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a minha geração este país também é para novos e é por isso que recebemos em estúdio Um Jornalista guionista humorista e podcaster a recibes verdes nasceu e cresceu nos olivais em casa dos avós estudou comunicação social e cultural na Universidade Católica tirou um mestrado em cinema e televisão na universidade nova de Lisboa passou pelo gabinete de comunicação do Centro Cultural de blé mas foi logo parar ao jornalismo primeiro no Diário de Notícias depois no jornali de onde guarda um despedimento coletivo de 120 pessoas e a primeira e única campanha eleitoral seguiu-se o canal Q onde se tornou repórter guionista coordenador e apresentador do icónico programa inferno também passou pelo polígrafo onde pediram para sair por ser demasiado livre nunca teve um contrato de trabalho aliás teve um que durou 5 minutos Por isso continua a passar recibos sobretudo para O Observador onde apresenta peças longas e dedicadas dentro do jornalismo de Cultura mais ligado ao cinema e ao audiovisual podemos encontrá-lo também no Expresso e na comunidade cultura e arte atualmente parece que o jornalismo está a ser ultrapassado pelo cinema mas já vamos perceber José Paiva Capucho muito bem-vindo Olá Diana desculpa ter-te chamado humorista Ah era isso era ISO não não não temho problema mas tu foste a cara do inferno um jornal satírico eh tens uma uma personagem algo e cómica o o senhor journalist não é isso é é é mais do Twitter eu tinha uma personagem no canal que é que era o Mário Neto que era o jornalista mais manipulável de sempre que me deu muito gozo já já fugi já foi embora eh Ainda bem que já foi embora não é porque tudo tem um tem o seu tempo mas o jorn Listo é o é o nome do Twitter eh que eu muitas vezes dig que é jornalista porque o nome do jornalismo Está sim mas eu sempre sempre te vi com uma pessoa com graça também este este humor humorista caiete bem ou nem por isso eu eu não acho que cai não não não não não tenho problema nenhum com o humorista mas eu o ser humorista requer que a pessoa Vá para Palco dizer piadas ou porque às vezes confunde-se um bocadinho isso não é a pessoa que escreve também é humorista mas às vezes os humoristas podem não ser guionistas H alguém que lhes escreva aos texos portanto eu nunca me vi como humorista de facto tive no canal Q e trabalhei em humor e fui apresentador de um programa Ainda bem que disseste icónico de facto é era icónico também já acabou mas não sei como faz falta pois faz faz muita falta eh mas não eu não eu não me vejo como humorista acho que principalmente jornalista que gosta de dizer coisas às vezes eh humorísticas ou ou tente que seja humorísticas às vezes parecem mais raviad mas não sei a sátira pode ser a amiga do Jornalismo e dos Factos pode estar ao serviço deles e o a sátira deve ser usada também dentro do jornalismo porque muitas das vezes o jornalismo já é tão Cinzento que nós precisamos de pintar com pode ser com literatura aliás até há géneros jornalísticos como o new journalism por exemplo onde o jornalista ia para dentro da da própria peça portanto eu acho que sim eu gosto muito desse desse Campo que já vem do tempo da da faculdade onde eu escrevia coisas muito provocadoras eh por exemplo eu havia um um um exemplo que eu queria dar aqui que eu acho que ias achar graça na altura do Papa Bento XV eu escrevi um artigo para o jornal académico hoje em dia já n nem deve existir onde eu escolhia os nomeados ao aos Papas e era um professor uma professora uma empregada lá lá da católica e eu sei que o texto não caiu muito bem a à portanto à à à grupeta católica e eu e percebi que ia andar por este este registro entre o Jornalismo e e e tu e tu gostas de escrever textos que não caiam bem há algumas gretas não não sei eu eu só eu como não me levo muito a sério e acho que às vezes as pessoas levam-se um bocadinho a sério eu gosto de provocar vem mesmo de de família talvez e dos dos amigos que fiz no canal Q temos todos um bocadinho essa Vibe se quiseres de de provocar de tirar um bocadinho do tapete e o jornalismo também serve muitas vezes para isso Ou deveria servir e o humor anda trás de ti desde do secundário que tentaste criar um grupo de com M inspirado pelos mon Eos G sim correu pessimamente mal Aliás foi uma altura eu já nem me lembro bem mas foi antes da faculdade e onde nós sentávamos E íamos gravar para a rua e fizemos programas de sketch parecidos com por exemplo com o inferno ou ou programas do Ricardo arus perira mas não tinham graça nenhuma eu ho de perceber que não tinham mesmo graça nenhuma mas depois ch caste apresentador do inferno Porque é que o inferno acabou falta de orçamento tens tempo é assim sem sem entrar muito em pormenor porque até porque há coisas que eu descono conheço o canal Q E no último ano onde eu estive lá se não me engano foi em 2019 acabou por mandar uma série de gente embora e Outros tantos programas como o inferno acabaram hoje em dia o canal Q já não é a central de humor que era com muita pena minha eu acho que é sobretudo um problema de má gestão e que eu não posso falar muito a fundo porque eu não conheço todos os detalhes mas da minha experiência foi essa eu tenho muita pena claro que há aqui uma série de pessoas que têm culpa se calhar Nós também enquanto produtores de conteúdo também tem desculpa por se calhar não fazer um um era um conteúdo de nicho mas que não não chegava a muita gente mas tenho pena que isso tenha acabado foi uma escola muito importante para muitos humoristas e guionistas e atores e realizadores que que parece estar um bocadinho a chegar ao fim eu era muito fã fiquei muito Surpreendida porque eu tinha uma professora de jornalismo andava na faculdade quando via ao inferno que era a Maria João brin e achava genial como é que ela era tão séria nas aulas e depois fazia aquele jornal satírico que que me fazia rir ao mesmo tempo H punha à par não é da da atualidade mas deixando aqui o humor Tu És a pessoa ideal para falar sobre a precariedade do jornalismo num país em que a precariedade não para de crescer Como assim nunca tiveste um contrato de trabalho pronto vamos resolver uma coisa que Tu disseste do contrato que durou 5 minutos exato que contrato foi este Sim foi aconteceu num dos primeiros jornais onde eu estive eh e foi