria a minha avó Lourdes não
tinha a noção da dimensão ou quão envolv
vida a minha família estava os meus ano
passados estiveram no tráfico
Transatlântico portanto isto vem toda
esta informação que eu fui buscar para o
documentário muita muita dela também foi
uma surpresa para a minha própria
família portanto foi uma jornada que
fizemos em conjunto mas há o Primeiro
Momento de de descobrir que tens uma
família com passado esclavagiste e o
momento em que percebes que podes e
tornar isto em matéria de debate
exatamente eu acho que qu quando é que
aconteceram esses dois momentos são
exatamente são momentos distintos porque
eu aos 18 anos quando me apercebo desta
história e começo a investigar b e
quando eu digo investigar foi
literalmente ir ao Google e pôr o nome
da família e começaram a Começou a cair
informação mas eu nessa altura não tinha
realmente esta noção do impacto que esse
passado ainda tinha nos dias de hoje não
é
eh e não tendo esta noção eu não sabia
bem o que que haveria de fazer com com
esta informação portanto foi só com o
tempo eu acho que a minha experiência na
universidade as pessoas com que eu
conheci os amigos fiz Os questionamentos
que também fui fazendo eh foi só a
partir daí na universidade que eu decido
se calhar poderia fazer algo com esta
informação não só olhando para a
história da minha família mas também
olhando para as consequências desse
legado nos dias de hoje e o que é que tu
procuras Qual era o objetivo principal
tentar explicar a a ligação entre o
passado esclavista e colonial e em
Portugal com o racismo estrutural que
vivemos em sociedade Sim sim eu acho que
esse é o objetivo principal do do
documentário e do trabalho que nós temos
vindo a fazer não era suficiente
simplesmente contar que a minha família
esteve envolvida no tráfico
Transatlântico de pessoas escravizadas
teve a minha tiveram várias outras
famílias em Portugal algumas que já
falaram a maioria que nunca falou mas
acho que olhar para este passado sem
olhar para as consequências nos dias de
hoje Portanto como disseste o racismo
estrutural nas instituições eh nos
acessos ao ao ao trabalho nos acessos à
saúde no acess essa à educação portanto
mostrar que este legado em que a minha
família esteve envolvido a construir
envolvida a construir ainda tem um
impacto hoje acho que só fazia sentido
assim até para a pessoa que vê o
documentário olhar para aquilo e
perceber Ok isto faz sentido estos a
contar esta história neste momento
porque ainda tem um peso nos dias de
hoje e falaste de impacto eu pergunto a
ti Catarina O que é que te mais impactou
nas descobertas que foste fazendo para
produzir este documentário Olha é uma
lista muito longa de coisas que foram
chocando do que eu vim a descobrir exato
do que eu vim a descobrir Hum mas talvez
das coisas que mais me chocaram e
mexeram comigo foi quando eu descobri
que o atual Museu da escravatura de
Angola eh que fica em Luanda era uma
propriedade que pertenceu aos meus anop
passados e os meus anp passados tinham
este Edifício que hoje é museu que
funcionava como uma uma capela o que
acontecia é que as pessoas escravizadas
vindas do interior de Angola vinham nas
chamadas caravanas que basicamente são
filas de pessoas escravizadas
Acorrentadas que depois iam a a esta
capela iam ser batizadas à força para
depois serem enviadas eh
maioritariamente para o Brasil e nessa
nesse edifício
h tá o nome do meu ano passado e também
diz o porquê dele ter querido pôr a o
brasão de armas da família neste
Edifício que hoje é o Museu Nacional da
escravatura de Angola portanto quem for
lá ainda consegue ver este Brasão e ele
diz que é para um dia os seus
descendentes olharem para o passado da
família e sentirem orgulho naquilo que
foi feito não é e para mim Isso foi um
momento em que eu tive que que me sentar
parar e pensar porque acho que pelo
momento por um lado é triste não é
porque aquele legado o negócio
escravocrata na altura era visto como
alg que eu hoje me deveria sentir
orgulhosa essa erá a esperança deste meu
ano passado mas por outro é a realização
que E isto é a parte positiva que somos
de uma geração diferente e que olhamos
para o passado de outra forma tu mas tu
sentes alguma obrigação de a minha
família fez isto então eu tenho eu devo
fazer isto eu já me questionei muito
sobre isso se é uma obrigação ou se é um
dever obrigação moral um dever é eu
sinto que é eu sinto que é para mim
pessoalmente sinto que é um dever Eu
sinto que agora que sei que aprendi que
li que conversei com várias pessoas de
vários movimentos eh com vários
backgrounds sociais eu hoje olho para
isto como um dever não é se tendo acesso
a esta informação e sabendo o impacto
que tem hoje acho que a minha obrigação
