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Olá seja bem-vindo a este Episódio 263 da e o resto da história com Rui Ramos e João Miguel Tavares se o caro 20 fosse a um daqueles programas televisivos com perguntas de cultura geral e o Vasco Palmeirim lhe perguntasse o que é que aconteceu em Portugal no dia 27 de julho de 1974 é muito possível que ficasse engasgado e mudo por não fazer a menor ideia de facto o dia 27 de julho de 74 não faz parte daquelas datas da revolução que tinhamos na ponta da língua e portanto também não precisa de sentir mal eh ou desistir de ir ao programa de Vasco Palmeirim só por não saber responder eh agora atrevo-me a dizer que essa é uma data absolutamente fundamental no nosso caminho para a democracia e para a descolonização foi nesse dia faz agora 50 anos que o Marchal António de Spinola então Presidente da República Presidente da República não eleito Claro fez uma declaração ao país dizendo que tinha chegado o momento de reconhecer às populações dos nossos territórios ultramarinos o direito de tomar em suas mãos os próprios destinos na véspera havia sido promulgada uma nova lei que dava início ao processo de descolonização com o reconhecimento do direito dos povos dos territórios ultramarinos portugueses à autodeterminação incluindo o reconhecimento do seu direito a Independência Spinola também prometeu à aqueles que sonhavam com uma África luza que nada tinham a rear pois as autoridades dos novos países iriam Honrar o seu estatuto de nações plurirraciais depressão portuguesa esta última parte como todos sabemos revelou-se falsa nunca viria a ser cumprida e ninguém acho eu acredita que Spin fosse assim tão ingénuo ele sabia Com certeza que a partir daquele momento e daquele discurso os portugueses deixariam de ser capazes de controlar o que se passava nas antigas colónias e os seus planos para uma descolonização lenta e faseada nunca se iriam realizar Rui explica-nos o que é que aconteceu naquele dia 27 de junho de 1974 se spínola acreditava no que estava a ler ou já era o discurso de um homem que tinha sido ultrapassado pelos acontecimentos Ahã este de facto é um momento fundamental da história de Portugal e e é ao mesmo tempo uma das histórias mais mal contadas da história de Portugal porque ainda estamos muito envolvidos pelas polémicas pelas lutas de poder do tempo e claro pelas narrativas de cada um dos lados acerca do que é que se estava a passar o o os adversários os inimigos do do General spínola e que então eram a chamada comissão coordenadora do movimento das Forças Armadas a comissão coordenadora do programa do movimento das Forças Armadas mais exatamente que era uma espécie de direção política do movimento das Forças Armadas H aqueles que viriam a ser o a chamada esquerda militar durante a revolução em 1974 1975 essa essa a comissão coordenadora do mfa portanto eh ve veio dizer nos seus depoimentos nas suas memórias que o o general spino tinha lido o discurso muito contrariado eh e que se e e que porquê Porque se tinha recusado até aí a admitir a independência dos territórios ultramarinos eh e que eles é que o tinham obrigado a fazer essa admissão em público e portanto que el estava todo incomodado Tod desfeito como um deles disse quando depois de ter feito e o discurso Isto é a versão da comissão coordenadora do movimento das Forças Armadas a versão de spino não tem nada a ver com isto Spin disse sempre que nunca não não fez nada aquilo nada contrariado que pelo contrário acreditava no que tinha lido que aquil que aquelas tinham sido sempre as suas ideias eh e mais que acha eu vou já dizer Acho que sim e e e que mais e e que achava que ao ler ou fazer aquela declaração aou ler aquele discurso ele estava até a interpretar aquela que era a vontade da Nação naquele momento Portanto ele estava não não apenas aquelas ideias correspondia à aquilo que ele sempre tinha pensado com como ele achava que aquilo correspondia à àquilo que a maioria dos portugueses em Julho de 1974 pensavam Portanto ele leu aquilo diz eu completamente à vontade e isto portanto temos aqui duas versões completamente diferentes da mesma história isto acontece imensas vezes em História eh às vezes são duas pessoas que estiveram na mesma reunião e que nos dão relatos que não têm absolutamente nada a ver e um com o outro quer dizer às vezes não tê nada em comum sim eh pant acce cons projetar isso nas nossas isto alguma e isto alguma vez eh de alguma de alguma maneira eh justifica o trabalho dos historiadores é para isso que os historiadores estão cá quer dizer para examinarem estas coisas e tentarem perceber o que é que há b não são áres mas são investigadores quer dizer que vem às vezes nunca consegue atingir-se aquela certeza absoluta sobre o que se passou mas perceber o que é que era mais provável onde é que estava mais o que é que estava mais perto da eh e e dessas duas partes eh ficas a lado quem eu eu diria que estou mais perto da interpretação do General se do que da comissão coordenador embora embora não esteja a dizer que não haja uma divergência e que a comissão da coordenadora não estivesse em Julho de 1974 alguma maneira a obrigar o general sein Aliás a lei esta lei há uma Portanto o que o general SP está a fazer eh a 27 de julho é a anunciar ao país que promulgou uma lei constitucional que é a lei constitucional número 7/74 de 27 de julho eh que decretada pelo conselho de estado eh E e essa lei é uma lei muito pequenina tem um texto muito pequeno essa lei começa por precisamente por dizer que é uma lei que é feita a pedido da dos representantes do movimento das Forças Armadas no conselho de estado Isto é e e esses representantes eram a comissão coordenadora do mfa portanto diz que foi a comissão cadora do mfa que eh deu início a este a este portanto que o general não teria feito aquele discurso Nem teria havido aquela lei se não fosse a comissão coora do MF mfa a pedir portanto por esse lado e a comissão corador do mfa parece estar com está com razão mas não é verdade parece-me a mim que aquilo fosse contra as ideias do General Spin mas agora eu falei aqui da da Lei constitucional eh como eles são como é dito em português não é número 7/74 de 27 de julho ISO quer dizer que é lei constitucional número 7 de eh 27 de julho de 74 mas o estado português não fala português desta maneira quer dizer diz que é Bá portanto é número 7/74 de 27 de julho Ora bem isto tinha sido decretado pelo conselho de estado esta lei portanto é promulgada pelo presidente da república Mas é decretada pelo conselho de estado o conselho de estado é segundo uma outra lei constitucional que é a lei constitucional número 3/74 de 14 de Maio sim portanto essa é outra lei eh que essa lei é é decretada pela junta de salvação Nacional Aliás já agora só por uma nota quando dissestes o general Spin não tinha sido eleito não tinha sido eleito pelos portugueses em