lá está foi o tal despedimento coletivo onde a pessoa que uma das pessoas que mandavam no jornal estava aquilo foi muito intenso aliás até saiu um um não sei se lembras dessa altura um áudio di sobre a a reunião do Mário Ramires que reuniu todos os jornalistas e aquilo foi público e e andou por aí a andar a a circular uhum e e na azáfama toda ofereceram-me um contrato só que eu tinha 21 anos não sabia bem Se queria continuar não tinha contrato e e acabei por dizer bem vou pensar e pronto e e e o pensar levou a não ter um contrato o sol e o Wi continuam em permanentes reformulações não é sim sim mas eu pronto mais uma vez eu estive lá um ano e tal e entretanto aquilo mudou muito por decisões a estranhas no mínimo e hoje em dia eu não sei sequer quem é que são quem os investidores os administradores mas é um facto eu nunca tive um contrato já tive oportunidades para de de contrato que que acabei por recusar mas tenho sido sempre um freelancer e recibe verde e acertaste quando disseste a precariedade Eu n não quero estar aqui muito com o discurso de coitadinho mas de facto eu fui ver os teus convidados e eu devo ser a pessoa que tem um currículo assim de de maiores falhanços que eu uma uma vasta experiência uma vasta radiografia sobre o que é o jornalismo em Portugal Acho super interessante mas eu gosto dessa ideia de falhar porque sempre me fascinou porque é preciso experimentar e e falhar e eu não sei porque é que nunca tive um contrato nunca aconteceu não sei se foi o problema meu ou foram as circunstâncias da vida mas eu sempre me senti bem há uma coisa que os recibos verdes têm de bom é que tem muita liberdade Só que essa liberdade Depois tem esse tal problema de precariedade porque instabilidade também instabilidade não só pela não muito simpática carga de impostos eh para os empregadores individuais Sim e como pelo eu não lhe queria dizer falta de respeito mas um pouco cuidado que às vezes as empresas de jornalismo têm com os seus chamados colaboradores pronto eu sou um um Jornalista freelancer mas sou colaborador de vários jornais sim porque eu percebo quer dizer são vários jornalistas há os jornalistas da da redação mas os colaboradores de jornalismo também fazem uma parte muito importante do mas é eu nem sabia que era possível tu publicar no Expresso e no observador ao mesmo tempo isso também é uma simim isso isso é é é de facto bastante positivo e e eu eu por mim continuava a ser freelancer para o resto da vida porque não ter uma obrigação de das 8 às 6 da tarde para mim é ótima O problema é que essa tal liberdade custa-nos a Sim hoje chamada Liberdade financeira e esta questão de seres dispensado por seres demasiado livre Como assim Pois é nem sei se devia estar a falar isso mas enfim é o que é eh paciência agora já está não foi aconteceu-me de facto eh porque eu eh Como já nos conhecemos há algum tempo e eu sempre disse um bocadinho o que me ape muitas vezes demasiado porque acho que é preciso ter cuidado com o que se diz porque uma vez uma colega minha disse uma coisa muito valiosa não sei se alguma vez disseram isso que é nesta área na área da comunicação Nós só temos o nosso nome que é a nossa marca portanto é preciso estimá-lo eu houve uns anos que era muito miúdo e muito infantil e e fui e Rebelde e Rebelde sim acho que eu já estou um bocadinho mais moderado vá hum mas sim quer dizer essa isso custou-me porque eu dava as minhas opiniões ou seja fazia fact fact checking e dava as minhas opiniões sobre outros temas e parece que isso não casava eh muito bem com com o registo desta desta entidade de de fact checking mas por exemplo eu faço fact checks no observador e não tenho problema nenhum em atir as minhas opiniões sobre qu e e trabalhas numa área muito importante e Nobre numa na altura de fake News como é que se faz fact checking ai como é que se faz Qual é o teu processo o processo é o por uma notícia falsa que parecia mesmo muito verdadeira já já e acontece muitas vezes até eh principalmente notícias fora de Portugal Porque estão muito apuradas é muito difícil e o que acontece muitas vezes é nós estarmos a replicar ou a ter por base outros fact checks de outros jornais e às vezes já tem uns pequeninos erros que nós pelas circunstâncias do tempo e de da viralidade e de e de não de não haver espaço para tudo pode podemos ter esses falhan e por isso sim já fui bocadinho apanhado na rede e já tive até que H ser obrigado a esclarecer que aquilo estava errado e pronto mas acho que isso faz parte do Jornalismo e acho que é saudável admitir quando erramos sim no mundo tendencialmente cada vez mais fake vê-se a continuar nesta área vê-se por exemplo a decifrar-se uma imagem é uma Deep fake ou não é estamos a caminhar para cada vez menos sabermos o que é que é verdade e o que é que é mentira Sim estamos e isso é a parte mais assustadora até da Inteligência Artificial eu confesso que não sei toda a tua lista de convidados mas Imagino que já devem ter falado sobre isso e é uma coisa que me assusta particularmente aliás em todas as conversas que eu tenho eu preferia não não participar porque parece que eu vou ficar ali num num baú eh esquecido porque a inteligência artificial vai poder fazer o meu trabalho não é exato o trabalho O trabalho de guionista Sobretudo com a criatividade e guiões para histórias e séries e novelas mas também pode ser um aliado na construção de guiões olha confesso que eu ainda não sei como é que vai ser um aliado tenho mesmo eu aí sou muito velho do restelo eu não alguém vai ter que me explicar e provavelmente as pessoas que virem podem explicar eu estou muito aberto a essa discussão mas o valor da criatividade humana parece-me insubstituível e num guião O que conta é mesmo a originalidade uma a inteligência artificial parte de um uma um espécie de plágio portanto não é 100% original mas mas uma das críticas que fazem nesta área da criatividade da Inteligência Artificial é é justamente ser demasiado Clichê as frases ainda não substitui o ser humano mas pode vir po eh sofisticar se não é vamos ver daqui a 20 anos se não está aí uma Diana doarte e uns uns raz um robô sim robô ou então não já tivemos aqui uma especialista em machine learning Inteligência Artificial que me garantiu que o meu trabalho nunca iria ser substituído apenas ia ter uma ajuda