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há várias perguntas para as quais a humanidade ainda não tem resposta o que acontece depois da morte há ou não vida noutros planetas até onde irá a inteligência artificial no caso das mulheres há uma pergunta que surge recorrentemente mas que carece ainda de uma resposta objetiva e Universal Afinal podemos mesmo ser tudo podemos ser académicas figuras políticas e ao mesmo tempo Mães com quantos filhos quisermos com um casamento feliz um companheiro ou companheira feminista e um pai dedicado sem cobranças a convidada de hoje faz-nos crer que sim mas com certeza não será a custo zero é isso e muito mais que vamos descobrir hoje com Assunção cristas que foi deputada ministra líder do CDs e é professora na Faculdade de Direito da nova e coordenadora do mestrado em Direito e a economia do mar seja muito bem-vinda e Obrigada por aceitar este meu convite além de tudo aquilo que eu descrevi a Assumção cristas também conseguiu um feito nunca antes visto na altura em Portugal foi em 2013 tinha 38 anos a ministra da agricultura e do ambiente e engravidou do quarto filho que viria a ser a Maria da Luz foi a primeira ministra grávida em Portugal e o tema fez notícia na comunicação social em Portugal em muitas empresas ainda é perguntada às mulheres nas entrevistas se Têm filhos se planeiam engravidar porque se associa a gravidez a a uma paragem na dedicação ao trabalho a alguma fragilidade a uma inabilidade para cumprir quando a sua gravidez foi notícia em todo o lado foi no sentido até da idade e de dar nota apenas dessa gravidez ou também sentiu que foi com este com esta ideia de que haveria alguma fragilidade que agora lhe seria colada pelo seu estado Obrigado antes demais Catarina pelo convite para estar aqui é um gosto H é muito interessante começo por aí e eu para lhe responder tenho que lhe dizer que houve muitas reações para mim o mais surpreendente se calhar com alguma ingenuidade do meu lado foi que isto fosse tão interessante ou tanto tema porque era a minha quarta gravidez e eu toda a vida tinha trabalhado em coisas diferentes É verdade não tão visíveis mas naquele momento estava no governo H empenhadas sempre o que é profissão e o que é função e a política é função e é serviço mas em todo caso era a minha dedicação a título profissional naquele naquele momento isso Não não não deveria ser impeditivo de qualquer de qualquer eh opção de vida pessoal eh No que diz respeito a ter ou não ter filhos mas é verdade terceiro filho tinha tinha estado grávida do ter filho quando estava a fazer o doutoramento certo e dos dos de todos na verdade eu discuti a tese de doutoramento de grávida do terceiro pois muito muito muito no início da gravidez do terceiro mas entreguei a tese já tinha dois filhos comecei a tese não não tinha filhos era casada sem filhos e tudo isso aconteceu e e e foi possível conciliar e são tarefas exigentes não visíveis mas exigentes hh a verdade é que nessa altura eu fiquei muito Surpreendida por exemplo por um órgão conhecido de comunicação social não vou dizer qual não é aqui pois não não é aqui ter Eh contactado o meu gabinete para perguntar se eu me ia admitir por estar grávida e só a pergunta eu acho que é uma coisa reveladora e de como é que isto era e eu acho que infelizmente ainda é um tema infelizmente nós não temos visto eh muitas mulheres grávidas na política hum se calhar porque as mulheres continuam a ser subrepresentadas ou ou a não chegar tão novas assim enfim ou por outras opções mas a verdade ou porque o país também não tem tanta natalidade quanto eh eh não tinha há 10 anos e e e e não tinha e não tem tanta quanto já teve noutras ocasiões mas quando tinha muita as mulheres não estavam na política e continua a ser um tema a verdade é colcar essa opção não é de se demitir como se fosse um um problema qualquer ou uma catástrofe qualquer não é sim eu achei uma coisa uma pergunta absolutamente inconcebível e a resposta foi é