era falar dizer qualquer coisas mas nós
não vemos aí aos pontapés famílias com
passado de esclavista que existem muitos
não é a fazer o que Tu fizeste Por isso
acho que é preciso uma grande dose de de
coragem Obrigada ah com o bichinho
jornalística à mistura sempre sempre
aliás eu tu viste ali uma boa história
que é a tua história a história da tua
vida e que faz parte da tua identidade
Claro e aliás e como jornalista para mim
foi quase impossível não ir à procura de
mais e mais e mais informação não é e
como jornalista sabendo que teria
as capacidades a plataforma as
habilitações para produzir um conteúdo
que pudesse sensibilizar as pessoas
sobre este tema mas que também fosse e
interessante para as pessoas
e tu passaste por
entraves colocados pela tua própria
família para produção deste documentário
Olha eu diria que há duas partes da
minha família e há uma parte da minha
família com a minha avó que me contou a
história que quis sempre saber mais e
que me apoiou imenso neste neste
percurso e que nunca me colocou qualquer
entrave depois tivemos uma parte da
minha família que eu queria muito
entrevistar e que não quiseram ser
entrevistados porque não quiseram dar a
cara e eu tenho que respeitar isso não é
portanto é é algo muito público e não se
quiseram não quiseram fazer parte do
documentário dessa forma mas apoiaram e
depois temos uma parte da família que
representa um pouco do que é a sociedade
portuguesa na sua generalidade que é uma
parte da família que considera que este
passado pertence ao passado e que não vê
em qualquer sentido em falar sobre esse
passado hoje Portanto também t e tu
perguntas à tua avó se ela sabia o que é
que os pais faziam Como assim se ela
sabia tu perguntaste no comentário à tua
avó se ela sabia o que é que os pais
dela fazam sim os antepassados dela
perguntei perguntei e ela a minha avó
sabia que eh tinha tido antepassados
envolvid no tráfico Transatlântico até
porque este Museu da escravatura que
falei ela lembra-se deem tempos ir
visitá-lo quando ainda não era museu de
ir visitá-lo e na altura que ela foi
visitá-lo já não pertencia à família não
é eh mas eh que lhe disseram quando ela
era mais nova isto um dia isto uns
tempos pernos não é portanto ela sabia
deste passado mas não sabia que a linha
da nossa família desde que chegou à
Angola no início do século XVI foram
pessoas atrás de pessoas atrás de
pessoas tiveram envolvidas no tráfico
Transatlântico Porque nós não estamos a
falar de um homem que esteve envolvido
estamos a falar de uma linhagem de de
mariar de homens que estiveram
envolvidos e que fizeram disso um
negócio da família e que a partir desse
negócio construíram um um império não é
nenhum Império mas sim quer dizer tinham
várias propriedades tinham várias joias
portanto mas é curioso ela não saber a
dimensão deste envolvimento porque
mostra-me que também na época dela
também era Tabu portanto Sim e tu
falavas de disseste uma coisa muito
interessante que talvez os teus
antepassados acreditassem que tu ias
olhar com orgulho para para esta
história muito por causa da mente
mentalidade da da época Tu vês restos
dessa mentalidade nos nossos dias vej
vej e São só restos ou são mais do que
que isso eu eu acho que há uma coisa no
meu documentário que eu entrevistei uma
mamá do Bá para o documentário e ele diz
algo que me ficou na cabeça que é a
sociedade portuguesa está alicerçada ao
seu Imaginário colonial e este
Imaginário Colonial é um Imaginário que
olha para esse passado ainda hoje com
orgulho e eu acho que isso se vê não só
no espaço físico das cidades portuguesas
não é eh daquilo que se celebra em
Portugal e como se celebra e Até à
própria forma como se fala dos ditos
descobrimentos ainda é com muito orgulho
como se fosse a parte a parte mais
importante da história de Portugal o que
não há problema de nós falarmos dos
descobrimentos Mas temos que olhar para
o outro lado também além de mam do bato
entrevistas também a irmã do Bruno Candé
exatamente a Algar abjo e como é que ela
entra neste fil condutor deste
documentário Olha eu entrevistei a g
Araújo para a segunda parte do
documentário que olha para o legado as
consequências do passado eh e Colonial
nos dias de hoje e ela entra no
documentário porque número um o Bruno
Candé é vítima de um ataque racista
racista Sem dúvida sim H em Lisboa
e a pessoa o homem que mata Bruno Candé
é um antigo Combatente da Guerra
colonial e nos momentos Nos dias
antes daquilo que aconteceu e da Morte
Bruno Candé este homem diz a Bruno Candé
coisas do género volta para a
censal volta para a tua terra chama
vários nomes insultos racistas e Isto
mostra que este passado Colonial está
presente ainda em várias pessoas e algo