de tecnologia para facilitar meu trabalho e com isso simpatizo se se ajudar sim eu na escrita de guião tenho mesmo muita dificuldade e por exemplo não não querendo massacrar mas em Portugal como a a profissão de guionista está também é um bocadinho como o jornalismo está ali num numa precariedade precariedade muito complicada de de de lidar Se colocarmos a inteligência artificial parece-me que vamos colocar pôr os guionistas num num num lado que não que quase inexistente uhum antes de irmos à precariedade dos guionistas vamos manter-nos mais um bocadinho na precariedade dos Jornalistas Estamos desde os bancos da faculdade eu em jornalismo estou em comunicação social e cultural ouvi falar da crise do jornalismo entretanto passaram 10 anos e a crise mantém só está mais intensa há saída à vista h há eu eu acho que há e eu digo isto quando apanhas numa fase em que eu já estou a pensar sair mas eu eu não quero eu não queria sair mesmo tua solução para a crise é sair do jornalismo não sei a tua solução para a crise é não estares dentro dela eu olho para os meus colegas de faculdade eu sou de jornalismo portanto de comunicação social eu sou o útimo o último que ainda é jornalista tenho muitos colegas da nossa idade que ainda são e estão nas televisões mas sim desse ponto de vista do método e da fórmula usada eh eu não vejo muito o fim à vista para nós por exemplo Às vezes as as algumas pessoas mais novas perguntam uma prima minha pergunta ah porque é que eu gostava de ir para comunicação social e eu disse-lhe se calhar pensa noutras opções ou não em jornalismo mas eu acho que o jornalismo mas quando a mim diziam-me isso e não gostei de ouvir sabes que hoje em dia é minha área imagina que se eu tivesse seguido esse conselho dizer não Vas para jornalismo É verdade sim tens razão a mim cura-me eu percebo esse conselho mas também me custa a mesmo tempo porque se é se é um sonho não é de alguém Sim sim de de não ser desmancha Prazeres não é mas ao mesmo tempo também de ver nosso a explicar que é uma área precária e que não é de certeza que não é para ficar rico que alguém escolhe Esta área ela não é precária para toda a gente e e isso é importante que se diga Talvez as pessoas que estão mais na base Aí sim até lembro-me que circulou por aí uma lista dos dos salários dos Jornalistas e de facto Eça em altas é é bastante Sim é bastante preocupante o que eu acho é que os próprios jornais podem começar e acho que isso já acontece por exemplo jornal público ou ou mesmo o jornal expresso mas mais o público a adaptar à realidade de hoje e podemos fazer com que os jornalistas também Sigam as tendências e isso pode gerar e dinheiro que depois pode ser aplicado para os salários dos Jornalistas eu acredito mesmo nisso se estivermos atentos e se Quem gera um jornal Se estiver atento às alterações que se acontecem lá fora podemos adaptar o modelo e podemos salvar a profissão E tu como precário profissional sim resolves é isso que eu ponho no Cai re resolves e baixar o volume da precariedade do Jornalismo e aumentar o volume da precariedade no cinema que é também uma área em Portugal exatamente eu estive num canal pequeno faço Jornalismo e o que é que eu vou fazer a seguir vou trabalhar eh sobre cinema portanto eu faço o cheque sim e tens feito muito trabalho à volta de do audiovisual em Portugal O que é que se passa José Paiva com o cinema em Portugal ui eh que não avança ok certo vamos por ou ou avança eu estou a ver mal avança avança avança bastante o o cinema português eu vou dizer isto e devo dizer eu não sou especialista de cinema português estou a aprender a cada dia que passa não vou colocar em pestal algum aliás eu acho que esse é um dos dos problemas e que eu vejo por exemplo na crítica um certo pedestal que a mim me chateia um bocadinho eu gosto muito de assumir a minha ignorância em relação ao cinema porque eu não sei o que é que aconteceu com contigo e na tua vida de família e de escola mas eu tive muito pouco contacto com o cinema português e há coisas Absolut absolutamente fascinantes quer de cinema independente ou dito de autor quer de cinema comercial também eu acho que os jornalistas e a comunicação e as produtoras têm que trabalhar precisamente nesse lado de comunicação que é o que falta porque se tu fizeres uma pesquisa o cinema português está sempre a ganhar prémios e cá há cinemas ditos comerciais eu não gosto muito dessa discussão mas só para as pessoas perceberem melhor que fazem que tem bons resultados O problema é que as duas partes não conseguem conversar e e e nós Devíamos ser esse mediador eu vou só citar aqui um um uma tese de outroo que acho que é important do Jaime Lourenço que fez um um um levantamento da da de como os mídia nacionais acompanham o cinema português e de facto nós estamos muito mais importados nas estreias e no pontuar o momento do que propriamente ter uma reflexão do que é o cinema de quem são estas pessoas e isso a mim é o que me tem interessado mais então o cinema português avança oou que não avança é a bilheteira para conhecermos mais e vermos mais filmes portugueses sim sim dou-te dois exemplos e nós tivemos este ano eu tive em can não tive nos outros festivais porque não não há dinheiro para tudo mas tive em can e eu nunca me senti tão orgulhoso e posso dizer isto como jornalista não é sendo perfeitamente parcial de de ver por exemplo uma atriz Leonor Silveira a voltar lá com o filme O o Val Abrão de Manuel de Oliveira onde ela não podia ter estado e aquilo é um momento importante para o nosso cinema é igualmente importante nós teros uma série como rapo de peixe na Netflix que vai para a sua segunda temporada O problema é que às vezes parece que os dois lados não conseguem conversar e as próprias instituições sofrem um bocadinho de um vou-lhe chamar problema de Transparência pode nem ser propositado e que eu acho que é preciso começar a falar e por isso é que eu estou sempre a tentar estar em cima de certos temas como os os fundos de apoio ao turismo ou os apoios públicos do ica porque acho que quanto mais esclarecemos o que se passa dentro do setor as pessoas vão F ficar mais interessadas e depois também temos que voltar um bocadinho à base que é mostrar o cinema português aquilo que eu estava a dizer de não ter tido esse contacto com o cinema