evidente que não que não se vai demitir eh e que vai e que vai continuar a exercer suas funções com as restrições que será que ter e a verdade é que tive a trabalhar até ao final aliás houve na altura a crise política houve a tomada de posse do novo governo é no dia 24 de julho e eu estive a trabalhar até aí e depois a minha filha nasceu no dia 28 de julho e portanto Foi mesmo consegui tive sorte correu bem a gravidez consegui ficar a trabalhar até ao fim mas quando não podia por alguma razão e na reta final já não podia por exemplo fazer viagens de avião já não era já não era já era muito arriscado eh E ao secretário de estado que me substituí o secretário de estado da agricultura eun ele substituí a Mia eh Sem problema nenhum e depois no tempo que eu estive em casa também curiosamente Nessa altura houve Eh aí não foi um órgão de comunicação social mas foi por outra via alguém que tentou eh eh perguntar a uma pediatra bastante conhecida que por sinal me conhecia por isso é que eu sei desta história perguntar eh se eu não estava a fazer muito mal em ficar apenas dois meses e meio completamente em casa que foi o tempo que eu fiquei foi foi agosto mal ao bebé estava a ser uma m mãe por não ficar mais tempo em casa com o bebé portanto hav os que eventualmente achavam que eu estava a fazer mal porque não estava a trabalhar a Full Time e haveria os outros que achavam que eu estava a fazer mal porque não estava a ficar o tempo eh totalmente dedicado dedicado ao bebé eh neste caso à bebé e e a pessoa por acaso como até me conhecia respondeu que a pergunta era era muito disparatada e que conhecia até a família e o contexto todo e que não havia mal nenhum porque havia quem tratasse da Criança e havia um pai eh que tratava e que partilhava e que teve licença de paternidade também para eh para poder partilhar essa essa tarefa mas veja como as como as perguntas de uma maneira ou de outra foram feitas eu acho que que enfim quem queria fazer uma peça sobre isso depois desistiu perante esta resposta mas estava a preparar-se para fazer uma peça de como eu estava a ser uma péssima mãe porque não estava a ficar em casa o tempo todo e no governo do lado de dentro houve essas questões Não de todo do lado dentro Ótimo ótimo do lado dentro eh de todo aor era Pedro passos coelho que era o líder do governo curiosamente é uma coisa muito engraçada eu não sei como mas a dado da altura correu um rumor no governo de que eu estava grávida e eu não estava grávida Hum e e e que eu me ia sair do governo e que me ia embora porque estava grávida e eu até sentia a necessidade de dizer ao Pedro passos calho primeiro-ministro ou se anda para aí a dizer se isto isto não tem verdade nenhuma não tem fundamento nenhum não quer dizer que não possa vir a estar grávida Mas neste momento não estou grávida nem estou com a intenção de sair do governo e ele riu-se e depois pois quando de facto fiquei grávida contei-lhe naturalmente h e e ele riu-se imenso e e e felicitou e completamente bem acolhido quer do lado do CDs naturalmente eh quer do lado do PSD e todos os meus colegas do governo não houve nenhum tema nenhum tema curiosamente eu tive um secretário de estado que ficou também eh à espera de criança pouco tempo depois e ele queixava-se que no caso dele não havia tanta atenção à sua circunstância de estar em licença de paternidade esper que eles estivesse sempre presente independentemente presente inclusivamente eu houve uma altura que disse não não vão maçar o secretário de estado porque eu estou cá e eu eh faço às vezes dele como é evidente ele está em licença de paternidade já aconteceu ao contrário e eu trato da parte dele e cheguei a ir uma outra vez ao ao Parlamento por conta disso mas essa essa disponibilidade para olhar para o caso em que é um homem a ter uma criança já não foi a mesma Por isso a minha tese é que que é preciso mudar muito a parte das mulheres mas é preciso mudar muito também a perceção que se tem sobre o papel dos homens