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bem-vindo ao clube dos 52 é aqui que 52 personalidades das mais diversas áreas são convidadas a olhar a próxima década do país que Desafios que apostas estratégias estamos Desta forma a assinalar os 10 anos do Observador e os 5 anos da Rádio observadores esta semana a nossa convidada é a investigadora e professora Universitária Alda Botelho Azevedo é especialista em demografia e envelhecimento da população muito bem-vinda a este a este clube dos 52 e deixa-me começar desde já pelo pelo título do do artigo que assina porque acho que é logo eh que Prende muito a atenção e surpreende Vamos ser menos e vamos ser mais velhos Mas isso não é uma catástrofe Como assim não é uma catástrofe H Olá muito obrigada pelo vosso convite antes demais e muitos Parabéns ao observador pelo seu aniversário hum eh portanto a verdade é mesmo essa portanto todas as projeções de diferentes entidades oficiais apontam para o fato de nós nas próximas décadas nos tornarmos e mais velhos portanto a percentagem a proporção de pessoas com 65 e mais anos sobre a o total de população irá aumentar e iremos também ser menos Portanto o recenciador porque a população em si eh é uma entidade dinâmica e pode crescer pode decrescer pode manter-se estável ao longo do tempo mas no fundo eh as sociedades ao longo da história têm-se conseguido adaptar a diferentes eh volumes e estruturas etárias da população aqui o que é importante é nós percebermos que não podemos forçar sistemas eh organizativos de iades à população quando ela já não tem a estrutura etária para na qual e com base na qual essas estruturas foram foram criadas e portanto o que tem de existir é da parte das políticas públicas esta sensibilidade maior de que o volume e a estrutura da população são fundamentais e que são determinantes quer na na na disponibilidade de mão deobra quer na necessidade de cuidados formais e informais quer na na necessidade de cuidados à infância e portanto eh a a sociedades vão tendo de se adaptar e t provado ser bastante bastante resilientes nesse aspecto e conseguido eh fazê-lo não é uma catástrofe nem sequer é uma novidade há várias décadas que esta tendência se vem delineando portanto nós começamos primeiro por envelhecer e portanto a partir do momento em que deixamos eh em em 1983 pela primeira vez o índice intico de fecundidade que é o número eh eh de filhos em média por mulher em idade fértil isto admitindo que as mulheres estariam submetidas às taxas de fecundidade eh do momento baixou do nível de 2.1% portanto Em 200 em 1983 pela primeira vez situa-se abaixo o quer dizer que a partir desse momento a dinâmica natural Deixa de ser suficiente para repor as gerações portanto primeiro dá sua envelhecimento agora começamos a verificar o declínio porque passaram 40 anos porque passaram 40 anos nós temos hoje menos mulheres em idade eh reprodutiva do que tínhamos há algumas décadas Portanto o nosso potencial reprodutivo também diminuiu e é por isso que nós temos de encarar para estas questões de uma fecundidade baixa de uma perda de população do envelhecimento de população com uma maior naturalidade e encontrar as políticas que se conseguem ajustar à população que temos hoje e que sabemos que teremos no futuro e neste aspecto o papel das migrações é absolutamente Fundamental e e já levamos às migrações mas ainda na forma como nos temos que adaptar esta esta estrutura estamos a falar de sistema de pensões de sistema de saúde de sistema de educação tudo isto tem que ser adaptado tudo isto tem de ser ajustado à população com a estrutura etária que ela tem hoje e portanto por exemplo ao nível dos cuidados formais e informais às pessoas com idades mais avançadas temos eh um um longo caminho por percorrer eh nós sabemos que as famílias têm hoje uma sobrecarga muito acentuada eh no Cuidado dos seus familiares eh mais próximos com idades avançadas isto porque não existem ainda estruturas suficientes eh estruturas de apoio a formais suficientes para que estas pessoas tenham os cuidados necessários Isso é uma emergência Nacional hh porque efetivamente eh tem tem diversos impactos não só no bem-estar E na saúde tanto dos mais velhos como dos cuidadores como também em termos de absentismo laboral eh e e e e efeitos na produtividade e por aí adiante temos também por exemplo de pensar eh e nesse aspeto por exemplo no no a nossa fecundidade é uma fecundidade baixa e não temos eh grandes expectativas de que venha a subir extraordinariamente aliás nenhum dos países europeus se eh está é expectável que que que que o índice sintético de fecundidade venha a a a encarar grandes subidas eh isso não quer dizer que não seja preciso eh um um investimento no no nos cuidados à infância porque precisamente o facto de existirem maior eh mais e melhores redes de Apoio aos cuidados à infância menores são os constrangimentos e exógenos que as famílias têm que as mulheres enfrentam quando decidem ou quando planeiam ter um filho e portanto são são tudo estruturas de apoio aos diferentes grupos etários e neste aspecto quando Nós pensamos na população ativa que é uma população hh que estando empregado ou estando empregada está em idade ativa portanto eh