sufrágio Universal foi eleito pela junta de salvação Nacional a junta de salvação Nacional portanto é o órgão ao qual o movimento das Forças Armadas no dia 25 de Abril entregou o poder e em Portugal Ora bem mas agora estamos a falar do concelho de estado o conselho de estado é o quê não é o conselho de estado dois quer dizer não é um órgão consult do Presidente da República é é um órgão de soberania segundo esta lei constitucional número 3/74 eh portanto há há os órgãos de soberania são o Presidente da República a junta de salvação Nacional o governo provisório e o conselho de estado e e o que o que é que é o conselho de estado o conselho de estado é uma espécie de parlamento é um mini parlamento é um Parlamento revolucionário Se quiserem e quem é que tem assento no conselho de estado tem assento os membros da junta de salvação nacional que são s portanto e depois e depois e depois há outros dois grupos de sete elementos os outros sete elementos é sete personalidades escolhidas pelo presidente da república uhum P portanto pelo General spínola entre as quais está o professor Freitas do Amaral e sete representantes da comissão coordenadora do programa do movimento das Forças Armadas portanto são estes S 7 7 que fazem 21 que fazem o conselho de estado e é o conselho de estado portanto que decreta est esta lei constitucional que o Presidente da República hum decretou e que era pequenina como tu dizes mas que mas que tinha todas as palavras proibidas pelo Estado Novo em relação à aquele tema proibidas pelo Estado novo não proibidas pela Nova situação e portanto é perceber um bocadinho sim mas isto era já tinha sido dito muitas vezes Isto é curioso quer dizer porque eles parece a história às vezes é feita como nunca ninguém ainda que nós estamos a três meses passaram três meses desde o desde o 25 de Abril parece que nunca ninguém tinha pronunciado em público aquelas palavras e não é verdade Isto é autodeterminação o general Spinola pronuncias na primeira conferência de imprensa que dá 27 de abril e de 1974 autodeterminação no discurso que fez a 11 de junho de 1974 diz que entre as opções da autodeterminação está o direito à Independência quer dizer portanto isso já tinha sido reconhecido Aliás o New York Times quando o general spim faz o urso de 11 de Junho portanto mais de mês e meio antes deste discurso de fim de 7 de julho o New York Times faz um artigo Grande a dizer Portugal reconhece o direito à Independência das suas colónias das suas colónias portanto está lá que só em Portugal é que isso não passou e agora vamos tentar perceber porque é que em Portugal é esta ideia que o general spínola e o estado portanto nunca tinha feito o general Spinola Aliás o estado de facto pode-se dizer que er no dia 27 de julho mas o o general spino e ora de onde é que vem esta ideia portanto onde é que vem estado é tinha sido forçado pela comissão coordenadora do movimento das Forças Armadas a fazer esse discurso É verdade tinha sido forçado pelo movimento coordenador a fazer o discurso mas as ideias do discurso não lhe tinham sido impostas pelo pela comissão coordenadora do movimento das Forças Armadas agora para perceber isso temos de lembrar lembrar como é que foi feito o 25 de abril de 1974 e felizmente já contamos essa história aqui e portanto não precisamos de demorar noos muito tempo mas podemos dizer alguma coisa ele é feito por o movimento capitães esse movimento de capitães faz conspirações entre o outono de 1973 e a primeir Vera de 1974 dessas conspirações vê a resultar o golpe de estado de 25 de Abril mas esses capitães como nós e já conversamos so o assunto aqui a propósito do 16 de Março a propósito do 25 de Abril esses capitães nunca teriam conseguido fazer o seu movimento Isto é fazer as suas reuniões fazer as suas conspirações sem a proteção dos seus dois superiores máximos superiores hierárquicos que são o chefe e o vice-chefe do estado maior General das Forças Armadas portanto isto é uma conspiração que tem que teve a proteção a compreensão dos dois principais superiores hierárquicos das Forças Armadas E durante o estado novo e que eram quem o General Costa Gomes e o general Spinola portanto há uma íntima ligação entre o movimento e estes e estes geris um deles tinha lançado um livro absolutamente fundamental também já falamos aqui não é Ora bem portanto os capitães dependiam dos Generais e claro e os Generais o general sepino o General Costa Gomes que estavam interessado em que houvesse uma rotura política mas não queriam aparecer como chefes de uma conspiração nem como chefes de um golpe de estado também explicamos aqui o modelo do General SP era mais do General de golo Isto é deixa em 1958 deixar correr um golpe de estado militar e depois aparecer chamado por ambas as partes como mediador eh para resolver a situação e foi isso aliás que o Jal SP conseguiu no dia 25 de Abril Isto é o o Marcel citano o chefe o o chefe do governo chamou e o movimento das Forças Armadas também o chamou e portanto ele apareceu ali fazer de conta que estava ali e digamos independente em relação às duas partes para para mediar foi assim que ele quis que ele quis fazer a verdade é que eles dependiam uns dos outros quer dizer o o general spino Só estava naquela situação porque o movimento das Forças Armadas tinha feito o golpe mas o o movimento das forças Armadas só tinha feito o golpe porque o general Spin tinha protegido portanto enfim as duas coisas eles estavam dependentes uns dos outros o que é que acontece eles depois do 25 de abril de 1974 Isto é depois do golpe de estado Eles continuam dependentes um do outro mas cheios de vontade de se tornarem Independentes um do outro quer dizer agora cada um deles quer mandar ão o general spinol quer mandar e já agora também os capitães e os majores que fizeram o 25 de Abril alguns deles que já estavam poucos mas alguns já estavam ligados à esquerda socialista e à esquerda comunista a antes de 74 outros estão-se a ligar agora depois do da da revolução eles também querem e obviamente exercer o poder até porque não confiam no num General que tem uma reputação de conservador e portanto querem também ter uma palavra a dizer e e isso e eh no no seguimento do 25 de Abril eh constata-se pelo facto do General Spin torna-se Presidente da República enfim é presidente da junta de salvação Nacional depois Presidente da República enfim com os poderes que o presidente República tem e que são os mesmos poderes em princípio eh de do Presidente da República do estado novo da Constituição de 1930 E3 Isto é o poder de nomear o governo e por aí fora eh Portanto o Presidente da República tem estes poderes mas o a comissão coordenadora do programa do movimento das Forças Armadas e adquire também os mesmos poderes Isto é começa a nomear Delegados para os quartéis portanto todos os quartéis passam a ter um Delegados e comissões do mfa e também para os Ministérios