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a minha geração este país também é para novos e é por isso que recebemos em estúdio um jovem neurocirurgião nasceu em Faro filho de pai lisboeta mãe farense e avz alent anos assume-se como um lisboeta adotivo mas com coração marroquino é autor de várias obras e textos que ninguém leu incluindo livros técnicos e capítulos com temas neurocirúrgicos e até mesmo considerações acerca do cotidiano de um jovem interno de neurocirurgia entre 2012 e 2019 realizou alguns estágios fora do país medicina de emergência no Líbano cirurgia pediátrica em Londres neurocirurgia base do crânio em Ribeirão Preto no Brasil e neurocirurgia vascular em phix nos Estados Unidos tem planos para um livro de Memórias se a memória o permitir para um doutoramento e para um serviço de neurocirurgia até lá escreve para si e para os seus lê e ouve os livros e podcasts de outros e dedica-se ao serviço Nacional de saúde di assim di assim Diogo Belo muito bem-vindo muito obrigado já operaste hoje já já o prei hoje de manhã e correu bem correu bem correu bem desta vez correu bem Estou a brincar Tou a brincar ah a mesa parte às vezes corre bem ou n por isso sim sim sim sim como é óbvio quer dizer quem E costumo dizer isso aos aos doentes quem diz que corre sempre tudo bem É porque está a mentir não é portanto obviamente que existem complicações mas se fosse uma uma especialidade feita de complicações ninguém era operada em neurocirurgia não é estamos muito longe daquilo que foi durante muitos anos os 50% de mortalidade numa cirurgia ao crânio hoje em dia não hoje em dia inferior a 1% e portanto correu bem olha e o que é que tu operarias no no SNS este nosso doente maior eu tenho que fazer esta pergunta a todos os jovens médicos que passam por aqui eu percebo Há muitas muitas coisas a a operar Hum eu costumo dizer que não há uma solução fácil para o SNS e aquilo que nós podemos falar é muitas vezes aquilo que é mais próximo de nós e nos nossos serviços não é portanto eu conheço a realidade do serviço de neurocirurgia do Hospital de Santa Maria não tem sido uma realidade fácil já não era no pré-covid no pós-covid ainda ficou mais desorganizado mas eu diria que há uma extrema falta de brio e este é um problema H pronto não é só obviamente do dos colegas de dos meus colegas médicos ou do dos enfermeiros ou dos auxiliares mas há uma uma cultura que se tem vindo a perder que era do cuidar do outro e essa cultura que é fundamental e é central do SNS H tem vindo a ser confundida acho eu e nos meas de comunicação social quando se fala de que os médicos querem salários maiores ou mais elevados ou é muito mais do que isso é muito muito mais do que isso eu tenho um um mestre meu um or sejão lá do meu serviço que é o Dr Domingos que dizia há uns anos e com razão que é o SNS Depende de carolas os carolas que não se importavam de fazer mais de 100 horas por semana como nós fazemos e não era por receber mais nós não recebemos mais por isso era por estar lá ajudar o outro operar obviamente mais e fazer aquilo para que fomos treinados mas o SNS tem vindo a dificultar a vida desses carolas portanto quando era possível fazer 10 cirurgias num dia passou a ser ser possível apenas cinco porque não há material porque os enfermeiros estão estão desanimados ados H porque não há um microscópio enfim Muitas dificuldades e portanto há coisas que eu mudaria no meu serviço h no SNS em si eu acho que isso o impacto que tem que ter não é só na nos salários que os médicos ou que que aquilo que tem tem vindo a ser discutido que é o salário dos médicos e e tudo mais e 50 horas extra sim anuais como é que te posiciona a Ti no meio desta embrulhada Eu terminei o meu internato com mais ou menos 70 dias por gozar de entre horas extra dias de folga que não gozei e dias de férias que não gozei isso nunca me fez espécie e obviamente que os serviços dependem das Horas extraordinárias que nós fazemos agora eu acho que está a cair tudo como um Castel de cartas as pessoas estão completamente saturadas esta esta medida de não assinar ou não querer fazer mais horas extraordinárias é uma é uma posição de força não é porque nos paguem mal porque obviamente essa isso o preço da hora extraordinária é variável de sítio para sítio e e não é esse o o o ponto aqui mas quando eu sei que há colegas meus eh que são felizmente no nosso serviço isso tem sido menos Ma mas mas há outros serviços de neurocirurgia obviamente em Lisboa em que as pessoas são escaladas numa semana ou em duas semanas com as Tais 150 horas a mais nessas duas semanas portanto obviamente quando atingimos um o máximo de horas extraordinárias já em fevereiro ou Março que as pessoas depois quando quando começa a ser cada vez mais que é dado adquirido que nós vamos fazer essas horas extraordinárias para manter o servço a funcionar as pessoas não aceitam esse desrespeito portanto não querem mais mas porque é que temos cada vez menos menos carolas é porque há um desalento com o que se passa no SNS e há burnouts Sem dúvida Sem dúvida nenhuma Sem dúvida nenhuma eu acho que também é outra outra mito que é as pessoas que ficam fartas do SNS depois saem obviamente para o privado porque e que isto agora é o problema do porque no privado que se ganha mais e que os salários são completamente diferentes etc para ser muito honesto as pessoas que só se importavam com essa parte do do cuidar do outro ou seja vieram para medicina para ganhar dinheiro o que pronto são são objetivos diferentes obviamente de da maior parte das pessoas que quando nós eramos pequeninos para ganhar dinheiro era ser médico Sem dúvida nenhuma não não e tenho e e pronto e alguns colegas meus quando entraram em medicina entraram porque tinham boas notas porque os pais também fizeram fizeram por isso e portanto hum queriam muito que que houvesse esse esse sucesso económico também muitos mudaram de ideias e passaram a ser obviamente os pilares e os carolas deste deste SNS outros cuj o objetivo era ganhar mais no ponto de vista monetário já fugiram para o privado há muito tempo portanto esse isso há espaço para fazer isso e tu gostavas deir para privado eu já faço privado h não não no volume que que obviamente faria se tivesse deixado o SNS não faz sentido deixar o SNS por várias razões Primeiro quis são primeiro porque eu gosto muito de cuidar do outro e eu acho que e também tinha tínhamos falado sobre isso e escrevi sobre isso me Educadora de Infância meu pai fisioterapeuta o meu irmão fisioterapeuta portanto há uma cultura de cuidar do outro na minha família e isso sempre me fez sentido nunca foi uma um esforço cuidar do outro nunca foi um esforço levantar mais duas três 4 da manhã para ir operar um doente isso continuar não ser um esforço apesar de não dormir em casa também não é portanto Isso não é um problema um colega meu punha bem as coisas que era isto é muito Gir isto do SNS e ele fazia o internato em Santa Maria estávamos éramos os dois internos e ele dizia