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a minha geração este país também é para novos e é por isso que recebemos em estúdio uma cientista não conformada atualmente vive em Boston Mas nasceu em Santarém e por lá ficou até aos 18 quando foi estudar para a capital faz ginástica desde os 3 anos começou no tumbling seguiu para os trampolins e esteve na alta competição até aos 24 anos formou-se em ciências farmacêuticas na faculdade de farmácia da Universidade de Lisboa trabalhou numa Biotec em onde esteve 2 anos e fez um doutoramento em nanomedicina e inovação terapêutica pela Universidade de Santiago de Compostela lançou-se num pós-doutoramento no MIT em Boston antes de começar a trabalhar na moderna que por acaso até foi a vacina que eu levei na moderna desenvolvia formulações com mrna para tratamento de fibrose quística trabalho que deixou devido a um Burnout já antes tinha tido um esgotamento depois de terminar o doutoramento e gosta de fazer pausas na carreira Ana Cadete muito bem-vind pausas na carreira eu acho este conceito interessante de desmar porque não faz muito parte da nossa cultura de trabalho em Portugal até porque em Portugal temos trabalhadores que passam uma vida inteira na na mesma empresa diz-me Ana Cadete Isto é é a única forma de de aguentar o ritmo ou controlar o ritmo de de uma workaholic natural Olá Diana e obrigada pelo convite para estar aqui a debater alguns temas de ciência mas também outros que estão Associados à maneira como nós trabalhamos hoje em dia que afetam claramente os cientistas como é o caso do Burnout ao longo da da minha carreira efetivamente aconteceram duas situações que levaram a este esgotamento uma delas foi durante o meu doutoramento Ah eu não conheço nenhum aluno doutoramento que acaba o doutoramento perfeitamente bem e aquele último ano é muito exigente eu acho que nós como cientistas somos demasiado exigentes connosco próprios e com aquilo que nós queremos publicar onde é que nós vamos estar a seguir e portanto o meu último ano de doutoramento estava a trabalhar não sei quantas horas que 16 horas por dia enquanto acabava de escrever a tese acabava experiências no laboratório procurava um pós dó que não queria deixar nada para trás e então Eh até tive H uma uma situação patológica em que comecei a ter um zumbido no ouvido e e e aquilo chegamos à conclusão que não era um problema auditivo era mesmo um problema neurológico e e eu tive que parar durante três semanas antes de defender a tese de doutoramento para poder estar em condições de de o fazer e Ou seja quando o teu corpo começa a dizer que tu não estás bem já é demasiado tarde para a tomar prevenção Sim nós temos ouvido falar muito de Bernal nos Profissionais de Saúde nos médicos nos professores em jornalistas e também os cientistas pelo menos 1/3 do os cientistas têm sintomas de Burnout Sim e eu acho que isso fala muito pouco porque nós somos a profissão que está nos bastidores de todas as outras Ou seja quando nós falamos do que acontecia na no desenvolvimento de uma vacina de de RNA mensageiro ou ou no que aconteceu durante a pandemia tu vi tu vias os médicos na Linha da Frente os enfermeiros e todos os as pessoas que estavam em contexto hospitalar Tu viste os farmacêuticas de Farmácia Comunitária estarem na linha da frente e ninguém falou do que estava acontecer Aos farmac aos farmacêuticos e aos investigadores que estavam a trabalhar todos os dias mais do que lhes era exigido para desenvolver a vacina que depois chegou às pessoas e e portanto nós somos uma classe que acaba por estar demasiado disposta a ao Burnout sem que isso seja falado e reconhecido por quem trabalha connosco por isso está nas nossas mãos identificar quando é que eh Passamos o Lim e precisamos de parar e isso não é nada fácil não foi fácil quando eu estive durante no quando eu estava no me doutoramento a minha e investigadora principal a minha diretora tese não se apercebeu que eu estava mal eu só me apercebi que estava mal quando comecei a ter mas achas que está mesmo nas nossas mãos porque ao mesmo tempo que cada vez mais se fala de Burnout há também cada vez mais pessoas que desvalorizam Ah agora toda a gente tem Burnout ou toda a gente tem ansiedade Agora toda a gente tem problemas de saúde mental que é é o lado mau de do lado bom que é podermos falar sobre isto agora abertamente sim eh eu não acho que tinhamos eh mais Burnout ou talvez até Podemos ter mais Burnout não tenho dados que que o possam justificar mas penso que o facto de falarmos mais abertamente sobre este problema sim faz com que as pessoas tenham mais sensibilização para mas esta questão que tu dizes estar na na nossa nas nossas mãos é é pelo facto de sermos cada vez mais informados e podermos perceber quais são os sintomas porque todos os banal também são diferentes nem toda a gente tem o zumbido num ouvido tem há out outras manifestações de desse esgotamento e outra coisa interessante no teu percurso é que já foram dois que também vai ao encontro daquilo que são os dados que uma pessoa que tem um nunca tem só um mais tarde acaba por poder vir ao de cima outra vez e está relacionado com esta postura de de seres workaholic do trabalho ocupar a maior fatia da tua vida eu acho que no meu doutoramento foi claramente o meu trabalho ocupar a maior fatia da minha vida quando eu estava no último ano na moderna Foi uma mudança dentro da empresa e no contexto de pandemia que afetou principalmente os imigrantes no Estados Unidos da América ou seja eu tive 2 anos e meio sem poder vir a casa por isso não é só que eu estava a trabalhar demasiado eu estava a trabalhar demasiado sem ter eh do lado da família dos amigos do que te faz eh não trabalhar aos fins de semana de estares bem eu não tinha nada desse apoio por isso acabou por ser uma situação