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Boa tarde bem-vindos à sessão de apresentação do programa das comemorações do quto centenário de nascimento de Luís de Camões a senhora ministra da cultura irá apresentar o enquadramento e os horizontes da programação das comemorações senhora ministra senhor primeiro-ministro excelência senhores ministros membros do corpo diplomático senhores Comissários senhor diretor executivo e demais membros da comissão para as comemorações do quto centenário de nascimento Luís de Camões senhor cogo Prior do Mistério dos jerónimos Senhora Diretora do Mistério dos jerónimos e torre do blay minhas senhoras e meus senhores na honrosa presença do Senhor primeiro-ministro tenho o gosto de iniciar a sessão de apresentação do programa das comemorações do quinto Centenário do nascimento de Luís de calmes é aqui o lugar certo para o fazermos em primeiro lugar porque o mosteiro dos jerónimos é o Monumento dos monumentos Portugueses e este monumento dos monumentos portugueses acolhe simbolicamente o poeta dos Poetas portugueses ainda que o belo túmulo revivalista ao gosto do século X dotado de figura jacente possa não conter a sua verdadeira ossada como se dizia ambos atravessaram os corredores do tempo mais de cinco séculos e transcendem fronteiras geográficas emp pondo-se pelo seu valor universal por ocasião da celebração do tricentenário da morte de Luís de Camões em junho de 1880 realizou-se cerimónia da transladação dos seus restos mortais da igreja do convento de Santa Ana para esta nossa igreja do mosteiro de Santa Maria de Belém da ordem de São Jerónimo na verdade tratou-se de uma transladação simbólica já que a igreja onde o poeta foi primitivamente sepultado foi reedificada na sequência do terremoto de 1755 esta circunstância dificultou ou impossibilitou a árdua e demorada tarefa da identificação da sua ossada homenagear o poeta reafirmando o seu lugar cimeiro na memória da Nação conhecer divulgar e valorizar a sua obra são os objetivos primeiros das comemorações neste quinto Centenário do nascimento tratando-se de um ato celebrativo que se repete impõe-se um conjunto prévio de questionamentos eu gosto de questionar que sentido dar às comemorações nestes tempos atuais que não podem confundir-se com anteriores celebrações num contexto que já não se caracteriza por uma justificação da identidade nacional à luz de projetos coloniais e imperiais como abordar contemporaneamente este tema como fazer melhor e diferente em relação a ciclos comemorativos passados que novos pensamentos instrumentos e canais poderão ser usados para favorecer uma conceção democrática de Cultura capaz de p as comações ao serviço de uma sociedade mais integrada e plural não se deverá esquecer que no último quartel do século X alguns intelectuais se perceberam do cansaço provocado por sucessivas celebrações e tomaram consciência da sua ineficácia na mobilização de um povo com impressionantes taxas de analfabetismo em comparação com os nossos dias Quais as continuidades que se fazem sentir como se comemora num país que se caracteriza por múltiplas comunidades vivem fora do território nacional e por comunidades com origem nos países de língua portuguesa a parte destas interrogações sobre sentido e objetivos o programa das comações estrutura-se em torno de linhas que dão sentido a uma série de atividades de iniciativa própria esta programação Concebida e a executar pela comissão recentemente nomeada será realizada entre 10 de junho de 2024 e 10 de junho de o alargamento do prazo mais um ano do que o previsto tem a finalidade de permitir ultrapassar a pesada herança deixada pelo anterior governo designadamente a ausência de programação e de orçamento destinado ao 15 Centenário do Nascimento Luís de Camões cujo calendário seria de 12 de Março ou 10 de junho 2024 10 de junho de 2025 mais um ano mais um ano são dois foi revogada a anterior estrutura de Missão e criada uma nova mais Ampla alargada ao Ministério da Educação e com diversos especialistas reputados camonianos incluindo um comissariado geral e curatorial assim como um diretor executivo as linhas de programação correspondem a três âmbitos essenciais uma de natureza cívica e cultural outra centrada no estudo e na crítica