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Esta é a história do dia da Rádio
observador o 25 de Novembro também devia
ser
feriado faz sentido ou não faz sentido
comemorar Celebrar as duas datas o 25 de
Abril ou 25 de Novembro como algos
sublinha eu acho que faz inteiramente
sentido uma data fundamental
há uma data fundadora da Democracia 25
de Abril é o 25 de Abril é o 25 de Abril
que assume perante o povo
portugu de devolver a soberania devolver
a liberdade Ramalho ees foi convidado
por mar Mendes para uma conversa no
habitual espaço dominical de comentário
na Sic o general que foi fundamental no
25 de abril de
1975 defende que as duas datas devem ser
celebradas
acrescente Ram o momento fundador da
Democracia seja o 25 de abril de 74 o
CDs entretanto anuncia que vai criar uma
comissão para Celebrar os 50 anos do 25
de Novembro será o 25 de abril de
esquerda e o 25 de novembro de direita
faz sentido à apropriação das datas vou
conversar com Rui Ramos Historiador e
coautor do podcast da Rádio observador e
o resto é a história eu sou o Ricardo
Conceição e esta é a história do dia de
terça-feira 23 de
Abril bem-vindo Rui Ramos Olá Ricardo
via o público da história do dia é um
bocadinho como o da revista do Tintim
vai dos 7 aos 77 e até temos felizmente
muitos maiores de 77 mas eh se calhar
faz sentido aqui cruzarmos um bocadinho
a história do do dia e o e o resto da
história e começar por explicar
sucintamente afinal de contas o que é
que foi isto do 25 de novembro não é eh
tão complicado como isso há o 25 de
abril de 1974 é feito por oficiais das
Forças Armadas que constituem o
movimento das Forças Armadas o mfa e
esse mfa divide-se ao longo dos anos de
1974 e
1975 Entre várias fações que discordam
acerca da descolonização discordam
acerca do que se pode fazer em termos de
reformas eh do país antes da Assembleia
constituinte ser Eleita e depois
discordam também em função das simpatias
políticas dos partidos a que estão
próximos e aquilo que acontece em
1975 sobretudo a partir do do chamado 11
de Março do confronto Militar de 11 de
Março é que a as fações associad
ao partido comunista português e à
extrema esquerda predominam no governo e
no comando operacional do continente no
chamado copc tem bastante força militar
e aquilo que acontece é que aqueles que
no movimento das Forças Armadas no mfa
não estão agradados com essas opções
reagem e a 25 de novembro de
1975 conseguem através de um outro
confronto militar são sempre confrontos
militares limitados embora tivesse
havido eh mortes no 25 de Novembro eh
mas através de de um novo confronto
militar consegue anular o poder militar
que tinham as fações do msa associadas
ao PCP e à extrema esquerda portanto é
isso que acontece no 25 de novembro ou
seja entre o 25 de abril de 74 e 25 de
novembro de 75 o país vivia aquele
período de fervor revolucionário o o
prec e e é exagerado dizer que estava à
beira da guerra civil ou
não houve esse receio não aconteceu e
hoje nós quando analisamos a a história
dessa época ficamos com a ideia de que
não poderia ter acontecido porque os
vários protagonistas sabiam os limites
daquilo que podiam fazer em Portugal
Sobretudo o PCP e a Extrema esquerda mas
as guerras civis Às vezes acontecem e
quando ninguém as quer neste caso de
facto Ninguém queria uma guerra civil e
conseguiu-se chegar a entendimentos a
evitar mas eh mas o país teve a sensação
que estava à beira de um conflito grave
eh e que poderia ter acabado mal e já
agora que papel teve o general ramalhos
que ouvimos no arranque deste Episódio
da da história do dia no 25 de novembro
o o general ramalan é o Comandante
operacional daquela das forças militares
que a 25 de novembro de
1975 na região militar de Lisboa se
opõem às Forças do que estão enfim
associadas ao PCP e sobretudo à extrema
esquerda Portanto ele tem esse papel é
ele o comandante é o Comandante
operacional logo a seguir por causa
precisamente desse papel ele vai ser
nomeado chefe estado maior do exército
eh e É ele que vai suspender as
assembleias e os órgãos revolucionários
do mfa vai desmobilizar os soldados das
unidades do ccor portanto vai vai
refazer o exército vai vai devolver
alguma ordem é isso é vai acabar com o
exército revolucionário vai fazer o
exército voltar às casernas e adquirir a