um bocado diferente mas que me fazia estar todos os dias aí trabalhar infeliz sem conseguir ser produtiva e eu tive consciência disso e às vezes o que acontece às pessoas quando tomam estas decisões tarde demais é que apesar de tu perceberes estás no estado de Burnout existe qualquer coisa à tua volta que te impede de seres honesta com a tua empresa ou com o grupo de investigação que estás a fazer e acaba acabas por não procurar ajuda sim então que limites é que Consegues conseguiste impor que limites devemos impor E qual é o papel das empresas nesta prevenção do Burnout quando foi do meu doutoramento eu passado mês comecei o meu pós-doc e foi um ano altamente desafiante ou seja e em termos profissionais é um instituto bastante competitivo é muito difícil de tens que estar ao nível das outras pessoas por isso foi foi esgotante eu já não estava bem e Depois ainda tive que ficar um ano a a trabalhar naquela situação até que percebi que não que eu que eu preciso de de parar eh na moderna foi uma situação semelhante também aguentei um ano aquela situação mais de extremos e depois o que eu acabei por fazer foi aproveitar transições entre os trabalhos para tirar um período de pausa e eu fui muito firme com as empresas para onde eu fui trabalhar seja em 2017 eu saí do Mit para a moderna e eu disse eu só venho trabalhar em outubro e eu acabei o meu pós-doc em junho e quando saí da moderna Praça nofi eu fiz a mesma coisa eu disse eu só venho trabalhar em outubro e despedi-me em julho ou seja está nas nossas mãos também quando estamos a procurar um trabalho Hum E quando temos consciência do impacto tem este esgotamento na nossa produtividade sermos capazes de dizer a quem nos está a contratar eh eu não vou estar bem para trabalhar amanhã eu só vou estar bem para trabalhar daqui a dois meses ou daqui a três meses e por isso vocês me querem contratar a condição é eu agora preciso de parar para para meu bem e para bem da empresa por isso é que eu acho que está nas nossas mãos não só identificar os limites comunicar essa esse Burnout e ter a capacidade de exigir quando nós mudamos de um lado para o outro o que é que aquela empresa te pode oferecer que a outra não te dê o quanto mais então a tua vontade de fazer pausas na carreira vem também é também uma resposta h e uma procura por uma melhor saúde mental claramente claramente e também pelo facto de que se tu não fizeres estas pausas entre carreira tu acabas por perder muito e do lado bom da experiência de estares lá fora tu tens Muita muitos phds e paraos Dogs nos Estados Unidos de América em Boston que nunca foram ao grande Canyon tu estás constantemente a trabalhar tu passas s ou 8it anos da tua vida em Boston e tu nunca tiras a uma uma um ou seja tu tiras tempo para vir a Portugal porque tu queres estar com a família o número de férias que tu tens nos Estados Unidos é muito baixo e portanto as únicas maneiras que eu arranjei de fazer Road Trips fiz uma Road Trip com as minhas amigas em 2017 entre Oklahoma e Los Angeles numa minivan fomos pelos parques naturais de Uta Grand Canyon Texas Las Vegas ou seja aquela road trip que nunca na vida me teria sido permitida se eu não tivesse feito aquela pausa ok tu formulas e medicamentos mas para o Bernal não não não há um medicamento há há assim pausas Exatamente é para para para recuperar mas como é que como é que se formula medicamentos tu estudaste para isto mesmo tu considerase farmacêutica ou cientista ou as duas eu considero-me uma farmacêutica cientista eu adoro o curso de Ciências farmacêuticas é um curso que prepara muito bem os profissionais para várias áreas não só trabalhar atrás de uma farmácia não é Exatamente exatamente e o que eu gosto mais do curso de de ciências farmacêuticas e apesar de não ter feito mais outro curso nenhum é que a a maneira como estás estruturada é que não te não te faz não te leva a executar um trabalho ensina a pensar para que tu possas executar um trabalho isso é o mais importante que nós temos eu diria talvez no geral na educação portuguesa mas principalmente no curso de Ciências farmacêuticas tu tens uma oferta tão grande de carreiras que tu podes seguir como farmac ctico desde a Farmácia Comunitária hospitalar h mais a parte de acesso ao medicamento vendas comercial etc e tens a parte da investigação e o bom do curso é que te ensina a pensar nos problemas que tu vais resolver uma vez que escolhes e o ramo da área das ciências farmacêuticas Para onde tu tu queres ir no meu caso escolhi a tecnologia farmacêutica um bocadinho por acaso também posso contar que foi eu tinha um médico oftalmologia que me desafiou a desenvolver ou a estudar uma proteína para o tratamento do glaucoma e eu fui bater à porta da professora de bioquímica porque proteína está mais associada a bioquímica e perguntei-lhe se podia fazer investigação tenho um médico me deu esta ideia posso fazer investigação no seu no seu dep gloma P pela lcia saúde e científica dos nossos ouvintes e espores é ela é uma subida de no olho e verta só no olho h E então el estava a estar aquela aquela proteína e a e a minha professora disse-me que não que eu não tinha era muito nova que não tinha experiência suficiente e parae eu que eu não ia estar a trabalhar naquele laboratório E eu então pensei Ok então se não vou poder estudar a proteína vou estudar a formulação associada à proteína e batia à porta de tecnologia farmacêutica onde o Professor António Almeida na altura me abriu a porta e disse ok és muito bem-vinda ao nosso laboratório e Podes ficar aqui h a fazer investigação e foi assim que começou a minha jornada nada na tecnologia farmacêutica que é a área da das ciências farmacêuticas que estuda a formulação de medicamentos e porque é que isto é importante quando nós tomamos um comprimido aquele comprimido é a