não há ministros que não tenha um delegado do mfa o que é que ele está a fazer e o que é que ele está a dizer e mais eles acabam por ter uma espécie de auto emergir como uma espécie de autoridade do último recurso porque é a autoridade que lhes vem da legitimidade de ter feito a Revolução Por exemplo nos conflitos de trabalho conflitos entre trabalhadores e e administrações de empresas é muito frequente ambas as partes ou uma das partes pedir de repente um delegado do mfa para mediar o conflito e de repente lá aparece um delegado da comissão coordenadora portanto a comissão coordenadora de repente adquire um poder enorme eh em Portugal Porque toda a gente está a recorrer a eles como uma espécie de árbitros também da situação e sein não acha graça a isso não é sein não acha graça tem de se tem de se conformar por exemplo admitiu que a comissão coordenadora nomeasse sete representantes para o conselho de estado Portanto ele alguma vez de alguma maneira reconheceu o poder da comissão coordenadora mas no princípio de julho de 1974 o primeiro-ministro o professor Palma Carlos propõe a no governo e no conselho de Estado faz uma proposta que é uma proposta que altera o programa do movimento das Forças Armadas o programa do movimento das Forças Armadas prometia tinha prometido que iria haver eleições para uma assembleia constituinte que ia escolher portanto fazer a constituição e dentro do do no prazo de um ano e portanto toda a gente estava a pensar que iria haver eleições para a assembleia constituinte para aí em março a abril de 1975 era o que se estava a pensar como efetivamente pois acaba por acaba por acontecer enfim Nós ainda vamos ainda iremos falar disso de uma maneira muito complicada maneira muito complicada mas o professor Palma caros tem uma proposta completamente diferente que é a de eh fazer um outro calendário eleitoral adiar a eleição da Assembleia constituinte e fazer já a eleição do Presidente da República portanto fazer já eleições para o Presidente da República eleição Universal com sufrágio Universal eleger o Presidente da República Isto é pôr os portugueses o presidente da república e e é óbvio e toda a gente percebeu que hum isto não era uma ideia do só do professor Palma Carlos eh mas eh do General spinol ou uma ideia que agradava ao General spinol muito e que era uma maneira do General spinol arranjar um mandato eleitoral sim ele tinha sido eleito pela junta de salvação nacional isso era uma coisa eh portanto tinha sido cooptado pelos seus pares na junta de salvação Nacional outra coisa era ser eleito pelos portugueses e perante a comissão coordenadora do mfa dizer meus amigos vocês fizeram a revolução Mas quem o povo português escolheu para enfim presidir aos Destinos do país sou eu Quer dizer é uma coisa completamente diferente Quer dizer vocês podem dizer não o senhor é presidente porque nós demos o poder demos-lhe o poder à junta de salvação nacional e depois escolheram assim como presidente mas em última instância deve a nós isso de ser presidente outra coisa era ele poder dizer não não quer dizer foi o país que me escolheu e portanto toda a gente percebeu que era uma maneira do presidente do do Spin se libertar desta da comissão coordenadora e de se tornar a grande autoridade em Portugal e a verdade é que o general spinol não conseguiu que isto passasse nem no governo provisório no governo provisório estavam também os partidos políticos estava o partido socialista estava o Partido Comunista estava o o partido Popular democrático o ex PSD estava o mdp o movimento democrático português e estava o PPM também como secretário de estado enfim havia lá uma série ninguém ficou lá Palma Car sneo tir s carneiro é o único que está e muito título pessoal porque o PPD não não está convencido por isto eu basicamente os partidos têm medo de ser marginalizados num regime presidencialista e portanto não se entusiasmaram com isso e claro a comissão coordenadora depois no conselho de estado ainda se entusiasmou menos mas é curioso que mesmo os representantes escolhidos pelo Presidente da República no conselho de estado votam contra ele portanto toda ninguém Gostou desta ideia as pessoas também tiveram aqui e um receio que depois vem explicar porque é que se fez as eleições em 1975 que é a violar o programa do movimento das Forças Armadas quer dizer de repente estamos a quer dizer Prometemos uma coisa e agora vamos fazer outra e portanto isso aí também Provavelmente dissoi o o o general spinol eh Portanto ele não consegue isto e esta é que é a sua grande derrota em Julho reparem duas semanas antes desta deste descurso de eh 27 de julho de 1974 essa é que é a grande derrota do General Spinola o que é que ele faz perante essa derrota ele faz uma espécie de fuga para a frente Isto é já que não os Venci Então vou me encostar ainda mais a eles e no meia vários membros da comissão coordenou do mfa para um novo governo provisório porque o o o primeiro-ministro Palma Carlos demite-se Aliás toda a gente L pede para ele não se demitir mas ele demite-se e então o general spino no meia membros da comissão coordenadora do programa movimento das forças armadas para o governo provisório o primeiro-ministro o Coronel Vas Gonçales o Major Mel Antunes que se torna Ministro sem pasta e o major Vítor Alves que também que também entra o que é que eu estou a dizer não é propriamente o texto do discurso é o contexto do discurso quer dizer isto é em julho em meados de julho de 1974 o Jal espía tinha perdido uma uma batalha quer dizer tinha perdido uma batalha ou não tambm par sim uma parte também uma parte há uma parte quer dizer aliás isso é curioso porque Ah porque é que o movimento das Forças Armadas quis que o general spinol fizesse o discurso não era só por para obrigar o general spínola a vergar digamos às suas exigências é porque eles queriam que fosse o general spinol a fazer aquele discurso uhum Isto É eles queriam que fosse o general spinol a protagonizar ainda publicamente aquele reconhecimento oficial legal do direito à autodeterminação e à Independência dos povos das províncias ultramarinas eles provavelmente aliás como diria depois o o Então já depois ex-primeiro-ministro Professor Paulo Mac Carlos oor Paulo macos dá uma entrevista que diz o problema é este só o general SP em Portugal tem prestígio para protagonizar a descolonização Isto é só ele é que pode dizer estas coisas isto não era um Capitão ou uma Jó qualquer que vha dizer como tinha acontecido de golo também no cas exatamente da Argel Isto é só ele é que tinha e portanto eles precisavam que isto é não era só obrigá-lo a ele quer dizer eles precisavam que fosse ele a dizer aquilo quer dizer portanto Digamos que ele perdeu uma parte do Poder mas ainda tinha esta outra parte do poder que era até a contínua dependência ainda em que a comissão coordenadora ainda estava dele Isto é a comissão coordenadora