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[Música] H ten Bat nos dentes não ótimo bom dia a todos vamos lá is Alexandre por favor o Alexandre sacou ag uma guitarra estou toar agora aqui aão até à noite o mandei a a partitura é precisamente numa rua bizarra que neste dia na rua da páscoa até se quiserem saber que neste dia em 1982 morria em Lisboa Claro aos 81 anos ch caraças o fadista português Alfredo marceneiro Claro o grande Alfredo marceneiro Alfredo Rodrigo Duarte nasceu em 1891 e vamos quase parar por aqui há uma lenda familiar que ele terá nascido em 188 o não tem muita são só 3 anos a mais mas não há nenhum documento que que prove que seja mais do que uma lenda muda uma coisinha aou outra na sua biografia mas não muito mais nasceu também em Lisboa Claro na Freguesia de Santa Isabel que vai ser o seu bairro onde nasceu casou morreu e ressuscitou Voltou ao terceiro dia não sei ali de Santa Isabel quem conhece Lisboa fica na zona de campo de orica H Claro e e já os pais por sua vez eram não eram de Santa Isabel eram do cadaval ele vem de uma família de saídos no cadaval mas que uma família que se mudou para ali os pais até não eram casados Quando ele nasceu ficou a saber só casaram depois e daí talvez essa discrepância nos anos foram registar para não passar por porca também e deix já Numa família bastante musical a mãe cantava o pai tocava na Banda Lá no cadaval o avô materno tocava guitarra e ele também vai ter um irmão Júlio e uma cunhada e também fadistas eles próprios Claro até porque o Fado é uma coisa até podemos pensar aqui um bocadinho e não vou resumir só Lisboa Claro H fadista ol a Maria da Fé por exemplo uma fadista conhecida que nasceu no porto mas é o é uma Acho que todos os portugueses T um bocadinho disto né Nós ouvimos uma guitarra e se começamos todos assim porque onde é que tu estás H Mariana sa agora claro há umas pessoas melhores que outras mas mas eu acho que toda a gente tem um bocadinho de de de Fado dentro dentro de si concorda ou não com esta sim é com uma criança interior não é é um bocadinho porque o Fado é uma coisa uma expressão tão cultural portuguesa não é esteve sempre cá e acho que fica sempre qualquer coisa mesmo que depois consci clá depois há umas pessoas que depois é cá h o camané e há gente não é pois é cá João e há gente Pois é cá H aldina Duarte e depois há gente e outros todos claro como é o caso do marceneiro o pai morre em 1905 eles almoçam que é o que acontece quando o pai morre as pessoas almoçam e o Alfredo que era que era um miúdo que teria ou 11 ou 14 anos tem de se fazer à Vida e vai arranjar um trabalho como encadernador o que é encadernador para as pessoas que não leem os livros que é um conjunto de folhas Ah ao contrário dos vossos doss da escola que era mais à base de argolas no princípio do ano não é no segundo período já tá folh DC DC o mundo não muda nada os livros têm de ser encadernados que é pô-los uma capa para as folhas também não se soltarem era isso que ele fazia depois aparece um outro fadista os fadistas têm todos nomes ótimos nesta história Júlio janota e até já é ótimo e já vou fiz aqui uma lista de outros nomes muit giros desta altura h ele era um tipo que cantava Claro o fada quinda era uma coisa muito de desgarradas de de improviso de nas tavernas too todo este universo h e o este Júlio janota era marceneiro E então vai dizer assim Alfredo Ai que Senhor Alfredo anda trabalhar para cá para para a Marcenaria e o Alfredo lá vai fazer ele vai fazer isso durante a sua vida profissional na verdade não er não como uma oficina trabalhava na na na Marinha no alfeite portanto fazia aí navios calar já não há mas aí navios as mesas e as cadeiras foram feitas pela F marceneiro que tem graça fo ele trabalhou até se depois reformar e de viver só do só do fado E é claro deste seu trabalho como marceneiro que lhe vem o nome pois claro pois também até já aí até aí chega Lopes Como diz a expressão Popular Eh agora não foi o primeiro nome que ele usou antes disso já lhe chamavam lá no bairro o Alfredo Lulu era o lulu isto porquê Porque ele andava sempre muito janota muito a peraltado sempre com uma uns casacos umas cores assim mais diferentes dos outros meninos E claro o seu clássico lenço a pescoço que ele usou a vida toda tinha assim um lenço como diria um tio meu fazia assim umas aventuras às vezes com o L esta frase era dedicada à graça a Freitas mas pode-se também dizer do AF marcen foi assim as aventuras com o l só percebem o estilo que eu