científica na investigação da figura e da obra do poeta e uma terceira linha à qual se atribui neste ciclo uma atenção muito especial a de âmbito educativo ao assumir estas linhas de programação com sentido de responsabilidade em relação às preocupações do presente a comissão procurará dar resposta a todos sem exceção que se reivindicam dos valores emancipados da Nação com suas múltiplas perspectivas de Desenvolvimento Social e cultural e que pautam a sua consci de cidadania pelos valores da Justiça da igualdade e da Liberdade no que respeita aos grandes eixos orientadores da programação haverá que especificar alguns pressupostos o primeiro diz respeito à necessidade de atribuir um valor paritário a referidas dimensões cívic cultural científica e educativa para isso importa aprender a tratar em pé de igualdade os instrumentos de criação e comunicação audiovisual teatros museus Galerias bibliotecas escolas e universidades para Que tal paridade aconteça será decisiva a colaboração tanto dos professores dos diversos ciclos de ensino como da investigação e dos profissionais da arte e da cultura Será preciso ainda ser capaz de mobilizar agentes culturais e redes sem esquecer as que as que contam com a existência de espaços de criação mais informais e que felizmente são cada vez mais depois em segundo lugar impõe-se envolver organizar e apoiar dando visibilidade também através do recurso em instrumentos eletrónicos a diversas iniciativas descentralizadas só assim estimulando uma tomada de posição por agrupamentos de escolas e outras instituições ou ou entidades se poderão congregar os esforços construídos em torno da rede de bibliotecas escolares e valorizar iniciativas oriundas dos mais diversos quadrantes por último sendo possível estender as comemorações durante um período de 2 anos prolonga-se no tempo o estudo de Camões da sua vida obra contexto e reação ao longo dos séculos é muito importante a reção o atravessamento secular dos temas o modo como cada época os apropriou os sentiu e os celebrou neste caso ental pensar que no âmbito desta desta deste ciclo comemorativo poderá dar-se feliz coincidência de novas descobertas e fundamentalmente e isso é certo interpretações históricas particular atenção será dada à influência camoniana na literatura na arte na cultura em geral um conjunto de encontros seminários regulares ciclos de colóquios ou pequenas jornadas da D expressão a esta dimensão de estudo e pesquisa com sentido filológico e histórico neste sentido destaco três iniciativas a cargo da Biblioteca Nacional de Portugal a saber a disponibilização segundo um plano classificatório e com instrumentos de busca de uma camoniana digital a organização de uma grande exposição um ciclo de conferências que colinar com um colóquio em Maio de 2026 e a apresentação de uma série de de estudos e publicações a este núcleo de atividades centradas na Biblioteca Nacional somar-se hão muitas outras iniciativas uma proposta de colaboração institucional capaz de articular organismos do estado com associações da sociedade civil determinará o labor da comissão no regime de trabalho em rede e descentralizado serão conjugados os esforços lançados por organismos públicos tutelados por três ministérios em Ação conjugada o ministério da cultura que além de Tutelar diretamente este ciclo comemorativo garante atividades em diversas instituições e serviços integrados como a museus e monumentos a direção Geral das Artes a direção Geral do Livro dos arquivos e bibliotecas aarte o teatro Dona Maria estes organismos do ministério da cultura têm vindo a preparar um importante conjunto de iniciativas o Ministério da Educação Ciência e inovação que não integrava a anterior estrutura de Missão e que agora participa ativamente entre outros através da rede de bibliotecas escolares cuja diretora integra a comissão curatorial e dos agrupamentos de escolas tem um papel fundamental o Ministério da Educação Ciência e inovação o terceiro Ministério o ministério dos negócios estrangeiros parceiro fundamental através da sua rede diplomática e consular do Instituto Camões dos centros culturais cátedras e eleitorados ainda no domínio público haverá que considerar o trabalho desenvolvido e a desenvolver fundamentalmente pelas