do programa do movimento das Forças Armadas queria mandar mas ainda precisava do General olha mas contextualiza noos aquilo que eram Então essas províncias maras 3 meses depois do 25 de Abril E isso tem a ver com as forças armadas ainda não tinham abandonad as armas não em junho e julho de 1974 Ah nós Ainda temos guerra portanto a guerra não tinha acabado no dia 25 de abril de 1974 guerra continuava tinha-se até intensificado já falamos também aqui e disso havia uma guerra em três frentes em África na Guiné Angola e Moçambique Portugal tinha um exército cerca de 160.000 homens Imaginem isto quer dizer país de 8 milhões de habitantes o 8 9 milhões de habitantes 160.000 homens dos quais 80.000 portanto em África 160.000 homens em África do Quais 880.000 eram jovens recrutas e da chamada metrópoles Isto é do do Portugal europeu estavam em África e a enfrentar aquilo que se Calculava que fosse entre 20 a 30.000 garrir enfim noos três eh territórios e claro uma das grandes expectativas criadas imediatamente pelo pelo 25 de Abril pelo golpe de estado pela derrubo do da ditadura do da ditadura do estado novo uma ditadura que tinha sempre dito que não havia razão para a independência que eh estes territórios africanos e outros territórios eram parte de Portugal era no território português que os seus habitantes eram portugueses portanto não fazia tanto sentido dar Independência à Angola como dar Independência ao Minho ou ao lentes quer dizer portanto Essa era essa era o discurso oficial até 25 de abril de 1974 era mais ou menos isto e e claro uma das grandes expectativas é que isso fosse mudar e e que e e que a guerra acabasse quer dizer portanto a guerra acabasse e aliás imediatamente E as novas autoridades eh em Portugal eh depois do 25 de Abril imediatamente e anunciaram que iam fazer tentar contactar o os chamados movimentos de libertação que eram os partidos armados que combatiam a administração Portuguesa em África que na Guiné e em Angola em Moçambique e eh contactá-los eh para precisamente chegar a uma cessação das hostilidades pelo menos a um cessar fogo quer dizer para acabarem as hostilidades para acabarem as hostilidades dizendo que não que já não fazia e sentido e e isto era urgente para Portugal era muito urgente para eh eh as novas autoridades para o governo provisório para as novas autoridades e porquê primeiro porque a gu acabar com o guerreiro Popular era uma coisa Popular quer dizer uma coisa coisa que que e o os novos responsáveis pelo destino do país depois do 25 de abril de 1964 sabiam que era uma coisa que eles podiam dizer tão a ver como Isto é melhor do que era antes nós acabamos com a guerra não é só vocês terem liberdade agora já podem dizer o que querem já se podem organizar já se podem manifestar mas ainda por cima já não há guerra portanto isso era muito importante para eles e portanto e segundo lugar também era muito importante porque verdadeiramente toda a gente percebia que se a guerra fosse para continuar era muito difícil conciliar a guerra com Liberdade eh os partidos de esquerda tinham-se oposto à guerra antes de 1974 e agora estavam no governo eh e como é que era possível fazer uma guerra com o partido socialista com o Partido Comunista que eram dois partidos que tinham dito que os povos das colónias eh tinham direito à Independência quer dizer e agora estava no governo a fazer a guerra contra estes partidos que reclamavam a a independência portanto isto era portanto era necessário acabar havia a urgência de um sar fogo Digamos que era algo em que toda a gente estava de acordo em o general Spin lá comissão coordenador os partidos Di é preciso acabar os as hostilidades não há possibilidade de agora continuar a guerra mas mas mas havia um havia uma outra coisa que eles tinham ter presente que era que em África não estavam apenas os 80.000 recrutas eh eh do tal Exército de de 160.000 homens que estavam a defender aqueles territórios contra os contra os movimentos de libertação dos chamados movimentos de libertação em África estavam também e nós não temos números exatos mas na ordem dos 500.000 a 600.000 portugueses que viviam em Angola e em Moçambique aliás viviam em Angola em Moçambique cendência europeia ou europeia não europeus europeus e ou descendência europeia portanto vi eh sim a expressão mais exata de facto é europeus quer dizer porque os outros também eram portugueses nesta altura portanto também tinham bilh de identidade asas populações tamente un já não eram europeus já eram africanos tinham nascid emárica sim mas era descendência europeia digamos assim europeus ou descendência portanto havia cerca de meio milhão ou mais de meio milhão a viver em Angola e aem Moçambique e não só a viver em Angola eem Moçambique a viver porque estavam concentrados não estavam espalhados naqueles enormes territórios a viver sobretudo nas grandes cidades o anda Lourenço Marques Luana e Lourenço Marques que eram depois de Lisboa as duas maiores cidades portuguesas uhum Isto é primeiro Lisboa depois Luanda e depois Lourenço Marcos o porto vinha já depois portanto estas eram as duas maiores cidades portuguesas onde estavam o havia portanto eram grandes cidades portuguesas quer dizer e e e e isto é importante porque obviamente queria dizer que eram comunidades em que as pessoas estavam todas muito próximas umas das outras e portanto podiam organizar-se podiam manifestar-se etc Ora bem a sensum ação que havia era que estes portugueses não pod estes europeus em África não podiam ser pura e simplesmente abandonados ou ignorados temia-se que nesse caso eles reagissem como tinham reagido os europeus na Rodésia em 1965 Isto é proclamando independências unilateralmente como tinha acontecido na Rodésia contra a Inglaterra a Inglaterra tinha dito que ia descolonizar os europeus que viviam na Rodésia disseram Ah é Então vamos nós fazer uma Independência e ficamos nós a governar este país e ficaram até 1980 e nesta altura aliás se em Angola eem Moçambique isso a alguém tomasse essa iniciativa era muito provável que tivesse o apoio e dos governos da Rodésia porque era a mesma coisa e da África do Sul onde também havia aquele e regime eh e de um governo que chamava-se branco não é um governo branco e nesta altura e portanto era provável que tivesse esse pudessem ter esse apoio Aliás a rodés e a África do Sul já estavam envolvidos muito eh nas guerras em Angola e Moçambique já dava um grande Apoio às Forças Armadas portuguesas e portanto até era provável era enfim era provável que fossem tentados a isso ou pelo menos ess havia essa ideia portanto como é que se resolvia estas duas coisas quer dizer por um lado acabar com a guerra por outro lado não dizer que acabar com a guerra era igual Eh agora vamos embora vamos todos embora vamos tirar o Exército e agora acontece aí o que acontece porque ISO iria a assustar os iria a assustar obviamente os dos