formulação de um composto químico que entretanto foi um pó e que agora está comprimido para que nós possamos tomar um comprimido isso acontece com tudo aquilo que nós eh tomamos em termos de de medicamentos ou seja os cremes para a pele são formulações cosméticas hh uma vacina é é uma formulação pode ser neste caso uma do RNA mensageiro uma nanopartícula mas antigamente podia ser um adenovírus ou e um vírus inativo Ah quando Tomas uma ampola de magnésio é uma formulação quando Tomas qualquer coisa aquilo é é uma formulação farmaceutica sim e quatro anos da tua vida foram ocupados a desenvolver um medicamento com base em RNA mensageiro conta-me tudo para tratamento da fibrose quística que problema é este e que medicamento é este então ainda é um medicamento que está em em fase um de ensaios clínicos Ou seja ainda não está no no mercado a fibrose quística é uma doença rara que que afeta a pessoas que eh não conseguem eh produzir eh cloro suficiente nos pulmões para que consigas ter eh muco eh suficiente para que não tenhas infeções nos pulmões é uma condição h pronto é uma condição patológica que faz com que as pessoas que que não têm Este recetor chamado cftr que é cystic fibrosis transmembrane receptor acabam por ficar com os pulmões com muitas infecções têm que andar a tomar constantemente antibióticos e depois acabam por mais tarde vir a ter muitas complicações ou até ter uma uma esperança de vida mais baixa que a maioria das pessoas porque não conseguem combater as infecções que existem nos pulmões quando nós tentamos desenvol Lever um medicamento para a fibrose quística hoje em dia existe um medicamento eh muito conhecido que consegue praticamente tratar 90% das pessoas têm uma mutação no Gene de da fibrose quística e o que esse medicamento faz é abto os canais eh de cálcio dos dos pulmões ou os canais de cloro dos pulmões e faz com que tu consigas ter esta passagem de líquido de um lado ao outro e consigas eh respirar o que é que acontece tu tens 10% da população que não tem esta mutação específica em termos de fibrose quística e e que essas pessoas não produzem eh uma proteína que é que é necessária então para isso nós desenvolvemos o medicamento de RNA mensageiro E porque é que estes medicamentos são tão especiais Teoricamente eh e só para explicar o RNA mensageiro é o precursor das proteínas no nosso organismo ou seja qualquer proteína que tu queiras produzir vai ter um RNA mensageiro a dar a mensagem é como se fosse o software das células a dizer-te agora vou produzir esta proteína em específico no caso da fibrose quística nós administramos um RNA mensageiro que vai codificar para uma proteína específica de maneira a que tu consigas curar Teoricamente 100% das pessoas que têm esta doença porque elas vão ser capazes de produzir a proteína que está em falta e o RNA mensageiro calhou-me na rifa ou foi um interesse que tu desenvolverse e procuraste o o RNA mensageiro quando eu fui trabalhar para a moderna em 2015 H estava a parcer como uma terapia muito promissora ou seja se Teoricamente tu Consegues fazer Consegues curar qualquer doença que tenha a falta de uma proteína no teu organismo então tu Consegues H atacar imensas doenças doenças raras doenças metabólicas e podes produzir vacinas novas ou seja há toda uma é muito é muito promissor quando eu entrei na moderna em em 2017 foi eh foi foi do género junta-te a nós porque nós vamos criar a a próxima geração de é medicina do Futuro isto ainda Ninguém está a agarrar nisto e suscitou muito interesse da minha parte principalmente porque o RNA mensageiro não consegue ser administrado sozinho tu precisas sempre de uma formulação para para fazer tu estavas na moderna na altura da corrida às vacinas que apanhaste esse período apanhei bem intenso Imagino que tenha sido bem intenso bem intenso bem intenso Eu sempre tive o meu projeto sempre foi o projeto de fibrose quística e eu mantive-me a trabalhar nesse projeto aliás ninguém parou de trabalhar durante a pandemia Mas tu tiveste uma uma um reajuste da empresa obviamente em termos de recursos para ficarem disponíveis para se para que a vacina pudesse ser desenvolvida e a parte interessante das vacinas de RNA mensageiro é que ao contrário de uma vacina convencional que demora vários meses a poder ser produzida eh uma vacina de RNA mensageiro tu Consegues ir desde a sequência do mrna até teres a vacina pronta a a moderna Demorou 42 dias ou seja foi um facto moderna e hum tomaste a moderna Tomé que estava disponível sim nós fomos todos oferecidos eh na altura pela própria empresa faz sentido Ah e olha a Indústria Farmacêutica esta expressão quando ouvimos tem quase sempre um tom assim meio malévolo a Indústria Farmacêutica que inventa doenças e problemas para faturar milhões esta ideia tantas vezes veiculada tem alguma percentagem de de verdade o que é que podes dizer sobre a Indústria Farmacêutica de uma forma Ampla então eu eu diria exatamente o contrário eu consigo perceber que as pessoas falem dos lucros que as empresas farmacêuticas têm que acabam por ser parecidos aos lucros que qualquer empresa privada quer ter mas acho que não se fala é do que do investimento que existe em investigação com os lucros que são feitos tu não Consegues fazer investigação eh Pioneira e não Consegues estar constantemente a Inovar se não houver investimento na ciência básica sim e é isso que te fazem fazem as empresas as empresas agarram nos lucros que têm e continuam a investir na ciência básica E por falar em investimento queres comparar Portugal e os Estados Unidos em Portugal o investimento público na ciência está ao nível de 91 a nem que eu nasci e Portugal investe menos de metade da Média da ocd não é muito surpreendente infelizmente não não é muito surpreendente mas não acaba de ser triste de ver que é