pronto o problema disto é que amanhã de manhã Eh eu tenho que sair daqui tem que ir trabalhar para outro lado para pagar contas é um bocadinho essa essa a sensação não acho que seja generalizada e e portanto eu faço faço privado porque me traz um extra mas por uma razão muito importante que é eu no privado consigo responder a uma pergunta que todos os meus doentes na consulta fazem todos os doentes que eu digo tem que ser operado eles dizem-me ok Doutor e quando e eu no privado consigo responder isso eu no público eu não consigo responder a isso houve uma altura que dizia hh eu no máximo dos máximos por um um tumor eu dentro de um mês ou dois consigo operá-lo hoje em dia não consigo garantir isso não é pronto várias contingências sim mas o SNS existe há cerca de 50 anos nos primeiros tempos funcionava muito bem uhum porque é que n nunca se fez uma uma reforma de fundo que permita viabilidade acessibilidade qualidade eu acho que obviamente reformas de fundo isso alguns dos os grandes pensadores eh assumem isso e dizem que só só com o SNS indo abaixo e reformando tudo e que reconstruir dozeiro que é possível porque temos demasiados vícios demasiadas formas estranhas de trabalhar e não adequadas e portanto eu acho que isso é um bocadinho como eu olho assim para o SNS como um não não um Titanic mas mas com com um barco que tem um um rum incerto não é e pronto e e Cica dizia quando não temos um Um porto para onde rumamos não é qualquer vento é desfavorável e e efetivamente é assim que está a acontecer Há muitas ideias pouca pouca poucas delas com uma aplicação prá e e como tal não tem não tem efeito nenhum não acho que o SNS tenha que ir ao fundo atenção sim e pode não ir a tem esperança tenho tenho se eu não tivesse não continuava no SNS não é uma reforma não é uma pessoa durante um ano a trabalhar arduamente para mudar uma coisa que vai vai obviamente mudar 50 anos de coisas que se foram acumulando e que hoje em dia claramente não resultaram não é mas eu não acho que que tendemos ou possamos tender para aquilo que é o sistema nos Estados Unidos não é portanto que é uma uma realidade completamente distinta da nossa mas não inteiramente distinta porque agora e com o crescimento dos dos seguros de saúde e o crescimento do privado eu tenho muitos muitos doentes que eu sigo em Santa Maria e que como não conseguem resposta me procuram no privado portanto é assim uma coisa estranha não é tu dizias que terias algumas ideias para mudar alguma coisa no teu serviço em particular o que é que mudari então instituir uma cultura de brio não é Portanto acho que o o meu serviço tem tem passado desde que mudou de de diretor também Houve aqui uma um tempo de adaptação do do novo diretor que eu prezo imenso h e ele próprio tem tido alguma dificuldade em manter ou reter talento não é tem temos tido muitas pessoas que que saíram mas eu acho que faz falta um projeto para o nosso serviço um projeto de permitir às pessoas aos carolas que sempre se quiseram manter Tem que haver uma insistência para que esses carolas sejam AC carneados h não seja simplesmente uma questão de vocês ficam cá para poder fazer mais urgência ou mais horas extraordinárias para manter o serviço a funcionar mas tem que haver espaço para que estas pessoas também possam fazer aquilo que mais gostam dentro da neurocirurgia neurocirurgia vascular tratar os aneurismas as malformações arteriovenosas tratar tumores tratar patologia da coluna portanto tudo isto implica acarar Estas pessoas e e obviamente criar os espaços para para elas trabalharem dentro do próprio serviço e isso não tem sido feito sim e e antes disso talvez se fosse necessário também desburocratizar o que é aquilo que é a função do médico geral e familiar onde que é muitas vezes porta de entrada para para as outras especialidades Sem dúvida eu acho que estamos muito afastados do dos médicos Gerais e médicos de an ditos clínica geral agora os médicos de medicina g e familiar estamos um pouco afastados ou seja os a realidade hospitalar e do dos centros de saúde tem-se distanciado nós no serviço falamos recorrentemente e Todos Nós reclamamos com as referencia sões que são feitas efetivamente a porta de entrada para uma consulta de neurocirurgia no SNS é através do médico de família e nós vemos referencia sões que são muitas vezes feitas a H se calhar apressadamente no sentido de pronto vá lá descobrir o que é que tem na sua coluna e não necessariamente de forma mais cuidado ou como uma avaliação mais criteriosa mas isso eu não encaro isso como uma culpa dos médicos de medicina geral e familiar encaro mais como uma este GAP que tem que tem crescido entre nós e nós não irmos a um Centro de Saúde E não fazermos a formação que seria necessária para para um para um colega meu saber Como avaliar um doente com um tumor ou avaliar um doente com uma patologia de coluna e fazer uma referenciação adequada já com os exames adequados a lição estudada mgf tu os teus eh doentes vêm através da mgf ou através do neurologista também pode ser indicado pelo pela mgf a nossa referenciação principal e aquela que é a a correta e aquilo que foi desenhada pelo vns é sempre através do médico de família é claro que nós podemos receber e recebemos muitos doentes através da urgência e através da urgência pode ser um colega de internista um colega neurologista eh podemos ter referenciação interna dentro do hospital ou seja um um médico de medicina g e familiar referencia um doente por uma patologia de coluna erroneamente para um neurologista um neurologista avalia e obviamente encaminha para nós ou seja não vai mandar o doente de volta para o para o médico medic familiar para ser para depois retornar a neurocirurgia faz logo encaminhamento direto portanto H essa porta de entrada por qualquer especialidade e depois obviamente que existem H as referencia sões e e e Há muitas referencia sões dentro do hospital de outras especialidades h e até mesmo de pessoas que isso isso também é muito comum de pessoas que trabalham no nosso hospital não é portanto que que também têm problemas de coluna problemas infelizmente alguns têm Tor e que vemos dir Sim era uma das perguntas que eu tinha aqui para ti é quais são as doenças e qual é o trabalho do neurocirurgião tu já aqui foste elencando algumas cirurgia a tumores cerebrais cirurgia em situações de aneurisma sim a coluna também para quem pode estar espantado também faz parte o neurocirurgião trabalha com o cérebro com a medula espinhal e com o sistema nervoso periférico exatamente eu Há muitas muitas áreas dentro da neurocirurgia eu diria que a mais surpreendente acaba por ser da coluna não é portanto quando quando se pergunta se calhar 100 portugueses quem é que quem é que opera coluna se calhar 80 vão dizer que que são os ortopedistas que faz que se diferenciam em cluna mas a verdade é que isto também é uma luta antiga digamos assim porque neurocirurgias e ortopedistas sempre foram de opiniões dispares tem informações diferentes