erar aqui e e a ordem que enfim que são
inerentes ao exército que o exército
tinha perdido as forças armadas tinham
perdido durante o ano 1975 portanto
Digamos que o o general leanes vai ser
esse esse elemento Fundamental e daí
também depois a sua escolha como
candidato à presidência da república em
1976 a esteve depois 10 anos na na
presidência da república e é muito
interessante ouvir agora um episódio
muito recente sobre o prd do e a
história do dia em que se percebe também
bem o Rui Ramos explica muito bem o
papel que ramal anos teve nestes
primeiros anos da Democracia mas Rui
aqui chegados e há 50 anos eu vou dizer
isto que há 50 anos que vivemos
praticamente isto porque é que o 25 de
Abril é de esquerda e o 25 de Novembro é
de direita eu acho que H aí um equívoco
porque o 25 de Abril não foi feito pela
esquerda propriamente dito pela esquerda
política pela esquerda partidária não é
feito por partidos é feito pelas Forças
Armadas e por oficiais que penso que na
maioria dos casos segundo os próprios
testemunhos deles ainda não tenham não
tinham Claras opções políticas eh quando
fazem o 25 de abril de
1974 o 25 de Abril não é feito apenas
por aqueles é feito por aqueles que
obviamente saíram à rua e ou aqueles que
comandaram forças nesse dia mas é feito
também por aqueles que criaram condições
para o 25 de Abril como é o caso dos
Generais ía e Costa Gomes portanto é
feito por várias forças é um movimento
que é que corresponde às às aspirações e
à vários e vários correntes de opinião
que foi que vão desde a direita até à
esquerda portanto não há razão nenhuma
para o conotar com eh este Ou aquele
lado do espetro político quer dizer acho
que há aí uma espécie de é um erro que
se foi acumulando pelo facto de a partir
de 1900 a partir do 25 de novembro de
1975 há um setor de opinião o setor de
associado ao PCP e à extrema esquerda
que vai dizer que o que houve ali uma
traição ao um contragolpe não é clar é
que é um contragolpe e e portanto vão-se
apropriar do 25 de Abril quer dizer eh
incorretamente o 25 baril foi feito para
instaurar uma democracia pluralista em
Portugal era esse o o objetivo inicial
só depois é que aquilo se tornou numa
revolução socialista mais tarde e
portanto também faz todo o sentido
aqueles que fizeram o 25 de Novembro
quando dizem que eles repuseram os
objetivos iniciais do 25 de Abril isso
também faz sentido eram de facto aqueles
os objetivos iniciais do 25 de Abril era
criar uma democracia pluralista não era
fazer uma revolução neste naquele
sentido em termos de organização da
sociedade já voltamos à conversa com o
historiador Rui Ramos Ainda temos de
procurar resposta para aquela pergunta
se faz sentido um feriado também a 25 de
Novembro Esta é uma história de intrigas
segredos e traições é uma história de
agentes secretos e de um agente secreto
em particular
Esta é a história escondida de como
Vladimir Putin montou uma teia de poder
e guerra que começou no KGB e acabou na
Ucrânia um espião no kremlin é uma série
para ouvir em seis episódios que faz
parte dos podcast Plus do
Observador já pode ouvir todos os
episódios no site do Observador nas
plataformas de Podcast ou no YouTube os
podcast Plus do Observador tem o apoio
da onda
automóveis estamos de regresso à
conversa com o historiador Rui Ramos que
podemos ouvir todas as semanas no e o
resto é a história da Rádio observador
também podemos ler os artigos de opinião
do Rui no observador Rui Já percebemos o
porquê desta eu vou chamar-lhe
apropriação das datas por dois grandes
blocos políticos eu eu pego agora nas
palavras do General
ramalan AIC quem quer separar as duas
datas está a com a cometer um erro
histórico Uhum E os erros históricos
nunca são convenentes que no fundo diz
que estas duas datas não podem ser
separadas devem ser celebradas embora
uma seja o tal momento fundador é isso é
eu acho que o general leanes tem toda a
razão e o eh o general leanes foi um
protagonista fundamental do 25 de
Novembro mas também teve mas também
participou nos movimentos que deram
origem ao 25 de abril de
1974 portanto está associado às duas
datas tal Como por exemplo o general
Jaime Neves que é um oficial que tem um
papel muito importante no dia 25 de
abril de 1974 e volta a ter um papel
muito importante no 25 de novembro de
