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bem-vindo ao clube dos 52 esta é mais uma conversa no âmbito das personalidades que convidamos para assinalar os 10 anos do Observador e os 5 anos da Rádio observador a nossa convidada de hoje é Patrícia Barão deer da comissão executiva da jll de Portugal e responsável pelo departamento Residencial assina um artigo intitulado reimaginar o imobiliário um vislumbre da próxima década e embora começo por avisar que é muito arriscado prever o futuro num setor tão dinâmico como este muito bem-vinda Pat Barão H sabemos independentemente do Futuro que vai ser um setor eh Central eh no país deixa-me perguntar-lhe primeiro como é que chegamos por isso a uma crise da Habitação tão profunda como Aquela que estamos a viver agora Olá muito obrigada pelo convite Carla é um gosto enorme estar aqui h eu eu para responder a essa questão que enfim que é uma uma questão que tem alguma complexidade porque a a crise da Habitação é uma crise de acesso à habitação portanto nós sabemos à data de hoje que 73% dos agregados familiares são proprietários de casa Portanto o que nós assistimos é que há efetivamente uma crise naquilo que são as pessoas que tentam entrar no mercado de habitação nomeadamente os jovens e as pessoas que estão à data de hoje fora do do do mercado h e esta e este e esta situação surge porque eh tem havido um desequilíbrio muito grande entre aquilo que é a oferta de Nova habitação e e aquilo que é a procura que tem vindo a crescer e na última década eh se nós olharmos para números de uma forma muito muito pragmática nós podemos dizer que na última década vieram para o mercado e cerca de 130.000 novos fogos e só por exemplo em 2000 2022 que foi um ano record de vendas de imobiliário foram vendidos 167.000 H unidades portanto ou seja aqui nós conseguimos perceber este desequilíbrio que há entre entre a oferta e a procura portanto Chegamos aqui porque andamos Há muitos muitos anos a não trazer para o mercado a habitação nova novas casas para que haja de uma forma enfim mais democrática acesso à habitação por aqueles que logo à partida estão mais fragilizados eh no acesso à habitação portanto é sempre aqui uma uma questão de Equilíbrio falou do ano 2022 Como como o ano Record isto está muito colado com eh o fim podemos chamar-lhe o fim da pandemia isso marcou de alguma forma esse esse período das nossas vidas marcou de alguma forma o olhar e as necessidades a forma como olhamos para a casa aquilo que precisamos dela o que procuramos dela há um antes e depois desse momento há há um antes e depois e e e hoje nós conseguimos olhar para trás eh parece que já que a pandemia já passou há muito tempo eh mas a verdade é que não nós tivemos uma uma uma pandemia que nos obrigou a ficar em casa e a ter que gerir toda a nossa vida a partir da nossa casa e a partir daí todos tivemos a experiência do que é que é efetivamente eh a nossa casa como é que ela funciona como é que nós nos sentimos na nova casa tivemos descobrimos novas necessidades novas dificuldades estamos todos juntos na casa exat e a terminada altura nós sentimos porque o o aquilo que são eh eh as novas tecnologias permitiram-nos a que nós conseguíssemos trabalhar da mesma forma com o acesso que todos tivemos eh às videoconferências e isso obrigou a que nós eh tivéssemos que arranjar dentro das nossas casas um espaço para poder trabalhar eh eh quando é preciso eh e isso vem mudar este paradigma porque eh nós a viver nas nossas casas nós percebemos quais é que são as nossas necessidades reais E então após a pandemia eh Houve aqui quase um um um disparar da procura por casas com espaços exteriores por casas com áreas que permitissem eh ter um escritório ou um espaço para se trabalhar dentro de casa eh e no fundo também eh houve um uma tendência que veio para ficar que é o trabalho híbrido ou seja eh a maioria das empresas hoje permite aos seus colaboradores eh terem alguns dias de trabalho eh remoto e isso fez com que até a pró própria dinâmica dos escritórios