também que é questionado no documentário
que é o nome do do do do homem que matou
Bruno Candé Evaristo Marinho e no
documentário é questionado mesmo isso é
quantos evarist marinhos é que existem
na nossa sociedade quantos evarist
marinhos é que existem nos cafés nos
autocarros nos restaurantes nas nossas
escolas nos nossos bancos nas nossas
lienas quantos não é eu acho que nós
Devíamos fazer essa
pergunta porque o Bruno Candé
Infelizmente foi não foi um caso isolado
portanto é um exemplo de violência
racista em Portugal e Infelizmente há
muitos mais e se nós não enfrentamos o
passado de uma forma construtiva factual
se não pusermos realmente este passado
em cima da mesa infelizmente e se o
governo também não implementar medidas
que está a ser feito esse esse diálogo
esse sarar de feridas eu acho que há uma
tentativa de início de começar a sarar
feridas mas estamos muito no nível um
não é se nós olharmos para por exemplo o
que são Reparações históricas hum as
Reparações históricas normalmente
começam com pedid desculpa pelos erros
do passado pelo aquilo que aconteceu em
Portugal nós já tivemos e o Presidente
da República a dizer que e deveríamos
pedir desculpa pelo pelo pela
escravatura deveríamos port não as
Reparações históricas T também envolvem
um valor monetário sim é assim as
Preparações históricas são eh algo muito
complexo e vai vai muito para além do
Dinheiro aliás há quem argumente que as
medidas de política políticas públicas
são quase mais importantes que o
dinheiro não é primeiro tem que começar
com assumir do passado depois é preciso
Claro financiamento Porque precisamos de
programas que ajudem a reparar essas
feridas portanto onde há falta de
diversidade nós temos que arranjar
programas que que Tragam essa
representatividade para dentro das
empresas para dentro das das escolas
precisamos de programas de educação
precisamos programas mais acesso à saúde
precisamos de mudar por exemplo partes
do currículo escolar não é tudo isso são
medidas que são essenciais para
conseguir reparar o passado e há países
ol olharmos por exemplo para as Caraíbas
que já têm um plano eh que envolve
muitas medidas económicas por exemplo
cancelamento de dívida é uma das medidas
que ou poderá ser uma das Med as
Reparações históricas na na nas Caraíbas
Mas o importante era que se nós se nós
se Portugal quisesse liderar este debate
que eu acho que seria uma coisa
importantíssima se nós conseguíssemos
liderar este debate e estar à frente
deste debate porque o que
inevitavelmente vai acontecer é que nós
vamos ter que falar de Reparações
históricas em Portugal mas o que nós não
Devíamos fazer é é um um copy pce o que
está a ser feito nos outros países nós
temos que adaptar o que são as
Reparações históricas à realidade
Nacional também e quando falamos de
sarar feridas quem é que teria essa
responsabilidade de um ponto de vista
principal a escola o governo a cplp Hum
quem é que devia estar a Patrocinar este
este debate urgente Pois eu acho que tem
que partir dos nossos líderes políticos
inicialmente porque têm o poder de
implementar leis fazer propostas de leis
ten tenho também passar pelos nossos
deputados que levem estes assuntos para
a assembleia da República mas creio que
tem que ser um trabalho que não pode ser
feito portanto na minha visão não é e é
uma visão de uma pessoa que também só
começa a olhar para estes assuntos não
assim há muito tempo não é portanto eu
não tenho uma visão académica e Há
muitas pessoas em Portugal a fazer um
trabalho muito interessante sobre
Reparações históricas é que o trabalho
de um governo de um partido político não
pode ser feito paralelamente aos
movimentos antirracistas não é portanto
estes dois estes Dois Mundos têm que
trabalhar em conjunto portanto tem que
svir não é e o movimento antirracista
precisa de pertencer a qualquer trabalho
que seja feito com perspectiva de
implementar medidas de reparação
histórica não o governo não pode fazer
ISO sozinho Sim nós já voltamos a Angola
mas olhando aqui para para este choque
de mundos nós a comunidade que mais
existe neste momento em Portugal são a
comunidade brasileira sim eh E parece
que está a crescer a xenofobia entre os
dois povos que é muito triste porque S
somos povos irmãos paros a mesma língua
hum achas
que que Devíamos começar a criar espaços
de de debate nesse sentido e e devia ser
nos devia ser nos mídia devia ser nas
escolas deviam ser os eh manuais
escolares sim sim Acho que sim
precisamos de debate eu acho porque o
diálogo eu acho que é a parte é o
essencial para que este tipo de
conversas andem para a frente e que não
seja debates feitos em bolhas eh muitas
vezes eu sinto e não é só em Portugal
nãoé Mas eu sinto que vou a um evento e
