Vídeo: José Manuel Fernandes: “As autarquias não conseguem resolver todos os problemas sozinhas”

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estas regiões portanto são regiões rurais regiões periféricas regiões de Fronteira foram regiões que sobretudo a partir da década de 50 década de 60 quer em Portugal quer em Espanha eh verificou-se que eram regiões que tinham muita dificuldade em em desenvolver do ponto de vista económico eh e e que perderam população muito depressa não é portanto e só para teres uma ideia no Censo de 1960 eh moravam portanto habitavam aqui em danha e danha anova 3.418 pessoas eh em 1981 portanto 20 anos depois tinha perdido metade da população já são eram 16.600 Eh Ou melhor sim 16.100 16.100 e voltaram nos últimos 40 anos de 1981 para cá voltou a perder metade da população portanto no último censos eh andaria à volta de 8300 pessoas portanto sendo que sendo que foi um dos Municípios do país que perdeu mais gente não foi que perdeu mais gente ou perdeu mais gente foi Barrancos também um município de fronteira e encontramos outros que perderam também muitas pessoas na zona de Fronteira Nisa por exemplo e outros e e outros municípios o que é muito um sinal de que estas regiões são regiões eh enfim Portugal e Espanha tiveram muitas décadas C no mínimo de costas voltadas para não tiver Para Não Dizer que tiveram séculos eh por razões que têm a ver com a nossa história e com a nossa Independência e com tudo o que se passou e eh estas regiões ficaram eh foram muito prejudicadas nesse nesse período eu estava eh pensar nisso e fui repescar um livro que li há muitos anos tinha lido há muitos anos eh eu tenho aqui a edição original que é em espanhol há uma tradição portuguesa eh de afrontamento salvo erro e que é a raia de Portugal a fronteira do subdesenvolvimento este livro foi escrito em 1972 portanto estamos a falar há 52 anos panto ainda foi escrito antes do 25 de Abril foi escrito por dois jornalistas espanhóis portanto num diário que já desapareceu chamado informaciones e que o que é que eles fizeram eles fizeram um portanto andaram por aqui pegaram começaram lá em baixo no alarve e andalusia vieram ao longo da Fronteira em eses até chegar à Galiza e atrás os montes e depois voltaram outra vez para baixo e passaram aqui perto portanto a idanha não mas tiveram em Castelo Branco pouco tempo eh curiosamente passaram por lá num domingo Eh estamos a falar em 72 princípio 72 e e não vi nada que fazer não havia nada que fazer não havia sequer um cinema para ir à noite e portanto Resolveram ir dormir a Espanha nesse dia portanto pass passaram aqui com nem umas setas mas depois quando quando um um uma parte do livro é dedicado a digamos aos fundamentos económicos de toda esta região eles percebem duas coisas enfim tem muito mais detalhe mas percebem sobretudo duas coisas primeiro que toda esta zona de Fronteira é uma zona muito enfim é bastante vasta não é estamos a falar de uma área eh em termos de de digamos de superfície superior à Grécia o dobro também da Dinamarca portanto toda esta zona de fronteira que vai de norte a sul do de Portugal eh mas que era na altura mais pobre da Península sendo que a metade portuguesa era ainda bastante mais pobre que a metade espanhola eh eu aliás tive curiosidade porque eles enfim depois de passarem aqui por idanha vão a um sítio mítico de de de Espanha e do su desenvolvimento espanhol que é uma zona que fica enfim fica já do outro lado não é uma zona montanhosa que é AZ urdes Lurdes uhum essa região é muito conhecida por entre outras razões sim primeiro porque foi visitada por um rei de Espanha eh Afonso sétimo salvo erro no ou não Afonso oitavo no não já não sei qual é o Afonso um Afonso Afonso tambm não eu julo que o número sete é Afonso 13 eles em Espanha Têm muitos Afonsos eh no principio do século passado uma visita acompanhado por alguns jornalistas e que foi um choque era considerada a região mais pobre e mais periférica de de Espanha Nessa altura Eles voltam e depois ali na no final da década de 20 29 30 um grande cineasta o buel vai lá fazer uma reportagem