estou a dizer mas o de vez em quando para trás de vez em quando para a frente em osado exatamente os os arriscava com com o lenço agora para além de marceneiro claro que também cantava o Fado primeiro começou nas cegadas que é uma tradição muito interessante Claro até podemos falar um bocadinho das Rides do fado não se sabe bem porque é uma expressão tão antiga e tão Popular que não há propriamente um momento inicial de quando é que se começa a cantar o Fado H consta e quem presta atenção os ritmos árabes estão ali todos claro como como no Flamengo não é que se junta ali as tradições no caso do Flamengo ciganas e judias árabes o canto o canto árabe é muito parecido com estas coisas mas consta e até há há um poema famoso que que que fala disso que o Fado nasceu nas Caravelas do da saudade que os homens tinham da das mulheres que deixavam cá e da sua casa e dessas coisas todas e dos cães também dos piriquitos tudo e que cantavam não é o Fado nasceu um dia quando o vento mal bolia e não sei que como como cantar mália agora estas chegadas é uma tradição que vem ali da segunda metade do século e XIX eram coisas scripted portanto com guião E era uma espécie de inação cantada de críticas sociais tinha figuras típico típicas ou seja personagens tipo quatro a prostituta isto eram mas eram homens que cantavam vestido tinha uma saia fazia uma prostituta O janota que é aquilo que nós chamamos Pimp o Pimp não é o Júlio janota tinha por causa por causa diso era era alcunha também o janota sim mas ou seja isto eram as figuras típicas do desta cegada o janote era no fundo eu não não sei como é que se proxeneta Para Não Dizer chul que é uma linguagem calão clá uma lingagem chula ela própria o polícia tinha assim um pau e batia nas pessoas e por fim O galego uma figura muito típica do século XIX em em Portugal e até princípios do século XX muitos imigrantes gente muito pobre que vinha da Galiza e o que faz eram vendedores ambulantes em Lisboa aguadeiros por exemplo e é muito é muito ou seja as pessoas que a base da pirâmide social nesta altura eram muitos galegos que vinham e que vendiam coisas na na na na rua e eles era também uma personagem que que faziam eles cantavam na rua e as pessoas na janelas fazia uma espécie de quase teatro espontâneo nos camarotes a assistir é muito muito giro muito giro e isto entra já pelo princípio do Século XX e ele estreia-se ali no fazendo Porque isto é teatro ele consta quem eu conhecia bem que ele sabia estas falas de Miúdo até ao fim da vida sabia as falas todas do teatro da da cegada é muito muito chir depois vem o Fado nas tavernas Não é a primeira uma primeira delas onde ele entrou e ouviu o Fado assim cantado mais a sério no Atravessa no poço dos negros uma Taverna no poço dos negros e onde cantavam os fadistas daqueles tempos nomes que hoje já não ninguém se conhece Claro Até porque não era uma coisa não eram estrelas não eram pessoas que cantavam ali nas nas tavernas mas os nomes eu fui escolher os meus favoritos o britinho tocador o suaj do Intendente suaj do Intendente e o Proença estofador também o João molato ou o Jorge caldeireiro não há dúvidas sobre a profissão desta desta sen só falta a Emília mas envío não também B calculo o que é que eu disse agora falemos um pouco disso não é o Fado não é uma coisa estanque nós nas raízes muito populares portanto quase de improviso desta coisa das desgarradas é quando alguém de improviso diz ó Mariana porque é que não vens se não sei o quê e a Mariana responde assim mais antes deo queres fazer uma desgarrada alguém se oferece para uma desgarrada eu passo hoje hoje hoje sim mas era pant esta coisa e claro depois isto o Fado vai ter várias reencarnações nós estamos felizmente a viver uma nova com tanta gente nova e tão talentosa a cantar e que é Quando chega alguém e reinventa faz uma coisa muito única e diferente na nossa memória coletiva temos a enorme revolução que vai ser a Amália desde do G das composições para a orquestra dos dos Poetas que ela cantou sabemos isso claro mas antes dela houve um marceneiro que é faz uma grande grande grande revolução entre esse fado mais antigo do início do século vinha do século XIX ainda e que abre também a porta para pessoas como Amália e outras Claro e ele imortalizou muitos dos clássicos que ainda hoje são parte do repertório e da influência de muitos muitos muitos fadistas e depois vai arrancar finalmente a carreira até se tornar uma figura incontornável no no fado cantava e nas casas de Fado que só começam