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[Música] [Aplausos] [Música] bem-vindos a mais um debate aqui na praça da fundação diretamente da Feira do Livro de Lisboa para apresentação de um ensaio ou retrato editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos hoje vamos conversar sobre o retrato mulheres refugiadas em Portugal de casa para um lugar qualquer de Francisca gorjão Henriques que está aqui ao meu lado e connosco vai estar Mónica farinha está ali que é do Centro Português presidente da direção do concelho português para os refugiados e gali Taqui que vai partilhar connosco a sua história a sejam muito bem-vindos Francisca como é que tiveste ideia para esta reportagem Tu sempre trabalhaste muito estes temas não é Eh mas concretamente porque esta reportagem acompanha eu queria que fosses tu a explicar não é porque é uma é uma reportagem muito par particular habitualmente pensa-se numa reportagem vamos para algum sítio Ficamos um tempo e voltamos e escrevemos não foi o caso aqui não é portanto é outro tipo de trabalho sim ah eu desde 2016 que tenho vindo a trabalhar com mulheres refugiadas eh sobretudo da Síria e do Iraque por conta do mes é de um restaurante de cozinha do médio Oriente h e fui-me apercebendo que há um há toda uma circunstância que é diferente da dos homens refugiados e que está ainda pouco estudada e pouco falada eh São pessoas que estão numa vulnerabilidade há várias camadas de vulnerabilidade e e Portanto acho que é preciso perceber e conhecer para também podermos encontrar respostas para isso e para participar de uma forma mais estruturada e positiva no seu processo de inclusão não é tu foste jornalista do público durante 20 anos e não sei se foi de repente a decisão de saíste para trabalhares numa Associação pão a pão e precisamente para ajuda aos refugiados e porque essa decisão não eh enfim houve um dia em que eu cheguei à redação e e uma colega minha perguntou-me tu não deverias estar a fazer uma entrevista em Cascais não sei onde e eu apercebi-me que tinha esquecido completamente porque estava eh totalmente imersa na criação da associação e e do já e portanto a minha cabeça já estava totalmente no outro sítio eh e apesar desta suposta faita multitasking das mulheres eu não sou muito dada a fazer várias coisas ao mesmo tempo e então acho que o meu a minha capacidade de foco é mais limitada e percebi nesse Talvez não tenha sido nesse momento mas achei que era a altura de fazer uma escolha eh E então decidi dedicar-me ao projeto porque achei que talvez fizesse mais diferença desenvolvendo este projeto E isso também Não significava que tivesse que abandonar o Jornalismo e a prova está também no livre não é claro continuas a fazer reportagem como freelancer eh Mónica farinha eu queria pedir-lhe antes de mais a sua opinião sobre o livro da Francisca bem Eu sou suspeita porque é um tema que que me diz muito mas eu gostei imenso do livro primeiro porque eh fala Com muito respeito e muito amor se é que eu posso usar essa palavra eh sobre todas as pessoas eh que passam no livro que não são apenas as mulheres mas também os filhos ou outras outras pessoas que vão entrando e saindo das da da narrativa depois achei muito interessante a forma como escreve talvez por ser por ter a escola do jornalismo não sei equilibrou muito do de uma forma perfeita O que é objetivo e o que é emoção porque a tendência é sempre para dar mais ênfase a ao aspecto emocional e e portanto há esse equilíbrio eh perfeito Mónica desculpe dizermos que durante mais pois durante mais de um ano não é e Sandra o olena e mariam foram relatando as suas experiências não é elas vêm do viem do zimbábue da Ucrânia e do Afeganistão respectivamente e acabaram em Lisboa praticamente por acaso portanto Esta é a base do livro desculpe Mónica só para contextualizar sim sim absolutamente e e e e também é um livro que acaba por ser muito pedagógico porque vai dando explicações sobre os diferentes conceitos conceitos que são mais jurídicos interligando com as pessoas e isso é um aspecto sempre muito interessante porque quando se fala de refugiados a tendência é falar do grupo genérico de um grupo homogéneo só que pegando apenas nestas quatro histórias percebemos que no grupo das refugiadas por exemplo a heterogeneidade é imensa não apenas pela nacionalidade Mas pela vivência de cada uma pela experiência pela por tudo e essa diferenciação