câmaras municipais a começar pela câmara municipal de Lisboa a par de todos os apoios que possam vir a ser prestados a companhias de teatro e à produção de filmes e documentários quanto às organizações empresas e associações profissionais será necessário congregar as iniciativas assumidas ou projetadas pela associação dos Professores de história Associação dos professores de português Associação Portuguesa de editores e livreiros em ligação com as esfiras do livro e outras iniciativas de âmbito literário em diversos pontos geográficos do país preocupa-nos a cobertura territorial e a democratização no acesso questões às quais em cumprimento do programa do governo estamos sempre atentos afigura-se necessário também captar os esforços de todas as associações ligadas às Comunidades de língua portuguesa bem como atender à riqueza das línguas de convívio no conhecimento e na valorização da figura e da obra de Luís de Camões há que contar ainda para ampliar os horizontes deste programa com as Fundações e com as empresas que têm vocação para o mecenato ou que podem mobilizar-se pela primeira vez em torno da figura e do legado camoniano trata–se portanto de definir como objetivo principal pensar Camões e a sua obra como lugar cimeiro da memória Nacional na sua elaboração partimos do princípio que nos interessa refletir sobre a figura de Camões autor de uma obra que abrange diferentes géneros a qual foi lida em diferentes contextos e tem vindo a adquirir sucessivos significados o caso das traduções por exemplo constitui-se como um dos mais interessantes da receção da obra Épica e lírica das tradições castelhanas dos Lusíadas sem tradução de sonetos para eh de José Luís Tavares outro caso exemplar é o dos usos musicais das composições com letra de Camões por fim permitam-me referir que a biografia as obras e os retratos do poeta têm sido objeto de controvérsias seculares como afirmava Vasco cça Moura um dos grandes camonianos dos nossos tempos a quem presta aqui sentida ou não sendo propósito este programa comemorativo desvendar os os mistérios que dão corpo à aura mítica de Luís de calmes saibamos identificar com precisão as razões pelas quais o nosso poeta ocupa o lugar cimeiro na memória da Nação muito obrigada [Aplausos] vai usar da palavra o senhor Ministro de estado e dos negócios estrangeiros Excelentíssimo Senhor primeiro Ministro senhora ministra da cultura Nossa anfitriã senhor ministro da presidência senhor Ministro da Educação Ciência e inovação excelentíssimos membros do corpo diplomático excelentíssima senhora comissária senhores Comissários adjuntos senhor diretor executivo e demais membros da comissão para as comemorações do quinto Centenário do nascimento de Luis Camões senhor Prior do mosteiro dos jerónimos Senhora Diretora do mosteiro dos jerónimos e da torre de blain senhoras e senhores o dia em que eu nasci morra e pareça não o queira já mais o tempo dar não torne mais ao mundo e se tornar Eclipse nesse passo o sol padeça a luz lhe falte o céu se escureça mostre o mundo sinais de se acabar nascam lhe Monstros sangue chova o ar a mãe ao próprio filho não conhece as pessoas pasmadas de ignorantes as lágrimas no rosto da cor perdida cuidem que o mundo já se destruiu Ó gente temerosa não te espantes que este dia deitou ao mundo a vida mais desaventuras que se viu Estamos aqui hoje em 2024 basicamente por causa deste soneto porque é a partir dele que muitos tentaram localizar a data de nascimento algures em janeiro de 1524 o que não é certo inicialmente pensava-se que era 1517 logo no século X depois enfim exita entre 525 526 524 mas porque aqui está um eclipse que se deu no dia 24 de janeiro de 2000 de 1524 e o Poeta luda ao seu próprio Nascimento julga-se que estamos aqui por causa deste poema e por isso comecei por ele e este poema revela uma faceta de luí de Camões que não é a faceta Épica dos Lusíadas nem é bem a faceta lírica de muitos dos sonetos é uma faceta de eu diria nostalgia de uma certa Desconfiança de uma certa de um certo pessimismo antropológico porque efetivamente está quase arrependido de ter nascido o que também não não estaria aqui hoje eu chamo atenção para isto porque antes mesmo de ir à parte que me compete acho que nós temos mesmos de fazer esta reflexão