mas efetivamente ambos intervém na coluna depois como é óbvio quando me perguntam quem é que acha que devia fazer e coluna ser um neurocirurgião um ortopedista digo sempre o mesmo que é quem sabe não é e portanto há obviamente de treino e at treino híbrido de neurocirurgiões que vão ter com ortoptista para aprender o que melhor e o que melhor eles fazem e vice-versa ortopedistas que V ter connosco e fazem estágio connosco Esse é uma uma das áreas nervo periférico ou seja os túneis cárpico é muito se calhar muito típica as pessoas também acham que são ou cirurgiões plásticos ou ortopedistas e na parte da neurocirurgia vascular diferente portanto aí somos só nós portanto os aneurismas as malformações arteriovenosas cavernomas que são outro tipo de de mal formação de vasos portanto isso somos só nós que tratamos a neurocirurgia pediátrica também portanto é uma área completamente distinta e que só alguns de nós é que é que fazemos e na prática Oncologia também que é cada vez mais eh frequente e e diria eu eh tem assoberbado completamente as nossas urgências e os nossos blocos operatórios com um número imenso de de tumores que temos e doentes comores que temos indo a operar com uma alta taxa de mortalidade Então isso é uma pergunta obviamente difícil há tumores benignos em neurocirurgia H os ditos os chamados meningiomas são são aqueles que são têm uma uma progressão mais benigna temos também infelizmente os gliomas ou os glioblastomas que independentemente daquilo que nós fazemos com uma cirurgia com uma remoção completa quimioterapia e radioterapia os doentes que têm um melhor prognóstico têm muitas vezes 1 ano e meio 2 anos de sobrevida portanto não é uma doença que nós consigamos curar pelo menos não ainda mas sim existe bom prognóstico em neurocirurgia e até mesmo na Oncologia ou na neuro Oncologia h eu perdi entre aspas duas pessoas eh conhecidas para para um cancro na no cérebro e acompanhar de alguma forma eh o quão devastador é esta doença eh normalmente quais são os passos à A operação não é a cirurgia em que se retira tenta se retirar e a maior parte do tumor mas chegas a um ponto em que h não podes retirar mais porque o o ser humano Deixa de ser funcional isso é é uma e bom uma discussão e uma pergunta importantíssima que é efetivamente há tumores que nós consideramos como in operáveis h no sentido de se o operarmos h o doente Deixa de conseguir falar mexer fica amarrado a uma cama e isso nós sabemos que mata o doente mais cedo portanto não faz sentido esse essa abordagem porque chegar a qualquer sítio no cérebro nós chegamos a dúvida é à custa do quê e à custa de que de que função há umas histórias até muito muito muito curiosas já sear já ouviste falar nas cirurgias de doente acordado não é portanto dos doentes que são operados acordados exatamente para prevenir que removamos parte do tumor que envolve o cérebro como área funcional nomeadamente da da fala ou até mesmo da função motora Portanto o doente é o Prado acordado nós vamos testando a área que vamos remover antes se o doente Deixa de conseguir executar essa função nós não podemos entrar por aquela área dentro caso contrário o doente vai acordar sem conseguir falar e sem conseguir mexer portanto e se deixar de andar deixar de falar ou de mexer as mãos é uma coisa que vai acontecendo nesse an ital pode acontecer pode acontecer não é obrigatório que o faça Mas pode acontecer agora se o fizermos nós sabemos que o doente Muito provavelmente não terá mais de três meses de sobrevida portanto Isto é é uma luta difícil e em relação ao que é que são áreas funcionais ou seja o que é que faz sentido remover hum há um neurocirurgião francês muito famoso que se dedica só e ao operar doentes com tumores acordado portanto seja do lado esquerdo seja do lado direito ou seja com funções diferentes do nosso nosso cérebro ele diz que não há áreas que não sejam funcionais ou eloquentes no nosso cérebro o que ele diz e e dá dois exemplos muito muito curiosos um é uma senhora que tinha um uma senhora cozinheira que tinha um tumor junto à área H do nervo olfativo responsável pelo pelo olfato e que H lhe foi proposto um um tomor que a mataria se não fosse removido mas cuj o risco com a sua remoção era ele ficar sem olfato e ela não quis ser operada portanto Porquê uma uma cozinheira sem sem olfato não é uma cozinheira portanto ela não quis ser operada porque sabia efetivamente que o prognóstico seria de 1 ano e meio e ela preferia ter menos tempo mas com mais qualidade de vida não é outro é o de um panista que o risco era ficar sem mexer ou sem conseguir levantar o pé e isso obviamente também para um pianista era era terrível não é mas pronto não há áreas não eloquentes no nosso cérebro mas há riscos aceitáveis e riscos inaceitáveis na remoção dos tores nestes dois casos que eu conhecia acompanhei de perto de alguma forma trata-se de tratava-se duas senhoras mais de 50 anos algum padrão alguma taxa de incidência de género ou de idade não infelizmente Temos visto cada vez mais novos cada vez mais precoces e tem havido um Boom de de Patologia ou neuro Oncologia pediátrica inclusive portanto estamos a falar de bebés com 2 3 anos e até um bocadinho mais velhos H antigamente víamos estes tumores e assim tipicamente a partir dos 60 70 anos Isto em relação aos glioblastomas em particular gliomas menos agressivos e surgiam mais cedo por volta dos 30 40 mas esses com e com a cirurgia est estaríamos a falar de uma de uma sobrevida muito muito maior não de um ano e meio mas 15 20 anos livres de tumor e bem portanto sem sem alterações neurológicas mas mas percebe portanto isso tem sido o padrão cada vez mais frequente 50 60 anos h e muitas vezes acaba por doente que tem uma vida completamente normal até o dia em que não está e e a partir daí começa a ser um pois dout essa pergunta eu acho que falo por por muitos não mesmo por todos e por todas Como como é que como é que podemos descobrir mais cedo ou até evitar um tumor no cérebro e um neurisma já agora Imagino que seja um das operações mais delicadas sim para os gliomas em si não temos uma uma resposta para isso Ou seja não há uma forma de evitar nós e isto é é estudado e foi e continua a ser estudado amplamente para perceber que fatores de risco é que podemos ter ainda houve um estudo interessante acerca dos dos telemóveis e das radiações se issso fazia se tinha um impacto não tinha Impacto não parece ser um impacto significativo na no aparecimento de de gliomas e portanto para alguns tores nós conhecemos para aqueles menos agressivos que que falávamos há pouco os meningiomas a radiação prévia que que os doentes eram submetidos era uma era um fator de risco conhecido felizmente hoje em dia Fazemos cada vez menos hum aquilo que pode ser prevenido que são que são as metástases ou seja tumores que vêm de outro local e que se alojam no nosso cérebro aí trata-se de prevenir o a neoplasia primária portanto quem tem um tumor do pulmão corre um risco importante de ter ter