a aparecer depois da guerra e nos anos 40 é que começam a a abrir as as as casas de Fado Dantes era uma coisa muito mais popular nas tavernas mesmo as casas de Fado é uma coisa um restaurante a maior parte das vezes at é um restaurante composto onde as pessoas lá cantam o Faia a parreirinha o café lz o Viela muitos outros não é o seado da herm enfim tantos outros onde ele também cantou mas também cantou no parque maer no cliseu no teatro de São Luís e até passou pelo cinema o al o Alfred ma era um homem de hábitos muito regulares deitava sempre todos os dias às 9 da manhã Claro porque cantava de noite não é E então sim sempre sempre sempre sempre até porque era o seu ambiente natural eram as Tais casas de Fado era o lugar que ele achava por Excelência para cantar noite as pessoas as velas aquilo tudo é que era para cantar de tal maneira que era muito difícil enfiá-lo num estúdio para gravar costuma-se dizer que ele só começou a gravar já tarde na vida mas não é exatamente verdade ele gravou ainda muitos fados em EPS ainda nos anos 20 e 30 mas de facto o seu álbum mais a sério e o mais emblemático chama-se the Fabulous marceneiro é só de 1961 e tem uma história engraçada ele foi gravado pelo mítico engenheiro de som dos estúdios da Valentino de Carvalho que é o atual tiagoo borda que era o Hugo Ribeiro que também gravou a malim aqueles Engenheiros de som famosíssimos e o marceneiro disse assim eu não sou capaz de cantar durante o dia desculpem mas eu não consigo cantar depois do do dia fora de uma casa de fados não consigo e o Ribeiro o ribeirinho como chamavam teve uma ideia tirou-lhe o lenço do pescoço tapou lhe os olhos Isto é tapou lhe os olhos e ele gravou de seguida num só take que é uma coisa que não diz que é difícil de fazer os 12 fados que t o disco e lá cantou ele disse olha Isto é boa ideia Isto é boa ideia o Len eu acho muito fixe depois há o mesmo problema que acontece quando os estúdios se mudam o teatro da borda para passe de arcos em o ainda só hoje funciona funciona lá a televisão H E então ele o segundo álbum à festa namoraria primeiro ele era um homem tão de Santa Isabel tão do seu bairro que olhou pela janela do carro e e marginal se ponho eu e disse assim Isto já não é Lisboa assim meio Onde é que me estão onde é que me estão a levar e de facto ele nunca saiu de de Portugal e praticamente quase nunca deixava a cidade de Lisboa e depois lá foi arranjando desculpas a is está muito sol tá não sei quê E só como sou a gravar às 3 da manhã que era a hora que ele costumava cantar é engraçado com os anos ele vai ganhando um estatuto verdadeiramente de Mito de Mito ainda durante a sua vida Claro com o público mas também com os outros fadistas com as suas imagens de marca o tal lenso ao pescoço o cigarro ao canto da boca e um épico mau feitio ele só cantava quando queria onde queria e aquilo que queria e quando lhe estava a apcer e se prec parar a mãe parava a mãe e vão todos lá dentro de vocês próprios e outra parte da sua vida teve filhos com a mulher sua mulher Judite um deles também fadista Alfred do Duarte Júnior e outros os netos também arranham assim o Fado ou tentaram o Fado H este Alfredo Duarte Júnior também já lá está na terra da Verdade ou como também se costuma dizer a comer senoras pela raiz e teve também outros filhos com outras senhoras ainda Antes de casar até que como acontece sempre também ele morreu com quase 100 anos tendo atravessado e marcado o século XX em Portugal conta-se que o padre que ia fazer o enterro quando viu milhares de pessoas no velório confessou eu não sei quem ele é provavelmente o padre tinha passado e tin est debaixo de uma pedra FZ assim cheguei mas acontecia não tinha redes sociais não tinha redes sociais não sabia quem era mas F milhares de pessoas no velor e disim Mas quem é este homem e há outro fadista um amigo do Marceneiro José pracana que passou a noite toda venha cá Senhor padre e passou a noite toda a falar-lhe do mestre a mostrar-lhe a música A mostrar-lhe os fados e no dia seguinte lá estava o tal Padre no enterro com guitarras que houve guitarras no enterro do Marceneiro de Lágrimas nos olhos ter descoberto tudo numa noite a recitar um belíssimo do Alfred marceneiro e depois como acontece quando se perde alguém que se ama muito e também curiosamente quando se vai começar a cantar o Fado veio o silêncio o Alfredo marceneiro morreu faz hoje 42 anos uma guitar [Música]
1 comentário
Tive que vir ouvir outra vez! 🙌 Agora vou jantar! 🍽🍷
Saúde! Cheers!