porque é que Luís de Camões não é apenas o maior dos Poetas Portugueses e não faltam poetas de grande grande nível Global mas é o maior escritor português e é uma coisa que é indisputável portanto ou seja não há possibilidade de haver qualquer outro que se compare com ele é assim porque em primeiro lugar e muito antes de Fernando Pessoa como aqui se vê Luís de Camões tem heterónimos há Luís de Camões da Glória da Fama da epopeia e há Luís de Camões do amor doentio do amor persecutório ou do amor completamente digamos e desesperançado eh e ao Luís Camões muitas vezes enfim eh até de pequenos episódios em que o seu génio se revela apesar de estar a falar de coisas mais triviais ou enfim desta e desta nostalgia deste pessimismo desta E deste inconformismo digamos assim que é muito português diga-se de passagem e e portanto desta eu diria mesmo desta desta mitologia da Saudade para usar a terminologia do Eduard Lourenço Isto é assim porquê porque é que há diferentes Camões porque é que Camões nos inspira tanto porque é que o Camões ainda é hoje de facto uma referência desta calibre porque é um génio que em que não há comparação no espaço da Língua Portuguesa de toda a língua portuguesa nos quatro cantos do mundo se é que o mundo tem cantos a não há vamos cá ver só os luzias nós temos toda a mitologia grega toda a mitologia romana toda a mitologia Judaica toda a mitologia Cristã toda a história de Portugal sem Fontes que vem do início afons Henriques até à sua contemporaneidade temos um conhecimento do território Global porque ele foi um viajante e nomeadamente os 17 anos que esteve entre 15 53 e 1570 eh Enfim no caminho para a Índia e depois enfim em Moçambique na China eh eh acumulou um conhecimento de geografia absolutamente excecional pois ele tem todo este conhecimento presente os luzas foram escritos provavelmente nesses 17 anos é possível que alguma coisa tenha sido acabada já em Portugal entre 1570 e 1572 se nós pensarmos que não tinha uma biblioteca nem sequer most ser Santa Cruz de Coimbra onde supostamente terá eh e adquirido esse conhecimento exponencial como é que é possível escrever de memória todo este conhecimento isto é uma coisa absolutamente inabarcable [Música] A B A B A B C C é que saber isto tudo e explicá-lo em prosa já era uma coisa extraordinária saber isto tudo e pô-lo inverso é uma coisa ainda mais Fabulosa mas pô-lo inverso dentro de um espartilho único é absolutamente extraordinário e isto é ao mesmo tempo do ponto de vista formal e artístico algo absolutamente inatingível tínhamos de facto o Homero tínhamos de facto o Virgílio mas só provavelmente estes estiveram neste registo e para Além disso temos uma um pensamento porque há um pensamento nos lusiadas até há mais que um eh E isso tem muito a ver com uma coisa que disse a ministra da cultura e que eu não queria deixar de referir que é realmente a questão Como ler Camões hoje e como ler Camões democraticamente é que Os Lusíadas têm eles próprios a a sua o seu o seu repto no sentido da sua própria e eh digamos oposição interna o velho de restelo que estava aqui muito perto hum com saber de experiência feito que tais palavras estor do experto de peito eh basicamente contesta por completo tudo aquilo que diz eh no fundo o Camões na epopeia o Adamastor a mesma coisa portanto existe quiserem existe contraditório democrático dentro do Camões as opções que o poder português tem de seguir estão contraditados e portanto há também aqui um um um há espaço até algumas das dos debates em que a ministra da cultura e eu Estamos envolvidos sobre a relação com o nosso império e a nossa herança Imperial estão de alguma maneira antecipados em muitos pontos dos Lusíadas e tudo isso é é matéria que merece reflexão Dev aliás dizer que isto a senhora ministra não falou mas uma das coisas que eu aguardo com maior expectativa é a influência a influência da Inteligência Artificial na releitura de Camões porque eu acho que nós vamos descobrir muita coisa quando tivermos Esse instrumento ao serviço da análise filológica literária ideológica eh de Camões eu queria dizer para além disto uma outra coisa é que o Camões verdadeiramente foi o refund da língua portuguesa a língua portuguesa há uma antes do Camões E H outra depois do