Vídeo: “Do outro lado.” O caso da refugiada a quem faltava tudo

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[Música] claramente envolvi-me demais emocionalmente envolvi-me muito neste neste caso mexia muito comigo e mexi provavelmente com esse lado da impotência minha da dificuldade em lidar com o facto de que eu não vou conseguir ajudar naquilo que esta pessoa precisa Ou pelo menos em muitas coisas que esta pessoa precisa que vão para além da da parte da da saúde mental o meu nome é Vítor sartoris eu sou psicol clínico e Trabalho há 4 anos no Concelho português para os refugiados no Concelho português para os refugiados Eu trabalho num dos centros de acolhimento E esta pessoa chegou a Portugal já com o estatuto refugiado foi um caso extremamente difícil porque e basicamente o que aconteceu a esta pessoa na sua vida é um bocadinho e Ou seja eu pergunto o que é que faltava a acontecer desde e uma experiência de de violência sexual uma relação super conflituosa com com o marido para além do facto de ter ter fugido do seu país de origem não é porque por questões de ligadas a perseguição religiosa est mulher era da Síria estamos a falar de uma pessoa que que muitas vezes acabava por ter muitas crises de de ansiedade depois acabava por desmaiar e e depois tinha uma uma carga depressiva muito [Música] grande numa fase Inicial estava a correr bem mas até que até que chegou o momento em que todo o lado social encontrar uma habitação o não falar a língua o não conseguia encontrar um trabalho começou um bocadinho a minar todo este setting digamos assim terapêutico coisa que que acontece em psicologia que é no fundo as pessoas colocarem em cima de nós qualquer coisa que é que é difícil que é difícil de lidar eh que não é Nossa porque são as pessoas que se colocam em cima de nós mas nós sentimos como se fosse E provalmente isso aconteceu Portanto o facto de ela depositar em mim toda a esperança do mundo fez com que eu de alguma maneira sentisse essa pressão e Ok então tenho tenho mesmo que que ser toda a esperança do mundo isso é impossível e portanto sim fui claramente contagiado também por essa por essa ilusão nós somos uma equipa multidisciplinar eu portanto normalmente H que esta divisão de tarefas O que é social do Social O que é da psicologia da Psicologia O que é do emprego do emprego Mas neste caso o facto de ela se ter transformado h a nossa relação terapêutica numa coisa altamente idealizada fez com que para qualquer coisa queria falar com o Vítor queria falar com o Vítor queria falar com o Vítor e a partir de uma certa altura quer dizer o o Vítor nãoé já não já já não posso ter nenhum tipo de intervenção naquilo que vai ser o futuro dela do ponto de vista social a partir do momento é que esta que a senhora pronto e a sua família né saem do centro vão para uma casa acabam por não se habituar a essa a essa casa essa região pá por diferentes motivos que que as SAS pessoas terão e acabam por sair do país o que no fundo é é um processo um bocadinho inverso àquilo que deveria acontecer que as pessoas ficaram no país e fazer aí estes sais espinos todos de integração e o facto é que esta família depois acaba por sair de Portugal o seu programa fica fica suspenso e e depois voltam uns meses mais tarde e portanto quando voltam obviamente já não têm a casa T que novamente voltar para o centro e quando voltam para o centro no fundo é começar do zero novamente cria uma casa cria uma casa casa queria uma casa EUA quando picol não lhe consigo dar uma casa eh consigo lhe dar um outro tipo de estrutura mas não uma casa e e a verdade é que ela acaba por por ficar cada vez mais frustrada cada vez mais zangada lembro-me sempre de haver ali uma sensação de impotência da minha parte que é esta pessoa não vai conseguir trabalhar nós também não vamos conseguir dar nenhuma resposta e portanto temos que esperar e foi altamente frustrante também para mim porque senti que não conseguia estar ali a a ajudá-la nem nem como psicólogo nem como profissional de saúde como nada portanto foi uma situação em que eh as minhas limitações vieram claramente aqui ao de cima há um lado de esperança nas outras pessoas que eu consegui sempre identificar nesta realmente e e também fruto de ter saído do país e ter voltado e depois do programa ter ficado uma embrulhada para mim foi sempre muito difícil conseguir ver uma uma alternativa ele entretanto abandonou novamente o país nessa nessas situações nós normalmente Nunca sabemos para onde é que as pessoas vão porque as pessoas também não dizem não é porque por receio ou por por também não quererem pronto não Nós não sabemos entra de volta novamente hh claro que nos foi pedir ajuda não éis esta pessoa e a sua família no caso acabou por serem encaminhada por um alojamento temporário H dentro do do âmbito da Segurança Social ah portanto ao que eu sei pessoa está está em Portugal mas acho que fiz aquilo que poderia fazer agora é altamente frustrante quando eu sinto que de facto a psicologia Não consegue resolver tudo e e isso é por um lado é é uma boa realização foi interessante para mim perceber que ok psicologia pronto ajuda muito mas não ajuda tudo porque de facto há há necessidades básicas e há coisas que se vem primeiro antes de nós pensarmos sobre nós próprios H qualquer coisa de base tem que estar garantida não é que é casa que é os filhos estarem bem que é a pessoa ter dinheiro para a alimentação e isto aqui não nada disto estava estava a seg quer dizer ou pelo menos não na sua Plenitude neste caso em concreto foi interessante contrastar quer dizer a minha vida toda a vida que eu tive e toda a vida que esta senhora teve não é Ou seja como é que duas pessoas Dois seres humanos podem ter experiências tão dispares e é ouvindo estas histórias tão e tão avasaladora que que me faz pensar na posição de Privilégio que eu tenho cá pronto e que me ajuda no fundo também ou pelo menos eu gosto da querit tá que sim ajuda-me a ser também o melhor melhor ser [Música] humano l