dentro e fora de casa que também querem ser mais presentes e que também poderão ser mais presentes se essa for a escolha da da da família mas que socialmente ainda estamos muito longe de ser aceito enquanto líder do CDs e enquanto mulher na política Este foi só um dos aspectos eh que enfim que sofreu que viveu pelo facto de ser mulher há alguns casos que eu gostava que que nos Contasse aqui eh que que eu soube que eu li nomeadamente o assumirem muitas vezes por exemplo nos hotéis ou em alguns eventos que não fossem eventos do partido que a Assunção cristas era sempre a assessora ou era sempre a pessoa que acompanhava talvez até a assistente e não a figura principal Sim isto acontecia e de que forma é que acontecia era uma coisa subliminar aconteceu por todo o mundo aconteceu por todo o mundo em países que eu diria insuspeitos eh eu chegava e na Europa sei lá aconteceu nos Estados Unidos aconteceu aconteceu e no norte da Europa aconteceu em Itália tipicamente eu chegava com alguém um assessor normalmente às vezes uma pessoa duas no máximo mas normalmente eram duas pessoas chegávamos ao ao balcão do hotel para fazer o checkin e davam os respectivos quartos e depois comentavam ai o meu quarto é bom tem Vista o meu é e o meu era sempre o pior e na verdade H havia eu acho que a perce ção de que quando quando chegava uma mulher e um homem a um para fazer um checkin num hotel ele era o importante ou ele é que tinha a função e ela era aar assistente etc assumia assumia completamente panto Eles não sabiam nós entregamos os passaportes os cartões de cidadão normal H enfim nalguns casos havia mais cuidado e depois começamos a perceber que era preciso ter um bocadinho mais cuidado na na marcação das coisas e Di não tinha mal nenhum mas era era só estranho perceber-se que do outro lado havia um pré entendimento absoluto de que havia um membro do governo que estava a chegar e e o membro do governo era o homem não era a mulhera expectativa foi todas as vezes mas houve muitos casos muitos casos em que isso aconteceu uhum quando foi líder do CDs também sei que optou por alterar por exemplo as horas das reuniões porque muitas vezes as reuniões a nível político e partidário eu já esteve aqui também deputada Alexandra Leitão também falou sobre isso do do lado do PS que muitas vezes as reuniões partidárias estendem-se por eh por horas muito tardias e que isso impede alguma conciliação familiar eh e profissional e quando eh foi a vez de Assunção crista estar à frente do partido E como tinha esse poder optou por mudar essas horas é verdade é verdade eu mudei duas coisas hh uma foi aquilo que era eh por exemplo a reunião da comissão executiva e e coisas que tinham a ver com as pessoas que estavam profissionalmente na política e portanto que tinham disponibilidade durante o dia para tirar tempo para ter estas reuniões eh partidárias h eu tentava pô-las à hora de almoço que era para não prejudicar o final do dia aquilo que tinha a ver com reuniões com mais gente is so pessoas que vinham fora de Lisboa também a comissão política nacional etc o que eu fazia era não fazer ao final da tarde o final da tarde é que eu tentava proteger ao máximo e fazia Depois do jantar porque já permitia ir a casa estar com os meus filhos jantar cedo e depois eles iam para a cama e eu podia voltar para essas reuniões e portanto o que tentava fazer era era isso naquela naquela altura em que eu estava na minha vida tinha filhos pequenos que se deitavam cedo hoje em dia já não seria certamente assim e que se deitam depois de mim pelo menos os mais velhos mas naquela época foi era importante porque eh o final do dia que eu acho que é uma coisa que quem não tem filhos em casa não tem essa perceção é a pior altura do dia para estar aus preciso é o dar banho é o dar banho é o jantar é o acompanhar é o saber como é que correu o dia portanto aqu aquelas horas das 7 da tarde das 8 as 6 7 Essa é a pior fase para para não se para não assustar depois quando eles se