é é um é uma é uma população que eh está no fundo muito insanda neste momento porque encontra-se ao mesmo tempo a cuidar das suas crianças mas também a cuidar dos seus ascendentes e portanto há uma pressão enorme são os anos em que mais horas se trabalha em que mais o trabalho existe das pessoas e ao mesmo tempo São também é também um período da vida muito exigente em termos familiares desse desse suporte e desse e desse apoio mas também diz e citando só uma frase é ilusório colocar grandes expectativas no papel das políticas de família isso quer dizer o quê que que as políticas de apoiar idade por exemplo não funcionam tão bem como nós gostaríamos bom basta nós eh olharmos para exemplos de países bem mais generosos do que Portugal e os seus índices de fecundidade por exemplo a Finlândia E ver que não são só as políticas que eh conseguem eh portanto ter aqui a capacidade de mexer no índice inte deidade E aí e E aí eu eu não lhe chamaria políticas de natalidade cham chamar-lhe a políticas de família porque efetivamente o que h nós termos políticas que pensem e que tenham como objetivos uma subida do índice de fecundidade na ordem de X são completamente infrutíferas o que nós temos é de criar condições às famílias para que possam realizar a fecundidade que desejam portanto porque há um desfasamento ainda em Portugal há um desfasamento há um desfasamento e há um desfasamento ainda grande e portanto quando perguntando Isto são dados do índice do do inquérito à à fecundidade 2019 quando perguntamos eh à às mulheres quantos filhos hh desejam ter eh e e quant os filhos depois eh acabam por ter nós vemos que realmente há aqui um um uma diferença é claro que também eh não podemos ser muito ingênuos a olhar para esta diferença uma coisa são as intenções de fecundidade quando perguntadas por exemplo uma uma mulher de 22 anos outras coisas são as intenções de fecundidade dessa mesma mulher com 30 2 anos 10 anos depois portanto por um lado a mulher tem o direito de reformular os seus projetos de fecundidade ao longo da sua vida por outro lado há efetivamente constrangimentos os tais constrangimentos exógenos externos que H limitam com que em determinado momento uma uma família que planeia ter um filho possa ter há também depois os constrangimentos internos um exemplo muito prático um jovem casal que pretende sair de casa dos pais e iniciar a sua família depara-se desde logo com um problema que é a ter um emprego ter alguma ter uma relativa estabilidade laboral e com um salário que consiga suster uma família não é Depois temos o problema para sair de casa dos pais é T se enfrentar o acesso à habitação que sabemos que neste momento em Portugal Tem imensos constrangimentos e portanto a situação dos jovens hoje no acesso à Habitação é muito mais penalizador do que foi nas gerações anteriores em que existiam eh muito mais benefícios e em que o mercado de habitação não estava tão aquecido e portanto os preços não estavam tão desfasados dos salários que as pessoas recebem e portanto os esse esse casal jovem que até planeia ter um filho a determinado momento começa a ver o seu projeto a ser adiado por estes constrangimentos e depois chega uma altura em que há constrangimentos biológicos que a mulher não pode ter filhos até assim tão tarde eh e portanto no final da sua carreira reprodutiva se podemos chamar-lhe assim é possível que a biologia e estes constrangimentos externos tenham deixado com e um um um um número de filhos inferior àquilo que ela desejaria e portanto é aí que as políticas podem trabalhar não quer dizer que eh não quer dizer que elas sejam hh desnecessárias ou que não e eh não não não tenham resultados quer dizer é que não podemos devotar nelas demasiadas esperanças simplificando é mais eficaz ter um acesso à habitação mais fácil do que ter um aumento eh da licença de maternidade por exemplo isso e tem um efeito prático e maior não faria essa comparação assim direta porque pertencem a dimensões muito diferentes mas fazia outra compara hum a gratuitidade das creches é na minha opinião a medida com maior potencial para que as as famílias possam ter o número de filhos desejados desde que foi criada a licença parental porque a as famílias ao saberem que até determinada idade não vão ter custos com as crees e Ok neste momento existe um problema de vagas e a política não está completamente implementada e têm sido feitas variadas Críticas não existem políticas perfeitas foi criado aqui um momento histórico com esta medida do qual dificilmente se voltará atrás é um direito que se conquistou que as famílias a partir de agora sabem com o qual contar e portanto nesse aspeto é uma medida com um potencial muito grande mas é um potencial h a montante não é é um desculpem um um um potencial e após no planeamento o a outra a comparação que estava a comparação que não estava a fazer com a habitação fica a montante portanto fica ainda antes da saída da casa dos pais portanto eu não diria que um é mais importante do que outro eu diria que eles estão que eles conseguem interferir em momentos diferentes da da da da transição para a vida adulta dos jovens isso isso ficou relativamente à à à imigração às duas à e e à I eh elas podem mudar