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[Música] Esta é a história do dia da Rádio observador estamos no impasse político e isso é bom ou é mau as oposições para além do seu trabalho político tem um dever de lealdade com os portugueses e não quererem governar em arranjos irresponsáveis e oportunistas no Parlamento o debate sobre o estado da Nação marca o encerramento do ano parlamentar as férias espreitam mas nem o governo nem oposição esquecem a proposta de orçamento do estado que vai marcar a rant o primeiro-ministro diz que quem governa o governo e oposição por seu lado lembra que o Executivo não pode ignorar a vontade do Parlamento chegamos a um impasse político em que ninguém ataca ninguém com muita força pelo menos por temer as consequências vou conversar com Miguel Santos carrapatoso editor adjunto de política do Observador eu sou o Ricardo Conceição e esta é a história do dia de quinta-feira 18 de julho bem-vindo Miguel Olá Ricardo Miguel dia longo esta quarta-feira começaste cedo 9 da manhã com um debate de 5 horas o debate sobre o estado da Nação que no fundo marca o fim do ano parlamentar mas o trabalho esse continua na nas comissões porque ao contrário do que se possa imaginar o Parlamento não para completamente ora para quem não teve a sorte e oportunidade de ouvir as 5 horas de debate como tu Miguel Santos carrapatoso tiveste foi bom eu não seria tão Generoso rico foi um debate sobretudo longo em muitos aspectos repetitivo Mas claro que teve momentos interessantes do ponto de vista político e onde também se discutiu e um bocadinho o estado da Nação hum não iria tão longe em classificar este debate como sendo um debate bom mas foi um debate interessante que é sempre uma palavra interessante exatamente e o que é que nos diz este debate eh sobre o estado da política nacional foi um um debate que serviu sobretudo para medir a temperatura da água eh e sobretudo para avaliar o Estado de Espírito dos três principais protagonistas aqueles que falaremos sobretudo eh ao longo desta nossa conversa para perceber o estado Espírito de Luís Montenegro de Pedro nundo Santos e de André Ventura aí conseguimos retirar algumas pistas sendo que não nos podemos esquecer e quem nos está a ouvir é ter sempre isto presente que estamos numa altura em que é normal que exista um jogo de sombras em que cada adversário se vai testando eh mutuamente mas tivemos um Luís Montenegro a entrar ao ataque ele que tinha recebido de Pedro nundo Santos dias antes na segunda-feira eh a disponibilidade para negociar o orçamento apareceu neste orçamento Claro neste debate perdão claramente ao ataque e a atacar o partido socialista tivemos Pedro Nuno Santos a acusar o primeiro-ministro de arrogância portanto também a colocar-se aqui numa posição de alguma vitimização e tivemos André Ventura eh bastante mais calmo do que costuma ser eh nos debates parlamentares o que também poderá dar algumas pistas sobre eh o estado Espírito do chega neste caso ou seja eh Os Normais ataques próprios do do combate político mas ninguém a rematar com com demasiada força para não magoar o adversário quando éramos Miúdos e jogávamos à bola na rua dizíamos tudo bem mas nada de rematar com muita força para não magoar ninguém mais ou menos tivemos alguns ataques dignos de registro por exemplo tivemos Luís Montenegro A acusar o partido socialista de ser responsável por um exercício do contrucion ismo político digno de uma peça trágico cómica eh o mesmo Luís Montenegro acusou Chega ou André Ventura de trazer para dentro do sistema ele que se afirma como sendo antissistema AB birra a imaturidade e O oportunismo portanto palavras muito duras Luís Montenegro que Como dizia entrou neste debate ao ataque e Vindas de onde menos se espera afinal não nos podemos esquecer e é por isso que estamos a ter esta conversa que o PSD ou a aliança democrática precisa ou do partido socialista ou do chega para ter o orçamento viabilizado ao mesmo tempo tivemos Pedro Nuno Santos a acusar Luís Montenegro de arrogância André Ventura ainda que de forma mais modesta também acusou Luís Montenegro de estar a sonhar com uma crise política antecipada que lhe permita crescer nas urnas portanto tivemos aqui golpes dignos de registro mas também ou até pela duração do debate o tom foi-se de alguma forma amenizando ao longo destas qu C horas de discussão esmos melhor este estado de coisas se calhar vamos olhando aqui setorialmente para cada um ou para para os principais atores deste deste drama e propunha-se começar pela esquerda à esquerda do PS bloco PCP e livre dão dão mostras de algum apagamento ou Isto será impressão minha a verdade é que a esquerda e estes partidos estão eh