eu tinha visto esse filme há olha mais ou menos na altura em que este Liv saiu pá há 50 anos era adolescente e lemb foi um choque ver aquele filme Nunca Mais o tinha visto e fui revê-lo e de facto mostra um uma parte da península enfim já já não seria exatamente assim porque é um fil um filme de anos 30 não é 29 30 já não seria exatamente assim mas era era era uma totalidade Se bem que eu olhando para muitas daquelas imagens muitas vezes estava a ver estava a ver aquilo e dizer assim há aqui coisas que eu vi em Portugal muito parecidas muito parecidas ou ou ou porventura quase Iguais por exemplo a ideia há uma o filme reportagem que é uma coisa curta uma Digamos um documentário relativamente curto e tem tem cenas muito brutais designadamente de chamados desportes populares arrancar cabeça de galos por exemplo e que nem nem nem sei se pode dizer isto hoje em dia Mas tinha uma forte tradição em Espanha tin tinha tinha uma forte tradição mas depois te mostra por exemplo eles eles e eles clusão certa altura com um burro aquil não havia estradas há um burro que vai transportar e colmeias para mudar de sítio e certa altura há uma comi que cai que cai e o burro é morto pelas a alhas eles filmam isso nós vemos uma coisa muito impressionante há também uma autura em que morre uma criança também vemos isso vemos a família antes e depois já da morte e depois vemos o funeral quer dizer não é funeral é levar o corpo da criança o corpo da criança a certa altura numa num num curso de água tem que passar numa barca numa barca enfim do tamanho meio metro que era onde que havia aquele bebé aquele bebé Tudo aquilo é é de uma de uma então há uma coisa que me faz imens fez imensa impressão porque eu vi aquilo em Portugal em alguns sítios vi aquilo em algumas aldeias e que é a percentagem de pessoas com deficiência mental portanto também tem muito quer dizer que era provocado por razões que tinham a ver com consaguinidade portanto e procriação entre entre familiares em meios muito pequenos mas também com questões que tinham a ver com a alimentação e com as condições e com as condições de vida Ora bem e lazur dias até porque depois encontrei uma outra reportagem mais recente já não tem nada a ver com isso com com este deste deste filme e e mas em Portugal eu acho que nós Ainda andamos um boquinho atrasados é evidente que aqui nesta região não há nada daquele género nem nem porventura nunca houve com aquela com aquele grau de isolamento e dramatismo até porque não estamos numa região tão montanhosa como eram como era aquela região espanhola mas quando nós olhamos para alguns indicadores destas últimas décadas e o que é que o que é que notamos notamos que houve de facto aquela quebra populacional de que eu que eu aqui já já já referi e eh o o essa quebra não não não acabou na na última década portanto estamos a falar intervalo entre censos 2011 2021 portanto são Dados mais fiáveis do que as estimativas que o in vai fazendo mas eh houve pelo menos alg umaa coisa que parou na última década que foi o envelhecimento relativo desta população portanto temos uma população mais pequena do que há 10 anos atrás mas a percentagem de e de idosos e não Aumentou como vinha a aumentar mesmo assim é muito significativa só para ter há qu cinco idosos por cada jovem em Portugal há quase dois por cada jovem mas aqui são quase cinco por cada jovem portanto eh o e basta andar por a portanto basta andar olha ir a a essas provações onde onde onde fomos ontem para ter uma noção muito clara desta desta realidade eh e às vezes nós interrogamos o que é que pode ser feito o que é que pode ser feito eh O que é que o tecido Empresarial e não tenho dados muito muito recentes os dados mais recentes que encontrei já tem mais de 10 anos mas imagino que não eh tenha não tenham mudado muito Estamos numa numa zona que onde os problemas do de Brasal Brasal português são el são levadas são levados ao limite estamos a falar numa zona onde Portanto o que já é difícil eh No resto do País Aqui torna-se ainda mais difícil mais difícil estamos a falar 98% de empresas eh com menos de 10 pessoas