1975 portanto Há muitos há protagonistas
eh de um lado e deoutro portanto o 25 de
Novembro é entendido por aqueles que o
fazem e por aqueles que saem vencedores
vamos dizer assim como um Regresso a ao
25 de Abril a ao início quer dizer um
regresso ao início depois daquilo que
eles consideraram ter sido um desvio uma
entorse uma perversão eh ao longo do ano
de
1975 Isto é repor o o
a revolução eh de acordo com o objetivo
inicial que era um objetivo que tinha
aderido em massa a população o 25 de
Abril não dividiu o 25 de Abril como se
viu aliás no primeiro de maio uniu os
portugueses os portugueses estavam de
facto o primeiro de maio de 74 terá sido
uma das maiores manifestações que Lisboa
já assistiu não é sim e todo o país e é
uma manifestação por todo o país todo o
país participa há uma adesão ao
25 ao fim da DIT ditadura a
possibilidade de restaurar a a
democracia tal como acontece no dia 25
de abril de 1975 são as eleições para a
assembleia constituinte em que participa
mais de 90% dos portugueses recenciador
portanto uma participação gigantesca
mais uma vez uma grande adesão àquilo
que é as instituições verdadeiramente
democráticas representativas portanto em
relação a isso não havia divisão e
aqueles militares que fazem e o 25 de
Novembro fazem com essa ideia Isto é
vamos repor o objetivo inicial do 25 de
abril de 1964 que tinha sido um objetivo
que tinha aderido a sociedade portuguesa
maciçamente Consertei com o senhor
primeiro-ministro de Portugal Luís
Montenegro que no âmbito da defesa e do
governo criaremos uma comissão para umas
comemorações de vidas nacionais dos 50
anos do 25 de Novembro se neste mesmo
domingo
em que o presidente Rames falou na no
Nelo do púpito do congresso do CDs
anunciava a intenção de criar uma
comissão para as comemorações do 25 de
Novembro que fará 50 anos no próximo ano
em 2025 Ora nós temos uma comissão para
assinalar os 50 anos do 25 de Abril em
funções que se vai manter ainda também
em funções faz sentido esta proposta do
CDs Rui Ramos eu tudo aquilo que seja
para que sejam ocasiões que para
permitam estudar lembrar recolher
depoimentos memórias e enfim como
Historiador aplaudo sempre quer dizer é
algo que me serve muito isto é um certo
egoísmo profissional portanto leva a
dizer
senhora lembrem que comemorem etc
portanto penso que faz sentido estudar
aquilo que é de facto um momento também
importante na construção da democracia
em Portugal o 25 de Novembro é
para o estabelecimento em Portugal de
uma democracia pluralista como Aquela e
de um estado de direito como aquela em
que vivemos portanto issso é importante
homenagear aqueles que o fizeram lembrar
a data lembrar o que o que aconteceu de
alguma maneira completa o as
comemorações do 25 de Abril no sentido
de comemorar uma revolução democrática
portanto sim de certa maneira faz
sentido ó ó Rui já que falamos de
história os protagonistas e muito dos
protagonistas estão vivos e obviamente
desejamos que continuem vivos por muitos
e e e bons anos mas é possível nós
falarmos destas datas ou tentarmos uma
pacificação Já percebemos que as
opiniões dividem-se e são extremadas n
alguns pontos é possível conversarmos
sobre isto de forma tranquila e calma
com os protagonistas ainda vivos eu faço
aqui um paralelo por exemplo com a
implantação da República 114 anos depois
já não ninguém discute acaloradamente a
data eh é uma data que faz parte do
nosso Imaginário mas está muito lá para
trás é possível hoje em Portugal
discutir 25 de Abril 25 de Novembro sem
discussões muito acaloradas sem que um
Vá para uma trincheira e outro Vá para
outra eu eh acho que eh a possibilidade
de eh falar tranquilamente obviamente Às
vezes tem a ver com a passagem de do
tempo quanto mais distante estamos De um
acontecimento menos esse conhecimento às
vezes parece relevante ou saliente em
termos da em termos da atualidade e
portanto podemos falar dele um bocadinho
mais desprendidos em relação aos nossos
debates
cotidianos sobre o destino do país mas
às vezes também notamos ciclos fases eu
eu tenho a impressão que por exemplo os
20 anos do 25 de Abril em 1994 portanto
permitiram uma discussão mais tranquil
do que aquela que provavelmente haverá
agora isso tem a ver com os momentos de
polarização e crispação da da vida