também mudasse não é porque Entretanto a pandemia terminou e e as empresas querem também voltar a ter os seus recursos nos seus escritórios e para que isso aconteça também vão ter que atrair os seus talentos para eh para os escritório e fez com que os escritórios também criassem espaços de lazer espaços sociais onde já deixou de existir a secretária fixa para o colaborador e agora criou-se mais espaços de Open Space pessoas onde t enfim Ilhas por por por setores e não e não a sua secretária com o seu computador e a sua moldura da sua família portanto isto mudou mudou tudo portanto a pandemia trouxe-nos não só este conceito de trabalho híbrido como também uma nova visão daquilo que nós queremos para as nossas casas e aquilo que nós sentimos que nos vai trazer melhor qualidade de vida isso isso isso isso mudou e ficou e novas necessidades E também o conceito de cidade e periferia também ficou mais fluido muito mais fluido nós neste momento temos e assistimos a uma tendência que é H os grandes projetos com alguma escala eles estão precisamente a acontecer nas periferias da cidade portanto nós eh conseguimos facilmente perceber que não conseguimos viver todos no centro da cidade o preço da habitação eh Aumentou abruptamente e as periferias conseguem ter pela sua por serem áreas que não estão tão consolidadas oferecem uma oportunidade de se criarem novos conceitos nomeadamente eh novos bairros até eu diria quase como novas cidades onde Para Além da Habitação também se cria espaços verdes também se criam escolas também se criam serviços a farmácia os restaurantes no fundo tudo aquilo que nós precisamos para ter uma boa vivência e como também o tema do trabalho remoto e eh é uma realidade as pessoas também H preferem também ter mais qualidade de vida e trabalhar em zonas mais periféricas porque porque também não se tem que deslocar todos os dias para o centro da cidade portanto isso também vem trazer uma nova realidade uma nova tendência e aquilo que nós sentimos é que temos os investidores e os promotores eh a olharem para localizações que são claramente periféricas e h a querer investir em em projetos com grande escala que vão trazer uma nova dinâmica à área metropolitana de Lisboa à margem sul e portanto isso é toda uma nova realidade que nós vamos assistir eu diria nos próximos 10 anos também e e e portanto o conceito da cidade dos 15 minutos ve para ficar ve para ficar eu acho que é um conceito muito bem e ele está muito bem criado é é no fundo a ideia de que nós em 15 minutos conseguimos ter acesso àquilo que são os serviços que nos fazem falta no dia a dia dia e isto dá-nos o aquilo que acho que todos nós queremos para a nossa vida que é ter uma vida mais calma uma vida com melhor qualidade porque o commuting e estarmos uma hora no trânsito até chegar ao ao nosso local de trabalho é claramente algo que nos afeta a qualidade de vida que dar-nos mais stresse mais enfim mais tensões e e cada vez mais o tema do work Life balance o o equilíbrio termos mais tempo para aquilo que é importante eh é hoje muito mais valorizado portanto estamos a viver uma era até com as novas gerações onde eh onde as coisas estão claramente a mudar eh porque é mesmo assim a geração z já já já não pretende ter um trabalho para a vida quer ter experiências quer quer seguir líderes quer ser inspirado quer e no fundo isto Muda todo o contexto da nossa da nossa vida e o contexto tecnológico também a inteligência artificial também vai eh entrar e marcar o setor Sem dúvida eu acredito que a inteligência artificial e a inteligência artificial generativa vão ser conceitos que vão eh mudar todas as indústrias não só o imobiliário eh quando nós olhamos eh para a maioria das empresas segundo o último estudo que foi feito até penso que foi pela Amazon h vai dizer que 30 5% das empresas atualmente já usam a portanto a inteligência artificial de alguma forma seja através do do learning Machine seja através do enfim de de do chat GPT que é claramente uma uma nova tecnologia que já entrou naquilo que