esmagadora maioria das empresas são empresas em nome individual eh [Música] portanto é um tecido onde não há nada com dimensão quer dizer eu não sei se aqui não consigo ter esse dado imagino Provavelmente o maior empregador empregador é ca Municipal isso acontece em muitas zonas do interior e periféricas portanto não há aqui muita surpresa e devo dizer que do ponto de vista até da tentar acudir a a a esta este ciclo que de alguma forma é um ciclo negativo Tem havido algum esforço de investimento público tem havido tem que reconhecer isso não é por exemplo para dar para dar apenas uma um indicador é enfim é um indicador como outros Os dados aqui são de 2019 portanto são mais recentes e são da porata as despesas por habitante per cápita do município de idanha em 2019 hoje devem ser um pouco superiores não é eram 2200 € por habitante por ano não é as despesas médias no país eram 780 Isto é aqui são quase três vezes mais são Quase três vezes mais se eu comparar isto por exemplo com o conselho EMC viive que é Cintra uhum são seis vezes mais no conselho Inc viive são 400 € por habitante eram neste ano 400 € por habitante isto significa que há transferência de recursos e que há um esforço de designadamente dos poderes públicos locais de encontrar às vezes até mais recursos do que aqueles que vêm diretamente dessa transferência através da da da capacidade de se candidatar de forma eficaz aos Fundos europeus e desse ponto de vista tem havido indiscutivelmente muitos projetos aqui na na na na na no no município de que este é sem dúvida um exemplo este enfim esta feira Onde nós estamos este congresso onde estamos esta aposta também numa economia e agrícola porque aqui é basicamente isto vive muito agricultura é preciso não ter ilusões não é isto vive muito agricultura e pode E aí talvez tinha devo dizer daquilo que eu pude observar ontem portanto Como disse é Nem chega a ser um retrato do ponto de vista de um instantâneo daquelas cois uma impressão Instagram nem chegar a ser um Instagram digamos assim é apenas uma coisa muito superficial aquilo que eu estava à espera de encontrar naqueles dois locais que estamos em no final de Julho últimos dias de Julho era mais turistas do que encontrei quer dizer as pessoas ficam muito horrorizadas e amanhã no no no no no contracorrente da manhã vamos estar a discutir turismo e excessos de turismo mas o turismo em algumas poucas pessoas ainda em à velha e também poucas pessoas ainda avelha e poucas espas em mon Santo velha particamente ninguém não é portanto eh e em mon Santo também poucas até porque Monsanto imaginava eu se na minha ingenuidade que o facto de ter sido palco de ragem uma série da rodagem da série O casa casa do Dragão Portanto o A prequel de do do do do Game of Thrones eh e de facto são imagens algumas delas muito muito impressionantes e um testemunho e há também se encontram reportagens sobre isso aí que se nós procurarmos estava a espera às vezes esses fenómenos geram uma atenção que eu quer dizer pode ser que venha a Gerar ainda eu creio que algumas dessas imagens Não Foram ainda eh não foram ainda traduzidas eh melhor emitidas portanto Imagino que essas coisas ainda ainda possam mudar mas eu lembro-me por exemplo uma vez ter ido uma vez em Paris eh estava quer dizer er uma igreja uma igreja relativamente secundária mas que ficava perto do hotel em que eu estava dessa vez que lá que estive em Paris já foi para há mais de 20 anos eh e eu queria pronto por curiosidade ir ver a igreja ess é autor havia filas à porta eu perguntei Mas porque é que há tantas filas aqui ah é porque há uma cena do Código da a v que se passa nesta igreja portanto de repente toda a gente tem visitar aqui assim como uma vez em Oxford também não consegui entrar num sítio porque havia lá uma cena do Harry Potter naquele naquele mesmo local portanto eu acho que aqui se calhar pode ser que esteja a nascer o o bu o buz o buz mon pode ser que esteja a nascer o buz de Monsanto não sei se Há muitas pessoas que vão a dobrovnik na Croácia para ver o enfim o cenário principal da da da da da cidade mais importante não é