estas metástases portanto aí evitar o tabaco seria obviamente fundamental Não é portanto sim e em relação ao cancro em geral ele acontece cada vez mais cedo a pessoas com menos de 50 anos porque é que isto está a acontecer é isso que também assusta porque antigamente associável decimento e ao custo de termos mais tempo de vida mas na verdade agora acontece mais cedo sim não há também uma uma resposta única para isso Ou seja nós temos mudado muito os nossos estilos de vida se calhar também pode a pergunta pode ser aplicada doenças da coluna porque é que temos cada vez doentes com hérnias discais ou com canais apertados cada vez mais cedo é mudança modificação dos estilos de vida aquilo que fazemos tem tem vindo a modificar muito apesar de ser curioso que vemos cada vez pessoas que se cuidam mais ou seja fazem cada vez mais exercício eh fumam cada vez menos têm mais atenção à sua alimentação mas no entanto continuamos a ter um pico de de tumores e não apenas de de glio estomas também obviamente de neoplasias primárias reduz-se n alguns tipos pessoas que fumam cada vez menos têm menos incidência de um tipo particular de tumor do pulmão Hum não quer dizer que não tenham outros H outras neoplasia portanto não há assim uma algo que eu consiga dizer vamos a uma pílula mágica não um comprimido mágico de a partir de agora tomamos isto e reduzimos para zero a probabilidade de desenvolver qualquer tipo de tumor não há isso infelizmente mudando aqui a doença como é que a neurocirurgia atua no tratamento da dor de coluna que também pode interessar muito a muitos especialmente a partir dos 30 Sem dúvida nenhuma então pronto Isso é uma área que eu à qual eu me dedico bastante portanto a neurocirurgia trata dor no sentido de quem tem uma uma hérnia discal um um que nós chamamos um canal sinótico que é um canal apertado na na coluna lombar ou desvios entre as vértebras portanto tudo isso pode e é corrigido com intervenções cirúrgicas há mais de 20 anos com o intuito de eh resolver dor lombar ou mesmo dor cervical irradiada para os membros seja as mãos seja as pernas e nós temos cirurgias já bastante eficazes Desde há 20 ou 30 anos aquilo que tem vindo a mudar nesse nesse Panorama tem sido fazemos cirurgias cada vez menos invasivas portanto nós há dois anos em Santa Maria também eu comecei com com um colega meu um programa de endoscopia Ou seja que era uma coisa que surgiu em em Portugal há 10 anos H que é colocar uma câmara dentro do da coluna de um doente e operá-lo através deum pequeno furinho não é portanto E isso tem vindo a modificar o panorama da da patologia de coluna infelizmente continuamos a ter também alguns casos que já foram operados e que não melhoraram do ponto de vista da dor aí contamos também com com o apoio do dos colegas de anestesiologia que também fazem consulta de medicina da dor e H até há eh nas nos casos extremos de implantação de neuroestimuladores na na modula para tentar controlar a dor portanto há desde o minimamente invasivo até ao maximamente invasivo portanto mas sim tratamos com muito sucesso a a patologia de coluna e doentes que têm dor ciática típica dor ciática que não se conseguem levantar e no no no próprio dia depois da cirurgia se levantam e vão para casa e começam a trabalhar duas semanas depois em relação ao traumatismo creno encefálico também tratas deste tipo de problemas é uma das maiores causas de incapacidade permanente sobretudo nos mais jovens é verdade isso tem tem vindo a mudar o panorama da do traumatismo crânio isso eu diria que eu eu dou aula sobre neurotraumatologia na na faculdade isso representa ou os traumatismos que fala representam 40% da nossa atividade cirúrgica em Santa Maria portanto muitos muitos muitos acidentes de devação eh e portanto que tem doentes que têm que ser intervencionados senão e trotinetes elétricas também são uma causa cada vez mais comum bastante as trotinetes elétricas Porque as pessoas não usam capacete tal e qual isso é já já tive uma também uma ideia de criar uma uma firma que que consegu só só descobri porque Andi a pesquisar porque isto qu Surpreendida e Acho que qualquer pessoa aou ver isto fica pensar duas vezes não é é que eu nunca vi né de capacete em Lisboa andar doinet bicicleta tem vind pois percebe ser 40% talvez sim sim sim é verdade que temos tido cada vez menos assim dentes graves porque também as as leis de prevenção rodoviária têm mudado e portanto os os doentes que nos entram são cada vez mais graves mas temos menos doentes no total graves temos esses doentes que têm um traumatismo crânio se calhar ligeiro ou moderado se tudo correr bem com a com uma trotinete mas mas nem sempre é o caso e e nós nós temos do e temos doentes e cooperamos a partir do momento em que um doente tem um traumatismo de crânio só para ficares com com a ideia aquilo que nós conseguimos fazer a seguir é prevenção de dano secundário aquilo que acontece quando um quando um doente bate com o com o crânio no chão e o Cérebro hh embate contra as paredes do crânio hh esse dano não é recuperável Ou seja aquilo que é feito nesse traumatismo Inicial Não é recuperável o que nós fazemos a seguir são medidas de prevenção muitas vezes temos que retirar metade do crânio de um doente para aliviar rapidamente a pressão do dentro do do cérebro caso contrário o doente morre e e pronto e os doentes passam muitas vezes meses com o seu crânio metade do seu crânio dentro da barriga à espera de ser refeita a cranioplastia mas isto para dizer os doentes contra mitismo cranian gráficos chegam continuam a ter um outcome mau em termos de função de função falar em barriga como é que fica o teu estômago depois destas lidar com este tipo de problemas que certamente mexem contigo sim eu acho que nos nos habituamos não eu sou um bocadinho contra aquela aquela frase que que os médicos vão ficando cada vez mais frios especialmente os cirurgiões acho que é o contrário acho que é preciso e todos nós carregamos o o previal cemitério connosco ou seja os doentes que não correram bem desde dos traumatismos de crânio aos aneurismas rotos a aos glioblastomas que acompanhamos até ao fim e isso vai obviamente taking a TOL não é portanto vai vai nos vai nos comendo por dentro nalguma nalgum sentido mas a meu ver isso torna-nos melhores portanto conseguimos relacionar cada vez melhor com o doente que que entra e não olhamos para ele como mais um portanto olha mais um que caiu mais um que tem um goman é é exatamente o contrário mas mas confesso que há determinadas situações que porque me recordam doentes que correram mal ou que correram muito bem que hh me causam ou ou me dão alguma pausa portanto alguns segundos de pausa e antes de antes de pronto colocar isso de lado e e intervir sim aqui eh título de curiosidade duas pessoas portuguesas famosas afetadas por um traumatismo de cranio cazar que ficou muito incapacitado depois da cirurgia e a vida foi certamente en cortada por isto e Joaquim Agostinho e ciclista português que morreu