português nas escolas e em vários projetos que já existem e que tem que haver orçamento e tem que haver vontade para que isso aconteça porque só se cria um debate se houver interesse e eu acho que há mesmo interesse das pessoas em ver cinema português e são boas e capazes as pessoas que tomam decisões neste campo no ministério da cultura por exemplo sei que tens entrevistado muitos produtores T estado behind the Scene eh entrevistar entidades ligadas à área cultural radiografia vou te dar um um um exemplo que eu acho que é o exemplo mais paradigmático de todos e sem querer novamente massacrar com detalhes mas há um fundo de apoio ao turismo e do cinema audiovisual que é um bolo de dinheiro onde se tu Diana Duarte Se quiseres fumar e fumar não mas se quiseres filmar quiseres filmar em Portugal o estado devolve-se umas despesas chama-se Cash rebate que existe em vários países é uma ideia muito boa que já teve um levantamento e um estudo onde trouxe muito dinheiro e muito Impacto e pode trazer Impacto económico a Portugal e isso acontece em Espanha acontece em França e acontece em todos os sítios Portugal basicamente foi quase o último a tê-lo nos últimos dois anos o que é que aconteceu uma medida de sucesso transformou-se num problema burocrático e é isso que eu não consigo perceber nós temos uma boa ideia e pela inerência às vezes das instituições e de serem mais transparentes e mais esclarecedoras acaba por criar um problema onde se perdem Produções internacionais e isso aconteceu apesar de algumas instituições dizerem que não a mim foi-me assegurado que nós já perdemos Produções internacionais no início do ano e quando se perde Produções internacionais perde-se uma coisa dinheiro e perde-se reputação e esse é que é um problema porque uma coisa boa que traz não é consensual o Cash forbit dentro do setor mas eu já falei com muitos produtores queer lá está outra vez Os Independentes e de autor queer os comerciais que vem isto com bos olhos mas nós na altura em que estamos a falar estamos a falar de duas o cashbet foi dividido em duas fases este ano e a primeira fase que decorreu em abril e e Maio ainda não terminou e anunciaram uma segunda que se calhar não vai existir percebes é é é é mesmo eu próprio já tenho algumas indicações do que vai acontecer mas não tenho a certeza e é esse esse tal problema de Transparência que depois afasta as pessoas E porque é que na larga maioria de críticas ao cinema português o que se vê desdém eh e já agora que falaste de exemplos de trabalhos brilhantes que foste descobrindo e não na infância e adolescência mas mais recentemente aproveitava também para te pedir algumas indicações algumas sugestões olha vamos vamos a essa parte positiva e espero que possas entrevistá-los eh aqui vou eu às vezes entro aqui tenho sempre grandes discussões com a RTP e com as séries RTP mas eu vou fazer primeiro elegi o que é RTP continua a ser a única central de conteúdos de séries e de cinema em Portugal O que é muito bom e por outro lado também preocupante porque é preciso os privados entrarem nesta discusão Eh agora vamos aos aspectos também positivos há duas uma série já passou outra irá estrear mas eu posso falar das pessoas envolvidas vou eu eu não queria estar a destacar nomes mas por exemplo falando do da série Emília da Filipa Amaro ou de séries que vão estrear feitas pelo Bernardo Lopes ou pelo Francisco Godinho que são duas pessoas que estão muito ligadas ao cinema e que agora quiseram fazer uma série eh eu faço o desafio e convido todas as pessoas que ouvir a minha geração a ver essa série e e a pensarem se ess se essas séries não poderiam estar no horário nobre de qualquer canal português ou até internacional são produtos muito bem feitos muito bem escritos que é um dos problemas que para mim que eu identifico que é a forma como nós escrevemos os guiões na maioria H por uma série de razões mas em Portugal por vezes parece que se e não se liga tanto aos guiões Mas eu conheço muito bons guionistas de cinema às vezes parece é que as pessoas ainda não os descobriram Mas eles estão lá e e estão fazer querem pagar decentemente também sim e muitas vezes os guinas têm que fazer vários trabalhos e quando tu fazes vários trabalhos perdes podese perder na qualidade mas mas não vindo destas destas duas séries Eu acho que o futuro da do audiovisual em Portugal está neste tipo de séries e não tanto e aqui vai a minha pequena crítica para a RTP não tanto para um para um lado mais histórico que parece que nos força e que nos obriga a fazer conteúdo para o qual nós ainda não temos um orçamento para h nos nivelar com outras Produções e que depois aquilo comparando com outras séries fica fica sempre a quem estes dois produtos o Emil e o outro que eu ainda não não não posso eh falar H são dois produtos que eu sei que podem e que estão a fazer e que vão fazer um bom caminho e que precisam de ser bem vendidos e temos que projetar um bocadinho mais os jovens para cima é preciso dar rapidamente espaço aos jovens em Portugal porque eu eu asseguro-te que são que eles têm muita vontade ponto número um que o público portug vamos convidar a tipa Mar já está aqui sim eu eu não sou o assessor deles mas mas é assim eu gosto de falar de quem de quem gosta e e quem admiro Principalmente dentro do da área que faço porque acho que é important falando um bocadinho desse desdém eh concordo Sim eu eu cada vez mais me convenço que eh É engraçado porque as pessoas agora perguntam Ah mas tu és crítico de cinema não eu sou jornalista de cinema em primeiro lugar de autovisual e de cinema e eu acho que em Portugal meio que se ficou famoso os críticos gostam de eh dar pancada no cinema português e e é verdade sim não sempre mas é muito verdade eu não consigo concordar com isso porque é meio injusto se tu pensares nós temos muito menos orçamento cronicamente desde sei lá estamos em democracia um jovem autor por exemplo tu se quiseres fazer uma curtam metragem tens algum dinheiro do ica mas depois para para que para que as pessoas vejam o teu trabalho é uma complicação para pô numa plataforma ou para Pô num canal público ou privado de televisão e só quando Consegues ter uma longa metragem e mesmo a é difícil porque o ica são vou-te dar outro exemplo se tu quiseres concorrer com um um um filme de ficção