que existe é também muito importante para não classificarmos ou ou não ser suficiente classificar apenas as pessoas com como os refugiados ou as as refugiadas essa dimensão mais individual e mais pessoal é de facto em Portugal não se sabe quantos refugiados cá estão não eh Há um número aproximado já um bocadinho antigo creio que 2022 que aliás até é referido aqui no no livro e creio que essa é a última informação que existe são cerca de quase 3.000 pessoas e qualquer coisa uhum que se dividem entre estatuto de refugiado e proteção subsidiária e esse número ainda são números do CEF e foi obtido através do número de pessoas que contactaram o CEF na altura para renovar os documentos portanto é um número que não não não deve ser muito distinga as mulheres e os homens não não habitualmente e essa distinção não não é não é efetuada Francisca isto diz alguma coisa ou estante sobre a forma como os refugiados são vistos sim não é uma circunstância exclusiva de Portugal há outros países da União Europeia onde Este desconhecimento também existe exp questão aqui é que precisamente para as mulheres serem um grupo mais vulnerável eu tenho dificuldade em dizer grupo Na verdade mas po é isso sim é preciso conhecer melhor esta realidade e portanto o desconhecimento de quantas pessoas cá estão porque é que não se conhece quantas pessoas cá estão Porque a partir do momento em que chegam podem circular livremente no espaço da União Europeia e é o que acaba por fazer muita gente que chega H utiliza Portugal como uma plataforma depois para seguir para para outro destino e e portanto não não há muita facilidade fazer esse rastreamento Gália a sua história vou-lhe pedir que que a conte eh mas para enfim para termos uma ideia e a Gália Saiu em 2003 da Síria entre passou pela Nigéria depois pelo gana voltou à Síria depois regressou ao gana e em 2014 ia Quando ia viajar para a Suécia com a sua família o seu filho a mãe e o foi intercetada no Aeroporto de Lisboa e acabou por ficar em Portugal hoje em dia faz parte do conselho consultivo do projeto mes e conte-nos a sua história ca estas estas mudanças como é que se vive assim antes de Dea eu quero só dar parabéns à Francisca pelo ótimo trabalho que ela fez obrigado eu acho que pronto ela nunca saiu daquele da do trabalho de ser jornalista porque ser jornalista é uma uma tarefa mais do que só Eh escrever todos os dias h e este livro eu acho que ela ela fez uma uma coisa muito importante a mostrar e ou olhar ou tentar de mudar o a maneira como que as pessoas olham para os os refugiados ou pessoas que eu não gosto de dizer Esta palavra pessoas na situação de refúgio h e não fazer stereotyping as pessoas e a média sempre está focar e ou foca as pessoas Estas pessoas eh nos eh nas zonas do hotspot nunca olha para o passado ou a história desta gente e E aí Que nós às vezes as pessoas não não valorizam muito ou ou olham numa maneira diferente como são baixo mais baixos do que do que do que qualquer pessoa que tem privilégio Viver num país seguro Ah então e disse muito bem um privilégio não é eu nós a Síria Era um país segura durante muitos anos infelizmente tivemos só tivemos muito e até até Economica a economia era muito melhor do que Portugal e nós na Síria recebemos milhões de refugiados estrangeiros e árabe E viveram lá foram integrados dentro da sociedade civil nunca foi construído nenhuma tenda até Ah e infelizmente os um azar que o nosso país um país rico que tem uma reserva grande de petróleo e gás Entrar nesta nesta eh discussão agora mas eh eh que tivemos Azar para para ser para para a guerra acontecer e toda a gente saírem mas h o problema que eh outros países não estão a olhar para para as pessoas nestes nestes situações eh como como um privilégio para enriquecer o país onde vão estar e estabilizados eh temos muit portanto não não não olhar para a riqueza de onde vem digamos assim não é e para o potencial de quem vem de um sítio porque um refugiado tem isso não é tem aquilo que traz consigo e e até até elas por exemplo se havia uma via eh legal uma via Segura esta esta esta gente vão conseguir ter um um um visto humanitário por exemplo investir nos países mais eh não é bem Rica vamos dizer assim na Europa e porque o mínimo da nossa esperança no nosso trabalho e eu trabalho no serviços suos refugiados desde 2 inete interprete português Sírio sim e inglês sim eu eu faço coordenação da do gabinete