esse Panorama Nacional em termos de de investimento em em em investigação e e desenvolvimento A ciência é a base de tudo o que nós hoje em dia utilizamos é mesmo a base da da Inovação quando nós agarramos num iPhone novo quando tu queres uma peça de rou mais sustentável ou pensas numa maneira diferente de fazer vinho ou seja tu para experimentares isso já houve alguém que esteve a fazer parte daquela experiência no laboratório ou seja não há inovação sem investimento em investigação isso é impossível de de acontecer e o que acontece com com Portugal é que acabas por ter um investimento bastante reduzido na na investigação que faz com que nós estejamos atrás do que está a ser feito não só na Europa e então est em Boston eu quando comparo Portugal a Boston se calhar estamos 20 anos atrás do que do que se faz lá e não só o investimento privado nos Estados Unidos de América é muito maior do que o investimento e público e privado que existe em Portugal mas é preciso efetivamente termos esta consciência de que sem investimento na ciência não há inovação o que está acontecer neste momento no país é que nós temos uma educação gratuita de luxo tu daqui tens investigadores tu tens investigadores e muito muito bons eh Quando nós vamos para Estados Unidos da América e somos vistos como investigadores de Topo nós estamos ao mesmo nível de qualquer investigador que vem de desculpa que vem de Yale ou do Mit ou de Harvard e trabalhamos muito somos muit trabalhamos arduamente e mais do que qualquer americano que está numa posição parecida com a Nó nos somos desenrascado temos conhecimento e Eles olham para nós mesmo como um luxo de investigadora a ter lá e a reter noos lá quando tu Olhas para Portugal tu tens e os mesmos investigadores porque nós saímos daqui com a mesma educação mas depois não tens capacidade de reter o talento quer seja porque as bolsas que tu ofereces lá está são as Tais bolsas precárias com salários baixos hoje em dia quando tu aumentares o salário mínimo para 850 € não é que é o que está a falar Tu vais estar se calhar a 150 € ou pouco mais de diferença do que ganha um aluno doutoramento Talvez os po doogs depois comecem a ganhar um bocadinho mais mas ainda assim eh não só tu tens um fraco investimento financeiro que te dá pouca estabilidade como também a maneira como a carreira de cientista é valorizada em Portugal h não é não é a melhor e como é que o talento imigrado aquilo que é àquilo que é o seu país de origem H alguma conexão H vontade de de regressar e se regressa o que é que vai encontrar falta de oportunidades Sem dúvida eu penso que para nós que e eu ponho-me também um bocado nessa posição de querer voltar para Portugal há toda uma estratégia de carreira feita a um prazo de 5 anos para que isso possa acontecer para trabalhar remotamente com salário não português não para ter uma global e e numa numa empresa global que me permita trabalhar desde cá E quando eu penso em voltar para o país e tu vês nos projetos que eu também nos quais Eu Estou envolvida há muito aquela parte do como é que eu consigo trazer valor de volta ao meu país não é só vir para cá e aproveitar-se de Um bom salário porque entretanto fiquei a trabalhar numa empresa melhor eu claramente não vou voltar para fazer investigação na universidade eu saí por essa razão não vou voltar agora pela mesma Mas penso que é da nossa responsabilidade como Emigrantes que Retornam ao país evitar que haja gentrificação que é aquilo que tu vês quando vem um americano viver para est para para Portugal e tentar perceber o que é que nós vamos conseguir trazer para cá que ainda não foi feito isso eu digo-te já que estou a tentar que venha mais investigação para Portugal mesmo através das empresas e é super complicado e o que é que tens a dizer sobre a endogamia das Universidades portuguesas que sei que também é um tema que te encan Ah sim eh a endogamia das das Universidades portuguesas é é um problema que nós só vamos conseguir resolver quando deixarmos de eh abrir posições nas nas universidades para ficar quem já lá está eh e e incentivarmos pessoas diferentes de outras nacionalidades eh portugueses que emigraram para outros países e tiveram em outras universidades a voltar para cá e efetivamente a ter uma posição eh de liderança em que possam tomar decisões sem que essas decisões tenham que estar sempre associadas àquilo que uma pessoa que já lá está há mais anos possa eh dizer que é o melhor ou não é o que o o grande problema destas endogamia é que tu passaste tu estudaste naquela faculdade tu ficaste fizeste te doutoramento naquela a faculdade o teu pós-doc e agora és investigadora a maneira como tu vais crescer numa numa posição dentro de uma universidade está muito pouco relacionada com o mérito com os projetos que Tu levas para a universidade com a h com a a a a visibilidade que tu dás à universidade no estrangeiro quando vais apresentar o teu trabalho e está muito associado ao tempo que tu passaste lá ou seja ah esta este investigador está aqui há 15 anos portanto agora vai ter que ser promovido isso é é péssimo para a geração mais nova porque tu queres trazer pessoas que sejam trabalhadoras que consigam candidatar-se a programas que são inovadores e que elas próprias tinham a capacidade de pensar eu posso crescer aqui profissionalmente eu vejo um futuro para mim como investigador e simplesmente não acontece porque tens pessoas que estão lá a vida toda que nunca vão sair dali e que por estarem lá a vida toda e nunca saírem dali vão continuar a ser promovidas é este o sistema e este não pode ser o sistema que nós nós temos nós temos que ter pessoas que são avaliadas a cada TR ou 5 anos mas avaliadas a sério não é só pelo número de publicações que que tem porque entretanto escreve-se um um artigo de revisão e mais uma