europeus que lá viviam tinha fazer as duas e também jamais em tempo algum anuncie aquilo que viria a acontecer não nunca se anunciou que aconteceu não foi anunciado não foi anunciado não foi quer dizer não foi não foi anunciado podia ser esperado não foi nunca verbalizado pelas autoridades não não foi anunciado porque se tivesse sido anunciado tinha sido um grande problema como como já Como já agora explicar agora Portanto ele em em 1964 eles precisavam de e sobretudo logo no dia 2 5 de Abril de 1964 eles precisavam de ter as duas coisas que é a ideia de que a guerra vai acabar mas nós não vamos abandonar ent estas duas e como é que se fez isso bem o programa do movimento das Forças Armadas e o general espía propuseram como solução para o ultramar a construção de instituições democráticas tal como na metrópole portanto eh haveria também a criação de condições de uma vida livre eh no ultramar portanto sem censura prévia com Liberdade de organização e de eh manifestação e também a a a a criação de instituições que depois permitissem uma expressão da vontade da população em eleições livres e justas portanto isto era o Este é o programa do movimento das forças armadas para o e do General spinol pelo ultramar E é isso que ele no dia 11 de Junho quando spinol apresenta aquilo que eles cham um plano de descolonização ele chama-lhe mesmo isto um plano de descolonização o que é que ele diz ele diz que portanto nós vamos criar estruturas democráticas em todos os territórios portugueses portanto na metrópole e no ultramar para a autodeterminação de toda a gente dos europeus e dos africanos e que a independência é uma das opções que e e as populações vão ter Isto é nesses territórios isto eles podem escolher e ele diz mais e o governo português compromete-se a respeitar essa opção se essa for a opção escolhida pelas populações portanto reconhece o direito à Independência desses desses e e desses territórios portanto não foi a 27 de julho é 11 de Junho que ele faz pela primeira vez solenemente esta esta E promessa agora eu falo num contexto deixa-me só explicar isto eu falo num contexto em que isto ao mesmo tempo dá uma garantia aos europeus Isto é dá uma garantia aos europeus porque diz o quê diz que eles vão participar num processo de autodeterminação panto toda a gente vai participar no processo de autodeterminação Africanos hum eh europeus toda a gente vai participar nesse a nesse processo tu achas que era nisso que isso não foi verbalizado propriamente dessa maneira foi foi não foi verbalizado fo verbalizado exatamente como exatamente assim exatamente como eu estou a dizer eu eu examente como eu estou a dizer eu na na pergunta com que iniciei este programa H dizia que ninguém acredita que spinol fosse assim tão ingénuo Ou seja que a partir daquele momento e daquele discurso os portugueses iram deixar de ter o controle da situação mas o que tu estás a defender é que não spinol foi assim tão ing não não foi ingénu não não não isto já vamos já vamos daqui a bocado falar disso não não portanto isto era o que ele acreditava isto era aquilo que ele queria verdadeiramente aquilo que ele acreditava ou aquilo que ele desejava não Aquilo em que ele não aquilo que ele acreditava Aquilo em que ele acreditava que era correto que estava certo isto era o que as nações era assim que as nações unidas definiam autodeterminação portanto isto era o que ele acreditava quer dizer certoe a pergunta é se se er Aquilo em que acreditava que ia acontecera aquilo não e era não isso é outra coisa e era aquilo em que ele e era aquilo que ele acreditava que era importante de ser dito Porque isto tranquilizava segundo ele esperava tranquilizava os europeus mas também dava garantias àqueles que lutavam pela independência Como eram os tais movimentos de libertação de que eles podiam propor essa opção e que se essa opção eh vencesse um referendo Por exemplo essa opção seria respeitada aliás por isso é que o apelo que o general Spinola faz logo no dia 14 de Maio Aliás quando toma apo como presidente da república ele apela aos movimentos de libertação ele chama-lhe os partidos emancipalista salvo erro africanos eh pede para eles desarmarem portanto para pararem a guerra e para Passarem a tomar como partidos legais tal Como os partidos em Portugal Isto é o partido socialista e o Partido Comunista eram clandestinos até 25 de abril e depois tornaram-se legais começaram a abrir C c a fazer eleições e portanto a proposta que ele faz é vocês até agora tinham razão em fazer a guerra porque o governo Português era uma ditadura e recusava a possibilidade da Independência mas agora tem um governo que que admite não é uma ditadura admite toda a liberdade de atuação e admite a independência dos territórios e Portanto vocês venham defender essa essa opção para o as cidades para Luanda para Lourenço Marcos AB sedas aí sedes comecem a colar cartazes a fazer comícios e a fazer propaganda e os partidos desarmava independen e desarmam e os par portanto desarmava paravam a guerra mas como é que é possível alguém acreditar que esses partiam o monopólio da força voltava a ser exclusiva do exército português era é óbvio que os partidos de liberação não acredita não não não mas repar além podia acreditar nisso não não ele acreditava nisso que era era o ele acreditava nisso que era o princípio quer dizer era o princípio da autodeterminação tal como as nações unidas o tinham eh estabelecido e portanto ele pensava que Através disso is se poderia fazer uma pressão sobre esses partidos que também não estavam em muitos dos territórios em situações militares que lhes permitissem eh pensar que podiam ganhar eh uma guerra eh de eles virem a a a aceitar quer dizer a a conformarem-se digamos com essa com essa via é óbvio que os movimentos da libertação não aceitaram esta ideia eles diziam que a guerra porquê Porque eles diziam que a guerra Isto é a luta armada conduzida por eles tinha sido a autodeterminação portanto já tinha havido uma autodeterminação era a própria guerra e que eles que tinham feito essa guerra eram os representantes legítimos dos povos das colónias portanto eles próprios eram os presidentes eram os representantes já havia representantes dos povos das colónias eram eles e de facto até eram reconhecidos como representantes pela organização de unidade eh africana africana portanto não havia nada H eleições a única coisa que havia era e Portugal entregar-lhes o poder era a única coisa que que havia para fazer quer dizer transferir o poder transferir o poder para transferir-lhe o o poder caso contrário Claro continuariam a guerra agora claro reparem e dep estavas a argumentar Ah mas como eh obviamente como é que era possível pensar que eles podiam parar bem a verdade é que eles não tinham grandes implantação no território quer dizer eh e portanto tinham era muito limitado à implantação no que tinham mesmo mesmo é na