poucas horas após a queda de de bicicleta e só a mesmo a título de curiosidade em relação ao nosso cérebro é verdade que Só conhecemos 1 ou 2% do nosso cérebro Talvez um bocadinho mais Talvez um bocadinho mais isso é é uma excelente Pergunta para o neurocientista ou quem faça investigação e ativa no sobre o nosso cérebro diria que sabemos um bocadinho mais do que 1 2% e aquelas os chavões de se ó usamos até 5 8 10 12% do nosso cérebro e que ainda há muito por descobrir isso eu concordo há muito muito muito por descobrir Nós temos muitas situações que nos surpreendem d o exemplo da do doente que opi a semana passada e na saista farara um doente que tinha um provável glioblastoma H horrível à esquerda O que significa que a área da linguagem e eh no sítio onde estava também a função do lado direito afetadas ele próprio já vinha com essa alteração da da linguagem foi isso que suscitou o alarme e que pelo pelo tamanho do tomor ele localização Eu acreditei mesmo que que o doente apesar de de todos os cuidados iria acordar muito pior da sua fala e provavelmente incapaz de mecer do lado direito mas era um tumor tão grande que se eu não fizesse nada o doente ia morrer e o que é certo é que o doente teve alta ontem portanto e e foi para casa a andar e a falar portanto mais uma vez aquilo que nós tomamos por garantido no nosso no nosso cérebro não é e dizemos é impossível que aquele doente saia a andar falar etc muitas vezes surpreende-nos portanto sim se nós conhecemos um 2 ou 3% do nosso cérebro um cirurgião Conhece Conhece quanto eu diria que eu diria mais sim eu diria que há superfí at porque o vê exatamente eu acho que à superfície conhecemos muito mais e conhecemos muito mais do que eh um neurologista ou qualquer outra qualquer outra médico ou outra especialidade porque o vemos efetivamente agora aquilo que está por baixo do do córtex da superfície do do cérebro que é muito mais importante isso obviamente também contamos com com a ajuda e e vamos obviamente descobrindo com eles mas com ajuda de neurocientista neurologistas e temos evoluído muito na nesse sentido conhecemos muito mais sabemos que se calhar há 10 ou 15 anos havia locais do nosso cérebro em que nós não interviam porque sabíamos ou tínhamos a certeza que o doente iria ficar mal e hoje em dia técnicas mudaram conhecimento é muito maior sobre isso e obviamente conseguimos intervir em áreas que eram ditas e inopriso aproveitar que falaste de cortex e e corrija-me se estiver errada mas Tens alguma irritação com alguns Cortex pré-frontais de algumas pessoas é o pré-frontal não frontal sim sim sim por queres nos queres me explicar não eu pronto também também escrevi sobre isso h não é não é irritação com o Cortex prefrontal das pessoas as pessoas têm efetivamente um cex prontal algumas funcionam melhor do que outras o cex prontal é aquilo que nos permite viver em sociedade se calhar na não sei se se Leste sobre isso ou se investigar se investigar sobre isso mas há uma há um célebre caso que eu o caso do phas gage que é um que é um era um trabalhador de uma mina que durante uma durante o trabalho teve e numa explosão uma uma barra de metal atravessou eh entrou por baixo do do queixo e saiu pelo pelo crânio curiosamente o senhor sobreviveu portanto algo que seria perfeitamente impensável não é uma pessoa que tem uma barra que atravessa ao cérebro como é que um doente sobrevive efetivamente parecia bem porque ele continuou a falar continuou a mexer-se não parecia ter assim nada e de particular dias e semanas após começaram a perceber que o simplesmente o phas gage não tinha capacidade viver em sociedade hã acabava por maltratar o o outro eh não tinha qualquer qualquer podor em dizer o que o que o que sentia ou que ou que estava a ver e portanto acabou por perder o filtro digamos assim e portanto a minha irritação com quem não tem um Cortex préfrontal Pelo menos funcionante é esse é quem não pensa um bocadinho antes de dizer aquilo então a tu começas quando quando isso acontece tu pensas logo no Cortex préfrontal tens sempre o teu cérebro treinado para pensar no cérebro do outro autá é automático é automático mas mas isso h h a frase frase típica é eh este este momento provavelmente tá frontalizado o frontalizado é porque não tem o Cortex prefrontal código que agora descobrimos Então mas tu interessa-te por neurociência eh sempre te interessasse pel pelo cérebro e continuas a ler eh sobre neurociência por exemplo Neurologia depois da hord de trabalho sim sim eu eu isso isso é uma coisa eu gosto muito muito de ler seja aquela meia página mesmo antes antes de adormecer isso sem dúvida nenhuma e ajuda a fechar o dia como o Churchill dizia não é portanto eu acho que isso importantíssimo e Sim continuo a ler sobre o sobre o cérebro e sobre neurociência hh isto porquê Porque efetivamente mesmo que conheçamos mais do que 3% 88% 10% do do nosso cérebro e do funcionamento dele não é suficiente e portanto eu continuo continuo obviamente a ler sobre isso a área da neurociência e da neurocirurgia e assumo já nem sempre foi a área que que eu queria quem quem o que é que aconteceu para para escolheres neurociência neurociência não neurocirurgia então foi foi um acaso H há um há um colega meu lá do serviço que que gosta muito de dizer quando lhe perguntavam antes de dele dele fazer o exame de saída lhe perguntavam o que é que ele queria fazer não é dentro da neurocirurgia e ele dizia que que a vida o tinha encaminhado para determinado tipo de Patologia que que ele continuava a apreciar essas essas dicas que que a vida lhe dava eu até a até até ao meu ano comum portanto quando terminei a a minha faculdade e comecei o ano comum estava na altura de começar a ver as especialidades e o que é que ia escolher hh até ali eu tinha a certeza absoluta portanto no início do meu ano comum eu tinha a certeza absoluta que eu iria ser Cirurgião Pediátrico era isso que eu ia fazer e e pronto e vendo o meu o meu percurso eu não tinha feito estágio nenhum em neurocirurgia eu fiz o meu ano comum no no amader Cintra eu queria eh fazer um estágio Extra portanto precisava de de completar o na na minha rotação e pensei assim bom eh gostava de fazer se calhar cuidados intensivos na na cirurgia Cardi toráxica pronto achei que me trazia mais mais conhecimento eu já conhecia o serviço já tinha feito lá estágio portanto vou vou para ali hã e e dizem-me que não há vaga portanto não era possível que P escolher outra e disse mas eu não sei o que escolher portanto eu já sei que quero cirurgia pediátrica portanto não há alguma coisa dentro desta área e e a Carla que era que era administrativa lá do do Fernanda Fonseca dizia assim olhe Mas então e neurocirurgia Já experimentou eu aqu não não tenho assim particular interesse mas mas já agora porque não e então fui fazer o estágio de neurocirurgia no Egas de Noiz e entrava todos os dias às 7 da manhã e saía às 8 sem almoçar e eu andava Felicíssimo da vida com o tipo de doente que nós tratávamos o tipo