da interpretação também ah não é sírio árabe é desculpe mal não faz mal então a média das pessoas que pagam para chegar à Europa entre 6 e 7.000 € se os países mais mais pobre na Europa aproveitaram isso para investir ou e desenvolver um trabalho est gente não vão super carregar o o país mas infelizmente a Europa só tá a focar para construir ter mais Barreiras deixar as pessoas fora de da da da Europa até uma estatística já saí muito do da nossa conversa mas uma estatística eu tava a ler há pouco tempo mais do que na Alemanha só mais do que 4000 e e e tal e médicos sírios e com nacionalidade Síria então fazem uma percentagem muito grande para os médicos estão trabalhar a na Alemanha dá um grande contributo sim pronto Voltamos para Voltamos para não vamos contar tudo porque senão ficávamos aqui o tempo todo mas na verdade durante muitos anos durante 11 anos eh estão a família vai passando de um sítio para o outro enfrentando eh tentando reformular a vida refazer a vida e depois tendo que voltar a tomar uma decisão em 2003 eu saí da ca 2003 e que eu vivi na Nigéria 3 anos depois no gana 9 anos em 2011 Nós voltamos a sria no final do e de 2011 e ah enfrentamos uma uma ameaça a nossa vida e saímos outra vez para gana E aí nós eh tentamos ou percebemos que e Precisamos de encontrar um um um país seguro Ah e tentamos pedir vistos para vários países pedimos para Alemanha Canada Austrália foi muito difícil três depois de três anos percebemos que com atrasamos muito de para perceber que com os nossos passaportes estos é difícil ou imposs portanto que só a única via era através de um traficante com passaportes falso ya pagaros 35.000 euro para quatro passaportes falsos e o nosso destino era Suécia porque estava bem prepar e o que o que lhe Venderam a ideia que lhe Venderam é que iam ter um processo de integração quando chegassem a Suécia em 2014 sim a Suécia estava bem preparada tem um programa completo para a integração e as pessoas as novas pessoas Ah e nós fomos apanhados aqui no aeroporto e eu estava grávida 3S meses e meio ah pronto e perdeu o bebé Sim foi foi muito maltratada no centro da da Detenção Ah e discriminada por causa da minha religião e perdi no primeiro dia até não consegui ter nem ofereceram um cuidado de saúde ah ficamos durante quatro dias depois eh a inspetora fez um uma entrevista connosco e ela foi muito querida eh eu eu fiz algumas só algumas perguntas eh eh se ela acha que este este este centro ou prão é ael para receber uma Uma Criança com 8 anos ou uma senhora com 70 anos a minha mãe e a e a inspetora foi muito sensível muito querida e ela deu ordem para NS saímos no mesmo dia e e infelizmente não havia como sabem que o CPR o responsável para os requerentes de asilo na verdade nós não podimos asilo eu tava a pedir para voltar ao gana mas sem ter Tradutor sem ter nenhum apoio fomos forçados assinar papéis descobrimos que era eh um requerente de asilo no final e quando nós saímos de do Centro de Atenção não havia espaço isto uma dos problemas que todos os as organizações da de de ngo que estão a enfrentar falta do fundo da eh eh da da da do governo para ter uma condições para ajudar e apoiar as pessoas numa maneira digna vamos dizer isso infelizmente não havia um espaço no centro depois fomos transferidos para um pensão não tinha nenhuma condição eh foi muito muito muito mal lá ficamos dentro 4 meses e meio e aí o nosso integração começou era muito difícil porque sem ter rede social sem conhecer a ninguém era muito difícil arrendar uma augar uma casa sem ter fiador H fazer inscrição ao nosso filho sabe muita gente dizem uma coisa que ó Gália quando chegaste a Portugal a o primeiro choque era de certeza um Choque Cultural e totalmente diferente do teu país não não é totalmente eu ando na rua eu olho para as pessoas os portugueses parecem árabe que às vezes olham para o meu filho e dizem oh ele parece portugués aqui podia dizer parecem sírios Pois então e e e olham para o meu filho e dizem oh o teu filho parece português não é o contrário o primeiro choque é um choque da perra e dos procedimentos lentos porque eu vivia em três países diferentes nunca percebi eh qual é a problema Qual é que nunca teve números de niv E niis porque é que se preciso ir a ao Centro de Saúde preciso de fazer ter este tudo ou ter cuidado de saúde então o choque era um choque da burocracia infeliz Mica e podes explicar o que é que é o