num labirinto porque per quer pelas eleições legislativas quer pelas eleições europeias que há uma nova maioria sociológica no país ou uma maioria política no país claramente mais à direita e estes três partidos embora em situações diferentes eh estão ou ou ou ou estão numa circunstância muito difícil em que percebem que eh talvez mais tarde do que aquilo que esperariam voltarão a influenciar de alguma forma o poder o livre desses três partidos é aquele que apresenta um estado de saúde Mais hh Positivo teve um susto nas europeias depois deas legislativas muito bem conseguidas o psicodrama em torno da da da escolha do Cabeça lista para as europeias prejudicou claramente as pretensões do livre que não conseguiu eleger nas últimas eleições europeias temos o bloco de esquerda que está aqui numa crise de identidade depois de ter sido parceiro eh de governação do partido socialista antes mesmo desse momento e ter sido de alguma forma o partido que melhor conseguiu captar a contestação social que havia no tempo da troika agora não é a posição ou não consegue captar essa esse descontentamento que que existe nas ruas naturalmente nem é eh poder e portanto está aqui a atravessar uma crise de identidade que os próprios resultados eleitorais assim o demonstram e o PCP está numa pista muito própria se se o bloco de esquerda e o livre ainda falam eh em convergência com o partido socialista ainda vão insistindo na ideia de criar uma frente de esquerda que consiga fazer frente e à ao bloco das direitas o PCP está numa uma pista muito própria cada vez mais só cada vez mais mínimo e portanto quase numa prova de resistência para e manter de pé aquilo que já de pouco existe e no PCP em termos atenção em termos eleitorais no fim se fizermos uma avaliação positiva viabilizarem senão chumbar e Miguel perante este estado de coisas e o PS optou por uma carreira a solo é isso acho que pedroo Santos percebeu rapidamente que tinha que ajustar a estratégia nós não nos podemos esquecer que ainda durante eh as eleições internas para a liderança do partido socialista tivemos Pedro nun Santos a dizer por exemplo que era praticamente impossível viabilizar um orçamento do Estado eh as eleições leg relativas aconteceram o partido socialista perdeu por pouco mas perdeu as eleições europeias vieram dar um balão de oxigénio a Pedro Nuno Santos que precisava muito deste resultado para eh fortalecer a sua imagem como líder do partido socialista e as sondagens É verdade que continuam a dar uma ligeira vantagem ao partido socialista o que permite pelo menos amenizar o ambiente interno dentro do Largo do rato e portanto Pedro n Santos parece agora está disposto eu tenho insistido e vou insistir ao longo desta nossa conversa em usar a palavra parece porque já nos temos habituados a que as coisas mudam muito rapidamente mas Pedro nun Santos parece neste momento estar mais disposto em eh não afrontar pelo menos tão diretamente e Luís Montenegro porque já percebeu também e porque e eh isto joga-se sempre a dois ou a três já percebeu que luí Montenegro está também apostado numa estratégia de vitimização ora para contrapor uma estratégia de de vitimização perdão é preciso passar uma imagem de moderação de vontade de dialogar de disponibilidade para negociar e portanto Pedro Nuno Santos eh está disposto a construir essa narrativa para o partido socialista as eleições Acabaram o partido socialista está disposto ou diz está disposto a negociar uma solução com o partido social-democrata e portanto está a afastar-se daqu aquela ideia que inicialmente se instalou de que o partido socialista ia liderar a tal frente de esquerda que ia fazer oposição ao governo de luí [Música] Montenegro já voltamos à conversa com o Miguel Santos carrapatos o editor adjunto de política do Observador e este impasse político será bom ou será mau [Música] era um grupo de gente completamente à margem e todos cheios da raiva esta é operação papagai plan mais Lou de para derar salaz pirata declarando o fim do fascismo esperando uma revolu uma sée para ouvirem se epis POD [Música] guilh com sonor original deita redes estamos de regresso à conversa com Miguel Santos carrapatoso editor adjunto de política do Observador Miguel e o chega ainda anda a fazer contas aos resultados das europeias e para já não quer arriscar nada diria que quem não se arrisca a interpretar a estratégia de André Ventura sou eu éo porque é muito difícil de facto perceber André Ventura disse que ia ganhar as eleições europeias e teve um resultado francamente negativo H logo depois disso quando toda a gente apostava que era desta que o chega se i a moderar o chega e ameaçou e esteve muito perto de de roubar o governo