deitam cedo às 9 da noite estão na cama pode haver alguma coisa que se faça a seguir já sem prejudicar essa dinâmica familiar e portanto eu tentava a máximo fazer isso claro que nem sempre conseguia porque eh o partido tem muitas dinâmicas muitas agendas tem muitas coisas fora de Lisboa e nesses casos não não era possível fazê-lo aí às vezes muitas vezes o meu marido ia com os nossos filhos íamos juntos e depois eu ia fazer fazer a parte da agenda partidária e juntavam quando quando eh quando já tinha concluído e acha que essa questão por exemplo dos horários é uma questão que afasta muitas vezes as mulheres da política porque sobretudo quando são os dois no caso de um casal homem e mulher quando são os dois que fazem parte da política a ter alguém que ficar em casa fica mais vezes a mulher fica mais vezes a mulher Aliás viu-se na pandemia quando foi preciso alguém ficar mais tempo em casa e como se retrocedeu tanto eh naquilo que é a participação das mulheres nomeadamente no trabalho foram elas ficaram foram elas que deixaram trabalhos foram elas que eh que tiveram que assegurar mais coisas quando tinham lá está filhos em casa a terem que ser acompanhados e isso acontece sempre portanto eu acho que os horários é um tema muito difícil mas é um tema muito difícil ultrapassar também eu acho que hoje em dia com as comunicação à distância também há muitas coisas que mudaram eu já não Vivi essa transformação na política agora vivo quer na faculdade quer no escritório de que sou sócia via da Almeida Há muitas coisas que nós fazemos à distância e portanto podemos fazer não no local de trabalho eh mas mas em casa e portanto garantir pelo menos que há uma presença em casa e que pode ajudar mas isso nem sempre funciona não é quando as crianças são muito pequeninas isso isso isso acaba por por não funcionar mas eu acho que para além do tema e estão obviamente interligados os dois temas para além do tema dos horários é o tema da disponibilidade para ter eh uma dedicação que tipicamente é uma dedicação voluntária não é é um tempo que as pessoas dão da sua vida do seu dia a dia depois do seuu trabalho trabalho depois enfim Se tiverem tempo dos seus hobbies sua do seu exercício físico enfim dos seus interesses e de tratar da família e é Nesta parte é que eu acho que a equação dos homens e das mulheres continua a ser diferente as mulheres têm os homens têm o trabalho tem eventualmente e a sua atividade física eu acho que crescentemente ainda bem Tem algum Hobby etc e tem a família mas a família se eles não estiverem pressupõem que há sempre uma mãe uma mulher uma companheira alguém que vai estar lá e que esse é um tema mais das das mulheres as mulheres para Além disso tudo portanto para além de ter as mesmas coisas o mesmo trabalho n ainda tem a família em cima como um encargo que é sentido como sendo em primeiro lugar seu e eu acho que isso uma parte porque as mulheres também querem acompanhar a família e e e e é normal que assim seja mas outra parte porque a sociedade pressupõe essa distribuição de de papéis e portanto mas pode ser justo dizer que as próprias mulheres muitas vezes também não se chegam mais à frente e elas próprias não vou usar a expressão Não batem o pé para conseguir também libertar-se disso ou não é justo dizer isto eu acho que há há há coisas há realidades muito diferentes eu acho que e Há Mulheres Que eh poderiam eventualmente eh estar mais na linha da frente e se calhar não estão porque não querem mas este o não quererem é sempre o não querer condicionado eh porque às vezes é o não querer porque não podem ou porque achem acham que não devem ou porque mesmo De forma inconsciente sentem que se não tiverem alguém lá está capaz disponível H ao mesmo nível de partilhar ao mesmo nível de partilhar tarefas em casa se calhar elas sentem que que até poderiam estar mas que não querem e arranjar outra solução para a sua vida familiar e doméstica porque não tem essa essa repartição de tarefas e atenção eu