Guiné quer dizer mas por exemplo em Moçambique a guerra é no norte quer dizer não é no Sul onde está a maior parte da população em Angola praticamente já não há guerra em 197 lives implica quatro a totalidade do território não é sim mas eles não têm implantação em todo o território tem as as as suas direções estão no estrangeiro estão no estrangeiro há há anos Eles não conhecem Os territórios eh eh as suas bases étnicas e geográficas mesmo aquelas que os apoiam são limitadas panto Eles não têm apoio de uma grande parte de grandes grupos eh étnicos da das populações naqueles territórios e portanto eles não podiam quer dizer podiam pensar que eh bem talvez vamos temos de negociar com Portugal isso é uma coisa que eles que eles sabiam quer dizer não podemos pensar agora que vamos conquistar temos de negociar com com Portugal e portanto do lado português também se podia pensar bem assim podemos fazer pressão sobre eles para aceitarem qualquer e qualquer coisa quer dizer agora claro eles perceberam também a situação em que estava Portugal Isto é há eleições há há há liberdade já não há uma ditadura eh eles estão a discutir o que é que há a fazer e portanto não estão em Eles não estão em condições para para continuar a fazer a guerra portanto eles aumentam a guerra tirando a Guiné enfim agora não mas o que acontece em Angola em Moçambique é que os partidos armados independentistas aumentam a guerra e isso causa uma grande desorientação e grande impaciência entre tropa portuguesa sobretudo a chamada Tropa De quadrícula que é diferente tropas especiais Isto é comandos para que disos esses continuam sempre operacionais mas a tropa quadrícula fica muito revoltada com isso recusa-se a fazer operações a sair dos quartéis a várias unidades eh nenhum soldado quer obviamente ser o último a morrer numa guerra que imagina que vai acabar eh e os comandantes começam a dizer para Lisboa é urgente obter um cessar fogo isto está a ficar descontrolado aquias os soldados já não querem fazer operações e mais e nestes quartéis começam a aparecer comissões do mfa do movimento das Forças Armadas eh a a exigir isso Isto é exigir sar fogo exigir ao governo para fazer sessar fogo portanto eh o governo tinha começado em negociações com o sobretudo com o pigc e com o mpla o pigc que era o partido de n Guiné e o e o afr limo desculpem e afr limo que era o partido em Moçambique em maio junho e essas eh negociações tinham chegado a impasse porque os partidos armados não aceitam outras condições que não seja uma transferência aliás até uma transferência imediata do poder e do poder e ora bem é s tem que ficar para podcast Rui desculpa H nós chegamos ao final do tempo para quem nos está a ouvir em FM o resto desta história e deste discurso tão importante do General Spin em Julho de 74 vai ter que ficar para o podcast para quem me está a ouvir em direto até para a semana Ora bem dizias tu bem Ora bem a maneira de obter um sar fogo rápido era só havia uma era ceder aos movimentos e de libertação Isto é admitir que eles já eram por terem feito a guerra os representantes dos povos ultramarinos embora não embora verdadeiramente não fossem h e e entregar-lhes o Poder Sem eleições aliás depois há uma há uma coisa curiosa o o ministro da Coordenação interterritorial era o o Dr Almeida Santos o Dr Almeida Santos sempre se destacou por ter assim umas ideias ideias originais e uma diis que ele nesta altura h eh lhe ocorreu para ultrapassar este este este impasse foi bem mas o movimento das Forças Armadas também há um representante do Povo português que não foi eleito pelo povo português também resultou de uma revolução em que diz que tem um mandato para eh enfim para governar o povo português portanto os outros também estão na mesma situação e portanto temos aqui uma igualdade uma igualdade de circunstâncias não era a mesma coisa porque a verdade era esta eh Portugal quase toda a gente e estava com o mfa em Angola Moçambique e n Guiné nem toda a gente estava com aqueles partidos e havia muita gente local não era só os europeus local populações locais que não estavam com aqueles partidos que não se identificavam e que eram inimigas até daqueles que estavam com esses partidos mas desculpa-me insistir mas todos nós sabemos que a política é por definição imprevisível e que é muito difícil nós adivinhos aquilo que vai acontecer no futuro claro que depois das coisas acontecerem vem os senhores historiadores explicar que Era óbvio que aquilo só podia ter acontecer daquela maneira á os maus Historiador os maus historiadores os maus historiadores não os nossos os nossos historiadores de facto não parece muito difícil de adivinhar que a partir daquela declaração a consequência fosse esta e que os portugueses iriam perder totalmente o controle da situação o problema não foi a declaração a declaração não teve nada a ver com isso o problema foi o o golpe de estado 25 de abril de 1974 quer dizer a partir daquele momento de facto já não havia possibilidade de continuar a guerra a partir do momento em que não há possibilidade de continuar A Guerra Não há qualquer Portugal Tem muito poucos triunfos contra o movimento das Forças Armadas contra os movimentos de libertação estou totalmente de acordo Mas a questão é o spinol não não tinha visto isso não o spinol estava a tentar como ele diz a a salvar o possível no meio do Impossível quer dizer que é uma expressão que ele usa nas memórias dele isto está a tentar ainda arranjar qualquer porque ele ao mesmo tempo está a falar com os Estados Unidos a ver se os Estados Unidos nos dão apoio está a falar com as nações unidas a ver se as nações unidas quer dizer está ali A tentar arranjar maneiras quer dizer de está a deixar de uma certa maneira também a deixar arrastar um bocadinho a situação para ver o que é que acontece quer dizer o que se aparecem outros partidos em Angola Moçambique em da Guiné se aparecem outras forças para competir quer dizer está a tentar criar ali uns compassos de espera para ver o que é que pode ainda que mar de manobra que ainda pode pode haver e claro a comissão coordenadora do mfa o que faz é ele a comissão coordenadora do mfa por um lado pela sua aproximação à esquerda tem as ideias da esquerda que é porque a esquerda acha para a esquerda e isso é que é o outra coisa a esquerda acha não é uma questão de expediente Tem de se entregar o poder a estes partidos porquê Porque estes partidos são partidos que são estes partidos estes movimentos de libertação são dirigidos por marxistas portanto são G que quer fazer naqueles países sociedades e socialistas aliás tipo soviético na esquerda adora isso o Partido Comunista obviamente é isso que gosta o partido socialista naquela altura também não achava mal e portanto eles acham que é preciso entregar o o poder não apenas por uma para acabar apenas com a guerra mas também para porque assim é que é bom quer