e estás a concorrer contra mim que já fiz cinco comentários mas quero fazer uma ficção eu tenho muito mais experiência tenho um CV muito mais muito mais robusto e tu estás a ombrear comigo por um apoio público eu acho que é injusto e não sou eu que o digo é o próprio presidente do ica que me disse a mim o luí chavi que os apoios públicos barram a o acesso dos jovens quanto mais nós promovermos eh os jovens do cinema e da televisão eu garanto-vos que vai haver mais orçamento vai haver mais público eh e mais ideias novas que é isso que eu ando um bocadinho desesperado no Panorama da série das séries principalmente porque o cinema português tem mu muitas boas ideias novas E porque é que a larga maioria das pessoas que decidem os filmes que são apoiados no ica nunca trabalharam em cinema bom eh eu eu certo há um bocadinho ide fazer perguntas que tu fazes Sim Sim há ah certo certo sim e percebido Olha já já tinha percebido há algum tempo h não faço ideia eh mas eu acho que isso é um problema até dos críticos Sabes eu eu nunca fiz um filme na vida mas já tentei escrever guiões Conheço muita gente ligada ao cinema já tive no canal de televisão e eu consigo perceber a dor eh do que é fazer um filme português eu acho que esse lado de compreensão e se quiseres até de compaixão é o que falta aos críticos Portugueses e são muito poucos a sério é se tu vires é uma profissão que está a Deixar de existir porque hoje em dia tu vais ao letter box e garante que apanhas textos muito bem muito mais bem escritos do que alguma crítica nacional e internacional e não é com as referências que eu não tenho porque eu não vi todo o cinema clássico são são artigos construtivos de reflexão que podes Dizer Que Não gostas e podes dizer que gostas mas eu acho muito mais justo ser crítico ou ser como é que disseste E H dar com algum desdem as séries internacionais que TM um orçamento muito maior mas são muito mais preguiçosas do que a destruir que é o que eu às vezes vejo e acho mesmo mesmo desonesto a destruir filmes e pessoas que estão a fazer um filme pela primeira vez em Portugal a é a minha opinião eu sei que isto não é consensual mas eu prefiro ser construtivo do que destrutivo em Portugal sobre o ica Vamos tentar ser construtivo já aqui falaste várias vezes do ica eu sei que boquente e faz-te alguma confusão a forma como o ica funciona não é só mim como é que funcionam as candidaturas não é aberto a coisas novas eh o o ica tem algumas questões interessantes vamos fazer primeira defesa outra vez na linha da RTP continua a ser o grande mecanismo que as pessoas têm eh os mais novos e os mais velhos para aceder a apoios públicos não é e portanto tem que se louvar o trabalho do ik independentemente das críticas que eu tenho e que que já é crónico que as tenha do do do setor mas o ik existe e ainda existe eh Essa é é a primeira e acho que há parece-me sempre que há pouca gente dentro do ica para tanta gente interessada emab em cinema agora sim eu acho que há um h um há um problema de burocracia excessivo dentro do ica às vezes parece que por exemplo é crónico os atrasos nos anúncios e públicos de quem é que foi aprovado quem é que foi admitido ainda agora outra vez na altura em que estamos a falar há muita gente que ainda não sabe se tem o seu filme aprov admitido sequer não é o dinheiro na conta entre áspera e isso faz-me confusão porque estamos a não só a falar do trabalho das pessoas mas da vida das pessoas e e não me esqueci do que disseste em relação aos juris sim eu acho que é um problema ter pessoas que eu aqui se calhar vou vou ser mais duro é é um problema ter pessoas a avaliar filmes que nunca pegaram numa câmara ou nunca escreveram um guião sim eu acho que isso é é uma questão nós não podemos só avaliar os filmes do ponto de vista Académico e não podemos avaliar os filmes de um ponto de vista culturalmente relevante que é um dos fatores porque a minha faço-te essa pergunta sei que entrevistei a mim mas o que é que é culturalmente relevante é que eu não sei eu hoje em dia eu não sei mesmo o que é que é culturalmente relevante a mim é sempre alguma coisa que me deixe menos burra do que aquilo que eu entrei pronto por exemplo fiquei a saber mais um bocadinho sobre alguma coisa mesmo dentro do entretenimento gosto que que isso aconteça mas pode ser só um filme Onde o Fernando Pessoa é um boneco de animação e está a falar sobre peras mas olha tu já tentaste concorrer de alguma forma ao ica não o que é que é preciso eh é preciso ter um guião é preciso ter uma uma planificação de orçamentos e carta de intenções penso eu ah é preciso ter uma produtora por exemplo eh eu aqui não tenho a certeza do que vou dizer e portanto faço essa ressalva mas eh não sei se em todos os apoios é preciso uma produtora mas Para muitos é Ou seja eu não tu não podes ir só tu olha tenho aqui um filme apoia Eu acho que isso até faz algum sentido mas depois é difícil porque há produtoras que se calhar não estão interessadas em apostar numa pessoa nova porque essa pessoa ainda não tem currículo e não assegura o financiamento do ica porque outro dos critérios do ica é o currículo e é o peso do currículo que vai e se alterando mas quer dizer isso uma pessoa que quer fazer um filme pela primeira vez uma primeira obra ou assim Claro que não tem um currículo tão bom ou às vezes até tem e mesmo assim não é escolhido sim e no futuro onde é que vês o teu futuro no cinema é continuares a escrever sobre ele quer estar no no espaço de reflexão sobre o cinema quer estar no no quer estar no nos guiões na realização na e e e pensa pensas sobretudo em ficção ou documentário eh se eu pudesse escolher guiões só para sempre e portanto isso sim escrita para sempre tenho algumas e ideias e portanto não me convinha estar aqui a dizer por exemplo mal do ique e da RTP para eles pois para eles não me escolherem mas eu acho que a crítica e o debate Faz parte bemvindo sim mas sim vejo-me eu vou tentar escrever algumas coisas tenho umas ideias tenho amigos que estão interessados nas minhas ideias já anda há muito tempo para escrever um episódio piloto mas realização e isso e a ficção ou documentário a ficção sempre a sim sim sim o documentário já entre aspas faço escrever não eu estou a documentar um pedaço da e dentro dessa F quando dás por ti a escrever