eu digo sempre muito isto porque eu sou de facto muito grata e muito privilegiada porque para além do marido sempre a partilhar a as tarefas eh todas eh tive uma família e tenho uma família também em em em modelo alargado digamos assim eh irmãs cunhadas um irmão é só um irmão mas uma cunhada Hum que que e os meus pais que sempre ajudaram e sempre foram esse suporte e portanto havia sempre um apoio e ou de amigas e a quem eu pedia ajuda porque às vezes as mulheres também não querem abrir mão de pedir ajuda e acham que se não estiverem lá eh também a casa não funciona ou as crianças não são educadas com que fazem melhor que e acho que é preciso enfim para quem quer de facto fazer muitas coisas ter também essa sensibilidade que é possível outras pessoas ajudarem e se calhar as crianças até agradecem e até e até no final ganham ganham com esse com esse contexto e portanto eu nunca tive podor em pedir ajuda a todos os que precisava agora há uma coisa muito muito interessante que eu que eu normalmente eu acho que is tem a ver também com as gerações a minha mãe que neste momento já tem 85 anos quando eu fui para a política e Na altura foi contra porquê porque eu tinha os meus filhos para criar eh depois habituou-se o meu pai não sempre foi muito muito apoiante mas a minha mãe sempre com pé atrás mais comodida mas depois quando eu viajava muito ela telefonava para o meu marido a dizer para ele deixar lá as crianças porque sentia que eu estava a falhar na minha obrigação mesmo De forma inconsciente eu acho que isto é inconsciente sentia que eu falhava nesta obrigação e portanto que ela enquanto mãe enquanto avó minha mãe enquanto mulher tinha que compensar e e ir ali preencher aquele vazio pois o meu marido diz não é preciso eles tem um pai eu estou cá etc etc e portanto acabou por não sensar mas muitas vezes ficavam dos meus pais quando o meu marido às vezes me acompanhava quando ele próprio tinha trabalho que que que não dava nos meus pais e nos nos meus irmãos enfim nas tias em amigos isso tudo funcionava mas é preciso lá está há sempre escolhas que têm que ser feitas e se a pessoa de facto quiser estar todo o tempo em todo o lado então é muito difícil e sobretudo eu acho que se deve tornar muito angustiante uhum a rede de apoio não é possível muitas vezes de controlar porque a pessoa Às vezes vive numa cidade e a família está n outra cidade não se sabe o número de irmãos que se tem etc ou Muitas vezes os pais os avós ainda trabalham e portanto não tem essa disponibilidade mas a pessoa que se tem ao lado é possível de controlar e portanto diria a partir do seu discurso que também a pessoa que se escolhe nomeadamente para se casar se for o caso também tem muita importância e deve ser uma escolha não só amorosa mas também estratégica nesse sentido eu enfim eu acho que as coisas não funcionam assim na verdade eu para lhe dizer eu comecei a namorar com o meu marido no 12º ano não havia quer dizer cons PR isso nem nem previa Nem nós imaginávamos que alguma vez eu ia ter funções públicas e estar na política e ter coisas tão exigentes eu na altura queria ser professora Universitária e advogada era o que eu queria ser mas há características que se consegue logo perceber não é se é uma pessoa que apoia que está presente sem dúvida e Sem dúvida nenhuma eu acho que esta ideia de que a pessoa quando Enfim no meu caso quando casa também está a casar e com com o marido que que espero que seja para a vida nós fizemos 26 anos casados eu espero que possamos fazer muitos mais mas também a pensar no pai dos filhos Claro que sim que é importante perceber que perfil que perfil de pessoa é que é mas eu acho que isso são escolhas que a pessoa faz naturalmente a maneira como vê a sua vida como projeto à sua vida não acho que se possa pensar assim estrategicamente Isto ou Aquilo acho que as coisas bem Enfim no meu caso nós éramos muito jovens e portanto fão também permitiu que que a sua vida também tivesse tomado certos rumos não é