de Miguel alquerque na madeira dizia o chega que era impossível dar a mão a Miguel alquerque na madeira e teria de ser outro e nome indicado pelo partido socialdemocrata para poder aceitar conversar ora desistiu rapidamente desses planos vimos hoje André Ventura aparecer com uma uma intervenção com com intervenções Aliás não foi só André Ventura foram todos os protagonistas que falaram em nome do chega com intervenções muito mais suaves em relação àquilo que costuma ser o estilo do próprio partido portanto não sabemos exatamente o que pretende fazer André Ventura nota-se que o resultado das europeias e isso é assumido internamente baralhar as contas do chega isso pode estar a ter algum peso acho é isso as sondagens menos positivas pelo menos algumas delas menos positivas para o ch que apontam para uma quebra do partido e portanto o chega e André Ventura podem estar de facto aqui a tentar perceber para que lado é que se devem virar isto não quer dizer que quando o momento chegar André Ventura dê Alegremente a mão a Lu Montenegro acho que é muito prematuro assumir isso mas é verdade que o chega neste momento ou ao dia de hoje tem optado por uma posição muito mais contida em relação àquilo que costuma ser o estilo do partido do que noutras alturas vamos também olhar para a iniciativa Liberal Miguel acaba por ganhar pontos ou também não sai do mesmo sítio acho que é algo que se que ficou Evidente neste debate foi que aliança democrática e iniciativa Liberal estão em Lua de Mel eh até na troca de divergências que existem naturalmente os dois responsáveis políticos os dois principais responsáveis políticos Luís Montenegro e rui rocha e são perfeita estão em perfeita sintonia ou seja reconhecem que há divergências que é legítimo que elas existem e prometem trabalhar para uma possível aproximação É verdade que a iniciativa Liberal não conta aritmeticamente para salvar o próximo orçamento do Estado mas continuando esta e oposição construtiva e estas foram palavras do rui rocha pode muito bem vir a ter ganhos de causa que lhe permitam no futuro mostrar que PES embora não tendo a dado a mão oficialmente a Luís Montenegro é um parceiro capaz de influenciar positivamente a aliança democrática e isso numas futuras eleições pode ser positivo para a iniciativa Liberal até porque à direita o chega não tem conseguido desempenhar esse papel portanto rui rocha está muito mais apostado em deixar uma boa imagem neste ciclo político e Luis Montenegro tem permitido que isso aconteça porque também interessa a aliança democrática ter uma iniciativa Liberal forte eh Os dois têm trabalhado para que no futuro numas eleições aconteçam são elas quando acontecerem a iniciativa Liberal possa crescer e possa ser aquela Pedrinha que falta ou que possa faltar à aliança democrática para chegar a uma maioria muito mais confortável vamos olhar agora para o governo PS CDs o governo beneficia de um estado de graça sondagens favoráveis está e verdadeiramente a cfar esta onda está a aproveitar a maré eu creio que sim e acho que isso também fica demonstrado pela própria dificuldade que a oposição quer à esquerda quer à direita tem tido para marcar alguns pontos eh as sondagens são favoráveis embora como dizíamos há instantes o partido socialista continua com uma ligeira vantagem em relação à aliança democrática há poucos meses o partido socialista venceu as eleições europeias portanto Isto é um aviso a navegação da Aliança democrática Em contrapartida luí negro parece ter de facto convencido pelo menos quem responde estas sondagens vamos assumir que Luís Montenegro convenceu os portugueses ou a maioria dos portugueses não só tem bons indicadores como tem conseguido gerar alguma confiança e portanto o governo aliança democrática está muito disposta a insistir na tese em criar a tese ou a narrativa de que este é um governo fazedor que faz muito que apresenta resultados neste debate ficou evidente que a aliança democrática se quer colocar ao centro ocupar o centro O que é muito interessante do ponto de vista político porque foi exatamente essa a estratégia de António Costa se nos recordamos E é isso que permite vencer eleições e vencer eleições por números robustos e luí Montenegro percebeu que precisa disso e portanto colocando-se ao centro isolando chega à direita atirando o PS para o campo da esquerda isso permite a luí monro lse confortavelmente no poder é verdade que continua com o mesmo problema precisa de aprovar o orçamento do estado para aprovar esse orçamento estado precisa de negociar com o partido socialista ou com chega Luís Montenegro esta quarta-feira optou por ser muito confrontativo em relação ao partido socialista menos com o