essa ficção onde é que que veia estar mais presente a veia jornalística ou veia humorística eas Olha eu acho que estou a perder cada vez mais o humor que é uma coisa que jornalismo é tão é tão Cinzento e precário que já nem dá para rir não dá dá dá dá para rir e eu às vezes divirto muito com as coisas que escrevo e principalmente com as pessoas que entrevisto e humor H é muita coisa na vida portanto nunca se perde h não acho que vai ser para ser um lado ficcional um dos bons exemplos e que todos os autores e que dizem isso tu estás sempre a escrever sobre ti eh não sei se Serei uma pessoa assim tão interessante para escrever sobre mim mas acho que tenho algumas ideias que futuramente podem ser boas se a indústria a nossa pequena indústria acompanhar que eu acho que vai interessar algumas pessoas e eu já tenho eu eu gosto de trabalhar naem equipa uma das Olha uma das coisas que eu não gosto no no freelance é de estar a trabalhar sempre sozinho coisa É sim já já já achate ai um bocadinho e portanto Espero que que essa oportunidade exista de fazer uma série ou um filme e este problema de os portugueses não verem cinema português está mais relacionado com o desdém que se instalou em relação ao cinema português ou também em relação à crise que se vive e soubemos este ano que cada lisboeta faz em média seis atividades culturais por ano um estudo eh indicou este número que é manifestamente baixo não é hã O que é que está a faltar os O que é que está a afastar os portugueses da cultura eh eu não não sei se isso será assim tão certo por exemplo na na relação com os livros até parece que estamos bastante bem ou até com a música com os festivais de música Os mais jovens são os que mais compram livros em Portugal sim o um dos diretores do festival Vila do Conde disse uma coisa engraçada que foi essa coisa de os os festivais não contarem para a para a bilheteira é é um meio engano porque as pessoas vão aos festivais de cinema e há sessões repetidas portanto os festivais de cinema em Portugal estão habitualmente cheios Devo dizer não só em Lisboa há mais festivais de cinema em Portugal do que nunca e isso é uma coisa devo dizer maravilhosa porque de géneros completamente diferentes coisas muito arriscadas muito fora da caixa e que as pessoas devem ver aí e eu acho que o problema das pessoas não irem ao cinema H ver cinema português H tem a ver com um uma ideia de preconceito quase que se desresponsabilizar ou é um problema das instituições que não dão dinheiro ou é um problema dos autores que querem fazer filmes que é uma grande outra vez é uma grande mentira e e e vou te dar um exemplo eh eu este ano fui ao Festival Vila curtas Vila do Conde e vi curtas metragens portuguesas que são de São mesmo muito boas eh ponho aqui as minhas fichas posso até eh sugerir que ou se pedir para para te mandar para tu Veres e acho que me vais dar razão são objetos entre aspas ao nosso olhar muito mais ligado talvez ao streaming agora ou os blockbusters que se estranha mas é aquela coisa estranha-se mas entranha-se e depois percebes que os filmes portugueses também estão a contar uma história que pode ser tua por seres português ou não ou podem estar a contar uma história Universal porque o público português hoje é universal sim e para ti é te indiferente criares algo para o cinema para as salas de forma clássica ou para uma plataforma de streaming sei por exemplo no jornalismo Gostas mais de te ver em papel digital sim é verdade ainda agora com com esta agora ia dizer parceria que é uma palavra horrível mas com a colaboração com o expresso o ver outra vez hoje até parei para ver o artigo que tinha escrito e de facto tá ali uma coisa que olha se está L encant essa tal paixão que não querias tirar à pessoas à gerações mais novas se se de facto folhear os as tuas as as letras e os textos H tem um sabor que é indescritível um cheiro também sim H um cheiro mas desculpa tava fal che to já a falar de se para ti era indiferente e se criares tanto para streaming como para sala de cinema clássico Sim e mais uma vez e aconteceu comigo pela primeira vez desde que eu faço jornalismo de Cultura ligado ao cinema e audiovisual ter pessoas que viram conteúdo português foi rap de peixe Eu acho que isso é significativo eu não nem e r peis cria aqui uma criou aqui uma espécie de decisão na discussão também é divide-se entre as pessoas que têm um orgulho imenso que é o meu caso eh e as pessoas que têm um desdém também pela série é É sim americano ou por diz-me tesas neiros ou por não ter o staque em aiano Eu Vou defender rabo de peixe Eu tenho algumas questões com rabo de peixe mas Vou defender porque eu Nós Nós precisamos mesmo países pequenos Como Portugal precisam destes fenómenos peço imensa desculpa sei que há muita gente que não concorda Mas precisamos porque o cinema é uma indústria que gira à volta de dinheiro também não deve ser só isso deve ser também arte e criatividade mas houve gente a dizer que ah mas rapo de peixe não retrata aquela zona dos Açores e como devia mas não é para isso que umento não er OB ex e peçoa desculpa basta ligar o menu da Netflix para perceber que aquilo é conteúdo entre aspas de Fest food E isso não tem mal nenhum eu adoro ver filmes comédias românticas se quiseres de domingo à noite é eu o que e eu acho que o público português também quer e se eu lhes mostrar aquilo que eu estava a dizer se eu te mostrar um filme português provavelmente vais achar esquisito tal provavelmente nem é aquela velha questão do ser mais lento que isso também é meio uma invenção vais achar Talvez os as personagens mais e fora daquilo que estás habituada Mas vais gostar e a mesma questão com o rapo de peixe um eu li um estudo recente que indica que 83% das pessoas veem no entretenimento uma necessidade Vital tão importante eh quanto a saúde sim o que é que é para ti entretenimento de qualidade e qual é a função do entretenimento o o entretenimento tem e uma das coisas que eu tenho pena de ter saído do canal e agora talvez por causa de podcasts que faço como di reflexão ou cacofonia passo o product placement e mas publicidade aliás mas é é essa ideia de o entretenimento faz-nos voltar sempre a um lado de criança e de não nos levarmos muito a sério eu se há dogmas ou filosofias que vou tentando seguir é essa coisa de