portanto há uma coisa que eu acho que é muito importante eu nunca teria estado na política se não tivesse tido o apoio total do meu marido como é evidente se naquela altura ele tivesse dito Ah eu não vou conseguir fazer isto ou não vou conseguir ou é m ou se eu tivesse percebido é natural que não tivesse feito essa escolha Mas isso é uma coisa que se vai vai andando que se vai andando e percebendo acho que é muito difícil alguém tentar e até seria uma coisa estranha de instrumentalização de outra pessoa não acho não é assim que a coisa funciona Acho que são escolhas são projetos obviamente são pessoais de cada um que se envolve na política mas afetam muito eh tudo o resto e não só pela dimensão do tempo afetam pela dimensão da exposição pública e da pessoa poder estar ou não estar Incomodada com com um certo nível de Exposição claro que se pode escolher uma parte mas há outra parte que não se escolhe se a pessoas está na praia e CIRAM fotografias como aconteceu consigo várias vezes para paraz mas quer dizer não é para paraz é o normal quer dizer é dizer estamos num contexto público ou desistia de ir para a praia on dia sempre toda a vida com a minha família também alargada e com os amigos e tudo ou então assumir que se alguém tirar uma fotografia Olhe pronto depois que tira e e isso e são estas coisas que é aceitar e seguir 2007 foi um ano marcante para a sociedade Portuguesa e também para Assunção cristas foi um ano em que através de um referendo a interrupção voluntária da gravidez foi despenalizado nesse ano ainda na fase mediática e Pública de discussão Assunção cristas na altura tinha 32 anos era professora de Direito da nova participou no programa para os encontras aqui na RTP do lado do não à despenalização este debate foi de facto revolucionário para a sua carreira já lá vamos vamos antes à questão aqui do aborto eu fui rever o programa eh porque está na RTP arquivos e lá para defender o não mostrou um gráfico onde se via que o aumento eh do aborto que tinha aumentado eh o número nmero de abortos feitos em Espanha e na Holanda no primeiro ano a seguir à liberalização e o argumento do aumento dos procedimentos era usado para defender que não fosse feita a despenalização porque senão iria aumentar o número de interrupções em Portugal depois o o sim venceu nos primeiros 3S anos eh de facto aumentou o número de de interrupções feitas mas desde 2011 tem vindo sempre a descer até 2022 depois em 2022 teve ali uma subida mas que esteve em linha com a tendência dos outros países da União Europeia mas durante 12 anos o número de interrupções feitas veio sempre a diminuir estes factos mudaram a sua opinião sabe que a minha opinião não é determinada por esses factos na verdade a minha opinião é mas como mostrou o gráfico daí e apresentei muitos outros argumentos certamente enfim não não fui rever o programa mas imagino enfim que me reveja essencialmente naquilo que que disse o programa porque na verdade a minha opinião continua a ser ser eh muito estruturada naquilo que é o respeito pela pessoa e pela vida e e achar que as pessoas têm o direito de escolher e devem não é só um direito é um direito e um dever e de escolher eh ter ou não ter filhos Em que momento da sua vida ter ou não ter esses filhos Acho que deve ser um projeto eh de de eh de amor e de generosidade e de escolha responsável h e por isso devem orientar a sua vida procurando eh ter os comportamentos que são os comportamentos Associados a essas escolhas acho e continua a achar que o aborto é uma má solução eh não respeita e a vida Nascente não respeita eh muitas vezes a mulher eh São escolhas muito difíceis que criam marcas muito Profundas e portanto eu continuo a achar que nós enquanto sociedade temos que apostar tudo de outro lado de outra maneira e este respeito pela vida humana eh tem de estar acima e e aqui a minha posição é muito eh eh estável no que diz respeito eh ao à origem ao Nascimento e também no que diz respeito à morte no que