e se é sobre um tema de não sei
igualdade de género e ou sobre igualdade
ou inclusão de pessoas com deficiência o
que for muitas vezes estamos a falar
sempre para a mesma bolha e não é um
debate tá a ser feito pela sociedade em
geral mas olhando especificamente para a
comunidade brasileira que tem vindo a
crescer eu acho mesmo que a comunidade
brasileira pode trazer e tá já a trazer
pá coisas muito positiva à nossa
sociedade nós temos jornalistas
brasileiros correspondentes brasileiros
que estão a trabalhar em Portugal que
tão a trazer estes temas que no Brasil
temas de reparação histórica e
desigualdade racial Portanto o Brasil já
tá muito mais à frente neste tipo de
conversas do que Portugal está e estes
jornalistas h eu falo dos Jornalistas
porque são
normalmente mais conv exato mas estes
jornalistas estão a trazer este debate
para Portugal e a questionar e eu acho
isso importantíssimo e podem ter um
impacto muito positivo estas questões do
Diálogo intercultural já existiam em ti
antes deste documentário já já existiam
imos de documentário eu acho
que durante a minha vida em Portugal
antes de de ir para os Estados Unidos
eu sim tive sorte de ter pais que que
falavam comigo e que me levavam a viajar
O que foi positivo e na na forma como eu
cresci na forma como eu vi
o mundo mas muitos dos temas sociais eu
diria que era um pouco ignorante não é e
digo isto abertamente eu acho que havia
tinha um nível de ignorância porque
também não estava muito exposta não é
não estava muito exposta a este tipo de
conversas e eu acho que é quando eu vou
para para Londres fazer a universidade e
eu acabo por fazer uma universidade não
não era uma universidade de Elite era
uma universidade na periferia de Londres
portanto pessoas de todo o lado de
vários backgrounds vários bairros de
Londres que acabaram por ir para aquela
universidade e é aí pela primeira vez
que eu sou exposta a esses temas nem
sequer foi muito é que nem sequer veio
inicialmente muito da leitura ou de ver
documentários veio simplesmente do tipo
de pessoas que estavam à minha volta aí
eu lembro perfeitamente que
h no só no sítio onde eu vivia no meu
apartamento vivia eu de Portugal a
Katherine
desex no ao pé de Londres e depois tinha
um rapaz da nig
e uma rapariga do Japão portanto nesse
apartamento onde eu vivia e isso
tornou-se a minha realidade no Reino
Unido e abriu-me para vários assuntos
que antes não estavam no meu radar e e
reconhecem Portugal um país
multicultural se eu reconheço Portugal
como país multicultural h eu acho que à
primeira vista Portugal parece um país
multicultural e é um país multicultural
mas a minha questão é que tipo de
multiculturalidade no sentido de é uma
multicult culturalidade que está
integrada ou é uma
multiculturalidade que continua aliás
voltando ao tema da da escravatura e dos
e dos legados do colonialismo uma
multiculturalidade que continua também
ela vítima de discriminação e segregação
eu tenho vários amigos que vieram dos
Estados Unidos americanos eh negros que
vieram viver para cá jornalistas
académicos vieram para Portugal muitos
deles a fugir do que era
H violência policial nos Estados Unidos
e venam para Portugal pensando que venam
para um país mais seguro mais aberto e à
primeira vista o que muitos desses meus
amigos me dizem é que realmente Portugal
Parecia um país mais multicultural
porque nas ruas da cidade e vê-se
pessoas de várias cores vários feitios
de vários locais mas depois a questão é
a integração não é e a integração e aí é
é onde eu acho que Portugal falha mais
não é porque a multiculturalidade está
cá eu acho que se nós realmente
tivéssemos políticas públicas para
integrar pá até economicamente nós
cresciam imenso portanto era uma calham
mais as instituições ou as pessoas no
seu dia a dia a não saber integrar o
outro o outro pois eu acho que há uma
mistura acho que há uma mistura acho que
há um um racismo estrutural dentro
instituições que muitas vezes não
permitem a Estas pessoas mesmo quando
querem a entrar nelas a fazerem parte
destes mundos destas sociedades e destas
instituições destes grupos eh portanto
aí eu acho que as pessoas encontram
Barreiras mas depois também acho que tem
muito a ver com com mentalidade eu não
quero aqui generalizar não é acho que
não devemos analisar mas acho que no
geral Eu por exemplo sei com o que é que
é ir a um café em Portugal e o tipo de
piadas que oo por exemplo não é em
relação a outros grupos nós sabemos que
a nossa linguagem muitas vezes é
discriminatória e continua a ser um
pouco banal não só contra pessoas negras
mas também eh contra a comunidade cigana
não é nós sabemos que isso está muito
presente em Portugal e sendo uma mulher