estatuto de proteção internacional para percebermos do que estamos a falar o o a proteção Internacional e juntar talvez a noção de integração fazos um tudo em um h a proteção internacional eh torna-se necessária quando a proteção do estado do nosso estado não não não está garantida e portanto eh existe um outro estado que se substitui e garante essa proteção e a segurança que o nosso estado não pode dar eh a proteção internacional habitualmente é foca-se num estatuto jurídico é o estatuto refugiado a proteção subsidiária como a a Francisca aqui explica existe também um outro conceito que todos reconhecem agora por causa da guerra na Ucrânia que é a proteção temporária portanto juridicamente a proteção internacional tem vários níveis mas quando um estado decide acolher e e garantir a proteção internacional a alguém implica mais do que esse estatuto jurídico portanto implica o acesso ao território como aconteceu com a Gália implica um procedimento implica um acolhimento Digno implica tudo isso a proteção internacional tem que ser vista desta forma integrada e obviamente abrange também a integração o problema da Integração para além das questões políticas é que não há uma resposta certa para todas as pessoas H os meios as redes aquilo que facilita a integração de uma pessoa pode não ser aquilo que facilita a integração de outra e por isso é que há aqui tantas dimensões que são diferentes e e e por isso é que eh é tão difícil generalizar e é tão importante as características pessoais de cada um e as necessidades também específicas de de cada um eu queria só acrescentar que ainda relativamente à proteção internacional o estatuto refugiado a proteção subsidiária não liga ao género ela é concedida a homens e a mulheres exatamente da mesma forma a definição abrange todas as situações o procedimento também não distingue os homens das mulheres e só na década de 80 é que se começou a valorizar as violações ou uma perseguição específica especificamente dirigida às mulheres Como Um fundamento para apresentar um pedido de asilo até à década de 80 o asil era basicamente um território masculino eh era sempre visto dessa perspectiva porque não se reconhecia que eh as violações dos direitos das mulheres por exemplo fossem h analisadas de uma forma eh eh específica e portanto só a partir daí é que começou a ser valorizado o facto de algumas práticas tradicionais serem eh nefastas de da liberdade e os direitos fundamentais das mulheres não serem respeitados até aí não existia essa essa perspectiva portanto isso é um aspecto positivo relativamente a Portugal eu gostava de dizer à Gália que a situação melhorou bem n alger de qualquer modo desculpe Mónica mas na verdade e e e e a Francisca reforça isso no livro até à crise dos refugiados portanto Síria Iraque Portugal recebia muito poucos pedidos de asilo não é tu reforç isso ou seja eh chegamos tarde a essa situação eh sim eh ninguém sabe explicar muito bem porquê eh eventualmente pela localização geográfica de Portugal que é periférica por não ser um país muito atrativo por ter respostas em termos de de de de imigração eh que enfim acabam por por ser não intrusivas como a Gália referiu um procedimento de asilo é algo que é muito intrusivo não é só ser burocrático mas é preciso explicar tudo o que aconteceu toda a nossa vida por onde Passamos o que é que fizemos como é que fizemos o que é que aconteceu e muitas vezes estar sempre a relembrar assuntos que são muito traumáticos também não funciona a favor do do do requerente a ideia do processo de asilo não é ser assim a ideia é ser até um processo colaborativo entre quem pede asilo e quem analisa o pedido porque há coisas por exemplo informações sobre o país de origem que o próprio requerente não consegue trazer à mesa de análise Uhum mas a a tendência dos Estados é tornarem esses processos sendo que o asilo é um direito pedir asilo é um direito é um direito e às vezes no meio de tudo o que está a acontecer até nos esquecemos disso é um direito humano e está previsto na convenção universal dos direitos do do homem há duas questõ eu queria só acrescentar aqui uma coisa em relação à à questão da Integração ou inclusão como se queira chamar eh é verdade o que a Mónica diz que é um processo diferente de pessoa para pessoa e e é muito diferente se é alguém que fala inglês se é alguém que tem mais qualificações racial racializado ou não portanto é óbvio