de atividade que tínhamos a complexidade das cirurgias o facto de de ser extremamente difícil aquilo que que fazemos e pronto e tudo isso eu pelou à minha pessoa p parte ideia de ser Cirurgião Pediátrico e e pronto e avancei para para a neurocirurgia e no Hospital de Santa Maria onde ainda hoje trabalho e depois deste momento de contração voltamos aqui às doenças e agora para focar o aneurisma o aneurisma cerebral que quando rompe tem a uma mortalidade muito elevada É verdade diria que 50% dos doentes que têm um anismo roto acabam por não chegar vivos aos nossos cuidados para perceberem o a gravidade da situação quando chegam até nós desses 50% aqueles que conseguimos efetivamente tratar se calhar 30% desses tratados conseguem voltar a um dia a dia perfeitamente normal e a percentagem de pessoas que ficam com sequelas neurológicas e incapacidade são os outros 70% destes 50 é muito alto muito alto portanto e em relação aos zoris mas que mais uma vez se calhar perguntei como é que prevenimos não é sim e ficou mais na na memória dos portugueses desde que perdemos uma atriz Maria João Abreu em 2021 H ficamos ainda com mais medo desta desta doença e tem graça é curioso esta coincidência porque nesta semana H conheci uma outra pessoa que teve dois logo a seguira a Maria Jão abão e sobreviveu uhum portanto isto leva-nos sempre a refletir O que é que nós podemos fazer isto peça Às vezes uma um jogo de sorte ou azar acaba por ser um bocadinho isso H nós temos fatores fatores de risco reconhecidos tabaco e Hipertensão portanto são as únicas duas coisas que evitando podemos reduzir a taxa de risco não a taxa de formação de aneurismas a nossa nós não temos assim uma prevalência muito grande de aneurismas na na população portuguesa não comparando com por exemplo o Japão ou até mesmo alguns quimor que têm uma na prática uma alteração genética que leva e predispõe à formação de de aneurismas é portanto vão sempre assim aos beijinhos talvez talvez coisa que seimar mas H efetivamente a única coisa que conseguimos prevenir e são estes fatores de risco hoje em dia há muitos muitos doentes que chegam até nós já com o diagnóstico do aneurisma que não rompeu e esses de acordo com as características deles muitas vezes características não só do anismo mas do próprio doente acabamos por tratar para evitar que rompa e como é que vão os os avanços na na neurocirurgia houve um grande avanço acho que foi este ano no serviço de ne neurocirurgia em Coimbra uhum realizou-se pela primeira vez uma cirurgia de correção de um defeito craniano com recurso a uma prótese de impressão 3D isto parece bastante futurístico que nos podes dizer sobre eu diria que não é tão tão futurístico Mas isso é o presente ou seja aquilo que falávamos de de doentes que ficam com o crânio dentro da barriga à espera de de ser colocado na de novo na cabeça a fazer o que nós chamamos a cranioplastia quando nós não temos o osso porque o osso foi destruído por um tumor por exemplo a única forma de nós temos de criar esse osso é com muitas vezes uma rede de titânio ou com outros materiais similares e isso é possível moldar hah nós até aqui éramos artistas plásticos e moldávio do ou metade do crânio do outro lado e tínhamos mais ou menos a ideia de como é que a coisa ficava mas não ficava perfeito não é hoje em dia o que nós fazemos é pegamos na taque aquele doente tinha antes de ter o tumor E pedimos para fazer uma impressão em 3D e temos a temos o molde para colocar e fica perfeitinho o doente é como se nunca tivesse sido operado e além desta destas desta desta desta boa notícia não é que Afinal é o presente eu achava que era assim uma coisa quase inédita Sim há mais alguns avanços ou ou coisas que talvez não tenham ainda acontecido mas que não estejam assim tão longe de poder vir a acontecer em todas as áreas da neurocirurgia e das neurociências Tem havido evolução muito e evolução muito significativa hum na coluna as endoscopias ou seja o operar com a câmara dentro do do canal já tem 10 anos mas só agora é que começa a ficar massificado Ainda temos muitos colegas que operam como como aprenderam há 20 ou 30 anos atrás isso tem vindo a mudar no ponto de vista de tratamento das doenças vasculares ou seja os anoris mas as malformações arteriovenosas temos a radiocirurgia ou seja fazer radiação para tratar determinadas malformações arteriovenosas ou até mesmo tratar os anoris masas por dentro dos vasos como com catarismo como se faz por exemplo para tratar problemas no problemas cardíacos não é no caso de um enfarto mas mas isso tem também não é novo isso já é a nossa nossa realidade tem vindo algumas modificações em H no tipo de técnica que utilizamos para tirar tumores e na monitorização ou seja o termos os doentes acordados e saber como monitorizar e ver que defeito é que o doente pode ter antes de antes de ser intervencionado portanto temos temos essas técnicas e e eu acho que se calhar aquilo que é mais diria futurista que já tem também alguns anos é a cirurgia de estimulação cerebral profunda ou seja os doentes com patologia ou com doença de Parkinson cuja vida fica completamente modificada com com a introdução de dois elétros dentro do cérebro ligados a uma bateria que fica no peito e no dia a seguir acordam como se não tivessem Parkinson portanto é efetivamente um avanço que aquilo que tem vindo a mudar tem sido as indicações que que nós colocamos há doentes agora ou começa-se a operar doentes com Alzheimer para e com esta técnica para tentar evitar uma progressão tão rápida do Alzheimer e falta aqui uma pergunta essencial que é que tipos de sintomas é que que nós devemos estar atentos que podem ser sinal de um problema neurológico que pode pedir uma cirurgia aquilo que é mais frequente é que os doentes chegam à nossa urgência com uma suspeita de um AVC portanto tudo aquilo que que leva a pensar ou doente a pensar que tem um AVC normalmente Pode ter indica um problema neurológico que pode ser efetivamente um AVC ou um tumor o que é que estamos a falar doente que não consegue mexer um braço uma perna subitamente estava bem até ali deixa de o conseguir fazer um doente que deixa de conseguir falar ou deixa de conseguir compreender portanto ou seja tem uma uma um discurso que parece fluente mas depois quando se lhe pede para por favor beba um copo de água doente não percebe o que lhe está a ser dito e responde uma coisa completamente ao lado portanto alterações da da linguagem ou alterações motoras são sempre o o sinal de alarme dores de cabeça que são frequentes não é e que vemos muitos doentes com com dores de cabeça que nada tem a ver com com os problemas neurocirúrgicos que possam ter mas têm muito aquela dor de cabeça que nos acorda durante a noite é um sinal de alarme portanto não é aquela dor de cabeça típica que nós temos ao final do dia Cans porque estamos cansados ou que temos a tensão elevada Mas aquela que nos acorda durante a noite isso é um sinal de alarme ou aquela que não passa ou que surge