chega isso pode ser uma forma de fragilizar ouou ou tirar ao partido socialista na na mesa das negociações e ao mesmo tempo o Luís Montenegro ou o governo escolheu para encerrar o debate Pedro Duarte e portanto qualquer pessoa que queira revisitar este debate e compar a intervenção Inicial Luís Montenegro muito mais confrontativa e compar a intervenção de encerramento de Pedro Duarte Ministro dos assuntos parlamentares num Claro apelo ao debate e ao diálogo E aí se percebe que o Governo está a jogar nestas duas estratégias o polícia bom e o polícia mau forçar a mão do adversário para depois através das negociações conseguir eh passar a imagem de que se deu em algumas matérias e portanto vai vai ser assim ao longo dos próximos meses a sexta-feira começa a primeira ronda negocial em cima da mesa e Pedro Nuno Santos foi muito claro esta quarta-feira ao dizer que não aceita a a redução do irc e a redução do IRS sobretudo na na questão do IRS jovem tal como o governo e a desenhou e portanto será por aí a negociação Vamos ver até onde está disposto a ir O governo nessas duas matérias que são e Eu recordo são matérias absolutamente estruturais do programa com que luí monegro foi a votos e com que luí monegro se apresentou no Parlamento portanto H dizer que há um clima de aparente trégua hum é possível de o dizer há um clima de algum de alguma descris espação apesar do jogo de palavras que assistimos esta quarta-feira mas estamos muito longe de ultrapassar o cabo das tormentas não tenho como adquirido que o orçamento do Estado esteja já aprovado ó Miguel então chegamos aqui no fundo a à pergunta que que lança este Episódio da da história do dia h e me dirás assim ou não acho que sim portanto estamos num momento de impasse político e isso acaba por ser bom ou mau bom não será nenhum impasse político é é é bom e já estivemos mais perto de uma crise política acho que isso é possível de afirmar atendendo ou acreditando nas declarações dos vários protagonistas acho que agora estamos muito mais perto de arranjar Ou de ou que o Parlamento encontre uma solução para o empasse político mas o empasse não não não está de todo ultrapassado faltam muitos meses eh faltam ainda muitos dados que não temos neste momento sobretudo a evolução das sondagens e as conquistas que o governo possa não alcançar e os problemas que possam não somar os casos ou casinhos que possam não surgir enfim falta muito tempo para dizer e para assumir que o empasse político está completamente ultrapassado que o orçamento do estado vai ser aprovado e que a crise política será evitá H ainda assim Acho que neste momento atendendo e eu estou eu estou a sublinhar a palavra a expressão atendendo àquilo que vão sendo os sinais transmitidos pelos vários protagonistas a crise política parece estar mais longe do que estava há uns H Há uns meses ainda assim eh se o orçamento do estado e não for aprovado o governo também já tem dado alguns sinais de que está disposto ou disponível para governar por ou décimos aqui coloca-se uma outra questão e poderemos falar dela noutros programas daqui em diante se é se Marcelo rbel de Sousa aceita ou não um orçamento por do a décimos no passado eh esse argumento Serviu de desculpa para dissolver uma assembleia da República a esquerda ia chumbaram ameaçou chumbar o orçamento do Estado de António Costa e Marcelo Reel de Sousa dissolveu e a assembleia da República convocou eleições antecipadas emos o que fará num cenário idêntico e há um cenário Se quisermos um cenário se que não devemos perder de vista é verdade que o partido socialista e o chega podem viabilizar na generalidade o orçamento do Estado mas depois do orçamento do Estado ser viabilizado na generalidade há todo um processo negocial que se estende até à votação na especialidade E aí Mita coisa pode acontecer podem existir muitas votações cruzadas que podem desf ar por completamente completamente o orçamento do Estado apresentado pelo governo E aí coloca-se uma outra questão portanto já no cenário C estará ou não disponível Luís Montenegro para governar com um orçamento do estado que não é o dele e que não reconhece eu acho que neste momento a resposta que vai existir no interior ou no núcleo do governo é não mas como dizia ainda falta muito tempo isso já é um cenário C temos de ultrapassar o cenário a para percebermos o que é que pode acontecer no cenário B e só aí discutir eventualmente cenário c são muitos cenários e falta ainda muito tempo Obrigado Miguel obrigado Ricardo Miguel Santos carrapatoso é editor adjunto de política do Observador esta foi a história do dia a sonoplastia do DI casinha a música do genérico do João Ribeiro eu sou Ricardo Conceição até amanhã m