publicação em colaboração e a coisa at as publicações em revistas conceituadas também são meio polémicas o acesso a essas publicações mas já foi aqui um capítulo que tivemos neste programa sim sim são são pagas ou seja praticamente pagas para fazer investigação pagas para publicar a tua investigação e pagas para ceder à investigação Que que foi feita sim acredito que seja é polémico obviamente não não devia ser assim sim e injusto e precisamos de mais doutorados precisamos de mais doutorados temos temos em Portugal precisamos mais doutorados a partir Mas precisamos que sejam criadas empresas que consigam absorver estes estes doutorados porque um doutorado traz uma ficação e e um expertise ao país que o não o não doutorado não consegue e o que acontece é que se tu crias doutorados ou seja se tu exportas doutorados exato exportamos cientistas não é é o que nós estamos se tu exportas doutorados então o investimento que tu estás a fazer nestes investigadores não fica no país tu vais perder o conhecimento que foi adquirido ao longo dos anos o que tu fazes quando decides fazer um um doutoramento é a querer ficar muito especialista numa área e essa especialização é o que depois quando tu vais Podes ficar a trabalhar em academia que não é a minha que não é a minha área mas quando tu dás o salto a uma empresa que absorve muitos eh doutorados eh Por exemplo quando eu estive a trabalhar na moderna eu diria que se calhar 40% da empresa 30% da empresa eram doutorados nós éramos muitos doutorados a trabalhar lá isso acaba por te juntar estas mentes especializadas num grupo altamente diverso e multidisciplinar que quando tem um projeto conseguem fazer pensar e dea maneira muito particular para que isso consiga H avançar sim quando tu vens para Portugal e e Vês que as empresas não têm não retêm estes doutorados tu perdes conhecimento porque o o trabalho que um técnico que faz numa empresa é um trabalho muito acaba por ser mais repetitivo Ou seja é um trabalho que alguém te diz aquilo que tens que fazer o trabalho de um doutorado numa empresa é um trabalho em que o doutorado vai ter que pensar naquilo que vai ter que fazer para a empresa para para melhorar e é essa a grande diferença entre eh algumas das empresas que existem no Estado Tu aqui também tens empresas que investem em doutorados não é o avion é um é um grande exemplo penso que também trás a BL Farma com alguns com alguns investigadores mas acabas por ficar hum quer dizer são são pouquíssimas as empresas que têm que T doutorados nós aqui percebemos porque é que tu emigres acabaste de dizer e não querias fazer investigação Nas condições em que se faz em Portugal quais é que são os desafios de de emigrar nesta área quais é que foram os teus e eventualmente para quem nos esteja a ouvir e quer fazer o mesmo mas ainda está reticente ou falta-lhe curarem sim eu acho que e a nossa geração vai ser uma geração é uma geração que procura experiências diferentes e e o que nós observamos hoje em dia é que o investigador tal como numa área qualquer diferente quando tu queres ser Manager na Google ou pronto ou trabalhar numa empresa mais de tecnologia tu muitas vezes decides emigrar pela experiência pessoal que isso vai dar e nós começamos a ver isso também muito à parte de dos investigadores saímos daqui não só porque efetivamente a ciência que se faz aqui não é boa mas também porque procura a tal experiência pessoal e a tal valorização profissional que para mim é é capaz de ser das coisas mais eh desafiantes quando tu queres reter Talento é não é só aquilo que tu pagas à pessoa para ficar cá é o que tu lhe dizes que ela vale para ficar cá e são duas coisas completamente diferentes e que eu não vejo a serem H ainda muito conversadas tanto na academia como como na na na indústria quando eu decidi sair para para os Estados Unidos foi eh realmente foi foi há 12 anos e eu perceber-me que tu aqui Consegues ou seja com os poucos recursos que tens Consegues fazer coisas interessantes Mas eu só pensava O que é que eu consigo fazer se eu tiver o triplo ou cinco vezes mais recursos do que isso e tu realmente Consegues fazer coisas absolutamente extraordinárias com um financiamento muito superior àquilo que que nos é dado Quando eu fui para para Madrid foi foi uma transição relativamente simples é um país muito parecido com o nosso Eu também tinha 24 anos Era bastante mais nova Acabei por fazer lá o meu o meu doutoramento quando eu fui para os Estados Unidos da América a transição foi muito mais difícil e é um país é o país das oportunidades ou seja o país onde eu hoje consigo perceber que por ter trabalhado muito consigo estar numa posição eh dentro de uma farmacêutica dentro da Sanofi que eu jamais teria se tivesse ficado se calhar noutro país da Europa Ou seja é é mesmo o país das oportunidades mas é um país que maltrata os imigrantes não é fácil ir para paraos Estados Unidos da América tu sentes-te sozinha tu dependes de um visto dependes da tua empresa para te para te Patrocinar aquele visto Ah eu digo muitas vezes às pessoas que que vão ter comigo em Boston algumas acabam por ficar amigas e ou damos boleia no carro que nós hoje em dia temos que não é um carro nada espal mas é um carro e as pessoas às vezes acham que a casa onde nós vivemos ou o carro que nós temos é é o espelho quase do do glamour americano e não é é o espelho de muito trabalho nós quando fomos para lá viver também não tinha tínhamos um apartamento em que chovia lá dentro ou tens um carro que tá completamente podre ou tens uma bicicleta que fors comprar em segunda mão ou seja nós quando vamos para lá nós vamos sem nada e é mas depois compensa esse início mais tumultuoso para mim Compensou sem dúvida e eu adoro viver em Boston é a cidade dos meus sonhos como investigadora mas não é fácil e e quando e e a