branca falar sobre racismo isto pesa de
alguma forma ouves muito este discurso
de de não teres lugar de fala ou sentes
que quer ovida e respeitada é uma boa é
uma boa questão porque número um eu acho
que e eh as pessoas brancas não é têm
uma obrigação de também fazer parte
Claro que sim deste debate eh e
contribuírem para este debate mas ao
mesmo tempo saber que há um limite e o
meu limite é que eu posso podem me
contar as vivências as pessoas podem me
contar as suas vivências mas a realidade
é que eu nunca experienciei isso na pele
portanto eu nunca eu posso falar sobre
racismo a partir do que as outras
pessoas me contam mas eu nunca vou
sentir o que é racismo e na minha
opinião e tendo acesso a a plataformas e
sendo jornalista
eh temos uma obrigação de usar estas
plataformas para falar Nunca esquecendo
que sempre que podemos devemos dar
plataforma às pessoas que vivenciam isto
na pele todos todos os dias não é
portanto nunca esquecendo isso que
também é o nosso papel não só falar
sobre estes assuntos não só em programas
incríveis como o teu mas também à mesa
de jantar com a nossa família com os
nossos amigos eh questionar ter
conversas desconfortáveis mas nunca
esquecendo que sempre que pudermos nós
temos que dar plataforma às pessoas que
vivem eh discriminação racial no dia a
dia e o discurso muda muito quando
estamos em Portugal ou em Angola quando
a matéria é racismo e Reparações
históricas muda um bocadinho eu quando
estive em Angola a apresentar o
documentário fui muito bem recebida
gostei muito da experiência de ir à
Angola apresentar o documentário
H mas o tema o tema das Reparações
históricas em Angola para já tá como em
Portugal não é um tema discutido e com
com com muita frequência não é mas o o
legado Colonial em Angola é um bocadinho
diferente Portanto o legado Colonial
sente-se em Angola Não há dúvida nenhuma
mas são em outro tipo de aspectos por
exemplo em Angola quando eu estava a
apresentar o documentário algo que as
pessoas falaram durante o debate foi o
colorismo não é que é uma pessoa negra é
tratada de forma diferente se a
tonalidade da pele dela for mais escura
ou mais clara não é E isso acontece
muito muito em Angola a língua a
linguagem as expressões que se usam às
vezes em Angola tem um legado Colonial
gigantesco há uma expressão em Angola
que o meu amigo Israel Campos me ensinou
aqui neste programa também já T aqui
neste programa portanto se virem este
programa voltem atrás para ver do Israel
tamb do meos preferidos e que ele que
ele explicou-me que há uma expressão em
Angola que é bom ventre e bom ventre em
Angola significa um ventre que pariu um
bebé mais claro ok portanto tudo isto é
um lugado Colonial muito muito grande e
que Angola ainda está a a ultrapassar e
onde as os traumas desse legado Colonial
ainda estão muito à Flor da Pele eu acho
que eventualmente eu acho que é muito
difícil lidar com com o passado quando
os os traumas estão tão à Flor da Pele
eu acho que eventualmente hh Angola vai
estar preparado para ter esta conversa e
vai ser muito interessante porque o que
está a acontecer por exemplo nas
Caraíbas foram os países que foram
colonizados que agora estão a ir ao
Reino Unido e dizer oi vocês têm que
fazer alguma coisa não é vocês têm que
fazer alguma coisa vocês colonizaram
noos eh vocês usaram o nosso território
para escravizar e para fazerem dinheiro
e nós agora queremos Reparações e E no
momento em que Angola ou Moçambique ou
Cabo Verde disser nós temos que falar
com Portugal né E temos que pedir isto a
Portugal mas só que isso ainda não
aconteceu olha e como é que foi para ti
esta visita a Angola em que mostras o
teu documentário como é que foi viver
tudo aquilo e depois de teres esta
consciência daquela que é que foi a
história da tua família que é a história
foi e foi uma viagem para mim pesada
porque não só fui apresentar o
documentário como a minha mãe veio
comigo para a apresentação do
documentário e foi a primeira vez que a
minha mãe voltou à Angola desde o 25 de
Abril H portanto foi uma viagem muito
muito pesada e acho que se tornou ainda
mais pesada porque tendo consciência do
que é este legado colonial e as
consequências do da escravatura e do
colonialismo nos dias de hoje também em
em Angola tudo aquilo que eu vejo à
minha volta a segregação social a a
divisão Urbana de onde as pessoas vivem
onde as elites vivem onde as pessoas
pobres vivem eu sei agora a partir da
minha das minhas pesquisas das minhas da
investigação e das conversas que tenho
tido eh que isso é fruto eh de um
passado Colonial portanto ver a pobreza
é uma coisa mas ver a pobreza que foi
causada pelo teu país de alguma forma é
outra e acho que torna complicada este
tipo de viagens mas que não deixa de ser