é a nossa vida no dia a dia num instante instante num instante e e e nós temos que olhar para a tecnologia como um meio não como um fim não é no fundo todas estas eh todas estas novas tecnologias elas pretendem no fundo hh ajudar-nos a ter a que o ser humano consiga dedicar o seu tempo a coisas que Tragam efetivamente a criatividade e coisas eh que no fundo nos caracterizam como seres humanos e que H as máquinas não não vão conseguir fazê-lo agora tarefas repetitivas análise de Big Data eh fazer estudos de tendências de research no fundo toda é toda todo este trabalho é um trabalho que pode ser facilmente feito através de tecnologias de Inteligência Artificial e no fundo deixar-nos H tempo para para nós nos dedicarmos àquilo que efetivamente nós conseguimos trazer de novo e e de impactante para para a nossa sociedade portanto nós temos que usar todas estas tecnologias como meios para que nós possamos todos no fim do dia ter uma vida melhor empresas mais produtivas eh pessoas felizes no seu trabalho porque ninguém acho eu a pode achar que fazer um trabalho repetitivo anos e anos e anos sem fim que nós sabemos que ainda existem hh no fundo é sempre bom termos alternativas que possam ajudar nesse nesse sentido eh faz também aqui no no artigo uma uma relação muito interessante entre as alterações demográficas e aquilo que serão as cidades e os equipamentos O que é que isto significa vamos passar a ter eh haver menos infantários até menos parques infantis e mais por exemplo residências para séniores é isso que pode que pode também mudar a realidade a realidade é essa mesmo ou seja h a nossa população decresceu 2% no total em Portugal H E quando nós olhamos para os números eh Se nós formos muito accurate neste estudo nós vemos que nós estamos a envelhecer duplamente ou seja nós temos mais 20% eh de pessoas com mais de 65 anos eh e quando olhamos para a no fundo o o os jovens do zero aos 14 esta população decresceu 15% portanto Nós estamos Nós estamos cada vez a ter uma uma população mais envelhecida eh e cada vez nascem menos e menos crianças o que faz com que os números seão me engano é por cada 186 idosos nós temos 100 jovens portanto isto prova que eh também estas alterações demográficas elas vão ter um grande Impacto quando nós olhamos para o mercado da Habitação eh e há outro fenómeno que eu penso que se calhar muitos de nós não têm essa noção que é o o número de pessoas por agregado familiar Tem diminuído muito nós em 2021 tínhamos uma média de 2,5 pessoas por agregado familiar em 2011 tínhamos 3,1 oito pessoas por agregado familiar portanto nós temos uma mudança grande em muito pouco tempo é muito pouco tempo nós temos mais famílias com menos pessoas Isto vai ter um impacto grande naquilo que é a oferta da Habitação nós vamos precisar de mais casas mas casas mais pequenas portanto eh e isto tem que estar tudo ligado para que nós possamos também dar resposta àquilo que é uma população mais envelhecida se nós temos cada vez e tivemos mais 20% de pessoas com mais de 65 anos nós vos ter que ser capazes de dar resposta e à Vida destas pessoas porque Possivelmente também nós sabemos que também e eh os agregados familiares estão cada vez com menos pessoas nós temos 25% dos nossos agregados familis familiares com apenas uma pessoa portanto nós temos pessoas a viver sozinhas eh nós sabemos que muitas destas pessoas são idosas portanto nós vamos ter que ser capazes de arranjar solução para Estas pessoas residências sénior claramente vão ser precisas nós vamos precisar de ter soluções de co Living soluções alternativas para criar eh um mercado de arrendamento que seja um mercado consolidado um mercado profissional no fundo tudo isto tem um impacto muito grande naquilo que é a oferta da Habitação e eu diria até que estas alterações demográficas são a base Se nós queremos efetivamente responder a esta crise do acesso à habitação porque temos mais divórcios vão ser precisas casas para mais famílias que são eh que têm menos pessoas mas são cada vez mais e tudo isto tem