c do Camões porque Camões trouxe um vocabulário enorme diretamente importado do latim enfim hoje a doutrina de evit muitos acham que é importado do Castelhano Isto é já tinha sido do latim para o Castelhano e depois é portugues do Castelhano para o português enfim isto é uma discussão sível mas que está aí entre os especialistas e eh mas de facto português não é o mesmo nem o pensamento português a ideia do quinto Império do Padre António Vieira que é provavelmente com ele e com o Fernando Pessoa são os três maiores escritores Portugueses e eh eh vem toda obviamente já enfim não apenas do Camões enfim H há outra literatura desse género mas no Camões claramente está afiliada a essa literatura portanto eu queria dizer que isto é uma coisa mesmo importante e que é uma pena que não se tivesse compreendido completamente o alcance do que são 500 anos de Camões e saúde aqui muito o primeiro ministro a ministra da cultura e o ministra da educação por terem percebido isso eu posso dizer logo no dia 3 de abril de manhã que foi o dia em que tivemos o primeiro conselho de ministros e ainda não se pensava em dar um nome ao aeroporto e já se tinha pensado que esta cerimónia tinha de ocorrer aqui na semana anterior a 10 de junho e isso acho que é algo muito importante dito isto eu queria só dizer qual é a perspectiva de mes com estrangeiros e depois terminar com uma um último imersão nos textos de Camões mas e e dizer que essencialmente para nós a questão é a questão da geografia o Camões como é um humanista é um homem do renascimento isso é claro em toda a sua produção e e e é humanista típico de conhecimento integral aliás há imenso conhecimento científico até astronómico também na sua obra mas em particular nos Lusíadas a a o Camões basicamente revelou a nova Geografia por exemplo eu devo dizer que na minha e Encarnação anterior como Deputado europeu eh o retrato que ele faz dos povos europeus está rigoroso Eu só não vou fazê-lo porque está aqui o corpo diplomático e poderia ofender alguns dos presentes mas de facto está feito no canto sétimo por exemplo está claramente feito o retrato e é um retrato bastante fiel daquilo que são os traços áticos de cada um dos povos europeus que com que hoje estamos na União Europeia Portanto o que eu queria dizer é há toda uma nova geografia e essa geografia que nós queremos usar em primeiro lugar naturalmente os países de língua portuguesa esses serão os principais destinatários claro que eles também celebram porque o Camões não é nosso o Camões é deles não é e no sentido que o Camões só pode escrever o que escreveu Porque viveu nesses territórios enfim não no Brasil mas viveu praticamente passou por todos os outros territórios ou e e por muitos mais que entretanto mantém ligações a Portugal mas sem a língua portuguesa aí também em territórios onde a língua portuguesa foi muito importante e hoje não está estou a pensar em Goa estou a pensar em malaca estou a pensar no Japão estou a pensar na Coreia estou a pensar na Indonésia onde nós de facto podemos assinalar estes 500 anos porque Celebrar 500 anos de Camões é Celebrar 500 anos de língua portuguesa e da sua refundação da sua verdadeira modernização do seu regresso Se quisermos à sua matriz Latina erudita não é porque a sua matriz Latina é ainda uma matriz vulgar até Camões Claro que não é apenas Camões O Dom João I teve a felicidade de ter o Gil Vicente o António Ferreira e por aí fora portanto estamos a falar de um escol Bernardinho Ribeiro portanto um escol absolutamente extraordinário mas o Camões de facto destaca-se não apenas naquele momento mas também noutro o grande problema de comorar dito isto na nossa rede consular e na nossa rede diplomática nas universidades nas embaixadas Camões isso não é problemático vamos fazê-lo embora eu estou totalmente de acordo com a prioridade da comissão que são as escolas portuguesas E H escolas portuguesas também no mundo inteiro ou escolas em que se ensina português mas são os alunos portugueses que devem ser os os primeiros destinatários desta desta iniciativa deixa-me dizer que o grande problema dizia eu de Camões ou dos 500 anos de Camões é que a obra de Camões é de tal maneira incv que por mais que nós comemoremos não conseguimos verdadeiramente e e eh e e