super necessária tu também tens estado
envolvida num programa aqui da RTP não é
mundo sem muros Exatamente exatamente e
havia uma jornalista brasileira
entretanto saiu e agora és a única
jornalista mulher agora sou a única
mulher a representar as mulheres têm
mais dificuldade em conquistar o palco o
protagonismo é eu também
Red Olha eu acho eu acho que sim que não
há dúvida nenhuma que eh como como
mulheres no jornalismo eu acho que nós
temos sempre que batalhar um bocadinho
mais para sermos levadas a sério hh acho
que não há dúvida nenhuma disso acho que
as mulheres já deram 100 provas eh que
são tão boas ou melhores do que os
homens eh no jornalismo a mas sinto que
é constante é uma é uma batalha é uma
batalha constante H neste programa que
eu faço que é o mundo sem muros na RTP
sou o única mulher agora hh tínhamos
tivemos outras mulheres que infelizmente
tiveram que sair do do programa mas acho
que é sempre importante em qualquer
programa ter um equilíbrio e entre o
número de mulheres o número de homens o
número de pessoas brancas o número de
pessoas racializadas Acho que isso é
muito importante porque traz para mim é
uma traz uma olada da ar fresca a
qualquer programa e traz elementos
diferentes e eu acho que é muito
importante para jovens jornalistas e
olharem para um programa de televisão ou
um programa de rádio e verem mulheres e
verem mulheres a falar sobre os assuntos
mais diversos neste programa na RTP nós
falamos de assuntos internacionais
portanto é um programa do comentário
sobre as notícias da semana guerra
conflitos aquecimento global a o que for
eu acho que é importante para outras
mulheres verem essa representação olha e
como é que vai o jornalismo Catarina já
passaste por uma fase de desilusão e
agora a desilusão está bem afastada ou
de vez em quando não eu acho que às
vezes também volta à desilusão de vez em
quando a desilusão que o jornalismo
volta acho que é acho que é inevitável
isso acontecer e mas não mas eh estou
muito feliz no no naquilo que faço e no
trabalho que faço eh e no sítio onde
trabalho
acho que há sempre espaço para Se
melhorar a indústria torná-la por
exemplo mais representativa da sociedade
em que vivemos eu acho que é a peça
fundamental para para termos um
jornalismo melhor e um jornalismo para
todos não é ter redações que representam
mais eu acho que isso para mim é é é a
maior indignação que eu tenho com o
Jornalismo e quando eu falo do
jornalismo falo em Portugal como falo n
outros países às vezes temos esta mania
que falamos sempre Portugal que é é
sempre tudo muito mal aqui e e nos
outros países é muito muito mel é ideal
para nos explicar porque tens uma
mundividência já andaste por vários
países não é e e nesta tua estás a
trabalhar na reuters há quatro ou 5 anos
já C anos o que é que para a reuters tem
interesse em Portugal como é que o mundo
lá fora vê Portugal e que interesse tem
para o resto do mundo sim a reuters eu
não tinha esta noção quando quando vim
para a ritas para Portugal há 5 anos
como correspondente a ritas já tem uma
história em Portugal longuíssima Eu não
fazia a mínima ideia só para teres uma
ideia o jornalista mais antigo da ritra
sempre era português e morreu em 2021
infelizmente eh e era o Carlos Alberto
que começou a trabalhar para roidas com
12 anos a distribuir jornais e depois
tornou-se jornalista e ele como
jornalista da roit já nesse tempo 1950
quando ele entrou teve um papel
fundamental porque foi numa altura em
que o regime que o estado novo eh não
censurava as informações das agências
internacionais Portanto ele conseguia
passar a informação do que se passava em
Portugal para o mundo mesmo informação
que era proibida cá pronto e digo isto
para só dizer que a história de rotas em
Portugal já tem algum peso e e eu não
tinha esta ideia mas é realmente um
legado já histórico da da da agência e
em Portugal em relação a assuntos que
interessam lá fora no início eu caí
imenso no erro de achar que os únicos
assim achava P isto também eram os meus
próprios estereótipos também tipo me
desconstruir não é lá fora só querem
saber de Portugal quando falamos de
futebol e só querem saber os três FS não
é que é o futebol Fátima e fada era o
que eu achava h e depois também tinha
aqueles editores que sempre que eu
escrevia uma história de Portugal
inflação ou economia ou a covid e tinha
aqui ir tipo filmar passis nata mas isto
não é brincar Isto é realmente acontece
acontece mas dito isto H há muito
interesse internacional em Portugal
depende claramente daquilo que está a
acontecer em em relação à economia
social político mas há há espaço para
várias investigações sobre por exemplo
meio ambiente o assunto climático h a
habitação há um assunto imenso