que é um processo muito muito difícil e portanto é é traçar o retrato eh também não é não é simples em todo o caso há já números suficientes que nos revelam algumas coisas sobre estes Proc inus por exemplo ao fim de dos 18 meses que duram o o processo de apoio que o estado dá às pessoas que TM o estatuto de refugiado ou proteção subsidiária 8 só 8,4 das pessoas sabe falar e e entender a língua portanto é muito difícil integrar no mercado de trabalho ou passar por todas as outras etapas que constitui este processo que é muito complexo de de inclusão sem falar a língua não é e só 8,4 por das pessoas fala a língua só 11% das pessoas tem e capacidade de pagar uma casa Portanto tem autonomia isto diz muito sobre o que é este processo de acolhimento eh em Portugal e o que é o desabrigo que as pessoas têm quando são acolhidas digamos assim a Gália explicou-me que tirou um mês de férias para eh aprender português certo e antes eu tenho só um comentário só e relativamente o que é que foi dito eh é verdade Mónica e e o processo quando eu cheguei em 2000 eu faço parte da primeira fam que chegou a Portugal eh e e eu posso dizer que eh as condições agora são totalmente diferentes no aeroporto não Gal não no no aeroporto não vamos vou dizer uma eu recentemente foi convidada com o nosso diretor e a coordenadora do advocacy para visitar o diretor do serviço do serviço Dr André Costa Jorge e a coordenadora da da da nossa gabinete da advocacy carm pf D Carmo PF Nós visitamos Fomos convidados para visitar o Centro de Atenção no aeroporto e e e falar com as pessoas lá eu posso dizer uma coisa com muito orgulho e este encha a coração que as condições estão totalmente diferente o espaço onde havia mais do que 50 e tal pessoa num dois Quart muito pequeninos agora não pode receber mais do que 10 pessoas e já superaram mulheres em doas divisões mulheres e homens que tudo tá tá tudo muito muito diferente até a polícia não vestir utilizar a o fato a farda e nem armas nem é permitido utilizar as as armas entram com nós nós vemos as pessoas com eu Eu nem reconhecia que era polícia com uma ganga e t-shirt eh e sem sem sem armas e estão tratar muito bem até entramos dentro e falamos com as com as pessoas estão muito bem e recebidas dentro sim não é a melhor solução ninguém eh que não é nem uma solução digna Não Para para deixar as pessoas entrarem lá mas háo mínimo h H uma H uma eh tentativa para melhorar as condições para para tentar homeliz um bocadinho este processo que tá na lei se a pessoa entra numa maneira não é legal ao país eh também sobre a integração eh sobre o processo da Integração que tá tudo muito melhor há muita muitas muito esforço da comunidade civil mais e enades entidades há falta grande este o ano passado no final do ano passado muitas ngos e sofreram de falta de de da do fundos infelizmente mas eh na parte da das entidades receber e as condições estão tentar a melhorar Há muitas coisas que afeitar para não as pessoas utilizar Portugal como um trambolin para só entrar Portugal porque eh há falta de de reconhecimento AAS eh qualificações das pessoas nós recebemos médicos eh outras profissões que não conseguiram eh eh reconhecimento o reconhecimento eu gostava de ouvir desculpe Gá gostava de ouvir a Mónica precisamente sobre esta questão O que é que nos pode dizer que há muito a fazer ainda e que é muito importante que haja várias entidades a trabalhar também a trabalhar em conjunto para tentar encontrar as soluções porque eu acho que todos nós conseguimos identificar os problemas hoje em dia e e gerir e a situação porque h quando a Gália chegou a Portugal o número de requerentes andava à volta de 1000 talvez por ano hoje estamos com cerca o ano passado houve cerca 2600 pedidos é inacreditável por por ano por ano 2023 houve 2600 pedidos de proteção internacional é inacreditável não conseguir organizar preparar estruturar o acolhimento e a integração dessas pessoas Aliás o acolhimento começa a integração começa com o acolhimento logo e e por isso é inacreditável que não não se consiga fazer isso com estes números H que não têm comparação com outros estados europeus Claro H por isso eu tenho bem enfim eu acho que trabalhando Esta área tem que ser otimista e e por isso acho que é isso que o CPR o JRS e todas as outras entidades continuam a tentar a tentar fazer chamar a atenção e muitas vezes substituirmos até ao estado porque o acolhimento