abarcar compreender e toda essa e riqueza da sua obra e e por isso eu Julgo que é bastante adequado para termos essa consciência que vamos ter dois anos de celebração educativa eh científica comemorativa também no sentido festivo do termo de Camões mas que obviamente como diziam os latinos que ele conhecia como ninguém não é arse longa Vita Breves quer dizer a vida é breve para tanto tanto conhecimento e portanto para tanto trabalho Arce longa trabalho longo e a vida é breve não é suficiente mas por isso mesmo porque a vida é breve e a vida é curta terminaria com esse sim um soneto muito conhecido E esse sim profundamente lírico e muito ligado já agora à mitologia Judaica S anos de pastor jacobe servia labão pai de Raquel serran naaba mas não servia ao pai servia a ela e a ela só por prémio pretendia os dias na esperança de um só dia passava contentando-se com vla porém o pai usando de cautela em lugar de requel lhe dava Lia vendo o triste pastor que com enganos lhe for assim negada a sua pastora como se a Não tivera merecida começa de servir outros 7 anos dizendo mais servira se não fora para tão longo amor tão Curta a vida muito obrigado [Aplausos] iremos agora assistir à declamação de três chetes de Luís de Camões por estudantes da escola secundária de Camões em Lisboa e por uma jovem da escola Portuguesa de Dil Rui sin em Timor vencedora do concurso do Plano Nacional das Artes e do jornal público amor é um fogo que arde sem se ver a ferida que dói e não se sente é um contentamento descontente é dor que desatina sem doer é o não querer mais que bem querer é o andar solitário entre a gente é o nunca contentar-se de contente é um cuidar que ganha em Se perder é quer está preso por vontade é servir a quem vence o vencedor é ter com quem nos mata lealdade mas como causar pode o seu favor nos corações humanos amizade se tão contrário a si é o mesmo [Aplausos] amor transforma o amador na coa amada por virtude de muito imaginar não tenho logo mais que desejar pois em mim tenho uma parte desejada se nela está a minha alma transformada que mais deseja o corpo de alcançar em si somente Pode descansar pois consigo tal alma está leada mas esta linda e pura semideia que como acidente em seu sujeito assim como a alma minha se conforma está no pensamento como ideia e o Vivo e puro amor de que sou feito como matéria simples busca a forma mudam-se os tempos mudam-se as vontades muda-se o ser muda-se a confiança todo o mundo é composto de mudança tomando sempre novas qualidades continuamente vemos novidades diferentes sem tudo da Esperança do Mal ficam as mágoas na lembrança e do bem se algum ouve as saudades o tempo cobre o chão de verde manto que já coberto foit de Neve fria e enfim convertem choro doce canto e afora este mudar-se cada dia outra mudança faz demor espanto que não se muda já como sua do grande poeta Luís Vas Camões poeta da língua portuguesa esta língua que nos une de Timor a [Aplausos] Portugal convido sua Excelência ao Primeiro Ministro a encerrar a sessão muito boa tarde a todas e a todos senhor Ministro de estado e dos negócios estrangeiros senhora ministra da cultura senhor Ministro da Educação Ciência e inovação senhor ministro da presidência senhor cogo Senhora Diretora do mosteiro de jerónimos e da Torre de Belém senhora comissária e demais membros da equipa que vai materializar esta jornada de Evocação dos 500 anos do nascimento de Luís Vas de Camões minhas senhoras e meus senhores desde pelo menos as comemorações do tricentenário da morte de Camões Em 1880 ainda aqui há pouco recordado pela senhora ministra da cultura tem sido às vezes celebrado por sucessivos regimes políticos e em diversos contextos históricos a figura de Luís de Camões na monarquia como na república na democracia em que vivemos como mesmo antes dela Camões foi objeto de sucessivas leituras e interpretações adaptado Ao Sentir das várias épocas e apropriado com propósitos que em muitos casos claramente transcenderam o sentido da sua vida e da sua obra as presentes comemorações que agora se iniciam não têm obviamente a pretensão de celebrar um verdadeiro Camões como se as outras vezes em que se celebrou a sua figura se tivesse limitado a sua Mía ou imaginária tornando num simulacro ou numa ficção mas