pandemia foi especialmente difícil a pandemia maltratou muito os europeus Estados Unidos da América tiveram as as fronteiras fechadas à Europa pá demasiado tempo já estavam abertas os europeus já abriram Aos aos americanos e os americanos continuavam com as fronteiras fechadas e o facto de estar lá põe-te mesmo a pensar o que é que tu queres O que é que se aquilo vale a pena foi em 2021 Nós estávamos em Julho Um dos meus melhores amigos i ia ia casar e eu não conseguia sair dos Estados Unidos h e eu pond mesmo vale a pena isto tudo porque uma coisa é tu abdicar de algumas viagens de de saberes que é difícil de trabalhares muito outra coisa é Serte exigido estares mais de um ano sem ver a tua família e e a única coisa que tu podes fazer para que isso não aconteça é desistir e estou-me imenso na acho que foi a única altura da minha vida em que eu pensei desistir de ser investigadora uma posição duplamente sensível já que do outro lado e o tratamento não é assim tão tão positivo como descreves mas deste lado há a falta de interesse do país no talento imigrado que é uma ideia que tu defendes que H uma falta de interesse sim sim sim sim na altura eu eu lembro-me de estar a falar disto com o meu pai e e ele foi a pessoa que me disse não venhas para cá ou seja não desistas de tu tudo aquilo que tu foste construindo ao longo dos últimos 10 anos porque o que é que tu vens para cá fazer e a verdade é essa sou 2 milhões de portugueses que emigraram exato ou seja tu pensas eu eu fui construindo a minha vida aqui eu tenho um trabalho que eu que eu gosto Ah eu tenho os meus amigos e a minha casa e o meu marido Ah o o que é que eu tenho Se for para Portugal acaba acabava por ser ou seja sem ter um plano acaba por ser muito complicado virs para cá sim e em Portugal terias um trabalhado as novas C Que dizes que é um horário é que ninguém consegue mudar o mundo das nov C eu acho que a nov C já é o horário nun já nem se pratica muito em Portugal acho que é mais 9 às 6 9 às 7 9 às 8 ou 8 às 8 tens um problema com a horário de trabalho em Portugal ai claramente não é Ou seja quando eu digo das nov que não se consegue mudar o mundo das no às 5 é que às vezes há muito aquela ideia de que á lá está hoje em dia é um bocado complexo este tema de queres trabalhar muito mas também quer descansar mas é um tema que está a crescer ainda mais na nossa geração queremos flexibilidade queremos tempo queremos trabalhar remotamente eh Queremos ser produtivos queremos work Life balance qu quer ter amigos família e vida social e ocupar o tempo de trabalho de uma forma de qualidade mas parece uma missão complicada e acho que precisamos de pensá-la muito para Portugal mesmo a questão dos quatro dias por semana também tem contribuído para esta para esta discussão é muito diferente esta questão da carga horária lá e cá sim seja lá eu acho que nós acabamos lá lá está nós como Imigrantes nós trabalhamos sempre mais do que os não Imigrantes sempre e portanto é Acaba esta é quase esta este é irrealis pensar que nós vamos para lá trabalhar das nov à C depois também depende da fase de vida em que tu estás a maioria de nós quando vai para lá vamos com os nossos trintas não é nos postdoc não não tens filhos na altura portanto Consegues dar dar muito mas Consegues trabalhar muito produzir muito e ser altamente valorizado pelo tempo Extra que tu passas naquela na empresa se calhar nas universidades talvez não seja tanto assim no que quando às vezes digo essa essa parte da das nov à C eu acho que em Portugal os horários são péssimos porque a produtividade é muito baixa nós temos das piores produtividades da União Europeia o que faz com que tu fiques quase ficas a passear na empresa e não pode ser tu tens que ser tens que chegar tens que cumprir tens que fazer e tens que te vir embora e lá as pessoas são mais motivadas mais produtivas sim sim sem dúvida muito mais produtivas é é chegar fazer e e e e ver acontecer efetivamente é isso há uma coisa mas há o incentivo não é dos salários não serem os mesmos claramente é difícil andar motivado em Portugal com os salários praticados não é não sim sim claramente há só uma coisa que eu não abdico da minha cultura Portuguesa no meu horário americano que é a minha hora de almoço Ou seja eu recuso-me a ter reuniões a hora de almoço eu recuso-me a almoçar a comp quem prefira ser comer a correr depois sair mais cedo também a cultura não eu por acaso não faço isso mas prefiro Ah não Prefiro prefiro parar meia hora na minha na minha hora de almoço e e ter um bocadinho mais tempo do que do que fazer ao contrário e e outra coisa que eu acho que se nota nos Estados Unidos é que e e outra vez isto tem muito a ver com a com a minha experiência pessoal E com o tipo de empresa que eu também escolhi agora por trabalhar na Sanofi há um respeito muito maior pela pelas mães e pelos pais seja o que te é exigido a Ti pela parentalidade dos mesos que Podes ficar em casa também a Sanofi eu diria que talvez a melhor empresa na área de Boston em termos de licença de maternidade eu tenho 5 meses e meio e as mães têm 5 meses e meio os pais têm 4 meses 16 semanas muito é sim mas Se fores a ver o estado de mess SUS diz que por lei tens 12 semanas não pagas e agora lançaram uma lei nova que podes tirar 12 semanas parcialmente pagas Ok ou seja o estáis 5 meses e meio é muito parecido àquilo que que hoje em dia tens em Portugal pois eu sei B se que era melhor não não não não eu acho que Portugal também já acho pouco sim mas ou seja ser acredita que a maioria das empresas não têm Esta esta esta licença de maternidade São muito poucas aquelas que que TM licença de maternidade e o que é que difere aquilo que tu fazes na Sanofi hoje em dia do que fazias na moderna continua mas com o RNA mensageiro presente do que é que diferencia S Sim