internacional sobre a habitação em
Portugal que eu até acho que vai tarde
demais que já deveria nós já Deveríamos
ter pegado nessa história há muito muito
temp é andamos A exatamente andamos
mesmo porque E isto é o que eu gosto
também do do fazer jornalismo
internacional sobre o meu país muitas
vezes não quer dizer que são todos os
lidas não é Mas há alguns que se sentem
pressionados quando as quando Portugal
chega às notícias lá fora pelas piores
razões isso é bom e isso traz-nos aqui
um papel como jornalistas que trabalham
para para o mundo lá fora dispor dispor
lá para fora para não estar só cá dentro
não é e para quando um líder chegar a
Bruxelas e for falar com outro
primeiro-ministro ele dizer Olha que
Lina R que isto da habitação em Portugal
tá Mita mal não é e isso é bom até para
eles serem questionados por outros
líderes portanto eu aí acho que bem mas
tem saído na empresa internacional e
continuamos a não sair muito seror
infelizmente Catarina em relação ao teu
intercâmbio no Texas foi o Texas Cowboys
e
redne meu Deus era o que eu achava Sim
era o que eu achava que ia acontecer faz
parte do nosso Imaginário exatamente e
eu não sabia nada sobre o Texas
e quando me ligaram a dizer que eu tinha
uma fui colocada er uma família de
acolhimento e disseram que era o Texas
Eu juro que fiquei não vocês podem estão
a gozar comigo porque eu eu estava já a
imaginar-me tipo em Nova York ou na
Califórnia não é não era no Texas Mas
acabou por ser o Texas h e fui e tive
uma experiência incrível Tive uma
experiência que eu acho que modou um
bocadinho a minha vida e o meu percurso
que veio depois disso e sem saber na
altura sem eu saber
eh existiram coisas que que eu vi que
experienciei no Texas e que realmente
fizeram fizeram questionar sobre vários
temas não é o racismo sendo um deles não
há dúvida nenhuma Apesar de eu nessa
altura se calhar não percebia bem aquilo
que estava que estava a a ver mas também
o que é ser americano porque o Texas é o
coração dos Estados Unidos no sentido de
tudo o que é do mais conservador não é
do mais
H
religioso do mais
eh à direita das direitas da política
está neste estado h e eu não tinha noção
disso até ir experienciar isto e tu
viste uma sociedade extremamente
desigual vi vi uma sociedade
extremamente desigual eu lembro-me de eu
acho que eu só só só me apercebi disso
depois eu acho que só me apercebi disso
depois em retrospectiva porque né Tu vês
na própria cidade onde eu vivia onde é
que viviam as pessoas brancas e os
mexicanos por exemplo não é onde é que
viviam as famílias de Elite e onde é que
viviam as famílias mais pobres os
próprios cliques Que nós às vezes Vemos
nos filmes que era as imagens que eu
tinha dos Estados Unidos quando era mais
nova das cheer leaders e dos jogadores
de futebol que almoçam juntos e grandes
festas os cliques entre aspas que eu vi
foi foi foram divisões de grupos sociais
destinos não é portanto na escola na
escola era isso que eu via
h e e portanto isso também para mim em
retrospectiva mudou muito a imagem que
eu tinha dos Estados Unidos uma
sociedade aberta de Sonhos Não é os
Estados Unidos que vão ter eleições em
2024 com biden a
tentar seguir para para um próximo
mandato Talvez um trump a voltar como é
que ficar que é que se sabe sobre estas
eleições Catarina O que é que já se sabe
Estou A Ficar com calor Pois eu acho que
e eu eu digo-te isto não necessariamente
numa numa num num olhar ou pel uma lente
e
jornalística mas Pelas conversas que eu
tenho tido com os meus amigos americanos
e com a minha família de acolhimento
Americana e o o problema neste momento
paraa as pessoas Muitas delas
republicanas é que não querem o trump de
volta mas também não querem um Joe biden
não é não querem o Joe biden porque eu
acho que é muito mais do que a questão
da idade não é acho que os meios de
comunicação gostam muito de pegar na
questão da idade mas eu acho que é um
bocadinho mais do que isso não é é uma
pessoa que já está dentro do sistema há
muito tempo e eu acho que há um cansaço
há um cansaço de olhar sempre para as
mesmas caras mas há uma falta neste
momento de uma alternativa de uma
alternativa e o que eu sinto mesmo
dentro desses grupos de republicanos e
que são republicanos mais moderados que
há um grande receio também há um grande
medo daquilo que pode acontecer e nós
estamos a ver em Portugal eu há bocado
falávamos sobre a comunidade negra dos
Estados Unidos que tem vindo para
Portugal devido a vários incidentes de
racismo nos Estados Unidos também há uma
vaga muito grande de americanos que
estão a vir só por incerteza política
porque não sabem o dia de amanhã e
querem sair do país para não terem que
lidar com o que pode ser uma realidade