TM estas comemorações manifestamente a intenção de assinalar o quinto Centenário do seu nascimento de forma aberta e plural no modo que é próprio de um regime democrático e inclusivo Capaz no seu seio tanto celebrar um Camões histórico como um Camões mítico E acima de tudo de perceber que o seu legado é tão rico e tão vasto tão portuguese perene que é fácil concluir que Camões resiste e triunfa sobre todas as tentativas de apropriação ou manipulação da sua herança cultural e literária Camões não é nunca poderá ser propriedade de um concreto regime político porque Camões é Portugal Camões é povo Camões é a essência livre da Alma portuguesa do ser português não pode por isso ser cativo senão da nossa memória da nossa admiração do nosso tributo enquanto nação por isso Celebrar Camões no século XX é fazê-lo com humildade e com humildade democrática Diante da sua grandeza e da obra que nos legou nós não queremos celebrá-lo de um modo passadista ou saudosista como também não queremos modernizá-lo em termos anacrónicos ou falsificadores da Verdade histórica da Verdade Histórica de Luís de Camões pretendemos antes isso sim situá-lo no espaço e no tempo que foram os seus promover como também aqui já foi referido o estudo da sua vida e da sua obra de acordo com os mais modernos critérios científicos e até já agora correspondendo também ao desafio aqui deixado pelo senhor Ministro de estado e dos negócios estrangeiros esperando que nova formulações tecnológicas nos possam ainda acrescentar com critério de forma rigorosa mais eixos de análise da sua vida e da sua obra mas também divulgar as muitas mensagens que a sua poesia contém junto dos portugueses sobretudo das Gerações mais novas Este é o propósito Central daquilo que temos em vista promover nos próximos do anos nestas comemorações a melhor forma de Celebrar cões continua a ser divulgar e conhecer a sua obra que as suas palavras façam Eco nos corações dos jovens e que lhes despertem novas significações novos mundos mesmo novas interpretações que os versos de Camões façam sentido 500 anos depois como nos mostraram os jovens que aqui há pouco declamar aqueles sonetos E também o nosso Ministro de estado e dos negócios estrangeiros e que nas suas vozes dos jovens e do ministro transportam toda a contemporaneidade e o futuro que a poesia de Camões ainda contém queremos um Camões que seja veículo da língua que a todos nos une e que todos amamos uma língua que não é só Nossa uma língua que é do mundo é de todos aqueles que a falam é de todos aqueles que a ensinam e é de todos aqueles que a aprendem aqui ou na escola Portuguesa de D em todas as escolas portuguesas espalhadas pelo mundo e em todas as escolas portuguesas no território nacional em todo lado uma língua que aa mais bela e rica na sua imensa diversidade uma diversidade que de facto une junta uma diversidade que é um elemento Universal que muitas vezes de facto é capaz de agregar e de conjugar em suma minhas senhoras e meus senhores queremos evocar Camões no século XXI celebrando em Camões humano presente quer nas suas venturas e Desventuras do Amor quer nos cambiantes de outros sentimentos que descreveu como poucos sentimentos elevados e nobres mas também o medo a ganância a inveja a misera inveja que lhe Serviu de remate nos Lusíadas em Camões celebramos o Humano o humano nosso contemporâneo de um tempo que foi o dele mas também tristemente nosso o nosso evado de guerras e conflitos do humano do fraco humano que se sente um bicho da terra tão pequeno perante tanta Tormenta e tanto dano perante tanta guerra e tanto engano quando contemplamos a obra camoniana a variedade assombrosa das das suas dimensões a escala do seu humanismo a grandeza do seu trabalho poético concluímos facilmente que é desnecessário explicar a razão destas comemorações na verdade Celebrar que hões não necessita de justificação singular e Estranho seria não fazer ou fazê-lo de forma insuficientemente inexplicável vamos pois Celebrar os 500 anos do nascimento de Camões vamos fazê-lo com dignidade com orgulho mas com humildade democrática Diante da sua grandeza porque essas honras vãs esse ourouro puro verdadeiro valor não dão à gente melhor é merecê-las sem os ter que possuí-los sem os merecer obrigado [Aplausos]