continuo com RNA mensageiro para mim é são as terapias do Futuro nós dificilmente vamos voltar às vacinas convencionais e e vamos ter a oportunidade de ver crescer terapias com a aplicação de RNA mensageiro para tratamento de doenças raras que e de cancro que nós que não existia por isso o meu interesse foi eu quero me manter nesta área eu gosto de de trabalhar nesta área eu vejo um um potencial gigante o que é que eu posso trazer em termos de valor para a empresa Nova onde eu vou trabalhar devido a todo o conhecimento que que eu já tive e vão acabar com os negacionistas Ah eu não sei se eles ainda existem Acho que sim existem não sei se vamos conseguir acabar com eles e totalmente mas mas penso que vai ser claro acho que já é claro não é que depois de levarmos as vacinas conseguimos voltar a ter uma vida relativamente normal e só vai melhorar com com o tempo quando eu quando eu decidi dar o salto a Sanofi hh a Sanofi é uma empresa gigante deixei de trabalhar em Biotec e e a e ess foi uma decisão muito ponderada e foi uma decisão de me juntar a uma empresa que estava completamente alinhada com as minhas necessidades como futura mãe como mulher e como profissional que quer crescer fora do laboratório e que quer continuar a aprender coisas diferentes fala-se muito lá está do tal Dark Side da da academia à indústria sim da academia à indústria e para mim a indústria é o bright Side é a que é que te consegue é que te paga melhor é que te dá melhores condições mesmo em termos de férias e e essas coisas e é que te consegue depois dar suporte não sempre porque tu tens sempre managers mous e Vais ter sempre dificuldades mas tu Ana Cadet és uma mulher na ciência Portugal e dos países com mais mulheres na na ciência o que nos orgulha elas depois chegam às posições de liderança poucas muito poucas o que é que há a fazer acho que há tanta coisa que que tem que se que tem que se mexer ou seja quando nós falamos do facto de haver poucas mulheres em posições de de liderança eh isso acontece porque tens um um caminho tens um uma fase da vida das mulheres em que tanto a em academia como uma empresa não são apoiados o suficiente para que um dia possam voltar para posições de liderança isso acontece muito com as mães e Ou seja quando tu és uma uma mulher eh tu deixas imagina a partir do momento em que tu não tens a licença de paternidade igual a licença de maternidade tu estás a tirar as mães do mercado de trabalho para mim e uma das coisas a fazer era os pais têm que tirar podem não tirar tanto tempo como as mães porque podem não precisar daquele tempo para para recuperar do parto e etc mas têm que estar no mínimo 3S meses fora do mercado de trabalho senão tu TS constantemente a tirar as mães do mercado de trabalho depois elas têm que voltar e depois vão engravidar outra vez e depois vão voltar a estar fora e por isso faz parte das empresas hh muitas vezes não não é não é dizermos precisamos de ter 30% ou hoje em dia fala-se muito dos 50% e tu até Já tens as empresas até já te vão dizer que nós temos 50% de mulheres em posições de liderança Que posições são essas falamos de C suite falamos de diretoras porque eu continuo sem ver essas mulheres a assumirem cargos de ceos e csos e a maioria disso continua a ser pelos homens por isso eu quando falo e tenho esta conversa muitas vezes com com a minha chefe não é sobre os números de mulheres tu queres pôr lá no topo é sobre o que tu tens que fazer para para que elas consigam chegar a essa posição e que desafios têm os jovens para asender essas posições de de liderança como é que se faz ouvir o mais novo à mesa das decisões tu que tens sido mais nova em muitos momentos tambm com com persistência e a e aprender como é que tu Consegues comunicar aquilo que pensas que é importante eh para uma empresa ou para um país não é nós somos a nós somos a geração que que tem que agarrar no que está feito agora para melhorar aquilo que vai ser que vai ser o futuro portanto nós precisamos de trazer jovens às nós precisamos de trazer jovens para as conversas nós precisamos de fazer parte das equipas de liderança das empresas e das Universidades para poder partilhar com eles as nossas ideias porque nós através das nossas experiências conseguimos trazer muito valor àquilo que podem ser as decisões do Futuro portanto tu vê acabas por ver muito esta parte de que tu tens muito os jovens são muito pouco chamados a tomar decisões e para mim isso é um erro como é que nós vamos conseguir mudar isso eu penso que está também nas nossas mãos a tentar perceber como é que vamos chegar às Tais posições em que conseguimos influenciar sem autoridade que para mim é dos temas mais difíceis de como é que eu vou conseguir influenciar uma organização se eu não tenho autoridade lá dentro como é que eu me vou conseguir sentar à mesa com o CEO se eu não se eu se eu sou uma CMC Leader E se eu não sou não não tenho um cargo de de direção mas está nas minhas mãos tentar perceber que tipo de ferramentas é que eu vou utilizar para que isso para que isso aconteça em relação falaste de melhorar há pouco falá da dos negacionistas e não posso deixar de falar do teu projeto o ncs que criaste durante a pandemia para combater esta mesma desinformação e h tantas transformou-se no projeto de literacia e em saúde literacia em ciência e já é uma evoluiu para qualquer coisa nos Estados Unidos evoluiu evolu estás muito feliz estou muito feliz o ncs organização sem fins lucrativos neste momento é é há duas semanas nós fomos acreditados como organização sem Fin lucrativos nos Estados Unidos da América isso era um é um sonho que eu tenho eh que nasceu na pandemia eh apesar da pandemia ter sido duríssima em termos e emocionais para mim ter-me visto fechada nos Estados Unidos durante tanto tempo trouxe-me a a capacidade de