é uma competência estatal não é uma competência da da sociedade civil pode organizar-se e apoiar Mas é uma competência nos termos do direito internacional Está prevista na lei do asilo também e e nessa medida a é uma exigência que também se deve fazer e relativamente à Detenção no aeroporto H tirando um ou outro momento para determinar e registar os pedidos os requerentes ficarem detidos eh porque o termo é esse as pessoas ficam detidas não podem sair do do Centro de Atenção continuar também a não fazer muito sentido francamente o Centro Português de refugiados Qual é a sua missão precisa como é que tem como é que tem desenvolvid a sua missão Ah bem com altos e baixos com dificuldades e Progressos é é assim a missão é defender e promover o direito de asilo mas e tenta acompanhar as diversas dimensões que o asilo tem o o acolhimento h e e sobretudo a informação e o apoio aquilo que nós notamos cada vez mais é que os requerentes têm pouca informação acerca do que devem fazer do que podem fazer de quais são os direitos e isso é muito importante porque eh na altura em que a gala chegou o CPR era a única entidade que acolhia e portanto de alguma forma conseguia passar essa informação Hoje em dia as pessoas são eh dispersas pelo país e portanto isso é ainda falta fazer algum trabalho em termos de informação sim Francisca eh este livro trata das mulheres refugiadas e e falas utilizas uma expressão que se chama Ira de género e gostava que nos explicasse o que é isso em que é que se manifesta ah na verdade essa expressão é da Beatriz Padilha de uma socióloga que tem estudado e as migrações e e a questão feminina das migrações eh significa apenas que as políticas que são adotadas para as questões das migrações da dos Migrantes em geral não Não especificamente dos refugiados mas de migrantes em geral eh não atende ao facto de se tratarem de homens ou de se tratarem mulheres e portanto eh é tudo ind distinto pela mesma bitola eh o o a questão é que até há alguns anos era muito mais frequente serem os homens os promotores das das migrações e at traçarem um projeto migratório e depois passado algum tempo as mulheres viriam ter com eles ou não uhum Eh agora já não é bem assim e a Mónica até eh saberá explicar isto melhor do que eu eh mas muitas vezes agora as próprias mulheres tomam iniciativa e portanto são elas a traçar este eh projeto migratório h quando se fala também nas questões de que devem ser distintas uma das coisas que a uma das minhas entrevistadas que não que não faz parte destas Três Histórias latif uma das coisas que ela refere H é precisamente o facto de muitas vezes de fazer mais sentido para uma mulher eh ficar em casa a tomar conta dos filhos do que ir trabalhar e há uma pressão enorme por parte eh de quem avalia vá estas questões da Integração se está integrado ou não está integrado há uma questão enorme em relação a a esta questão do trabalho como se fora do trabalho fora do trabalho é como se não houvesse qualquer sinal de ilusão é isso mas tu dizes Francisca que isso não é uma garantia de integração se não é uma garantia para uma mulher portuguesa eh também não será para um uma mulher estrangeira no sentido em que pode fazer parte do papel que a mulher imagina e planeia para si própria estar em casa a dar apoio à família e até pode aprender a língua aulas tem direito a essa escolha Se isso for possível porque não não é que outr eh Sim há há há uma há uma pressão enorme para fazer um cheque numa lista daquilo que se considera que que atesta que as pessoas estão Integradas que nem sempre faz sentido para as próprias pessoas como dizia a Mónica cada pessoa eh Se integra de uma forma diferentes e portanto significa coisas diferentes para as várias pessoas e outra das coisas que eu acho importante referir é os os 18 meses do processo eh que maior parte das vezes de facto não fazem qualquer sentido eh porque eh não é só dizer há pessoas que não conseguem resolver a sua autonomização em 18 meses é muito mais do que isto eh Às vezes as pessoas preferem a garantir que há um apoio financeiro a seguro por parte do estado e portanto não estão a procurar trabalho porque a partir do momento em que estão a trabalhar perdem esse apoio e se calhar o que faria sentido era esticar estes 18 meses e as pessoas poderem retomar o seu processo de apoio caso eh entretanto o trabalho corresse mal por exemplo po e não se não houvesse esta pressão