com vómitos também são sinais de de uma alteração neurológica e faz sentido ir uma urgência e pontadas no cérebro assim repentinas pode acontecer ou é motivo para ir à neurocirurgia a correr eu diria que não eu diria que 90% dessas pontadas são completamente benignas tá bem mas na dúvida e e ho assusta muita gente espantadas no cérebro Sem dúvida nenhuma eu acho que assusta mais todos os meus colegas a quantidade de doentes que eu vejo ou colegas que eu vejo porque tiveram a ponta ou o dedo do pé dormente ou a apontada na cabeça que já senta há imenso tempo mas isto agora mudou portanto isso são são sintomas que preocupam nós vivemos na na era da iluminação e da imagem portanto nós se há uma dúvida se temos um problema neurológico não é difícil fazer uma uma ressonância magnética e descobrir o que é que temos portanto não vale a pena viver naquela coisa de Será que eu tenho algum problema é melhor primeiro não vou não vou ter com o médico para não saber pronto e como é que são os cérebros ao vivo São tal e qual como as imagens que nós temos acesso são todos iguais idênticos são muito diferentes CL Claro que não mas h é um é um órgão muito muito bonito e eu sei que se calhar visto deoutro ponto de vista e quem quem não quem não é médico se calhar um óg bonito Pronto mas é é efetivamente bonito e a diferença para as imagens é que ele pulsa os vasos têm efetivamente sangue que conseguimos ver passar portanto sempre que pelo menos eu falo por mim mas sempre que que eu vejo um cérebro também me dá um momento de pausa não é de pronto estou no caminho certo escolhi a especialidade certa eu não consigo viver sem isto e e a efetivamente pronto alo que eu recomendo que se tiverem a oportunidade CG isso também isso também mas se conseguirem ter a hipótese de ver um cérebro ao vivo vale muito a pena mesmo muito a pena e foi fácil estudar para a especialidade sei que é deas das áreas mais mais exigentes para a especialidade em si já no internato h não não foi um internato fácil e mas mas eu também e também escrevia sobre isso eu não acredito em internatos fáceis Acho que sim se se o internado tiver asso fá é muito exigente com os teus com os teus novos colegas não é sou sou com com os internos do serviço e e e pronto e infelizmente às vezes até eh depois de de uma cirurgia particularmente exigente em que em que fui chato com o com o interno eh até fico pronto simer aquela aquela coisa sentim mal quer ser chato é ser exigente com eles de ser mais rápido mais Eh preciso menos atabalhoado portanto ou seja na prática aquilo que H um método ah há um método e há passos que não se podem saltar e há neste caminho de nos tornar transformar no neurocirurgião porque não para meu ver aqui ou a meu ver nos se anos que da nossa formação não é suficiente ou seja nós começamos com no início fazer um pequeno orifício no cérebro é uma grande cirurgia hoje em dia isso não é uma cirurgia não é portanto ou para mim isso não é uma cirurgia isso é simplesmente um passo numa cirurgia muito mais complexa Mas é noos difícil muitas vezes quando fazemos este caminho e 10 anos depois olhar para o interno que entra no primeiro ano e não exigir dele já aquilo que eu saio ou aquilo que eu faço com a velocidade que eu faço portanto é muito é difícil pôrnos no pôrnos no lugar deles Especialmente quando estamos às 4 da manhã acabaram de nos acordar é uma cirurgia emergente se não não formos rápidos o doente morre e portanto temos que ter aquela dar espaço ao interno para poder atuar mas sempre com a mão rápida para se alguma coisa não tá a correr bem assumir isso E aí hh não é fácil não é um estás a treiná-los para serem melhores do que tu Sem dúvida nenhuma isso também é uma é uma coisa que nós falamos e E mais uma vez falando do dor Domingos que que é me ver o meu grande mestre Hum que nos deixa e sempre deixou fazer muitas cirurgias sempre com ele por perto mas cirurgias de complexidade crescente hum não faz sentido nós treinarmos e e há aquela aquela noção dentro dos internados cirúrgicos de eu vou guardar para mim aquilo que eu sei não vou ensinar eh o mais novo porque senão ele ele fica melhor que eu ultrapassa-lo isso é ridículo não é porque no dia que se acontecer alguma coisa aos meus à minha família ou a mim e eu entrar de urgência não vou ser eu que me vou operar aem mim próprio portanto eu estou a contar que a pessoa que eu treinei e com quem eu trabalho tenha melhores capacidades do que eu para operar a mim ou aos meus portanto não faz sentido esta questão de guardar o conhecimento para mim quando Na verdade são eles que me vão tratar a mim e à minha família não é portanto Sem dúvida nenhuma sou exigente com eles mas é porque porque quero mesmo que eles sejam melhores que eu tu falaste do Dr Domingos E por falar em Mestres por grande coincidência estamos a gravar esta entrevista no dia 27 de outubro dia em que nos deixou um muito querido e respeitado neurocirurgião português João LB anunes que foi teu professor foi foi o meu professor o que que tu aprendeste com com ele eu já conheci o o professor LB anunes e conheci-o durante a faculdade e e na prática o meu contacto com a neurocirurgia durante a faculdade foi apenas esse nós eu não tinha como disse não não tinha qualquer noção do que é que o negão Fazia mas sempre olhei para o professor anunes como uma referência quase uma iminência e não pelo não só pelo conhecimento que tinha pela pelas histórias que contavam dele mas o o facto dele na forma mais calma e tranquila possível conseguir se calhar reduzir grandes problemas a problemas mais simples Eu acho que o meu contacto com o professor L anunes enquanto interno de neurocirurgia ele deixou-nos deixou o serviço no ano em que eu entrei até lhe perguntei e eu perguntei mais tarde se tinha sido por causa disso não é quando eu fui embora quando eu cheguei ele foi-se embora mas mas há uma história curiosa com ele que é no final do meu primeiro ano de internato eh o professor já estava doente H mas foi ao ao jantar de de Natal do serviço e eu como bom interno de primeiro ano de neurocirurgia porque tinha estado a fazer a tratar dos doentes na enfermaria cheguei atrasado ao jantar é claro e então quando cheguei tínhamos três meses as corridas cheias de gente não é portanto aquela aquela coisa de chegar de chegar e pedir desculpa e obviamente que que a pessoa que eu que eu ou as pessoas é que eu fui vou cumprimentar seria o meu diretor de serviço o atual dror José migues e o e o professor L anunes que estava um lado a lado e dirigi-me automaticamente ao professor Lob anunes e disse olá eh eu sou eu sou Diogo Belo e sou interno do seu serviço e depois pensei assim pronto já não é o seu serviço é o servço do diretor que está aqui ao lado mas fiquei assim de mão estendida para o professor e o professor eh com aqueles penetrantes olhos azuis que ele tinha eh ficou assim a olhar para mim assim muito sério hum com aquele ar de porque é que chegou atrasado não é portanto e eu em pé não é