ser não ser a sério séri de Nós seres humanos precisarmos de histórias não é para conversar para para para abstrair noos de dar alguma realidade também se o entretenimento serve sobretudo para isso para nos os divertir e não é bem a mesma coisa que jornalismo não é bem a mesma coisa de às vezes mas aí é que eu não tenho a certeza por exemplo um documentário sobre uma história do 25 de Abril Será que não pode ser também entretenimento porque o entretenimento também nos pode fazer e fazer pensar não é só para estarmos à frente do sfa e não pensarmos em mais nada entrenimento culto e adulto como rtp2 é o canal que eu adoro e que acho como é que se li também pode ser também é entenimento da mesma as coisas não eu não gosto é desta divisão que há em Portugal entre preto e branco o Cinzento é tão mais fascinante sim porque em Portugal parece que cada vez está mais o Inter tenimento é caso eu Desc o Big Brother e as telenovelas Sabes e o resto o resto não interessa não interessa el só interessa a RTP SIM SIM neste caso devo dizer que por exemplo a siic já começa a fazer algumas séries na opto eh mas eu às vezes raramente recebo as comunicações da opto não sei o que é que eles andam a fazer e e e ten que ir à procura mais lá outra vez problema de comunicação sim e aproveit tanto que estamos a falar de televisão como é que tu vês o futuro da televisão que há 10 anos também que ouvimos dizer que vai morrer e ela continua aqui resistente não é a rádio também melhor que nunca com os podcast achas que a televisão vai continuar a fazer programas para encher a gralha daquele momento daquela noite daquela manhã ou quererá criar conteúdos mais intemporais que podem ser consumidos mais tarde num qualquer serviço de streaming olha confesso te que neste momento tenho um bocadinho menos de esperança em relação à televisão portuguesa do que por exemplo ao jornalismo eh então não vejo conteúdos e originais assim um menu de conteúdos originais por exemplo no humor isso preocupa-me porque a televisão apesar de tudo continua a ser o meio o primeiro meio para muita gente entrar e no entretenimento e no humor mas tes que televisão está desistir das pessoas e porque é que não fazem porque é que se houve essa desistência na no também olha não faço ideia acho que há muito medo de arriscar e e falta-nos algum arrojo falta-nos falta-nos mesmo essa questão de e eu não percebo porquê Porque se nós fomos nós que gostamos Portugal que gosta muito de ir atrás das modas podia ver o que acontece em Espanha onde há debates durante 3 horas e das pessoas insultam e aquilo é É barraria ou então os Estados Unidos que também é um modelo para nós em muito sentido onde os podcasts já estão em televisão onde as marcas também já entram e há novas pessoas e há novas figuras e há novas linguagens a nossa televisão parece um bocadinho parada no tempo aqui um fator que tu já mencionaste que é a forma como nós comunicamos os conteúdos lembro-me por exemplo do caso do por do solum que eh o seu sucesso deve-se também muito à forma como foi comunicado sim na internet eu nunca vi Porto Sol posso aqui dizer-te mas sei estou a par do fenómeno porque viu se fui bombardeada no Twitter no Instagram com certos com com publicações o que prova que um bom conteúdo também precisa ser bem comunicado o o o por do sol é paradigmático por uma muito boa razão e por uma eh má razão a boa razão é que finalmente as pessoas começam a perceber que uma série não precisa de estar só na televisão também se pode desmembrar em várias plataformas pois podemos ver se isso pode ser positivo pode ser nefasto a longo mas ao menos exoti vontade e isso aconteceu pronto o outro problema em Portugal que eu identifiquei no poro do sol e eu penso que já falei disso com com os autores não falei também estou aqui a dizer e eles estão abertos a a criticar se quiseram falarmos sobre isso que é Parece que em Portugal quando temos um fenómeno temos que Osmar até não haver mais vida dentro dele e eu acho que isso Às vezes pode ser um bocadinho prejudicial porque as pessoas depois cansam-se h e e e outra coisa que é boa para o por do sol e e é um projeto criativo de pessoas que por exemplo o Henrique Dias eh que é um guionista há muito tempo e que me disse a mim numa entrevista ao observador que finalmente teve a liberdade e originalidade para escrever o que lhe apetecia o que é meio paradigmático uma pessoa que anda há tempo há tanto tempo no humor só agora em Portugal ter tido essa oportunidade mas enfim a Bom porb a ti dá esperança ou sei lá 40 anos 50 é que vais conseguir fazer alguma coisa também é preciso trabalhar para para ter o nome e mas o que go estava a dizer é que o facto por sol ter tido tanto sucesso também indicia que há pouco humor na televisão e eu acho que isso é triste as pessoas meio que estavam ah Finalmente um conteúdo fresco e um conteúdo e de humor há pouco humor na televisão num ano 2024 em que Herman José faz 50 anos de de carreira e ainda bem que continuamos a homenagear porque é de facto um Marco Olha Há uma consultora inglesa que diz que o cinema português tem uma cota de mercado notavelmente baixa e uma grande dependência de financiamento do ica ou seja o cinema português exatamente aqui mais uma vez apresentado com com deficiências estruturais agora vou vou pôr aqui um bocadinho no humor é preciso ser uma empresa estrangeira a diz-nos aquilo que nós já sabemos há muito tempo não é e aquilo gostou dinheiro Esse estudo imagino enfim eh é sempre eu acho curioso mas sim propôs uma solução holística que é uma um grande jargão eh Sim nós já sabemos a cota nacional olha outra tese de doutoramento do Luís Campos e que é muito interessante uma das coisas que essa tese diz muito ligada a isso que tu estás a dar a Esse estudo é que durante de 2004 a 2019 portanto 15 anos a a cota nacional dos filmes apoiados pelo ica Não aumentou portanto os filmes apoiados pelo ica não contribuíram para trazer mais gente ao ao cinema para ver cinema português ao mesmo tempo a renda Vá a do do dos apoios do ica ficou concentrada em 20 produtoras eu sei que somos um país pequeno mas isso deve levar-nos a refletir um bocadinho estas 20 produtores fizeram muito pelo cinema português nesse tempo e continuam a fazer com muitas premiações é assintomático não conseguirem ter ter