ver o quão privilegiada eu sou por estar naquela posição o quão privilegiada eu sou por ter uma família que me apoia que me incentiva a ficar lá e por ter estado sempre rodeada no meu caso de mulheres investigadoras que me apoi ar em todas as fases da minha carreira a nunca desistir a minha professora em Espanha dizia não não tiras L toalha é mesmo tipo não desistas E então eu na pandemia Pensei e Ok eu não estou eu não estou bem eu aqui não não estou bem claramente mas há alguma coisa que eu consigo fazer pelos outros e isso Foram duas coisas uma é começar a partilhar a minha história com mulher na ciência porque há mulheres na ciência que são felizes a ser investigadoras que conseguem ter uma uma carreira e passar isto à Outra Geração eu quero que as miúdas consigam olhar para mim e ver talvez como uma inspiração para não para não desistirem de uma carreira na ciência e depois como é que eu com o conhecimento que tenho em termos de RNA mensageiro consigo passar para a sociedade portuguesa h a informação certa a literacia certa neste tipo de de vacinas e de medicamentos que na altura não não existia e agora muito brevemente porque temos mesmo de fechar qual é que é a importância da entrega do Prémio Nobel da Medicina à húngara cataline Caricó O que é que está por trás desta história e o que é que significa para a nova geração de cientistas e o prémio para para cataline e fez-me eu eu identifiquei-me imenso com aquilo que que aconteceu com ela e eu acordei com uma mensagem de uma amiga minha a dizer que a cataline tinha ganho o prémio do RNA mensageiro E se eu não estava também envolvida nesse trabalho e eu acho que um bocadinho de mim Eh tal como de todos os investigadores que trabalham na área do RNA mensageiro sentiu eh um reconhecimento enorme e uma gratidão por parte eh dos dos prémios Nobel em relação àquilo que nós estávamos a a fazer eh a a história da cataline acaba por ser muito parecida à história dos Emigrantes que vão para os Estados Unidos da América e e acho que muitos dos portugueses se acabam por identificar com isso a cataline eh fez o doutoramento em na Hungria e depois por não ter financiamento foi trabalhar para a universidade da pennsylvania como postdoc onde ficou depois anos mais tarde a ter o seu próprio laboratório e a começar a a a estudar o RNA mensageiro teve imensas dificuldades de crescimento dentro da empresa porque na altura o RNA mensenger era tão novo que ninguém sabia o que era portanto tu para ficares numa universidade tens que trazer as tuas bolsas e o teu financiamento a partir do momento em que não Consegues esse financiamento TS fora Hum e portanto Ela acabou por ter mesmo Muitas dificuldades em manter o grupo dela de investigação eh na área do RNA é mensageiro depois foi trabalhar para a bentec onde ficou durante os anos desenvolveu a vacina para para a covid-19 e finalmente monstrou que quando tu modificas o RNA mensageiro de maneira a que não seja imunogênico para as tuas células não seja reconhecido como uma proteína como um como externo ao teu organismo tu Consegues produzir h a reação imunológica que uma vacina é suposta em vez de teres outra outra reação qualquer e só e só para acabar porque eu acho que isto é é mesmo portanto Ela contou muito da história dela agora nos últimos tempos e há uma frase dela que eu gosto muito e que e que penso que pode servir de inspiração para para nós mulheres na na ciência que é eh tu nem sempre vais conseguir mudar o que está a acontecer no presente mas tu podes sempre continuar a trabalhar arduamente para mudar o que é o futuro e o RNA desde 1989 que é o futuro ninguém o viu só em 2021 e agora em 23 foi finalmente reconhecido por isso a minha mensagem para todas as cientistas é que por mais difícil Por mais difícil que a investigação seja Se vocês acreditam que isso vai mudar o futuro continuem a investir nessa ciência e jovens cientistas portugueses fiquem ou em mirem é assim eu acho que eh sair do país para aprender é uma mais-valia Ok eu penso é que a palavra imigração Aí talvez eh tenha uma conotação negativa que eu gostava que não tivesse seja investigadores portugueses tenham uma experiência no estrangeiro e voltem para Portugal para assumir posições de liderança em academia nas reitorias nas empresas é tu vais fazer é o que eu espero um dia conseguir conseguir fazer eu acho que ainda temos um longo caminho pela frente mas eu Durava que mais investigadores como eu quisessem voltar ao país e e nós temos muito as ideias para para tornar a investigação Nacional ainda melhor do que já é criou o ncs no Instagram que podem seguir um projeto focado em literacia científica e de saúde que também aborda temas como carreira mulheres em Ciência e Saúde Mental um projeto que cresceu e tornou-se uma organização sem fins lucrativos nos Estados Unidos da América com o objetivo de proporcionar educação acessível a cientistas sempre foi boa aluna teve média de 18 no secundário mas espalhou-se nos exames nacionais e não conseguiu entrar à primeira na faculdade de farmácia de Lisboa em ciências farmacêuticas entrou um ano mais tarde para o curso que lhe deu bases extraordinárias de trabalho e ainda hoje diz que é farmacêutica desde sempre que define muito bem os objetivos profissionais não gosta de ser go e the flow não ter objetivos deixar nervosa e com a sensação de que está a perder o controle da própria vida a escola ensinou-lhe matemática e biologia mas foi no pavilhão da ginástica que aprendeu muitos dos valores que amoldam a organização do tempo a importância de treinar metodicamente a resiliência o falhar e continuar a tentar é isso que tem feito e Continuará fazer Alé fronteiras ou por cá nós só podemos agradecer a Ana Cadete cientista não conformada pela última hora de conversa na antena 3 rtp3 O que vamos fazer