significativamente a nossa pirâmide demográfica neste momento neste neste momento nós estamos a a a viver um um um um período os últimos dois anos foram absolutamente extraordinários em termos de saldos migratórios hum em em 2000 22 o saldo migratório foi de 87 foi positivo e portanto eh subtraindo a fazendo a subtração entre os imigrantes os que entraram e os emigrantes os que saíram tivemos um saldo positivo de 87.000 pessoas ora isto é um número absolutamente histórico já em 2021 tinha eh existido um saldo eh bastante próximo e muito mais alto do que aqueles que eh nós observamos no passado eh a emigração tem muito Potencial em diferentes sentidos por um lado é eh um pense rápido Ok porque eh quem chega ao nosso país chega em idade ativa e em idade reprodutiva e portanto entra imediatamente no no mercado de trabalho começa imediatamente a descontar portanto a pagar impostos e pode logo ter filhos enquanto que as questões o efeito de um aumento da fecundidade é um efeito que tem um um um delay e só Aos aos 30 aos 25 só a partir dos 25 anos é que essas e é que ess esses Nascimentos acabam por integrar a a força de trabalho na em termos em termos médios e depois a questão do da da da da imigração h para além de ter aqui este efeito imediato que nos permite atenuar a perda de população e também H contribuir para o número de nascimentos eh que tem sido baixo H há aqui o o o efeito da fecundidade destas pessoas que é importante destes estrangeiros que é importante ter em conta portanto em 2023 22% dos nascimentos foram de mães estrangeiras ou seja os nascimentos eh hh por um lado os nascimentos das Mães portuguesas continuam em queda continuam em decrescimento e o crescimento das Mães estrangeiras está em crescimento isto quer dizer que as famílias as pessoas que temos recebido T uma fecundidade mais mais elevada do que aquela que é cá praticada Nós também sabemos que eh vários estudos os indicam que apesar de os imigrantes que acolhemos quando vêm de países onde os padrões de fecundidade os níveis de fecundidade são mais elevados passado uns anos acabam por adotar práticas eh mais semelhantes às do às do país de acolhimento a verdade é que enquanto isso não acontece nós podemos beneficiar e desses desses nascimentos E porque é que este momento é é muito importante E porque é que chegamos porque é que temos estes 87.000 pessoas e o que é que vai acontecer nos próximos anos é uma incógnita é interessante nós vemos este pico de saldo migratório em 2022 Infelizmente ainda não temos disponíveis os números de 2023 mas aqui nós estão estamos temos a a conjugação de dois efeitos por um lado o o a vaga de imigração o fluxo de imigração que já estávamos a assistir desde 2017 Ok desde a recuperação desde o período pós recuperação de crise e depois temos aqui o o um conjunto de pessoas que durante covid2 que já eram que eram imigrantes em Portugal que na durante a pandemia regressaram aos países de origem porque perderam os seus trabalhos e agora ultrapassado esta esta questão públ saúde pública regressam e por isso é que eu estou muito curiosa em saber qual Como é que vão ser os saldos migratórios dos próximos anos portanto eu qu eu penso que serão positivos Mas penso que teremos atingido um pico aqui agora nestes nestes anos e é e muito rapidamente aqui é é é decisivo perceber que políticas de integração por exemplo é que temos destas pessoas isso vai permitir que elas decidam-se ficam e que confirmam esta esta alteração demográfica ou não pois isso é fundamental e nós entramos numa numa rede de fluxos imigratórios eh Global h e portanto a nossa a nossa imigração que era muito baseada nos países de expressão Portuguesa hoje em dia é uma imigração que atrai pessoas de todo o mundo na última década vimos o crescimento extraordinário da de população de países eh de população Imigrante de países do Sudeste e asiático e estas pessoas têm vindo a ocupar eh postos de trabalho para os quais a a mão d’obra tem sido suficiente muitas vezes em áreas como a agricultura a construção h o turismo eh Estas pessoas eh têm naturalmente um projeto migratório vem com o projeto migratório e vem para eh conseguir melhores condições de vida ou nós somos capazes de ser suficientemente atrativos saber acolher conseguir providenciar Estas pessoas condições de vida que se coadunem com aquilo que são os seus projetos migratórios ou então passado uns anos Essas pessoas vão procurar o seu seu sonho o seu projeto num outro país a que tenham acesso e portanto as questões que nós eh que nos surgem nos jornais eh relativamente a Imigrantes a viverem em situações de sobrelotação da da da habitação em condições absolutamente indignas eh muitas vezes em em habitações improvisadas que nem se tratam propriamente de alojamentos eh familiares eh clássicos têm de ser resolvidas com políticas de acolhimento com políticas de integração por isso estes tempos vão ser muito interessantes Alda bolho osovo não temos mais tempo é uma pena muito obrigada por ter entrado aqui no clube dos 52 hoje estivemos a olhar para a demografia envelhecimento que afinal pode não ser uma catástrofe é assim todas as semanas uma conversa sobre o país na próxima década
1 comentário
Fonix , mais uma