trazido pessoas a ver os seus filmes em Portugal e nós temos mesmo que falar a sério sobre isso porque depois arriscamos é que as pessoas e deixem de ver o nosso cinema e depois como é que é não se vê não se o cinema Só existe pelas pessoas e depois como é que é pergunta a ti José Paiva se o futuro vai apontar mais para o lado do jornalismo ou mais para o lado do cinema ou a precariedade vai obrigar a estar nos dois dois lados ah ou alguém alguém consegue fazer bem uma coisa estando em dois sítios ao mesmo temp eu tenho feito isso na minha vida é ser várias coisas ao mesmo tempo e eu lembro-me eu gosto sempre de dar este exemplo conversa com amigos quando eu estava para sair da católica para o mestrado na nova tinha uma professora que estava muito chateada chateada mas assim a gozar comigo e chateada comigo e a minha mãe disse sabe professora é que a minha o meu filho gosta muito de experimentar e portanto eu acho que vou continuar ao sabor da experimentação Se bem que já começ a a a considerar a algo mais estável que é uma coisa que me aborrece um e a tua vontade de experimentar é tanta que até com a tua avó criaste um podcast Isto é um amor que tu tens por no microfone à frente sim eu pronto ela entretanto já já morreu mas durante uns tempos nós fizemos um podcast que é a coisa mais carinhosa que eu guardo até hoje está ainda disponível para ser ouvido Não É sim quem quiser aqu Sim aquilo é o FB da minha avó pronto Se alguém quiser pode eu eu ainda não consegui lá voltar a de lá voltar um dia mas tenho tive familiares meus que já lá voltaram e aquilo é meio um arquivo que eu tenho ali que eu acho que é que eu quero preservar eh sim eh a minha avó foi a pessoa mais engraçada que eu conheci e curiosamente só depois do meu avô ter morrido é que eu percebi de onde é que vinha um certo humor mais ácido a minha avó era muito muito ácida então a tua veia humorística veio eu acho que sim Acho que chamava-se Hermínia mina Dona mina olha e sobre a indústria indústria do sexo o que é que tu aprendeste andaste envolvido numa série de reportagens uma áa que me interessa também nunca aqui falava antes sim a indústria do Sexo sim é assim indústria do sexo é nível prostituição H fans sim mais ligado ao only fans e às novas formas de ganhar dinheiro com o sexo gano é fascinante devo dizer e conhecem-se pessoas aí sim muito originais e pessoas que já portanto não queria ser muito gráfico e não vou ser mas por exemplo vendem fotos dos pés sim fazem dinheiro com isso e isso dá muito dinheiro e enviam cuecas e enviam meias para clientes estava perar o que é que eu queria fazer isto ainda não está descartado portanto vender fotos dos meus pés quem sabe de um jista não não tenho nenhum acho que os meos pés sai aos da minha mãe mas não não vou vender fotos de pés Estou a brincar mas é mas é uma indústria que move muito dinheiro e há muita gente examente move mais dinheiro do que o cinema e e olha que que ca português e eu acho que eu não sei o que é aconteceram aqu acho que passaram algumas peças na na ou seja aquilo foi feito pela na produtora na plural passou depois no jornal da TV passaram algumas eh mas eu acho que foi importante para desmistificar algumas ideias bastante erradas e preconceituosas à volta da indústria do sexo que está a mudar e quais são essas ideias conceituas e erradas é de que são pessoas que não que são como é que eu dizer de mar ralé que não são pessoas confiáveis não são pessoas eu conheci pessoas com histórias de vida muito difíceis onde eh a vida não os levou para um sentido mais estável e que se viraram para para isto e tornaram-se empreendedoras eu conheci um dos melhores atores pornográficos eh do mundo que eu não me lembro do nome e peço não me lembrar do nome eh e nós conhecemo levei até de Espanha para Portugal e não é nada aquela coisa do Magic mik aquela ideia que também uma pessoa perfeitamente normal que faz a sua vida eh através do do do do seu corpo como forma de trabalhar e eu não não não tenho que condenar ou não tenho que dizer desde que essas pessoas tenham prevenção digna para e estável para viver e dentro do cinema não ficaste com interesse nesta indústria na indústria pornográfica não tenho um tenho um amigo que Tu conheces muito bem que é com quem eu faço o cacofonia o Francisco Correia que percebe um bocadinho mais do tema um dia se o quiseres convidar ele vai ficar chateado eu ter dito isto mas acho que tem graça porque ele fez assim umas reportagens há tempo da indústria do do pornográfica sim não mas não tenho não não acho que não é para mim pá não acho que acho que não seja acho que não é tem dois podcasts o dia de e cacofonia e uma produtora de animação a nascer a moleirinha passou pela TVI na área do fact checking num programa do Jornal da Noite e trabalhou durante uns meses numa série de reportagens sobre a indústria do sexo para a plural vende artigos para O Observador e para o expresso mas consta que gosta mais de se ler no Expresso porque é publicado em papel quem o conhece diz que é teimoso está sempre a fuçar é obsecado quando descobre uma coisa ou quer muito descobrir uma coisa só pensa nisso está sempre a inventar artigos de investigação gosta de boas histórias e quando lhe aparece suma torna-se assim num espécie de detetive dizendo para si mesmo vou desmantelar isto não só no jornalismo Mas também como pessoa está a virar-se para o cinema e enanita o a forma como as candidaturas para o ica funcionam tem péssima memória e não gosta de falar ao telefone duas excelentes qualidades para um Jornalista que tem medo de pombos já lhe chegaram a meter um pombo dentro da mochila Que maldade não é um grande letor de livros porque passa a vida a ler outras coisas já quis emigrar já fez voluntariado no banco alimentar contra a fome porque tem uma mãe Espetacular muito ligada à área social que se despediu de um banco para vender empadas defende que quanto menos cultura menos participação cívica menos interesse político menos criatividade o que resulta num país adormecido não podíamos concordar mais e contamos com o José Paiva Capucho para despertar este país através do cinema ou de qualquer outra arte onde decida envolver-se agradecemos também pela última hora de conversa na antena 3 e na rtp3 Zé obrigada obrigado passou o que vamos fazer h [Música]