política eh diferente nas próximas nas
próximas eleições Catarina Já
extrapolamos o nosso tempo e eu vou ter
de saltar imensas perguntas mas não
posso deixar de te perguntar sobre o teu
mestrado em conflito global e processos
de paz que fizeste na Escócia O que é
que este teu mestrado pode dizer ou
fazer pelo mundo à nossa volta Rússia
Ucrânia Israel Palestina Olha este foi
um mestrado
que para mim foi foi uma experiência
única e ainda bem que eu consegui fazer
porque modou um pouco a forma como eu
olho para o jornalismo foi ele que se
fez foi ele que recuperou foi ele que me
recuperou exatamente e que me trouxe de
volta para para o jornalismo mas aquilo
que este mestrado mostrou foi que os
conflitos quando não são resolvidos por
via de diálogo por via de diálogo seja
ele o que for não
é provavelmente não vão não vamos
conseguir resolvê-los a longo prazo e
que muitos
conflitos são entre aspas resolvidos
H ou os meios de comunicação gostam de
dizer que já estão resolvidos porque se
assinou uma declaração de paz e porque
já não há armas ou por que for mas a
realidade é quando dois povos que estão
em conflito não se conseguem perceber e
não há esse diálogo eu acho que há
sempre o diálogo e também a mudança de
mentalidades e a outra coisa que eu acho
importante também deste curso que foi
isto eu acho que dá para qualquer tipo
de assunto não só para conflito mas
também para outros assuntos e sociais
não é que é a
educação é está na raiz de quase todas
as nossas ações não é e da forma como
Agimos isto também implica que os países
em conflito uns com os outros eh ou as
pessoas em conflito um com as outras
porque uma é diferente da outra só com a
educação não é a mudança da educação a
mudança das mentalidades e uma criança
que cresce a pensar
H que quer respeitar todos não é jovens
crescem a pensar no respeito eh como uma
condição fundamental para ser um um ser
humano pois vão se tornar líderes que
também H levam o respeito a sério
portanto eu acho que a educação é é o
fundamental com estas guerras a
entraremos pela televisão notícias mais
sempre que abrimos um jornal A falta de
habitação salários baixos pouco ócio
pouco tempo e dinheiro para a cultura
quem mais sofre é a nossa saúde mental o
que é que a ti te dá mais saúde
existencial Catarina para fecharmos Olha
eu acho que nós vivemos neste momento
num num num período muito difícil para
qualquer jovem e não jovem H em relação
à saúde mental mas para mim aquilo que
me faz
sentir bem não é é muito mais do que a
minha profissão aliás eu diria que não é
minha profissão aquilo que me faz sentir
bem a ao fim do dia quando vou para a
cama e é saber que tenho a minha família
os meus amigos saber que posso consigo
estar presente nos momentos importantes
na vida dos meus amigos da minha família
e desse modo tentar arranjar um
equilíbrio entre o que é a loucura do do
nosso trabalho a loucura das imagens que
nós vemos na televisão
H Os horrores que nós estamos expostos
diariamente a estando presentes num
conflito ou num desastre natural ou
simplesmente porque abrimos o nosso
computador mas pensar na minha vida
pessoal nos meus amigos na minha família
estar presente
para mim é o que me dá mais estabilidade
apesar de ter crescido naquele canto
seguro na serra algarvia teve o
privilégio e a sorte de ter pais que lhe
mostraram o mundo desde muito cedo viaja
e Viajou muito em família mas não
podemos esperar encontrá-la apenas em
roteiros turísticos desde a viagem
ousada à Líbia antes da Revolução até à
noite memorável que passou com a mãe em
redes no meio da floresta amazónica
memórias que ficam e que am moldaram
quando recou a Londres depois do
mestrado na Escócia trabalhou como
repórter num jornal da família do Daily
Mirror e fez turnos no London evening
Standard fundou também o Little Portugal
em Londres Que contava as histórias dos
falantes de língua portuguesa na capital
britânica quem a conhece bem diz que é
super Justa e vai até ao fim nas Causas
em que acredita e o documentário é a
prova disso debaixo do tapete é à data o
projeto de uma vida uma experiência que
transformou indignação em ação e que
mais do que um projeto é parte da sua
identidade o futuro é incerto mas
continuar nesta vida de jornalista está
nos planos quer continuar a aprender a
conhecer diferentes pessoas e sítios a
desconstruir e a construir-se também nós
cá estaremos atentos à construção e
desconstrução da Catarina demony que nos
fez companhia na última hora naena 3 e
na rt3 Catarina obrigada obrigada prazer
passou corr m
[Música]
2 comentários
Onde posso ver o seu documentário?
Obrigada Catarina⚘️, o passado não pode nem deve ser apagado, e o presente faz-se com pessoas como a Catarina🔆