da capital daquele daquele reino uhum portanto Mas eu creio que aqui há um caminho até porque por exemplo uma das coisas que eu notei que tinha transformado um pouco para melhor lá urdes foi precisamente o turismo aquilo transformou-se numa zona de captação de turismo o turismo e é um tema que podemos discutir muito o turismo não é uma atividade que gera uma riqueza muito elevada no sentido de por exemplo produtividade mas algum mas Jonas é sua é hipótese eu creio que uma das dificuldades que porventura há aqui nesta nesta região e neste concelho é que isto é É deve ser mais um turismo de passagem tu ontem estavas a dizer quando estávamos a conversar que é um bocad um bocadinho um turismo satélite do polo da Serra da Estrela isso eh portanto as p vão à serra da estrela e depois dão uma saltada aqui não é pois ou quando vê de sul e a caminho da Serra dormem aqui quando vê do Norte e guardam um dia para vir aqui pois Possivelmente pode ser uma grande injustiça mas é a impressão que dá muitas vezes quando seo médio de permanência que eu também encontrei nos hotéis e já número já antigos é de duas noites portanto há pouco Pouca permanência e porventura alguns destes hotéis desta destas instalações têm permanência profissional portanto que apesar de tudo há nos hotéis não ficam só turistas não nos hotéis não ficam só turistas portanto eu eu creio que enfim vamos hoje tentar perceber também um pouco isso melhor até que ponto é que a agricultura e Novas Novas Novas agriculturas no fundo as agriculturas biológicas biodinâmicos podem ajudar uma uma uma zona que terá sempre eu diria que eu não não diria que tem que ser ajudada mas que tem já uma energia até pela sua localização periférica para todos os efeitos eh energia suficiente para para dar a volta para conseguir para conseguir eh pelo menos qute ser os os censos de 2031 não ter perdido mais 14% de população porque estaremos então muito muito muito refeitos já e já com quase incapacidad isso de todos estes indicadores o facto de ter deixado de envelhecer eu acho que é um facto e bastante positivo eh mas temos que ter noção que há uma região novamente dados da pordata dados de 2021 o poder de compra e das pessoas de idanha à velha é 1/3 inferior à média Nacional idanha nova idanha nova idanha nova perdão idanha nova idanha nova é um terço inferior Nacional portanto estamos a falar de 68,5 por para uma média Nacional enfim aqui o indicador normal é 100 não é portanto estamos a falar de uma zona realmente eh deprimida apesar de todo o esforço que eu reconheço que tem sido feito Eh vamos ver se também com iniciativas deste géo é possível ajudar um bocadinho a ao desenvolvimento destas regiões agora isto não é muito diferente do que se passa em quase todas as regiões periféricas do país porque nós temos nós melhoramos muitas acessibilidades Sem dúvida nós hoje temos estas regiões enfim é muito fácil ir e vir é muito mais fácil ir e vir em Lisboa fazer isto há 30 anos não é não tem comparação possível eh o mesmo se passa em quase todas estas regiões Só que quem trás também leva quem trás também leva e as estradas Têm dois sentidos e às vezes esses dois sentidos escam mais do que aportam e e nós não podemos imaginar que só por esse tipo de infraestruturas salvamos eh do envelhecimento e da desertificação estas regiões do interior que nós infelizmente em Portugal só nos costumamos lembrar quando olha quando há incêndios Este ano não tem não houve Ainda nada nada que nos apoquente demasiado esta região também não é uma região que tenha eh não não tem humidade suficiente para ter zonas de in um crescimento da da da das matas como tem aquela região Centro do país onde há um casamento entre eh umidade de inverno e muito calor de verão aqui é menos há menos essa humidade portanto há razões fisiográficas diferentes distintas mas eh não nos podemos não nos não podemos achar que eh apenas Investindo um pouco mais do que a média como acontece aqui quer dizer não é um pouco mais é quase três vezes a média do país no caso da autarquia local e que a autarquia só por si pode resolver todos os problemas