pública da vida política que depois se
fixam isto é nós quando estamos em maré
de nos dividir e de discordar em relação
a muita coisa também nos dividimos e
discordamos em relação ao passado e
portanto de repente esta data é também
uma ocasião para nos dividirmos e para
discordar é um azar que podíamos ter os
50 anos podiam ter decidido com uma fase
mais tranquila mais pacífica da vida
pública portuguesa mas não é o caso
enfim não é o caso nem em Portugal nem
No resto da da Europa e portanto Estamos
numa época de de como se diz de
crispação de polarização e é muito
provavelmente seria inevitável que nós
iria fôssemos discutir isto apesar de
querem já passado 50 anos ir discuti-lo
de uma maneira agressiva eu estou a l a
lembrar isto porque por vezes quando
vejo a documentação eventos que foram
organizados estes 20 anos em 94 uma
coisa que noto é por exemplo
protagonistas que estiveram do lado
contrário das enfim da luta política em
1974 75 Nessa altura encontraram-se e
conversaram enfim pelos registros que
temos pareciam estar a conversar
tranquilamente hoje provavelmente não
seria tanto não seria tanto assim não S
não seria possível e Rui Ramos aqui
chegados e o título do episódio de hoje
é também uma espécie de provocação faria
sentido ter um feriado a 25 de abril e
um feriado a 25 de novembro eu acho que
é freiada mais quer dizer eu sei que as
pessoas eu sei que a maioria das pessoas
provavelmente independentemente de
saberem o que é que significa cada um
dos feriados mais um feriado a maior
parte das pessoas nunca eh não rejeita
não é quer dizer acha bem quer dizer mas
eu acho que a 25 de abril de
1974 pode ser comemorado aquilo que que
está está associado ao 25 de novembro de
1974 eu acho que aqueles que por vezes
querem no com o 25 de novembro de 1974
comemorar determinados valores como a
democracia eh Liberal o estado de
direito creio que deverão entender que
esses valores podem ser comemorados
associados ao 25 de abril de 1974 eh
estão associados ao 25 de abril de 1964
o 25 de abril de 1964 foi apropriado a
nos anos seguintes pelas forças de
extrema esquerda de esquerda comunista e
mas é a altura assim para quem não está
nesses Campos políticos de lhes disputar
esse essa apropriação do ilegítima aliás
do 25 de abril de 1974 e reivindicá-la
para uma tradição democrática pluralista
Liberal eh eh e associada a a regimes e
políticos como aos regimes da EUR
ocidental e e Portanto acho acho que é
aí que está à frente de e de
reivindicação histórica se quiser e
portanto deve haver esse
investimento no 25 de abril de 1974 e de
facto acho acho acho que nós temos
muitos freados políticos quer dizer que
já alguns deles não quase não não não
são já Associados quase ao seu sentido
quer dizer já não são apenas esfriados
do calendário que são mantidos porque as
pessoas habituaram-se à aqueles fados e
levariam a mal se lhes fossem eh tirados
acho que não precisamos de multiplicar o
eh multiplicar os feriados mas acho que
aqueles que querem investir no 25 de
novembro de 1974 eu percebo as razões e
acho essas razões corretas e e certas
devem nunca devem deixar o 25 de abril
de 1974 digamos para os outros quer
dizer devem reivindicá-lo também essa é
que é a questão reivindicar o 25 de
abrilo de 197 4 reivindicar com
comemorações próprias com eventos
próprios e e estudando o 25 de abril de
1984 e percebendo que não não foi aquilo
que por vezes a esquerda e a Extrema
esquerda Dizem que o 25 de abril de 1974
foi eh o 25 de abril de 1974 foi feito
por muita gente muita gente que teve
opções políticas depois muito diferentes
de todo que cobrem todo o espetro Desde
da direita até à esquerda com um
objetivo que era a democracia pluralista
que naquele momento uniu toda
praticamente toda a gente quer dizer e
esse é que é o sentido do 25 de abril de
1974 Obrigado Rui obrigado obrigado
Ricardo Rui Ramos é Historiador e é o
protagonista de e o resto é história um
podcast semanal da Rádio observador que
sai às quartas-feiras e tem como
anfitrião João Miguel Tavares o e o
resto da história tem vários episódios
dedicados a este período da vida
portuguesa entre o 25 de 7 e o 25 de
novembro de
75 esta foi a história do dia a
sonoplastia é da Beatriz Martel Garcia a
música do genérico do João Ribeiro eu
sou Ricardo Conceição até amanhã