dizer é melhor para aqueles países terem aquele tipo de sociedades que estes partidos vão montar e portanto este é eh estes Os oficiais do da da comissão coordenadora que estão com estes enfim que estão a ficar alinhados Com estes partidos da e da esquerda aquilo que eles percebem é bem nós aqui temos Esta possibilidade temos a obrigação porque é uma boa ideia mas temos também a possibilidade de protagonizar uma causa boa que é somos nós que vamos acabar com a guerra quer dizer vamos acelerar isto para acabar com a guerra e mais do que isso vamos começar a apresentar o general espa como um obstáculo ao fim da guerra quer dizer é porque o general Spin está convencido que tem de se fazer eleições e estas coisas todas quer dizer que ele nunca mais que nós vamos vamos continuar a guerra e repara portanto primeiro US zaron não pode fazer a declaração e a seg tentar antes e depois não é utar quer dizer é diminuí-lo é diminuí O apelo dele nas Forças Armadas reparem ele no dia no 25 de abril de 1964 nesse dia o general seino aquilo parece a revolução do general spínola é o general spínola que aparece nas primeiras espes jornais é o general spínola que eh é que aparece na na na Imprensa internacional que é reconhecido por por toda e que é discutido por todos os eh eh órgãos de comunicação e pelos governos do resto do mundo eh portanto Aquilo é a revolução do General spínola e eles têm pel e e portanto as forças armadas têm o general spínola como seu a sua referência e isto é a possibilidade de dizer Este senhor é um problema quer dizer Este senhor sobretudo sozinho este senhor é um problema Uhum E porque é que é um problema quer dizer o que é que eles dizem eles dizem Ah porque ele é um soldado da África ele tinha combatido em Angola tinha sido governador da Guiné portanto tá muito ligada ligada à aqueles territórios quer dizer tá com dificuldades em largar aquilo e depois atenção Ele tinha escrito um livro O Portugal e o futuro publicado em fevereiro de 1964 em que ele tinha recomendado para Os territórios ultramarinos uma solução Federal e tinha e tinha e eles dizem ele ainda quer essa solução Federal e não quer nada à Independência quer solução Federal e essa solução Federal seria apenas uma maneira de manter a ascendência colonial e de Portugal sobre esses territórios portanto era uma forma de neocolonialismo como se dizia na altura etc etc e não era isso que ele queria não isto não tinha não isto não tinha razão de ser eh primeiro bem primeiro soldados ficou escrito por ele dito por ele eh Soldados da África eram eles todos Isto é todos eles ele é era um soldado da África mas os capitães e os majores também tinham feito a guerra portanto também se podia dizer em relação a eles qualquer coisa ou antes eles não tinham ficado ligado aos territórios porque é que ele havia ter ficado mais do do que eles segundo lugar Spin fartou-se de explicar isto quer dizer explicou isto muito claramente Aliás o Dr Mário Soares explicou isso também em 1974 à Imprensa internacional com dizer ah vai ser o federalismo e o Dr Mário Soares explicou não e o federalismo tinha sido uma ideia que o general Spin tinha usado antes de 25 abril de 1974 para criticar a política integracionista do governo de Marcelo keitan E porque é que tinha usado essa ideia porque era uma era a única ideia que podia ser usada publicamente sem o livro ser imediatamente proibido porquê Porque também tinha sido uma ideia de Marcel keitan em 1962 e o e e o Jal diz isso também diz isso várias vezes era uma para criticar a política ultramarina do governo antes de 64 ele tinha de arranjar um ponto de vista quer dizer esse ponto de vista tinha de ser aquilo Porque era o único lhe que permitia publicar o livro s o livro ser proibido Isto é se ele dissesse que eh queria que eu houvesse autodeterminação e e depois a independência o livro tinha sido proibido e aliás o livro O Portugal e o futuro defende uma autodeterminação democrática para o ultramar e e depois acrescenta e nessa eh autodeterminação democrática nesse referendo nós obviamente vamos defender a solução Federal e vamos fazer com que a solução Federal ganhe e os os referendos quer dizer mas isso era era era nisso que o general seila tinha dito no Portugal e o futuro Aliás ele nunca mais vai defender a solução federalista depois do do dia 25 de abril de 1974 nunca mais nem fala quer dizer isto é ou fala com uma uma possibilidade entre entre outras possibilidades o que ele fala é de autodeterminação e de democracia para ultramar isso é o isso é agora o que ele fala agora eh eleições obviamente requeriam a continuação da Guerra porque os movimentos de libertação não aceitavam eleições portanto se Portugal quisesse fazer eleições os movimentos de libertação diziam Então vamos continuar a guerra e portanto aqui podemos perguntar-nos então aqui o movimento o os ofici Os oficiais da comissão coordenadora do movimento das Forças Armadas tinham razão Isto é spínola estava completamente e digamos longe da realidade e queria eleições à força etc que era umum madinha a dúvida que com que tu me estavas a colocar e aqui também não quer dizer isto é o spínola estava consciente disso e a verdade é que apesar de defender publicamente a a autodeterminação e eh democrática a verdade é que ele perante a pressão da tropa no no no terreno ele vai aceitar nos Bastidores que a guerra que é urgente acabar a guerra e que é urgente acabar a guerra até através de negociações com os os partidos o que ele tenta fazer nessas negociações é outra coisa é aumentar os prazos eh de transição hum eh portanto em vez de ser meses ser anos quro CCO eh 6 anos eh tentar obter garantias de que haverá eleições quer dizer que apesar de tudo haverá eleições mesmo que esses partidos eh fiquem nos eh se juntem aos governos quer dizer essa é essa verdadeiramente a ideia que está por detrás das dele quer dizer e nesse e desse aspecto a verdade é que ele não se afasta demasiado das posições da comissão coordenadora do movimento das forças armadas para a descolonização tanto Não Se Afasta que ele aceita o acordo que se faz depois para a Guiné e no dia 26 de agosto e de 1974 com o pai GC e o acordo que se faz com o afr Lim para Moçambique a 7 de setembro de 1974 são acordos assinados pelo General eh Spinola Isto é que correspondem a a documentos homologados pelo presidente da república e portanto às vezes perguntamos então verdadeiramente O que é que estava em causa Isto é se eles sou a descolonização havia esta conversa da autodeterminação da Democracia etc mas repara os era o que estava a comissão cadora também não diz vamos entregar imediatamente estes territórios a este aos partidos armados que a comissão coordenadora diz é vamos negociar para acabar com a guerra e portanto digamos aliás em em em em em público não há duas opções quer dizer não há uma oposição entre o general se e a comissão coordenadora