que ser muito bem analisado para nós conseguirmos cumprir com aquilo que é a nossa missão porque é claramente um espírito de missão que não vai ser eh enfim não nós não conseguimos eh que esta que esta crise do acesso à habitação seja resolvida em três ou 4 anos porque o processo imobiliário é longo mas nós temos que começar a tomar medidas agora para elas poderem refletir mais à frente e isso leva-nos a uma a uma preocupação enfim que tem que temos por várias razões e que tem a ver com a previsibilidade quer seja económica e falemos em taxas de juro inflação quer que seja quer até previsibilidade política tenho avisto Patrícia Barão aqui eh com um olhar até muito otimista para a próxima década isto está garantido Isto é essencial isto é uma grande preocupação a imprevisibilidade que possamos ter é uma preocupação grande e nós eh nos últimos anos temos tido uma forte instabilidade política quando nós dizemos que nós precisamos ter mais oferta de habitação nós temos que criar condições para que essa oferta Venha para o mercado portanto nós temos aqui dois fatores muito importantes por um lado nós temos aquilo que é o contexto económico do nosso país que tem obviamente influência sobre o que se está a passar na Europa e nós todos sabemos o que o que é que tem vindo a acontecer e na Europa quer em termos de tensões entre países Enfim uma série de fatores que nos influenciam mas a verdade é que nós há mais de 30 anos que não tínhamos o tema da inflação em cima da mesa nós começamos a a ter nós quando eu digo nós em Portugal e na Europa e no mundo o tema da inflação taxas de juro passaram de negativas a 4% em setembro do do ano passado e e isto fez com que as famílias portuguesas perdessem claramente perder poder de compra e tivessem cada vez mais dificuldade em ir financiar para adquirir as suas habitações isto teve imediatamente impacto no número de de transações e no número de e no volume investido em habitação H E isto é claramente uma uma realidade e e nós temos que olhar para ela de uma forma muito séria e perceber o que é que nós podemos fazer aqui para tentar Minimizar este Impacto por outro lado nós temos o tema da instabilidade política portanto nós nós viemos de uma de uma fase onde tivemos programas que foram penalizador para o setor da Habitação nós temos o programa mais habitação nós temos enfim tivemos uma série de alterações h a a legislações des desde do desde do terminar com programas que existiam para a atração do investimento estrangeiro eh enfim tivemos aqui uma série de de de de penalizações àquilo que eram e eh motores e aquilo que eram programas que atraíam eh claramente eh o mercado internacional para o nosso país o que é que o que é que nos dá aqui uma esperança é que efetivamente este este novo governo já eh portanto apresentou o seu programa eh para para a habitação e há algumas medidas que nós acreditamos que vão ajudar a esta no fundo esta melhoria o tema nós sabemos que não são trazidas mais e mais novas casas para o mercado porque a carga fiscal é muito muito pesada portanto e nós sabendo que há Esta possibilidade de passar o Iva de 23% para 6% na nova construção e na reabilitação Urbana vai fazer com que os investidores e os promotores possam eh eh no fundo Criar e trazer mais habitação temos o programa Simplex que veio claramente para ajudar agilizar os processos nas autarquias eh para que eles possam fluir de uma forma mais rápida ou seja há muito muitos temas a acontecer que me deixam muito otimista para aquilo que é um dos setores mais importantes da nossa da nossa sociedade portanto eu acho eu acho que que sim Estamos no caminho certo H agora obviamente é preciso implementar é preciso medir é preciso eh enfim garantir que todas estas medidas são postas em prática e depois obviamente ir monitorizando e ir ajustando sempre que sempre que é preciso Patrícia Barão muito obrigada por ter feito parte do clube dos 52 estivemos a olhar agora para o setor imobiliário todas as semanas uma conversa a olhar para o país na próxima década