portanto toda a gente olha para mim olha o interno do primeiro ano lá chegou ele atrasado mais uma vez de mão estendida para o professor e o professor sempre olhar para mim passou pareceu uma eternidade não é e hant Dime assim aqui há muitos anos e falei com o com o diretor de de neurocirurgia de Harvard e perguntava-lhes como é que Ele Escolheu os internos ou como é que ele escolhia os internos para o serviço quando tanta gente que quer ir para Harvard como é que ele escolhia os internos para o serviço ele dizia H pelos olhos John não é ele costumava dizer isso pelos olhos e depois olhou para mim e disse assim você tem bons olhos bem-vindo ao serviço e pronto e finalmente me apertou a mão e aí aí foi foi aquele rito de passagem parecia que tinha sido aceit pelo pelo professor não é e claro pronto e tive que aprestar a mão ao meu diretor de serviço que efetivamente a lado esse sim o meu diretor mas mas mas um homem um homem particularmente empático empático sim mas que criou muitas inimizades porquê Porque o professor era uma uma figura imponente e gostava de impor a sua vontade também um bocadinho por por todos os sites onde passava e deixou a sua marca no mundo da neurocirurgia não só na neurocirurgia portuguesa Mas também como como qualquer pessoa que tenha este grau e esta projeção a nível nacional e internacional gerou algumas inimizades e esta forma também de ser eh e de criar um serviço que do qual ainda ainda hoje eh ressoa com muitas muitas modificações que ele fez e que do qual nos orgulhamos mas para criar isso Ele criou efetivamente algumas inimizades mas sim especialmente empático falaste do serviço dele e o teu queres criar um serviço de neurocirurgia quem sabe um dia acho que ainda estou longe ou seja eu continuo a dizer que é uma ideia que tens acalentado sonhado Sem dúvida nenhuma Sem dúvida nenhuma eu acho que não faz sentido apontar aquilo que está mal h e não querer fazer melhor não é portanto todos nós e muito fácil depois dizer o que está mal e apontar e assim Isto não faz sentido nenhum e a está mal e chove dentro do nosso bloco enfim todas todas as as questões que que assombram o SNS e sim eu tenho tenho uma ideia isto estamos a anos de luz disso mas mas tenho uma ideia que do qual eu gostaria ou de um serviço no qual eu me revia não necessariamente como como diretor Mas como eu gostava que as coisas efetivamente funcionassem hh e isso é um bocadinho diferente do do de como ela está agora Agora R vejo-me na posição de ajudar o meu diretor e os meus restantes colegas a tentar chegar a uma a um melhor funcionamento do serviço seja ele atender para a imagem que eu tenho do que do que seria o meu serviço ideal ou não olha e onde é que fica o ténis na tua vida o ténis já ficou lá atrás efetivamente Então pronto eu joguei ténis durante muitos anos e e pronto e com o que eu achava que era efetivamente uma achava que era uma estrela do ténis de Faro e Mas que que obviamente não ganhou a neurocirurgia isso isso sem dúvida eu eu acabei por eu eu fiz fiz ténis de alta competição durante durante alguns anos e eu acho que como qualquer pessoa que depois faz alta competição quando sai do meio em que eh treina e compete Como foi o caso eu saí de Faro e e vim para Lisboa a estudar na faculdade de medicina hum parei por completo o ténis e era e sempre que me perguntavam se eu queria bater bolas eu disse não não tenho paciência para isso portanto eu quer dizer estava num nível competitivo não vou não vou simplesmente jogar para me divertir portanto não não há ninguém ao meu nível havia um bocadinho essa essa ideia ou seja estava farto de de ténis digamos assim H Então o que é que eu faço na faculdade vou vou para o voleibol não seja nada a ver agora fizeste-me lembrar um livro que eu li de neurociência em que o neurocientista dizia que o único desporto em que não inscreveria um filho era no futebol por causa da dos cabeamentos que pode ter pode afetar o cérebro Sim isto é mesmo assim é um bocado assustador eu diria que se calhar não o futebol futebol mas o futebol americano Sem dúvida não é portanto isso também criou muito muito celeuma quando quando se foram publicados os os dados de de de das das lesões traumáticas crónicas no no cérebro dos jogadores de futebol americano isso isso modificou completamente a a postura da da NFL Mas isso ainda demorou demorou alguns anos e o mesmo em relação aos desportes de combate nomeadamente o box não é portanto as proteções que existem com trum para um traumatismo craniano repetitivo não são suficientes e deixam marcas a longo prazo falta de memória tendências Suicidas portanto isso isso é um agora no tênis não quer dizer embora haja boladas na cabeça sim levas uma boada Eu já levei no p mas foi no olho olha e o teu doutoramento eh é alguma queres tratar de alguma destas doenças que mencionamos ou é ainda outra sim não menci é uma coisa muito ou seja muito específica a minha ideia para com doutoramento eu eu dedico-me a não só à patologia de coluna mas eu gosto muito de Patologia vascular neurovascular os aneurismas as maves etc há uma complicação típica de quando um aneurisma rompe que é quando há sangue fora do dos vasos eh os vasos dentro do nosso cérebro são muito sensíveis e são reativos ao sangue fora deles e o que eles fazem é fecham fazem o que nós chamamos um vaso ao espasmo e há várias formas pouco eficientes de tratar o vasoespasmo e pronto e a minha ideia é uma forma um bocadinho diferente de tratar esse vasoespasmo e é nisso que eu gostava de me doutorar e e tempo para damente difícil e ag ent a privada SNS imagino que sim não é e bebé não é portanto e Bebé Z Maria Exatamente isso agora tá tá de parte pelo menos até Us é crescer um bocadinho mais e mas tá sempre no back of My Mind portant tá aí no teu cérebro Sem dúvida é fã de acordar às 5 da manhã de CrossFit e de bons livros e tem feito um pouco de cada um Nos últimos quatro meses desde que foi pai do pequeno Zé Maria ainda muito jovem enveredou por uma breve carreira no ténis um sonho que após 12 anos de treinos torneios e teimosia foi substituído por um maior o sonho de ser médico preocupa o que olhemos com extrema mas temporária indignação para a guerra na Ucrânia e para o conflito Israel ou palestiniano e com extrema indiferença para as dificuldades do vizinho do lado ou para o sofrimento alheio que se vive diariamente em Lisboa cidade onde trabalha a arte de cuidar do outro corre na família a mãe educador de Infância embora doente e numa luta em glória com uma neoplasia do pulmão ainda hoje o orienta e lhe mostra o bom caminho Mas acima de tudo diz ele um caminho bom o pai fisioterapeuta até ao âmago mostrou-lhe que a melhor forma de tomar conta do próximo está em nunca cruzar os braços nunca voltar as costas nunca fechar a porta a quem precisa muito menos a quem nos pede ajuda nós só podemos agradecer ao Diogo Belo por não nos ter fechado a porta e pela companhia na última hora na Ana 3tv obrigada obrigado o que vamos fazer [Música]