quer dizer eles dizem mais ou menos as mesmas coisas e depois curiosamente fazem exatamente as mesmas coisas Portanto o que é que o que é que verdadeiramente os fazia eh divergir e isso tinha a ver com política interna eh enfim tinha a ver com política interna quero saber quem é que mandava se o general se os majores ou os capitães mas tinha a ver também com o modelo de sociedade isso é muito Claro quer dizer isto é o general spinol era um conservador um conservador Liberal nesta altura Portanto ele quer uma democracia representativa para Portugal e quer uma economia de mercado eh isso é o o grande as grandes ideias dele para Portugal e a verdade é que os majores e Capitães da comissão coordenadora do movimento das Forças Armadas primeiro nem todos criam uma democracia representativa alguns deles queriam uma ditadura de esquerda eh e sobretudo todos eles queriam uma economia estatizada quer dizer todos eles criam aquilo que eles chamavam o socialismo E isto era uma grande eram grandes divergências portanto entre o general spinol e o movimento das Forças Armadas era isso que estava em causa e é por isso repara se a questão fosse a descolonização depois do verão de 1974 Isto é depois do da independência do do acordo sobre Guiné e do acordo sobre Moçambique então Qual é que era o problema o Jal Spin tinha Aceito mas eles continuar o conflito aumentou aumentou vamos falar disso provavelmente ainda este ano até ao 30 de setembro em que o general spinol acaba por se demitir da presidência da república Isto é depois de Aparentemente a causa do se a causa do conflito fosse a descolonização deveria ter acabado o conflito mais ou menos ali um bocadinho quer dizer devia-se ter devia ter diminuído Não aumentou ainda mais até chegar e à eh saída do General spind da presidência da república e claro e o que estava por trás disso era grandes divergências sobre o que é que eh ia acontecer em Portugal Isto é o que é que ia ser o regime português porquea a comissão coordenadora estava nitidamente cada vez mais apostada num em levar a cabo uma revolução socialista em Portugal mesmo antes de haver eleições Esse é que era o Esse é que era começava a ser o problema cada vez maior no verão de 1974 isto era aquilo que o general smil estava a ver Aliás o Dr Mário S estava a ver uma grande parte da comissão coordenadora estava completamente alinhada com o Partido Comunista e estava a ser controlada teleguiada pelo partido comunista CTO mas o que tu estás a dizer é que o PS em Portugal não estava nessa posição mas que o PS em relação às colónias aceitava isso aceitava isso e bastante simpaticamente no sentido em que também tinha como interlocutores e legionários os mesmos partidos e que eram favorecidos pelo PCP e e pelos outros is é o pigc Fré liim o mpla quer dizer era nítido que havia essa havia essa simpatia portanto verdadeiramente para o general Spin Portanto o problema não era a independência isso era uma coisa que ele já tinha interiorizado toda a gente tinha interiorizado isso em 1974 quer dizer não havia cá fantasias nenhumas em relação a federações nem nada quer dizer ninguém tinha ilusões sobre isso era a independência e também não toda a gente não eh eh não havia grandes eh ilusões acerca da de uma necessidade pelo menos de envolver os movimentos de libertação na governação dos territórios ou entregando o poder ou aceitando que eles deriam fazer parte dos governos e tornar-se dominantes eh nos governos mas aí é que havia também alguma relutância do General sein algum problema quer dizer o general Spin perceb que aquilo era transferir o poder para movimento dominados por elites marxistas ele sabia que eles Muito provavelmente iriam tentar estabelecer ditaduras de partido único iriam tentar estabelecer sociedades de tipo soviético e portanto que isso iria destruir o ultramar e destruir Angola destruir Moçambique aliás como destruiu eh o grande A grande questão aí sim havia uma bocadinho de divergência porque para o movimento das forças para muitos oficiais do movimento das Forças Armadas E isso não era um problema isto eles confiavam que esses movimentos pelo contrário aquelas sociedades socialistas ainda iriam ser mais prósperas do que tinham sido as sociedades eh capitalistas Mas o problema o ponto aqui é que eles também não defendiam isso publicamente quer dizer eles portanto preferiram fazer de conta que o problema era a questão da Independência que o general spindo tinha era problemas com a independência não tinha quer dizer o que o jornal spindo tinha era problemas com o tipo de socialismo que estes eh que os oficiais das da do da comissão coordenadora do movimento das Forças Armadas e os partidos independentistas em África representavam mas agora aqui há uma nota que às vezes é usada para para dizer bem não não não não não é bem assim esteve a falar de de guineia e Moçambique e não se falou de Angola certo e Angola eh o general spinol tinha feito um plano tinha apresentado através da junta de salvação Nacional em agosto de 1964 um plano para haver eleições Angola el em Angola ia haver eleições agora porque é que o general tinha feito isso e porque Era óbvio quer dizer em Angola não havia só um movimento de libertação com um grande a fazer a guerra como acontecia na guineia Moçambique Havia três a a fnla a unita e o mpla e portanto não se podia entregar o ninguém podia entregar o poder a um só deles quer dizer isto é tinha-se de jogar com os três até porque tinham grandes e tinham apoios externos os três e portanto não era não era fácil excluir um excluir dois a a favor de um eh e por isso é queal pía tinha confiança em que iria haver eleições Aliás quando a comissão coordenadora do mfa tomou o poder a partir de 30 de setembro de 1974 O que é que fez a relação a Angola aceitou que a haver eleições porque tinha de haver eleições com os três e com os três movimentos quer dizer o quer dizer que em África toda a gente foi mais ou menos contrariada quer dizer e ultrapassada pelos acontecimentos é a história muito bem É a história assim se fez mais um bocadinho neste Episódio e faremos mais para a próxima semana até lá
5 comentários
O chamado 25 de abril não foi mais do que um golpe de estado perpetrado por traidores, muitos dos quais eram comunistas.
Infelizmente, apos das independencias, instalaram-se regimes autoritarios e mandoes!
Vivam os bravos capitães de Abril, capazes de vender a pátria para safar o coiro.
Esses capitaes, entretanto já tinham enchido os bolsos com as missões na guerra de Angola e Moçambique. 😂 Tão amiguinhos que eles eram da povoação local. OPORTUNISTAS!!!😡
«…Eu sou o fundador, e destruidor dos Reinos, e Imperios, e
quero em ti, e teus decendentes fundar para mim um Imperio, por cujo meio seja meu nome publicado entre as
Nações mais estranhas…»
El – Rei D. Afonso Henriques – Ourique
Porque haveria eu de acreditar nos homens mais do que em Cristo?