para a autonomização não é ao fim de 18 meses é um prazo que maior parte das vezes não não é fácil de cumprir pois no livro diz-se aliás que esse período de suposta integração eh a no final não é certo que a pessoa esteja autonomizada maior parte à vezes não está e portanto há que olhar não só para este prazo que talvez faça sentido rever e por outro lado torná-lo flexível E permitir que possa ser interrompido para as pessoas terem também esta rede de Ok se calhar vale a pena eh seguir por ali começar a trabalhar e se não resultar volto atrás terem as suas próprias opções não é criarem as suas opções eh num outro debate aqui na praça da fundação falamos sobre preconceito e discriminação e falou-se quão qu quão importante é respeitar-se a diferença e que respeitar a diferença é respeitar a subjetividade de cada um não é eh e o que é interessante neste livro é acompanhar-se estes três percursos que são distintos De qualquer modo que outras especificidades é que existem relativamente às mulheres refugiadas porque o teu livro tem isso tem o lado mais subjetivo comc e depois o aquilo que é o chapéu das dificuldades e também das circunstâncias de como tu dizes é difícil do conjunto das mulheres refugiadas bom genericamente a vulnerabilidade começa no próprio processo migratório e naquilo que às vezes é preciso n situações que se atravessam nas vidas destas mulheres até chegarem ao seu destino eh sabemos que as mulheres são muito mais vulneráveis a abusos violência abuso sexual etc e portanto para uma mulher à partida há um risco acrescido no próprio processo migratório eh depois uma vez em Portugal se nós temos para a população portuguesa uma diferença eh em relação à ao risco de exclusão entre mulheres e homens esse esse risco é também refletido em relação às migrantes não é nós sabemos que dentro da população portuguesa as mulheres são mais e estão mais vulneráveis a serem despedidas H ainda toos dias eu acho menos salári menos salário ah h dois dias saiu um um portant comparar dias e ou é crescido no caso das claro que no caso de de mulheres que falam dominam menos a língua e o risco é bastante maior h eu não sei se calhar a Gália pode falar disso mas uma das coisas que é bastante falada e referida para mulheres que vêm do médio Oriente a questão do Véu é uma entrave grande para encontrar um trabalho há pessoas que diz a quem é dito que com véu então não te queremos a trabalhar aqui e portanto obviamente que torna todo o processo mais difícil não é mas não sei se queres Porque a Gália já agora a Gália também acompanhou muitas mulheres nestas nesta fase inicial de inclusão já aconteceu várias vezes que havia havia lugares que que dizem que podem oferecer um trabalho eh mas se não tem um contato direito com eh os clientes é muito interessante é é a razão era para não assustar os clientes numa com uma pessoa diferente eh e que já nós já eh já vemos esta questão várias vezes eh às vezes aceita outras aceitam com condição de tirar o lenço utilizar uma uma boné uma coisa que não mostra que a mulher está a utilizar um lenço h e e para mim é uma coisa pronto é a minha agora vou dizer a opinião pessoal é uma coisa muito estranha porque Portugal é um país católico e as freiras até hoje utiliz ou curtam ou tiram o cabelo ou utilizam um veio então o lenço então é não é um algo uma coisa chocante para os portugueses e tratar ou contratar com com mulheres árabes e e várias eu estô recentemente eh que estou a ver que há pessoas na rua que estão a dizer frases h mostra que elas não estão bem abertos para ver estrangeiros mulheres estrangeiros ah especialmente agora neste momentos ou seja há uma questão desculpa há uma questão que também é importante e em relação à maior vulnerabilidade das mulheres e é que Ao serem remetidas para trabalhos menos qualificados e que muitas vezes passa como a Gália disse por estar fora do Olhar público não é eh muitas vezes em cuidados etc isso também as torna eh menos protegidas pois portanto são é uma realidade mais escondida mais escondida clar mas na verdade do no que estamos a falar aqui é do preconceito não é portanto eh olhar para o exterior e não olhar para o interior da pessoa e fazer um pré-julgamento eh foi o debate sobre mulheres refugiadas em Portugal de casa para um lugar qualquer o retrato escrito pela jornalista Francisca gorjão Henriques muito obrigada obrigada a Tod obrigada [Aplausos] [Música]