diz respeito à eutanásia porque tem a ver com uma dimensão eh muito profunda da maneira como nós nos vemos e como nós nos relacionamos enquanto sociedade e como nós nos respeitamos E essas situações V são as situações de vida mais frágil eu tenho que perceber que quando há alguma coisa mais já não sou eu é essa eh essa pessoa em em em em em crescimento em em Potência em preparação que tem de ser respeitada e acho que quando nós não respeitamos isso estamos a andar pelos por maus caminhos e portanto H os nú um dos outros argumentos que usou eh foi também que que a resposta que o estado deve dar não é oferecer o aborto e estou a a citar mas sim dar condições nomeadamente condições económicas para que as mulheres possam seguir com a com a gravidez o que eu lhe pergunto é e e e condições para que já agora não fiquem grávidas quando não o desejam pris e portanto e portanto terem toda essa consciência e a capacidade a de decidir de forma responsável e o momento em que querem em que querem ter os seus filhos ou não querem ter mas mas dizia o número diminuição do número de procedimentos não é algo que a faz eh pensar que de facto as mulheres e os e os homens porque uma gravidez é sempre eh é sempre produto de Du al aliás Esse é que é um dos problemas do aborto é esse é que depois parece que é só das mulheres Ah mas esse argumento ou seja o facto de de facto os procedimentos estarem a diminuir Não não é acho não eu acho que é muito positivo essa agora eu acho que é muitíssimo positivo eh porque significa Muito provavelmente que as pessoas têm mais conhecimento têm mais eh responsabilidade eh na na na sua vida tem mais capacidade de prevenir e a gravidez indesejadas e portanto eu acho que isso é tudo muitíssimo positivo hh acho é que do do ponto de vista da Essência eh daquilo que nós estamos a tratar eh cada aborto que se faz eu acho que é algo que nós temos que que eh que pensar e que refletir sobre se é isto eh se é este o o o caminho mas enfim mas gostava de lhe perguntar o argumento PR vida acerca do feto Não serve também para a vida da mulher para o corpo da mulher que antecede essa essa gravidez onde é que entra aqui a sua liberdade de escolher também sobre o seu próprio corpo e sobre a sua vida entra antes entra antes da gravidez entra quando decide eh com conduzir a sua vida de maneira a evitar uma gravidez ou não aí Liberdade Total esse é o momento em que as mulheres conduzem a sua vida com Total Liberdade a partir daí o feeto torna toma primazia em relação a partir daí eu acho que não pode ser e não pode ser simplesmente H ignorado que nós temos ali outra entidade outra vida eh que tem de ser protegida e que passa a ser a vida mais frágil não é a mulher que é mais frágil naquele momento no meu entender é a criança que é mais frágil a mulher estará muitas vezes em circunstâncias de fragilidade tem que ser totalmente apoiada mas a liberdade Total das mulheres a liberdade sobre o seu corpo e sobre as suas opções eh de vida sobre as suas escolhas em relação à maternidade têm que ser feitas antes de existir uma gravidas e felizmente nós hoje temos toda a capacidade de o fazer não tivemos noutros tempos hoje em dia temos temos conhecimento temos ciência temos métodos temos eh escolhas que as mulheres podem fazer a partir desse momento desculpem mas eu eu com todo o respeito que tenho pelas mulheres e e e eh e tudo aquilo que eu defendo em relação às mulheres eh na sua participação eh ativa na sociedade na sua liberdade para decidirem a sua vida não pode ignorar isso também que é eh T que o decidir e usar todas as suas capacidades e todas as suas ferramentas eh quando tem esse espaço enorme de liberdade esse espaço enorme de liberdade esse espaço enorme de liberdade eh acontece antes das gravidezes idealmente quando não acontece assim pois é é é um problema para o qual há várias respostas e a nossa sociedade tem uma eh e que funciona e eu acho que a sociedade está pacificada com essa matéria não quer dizer que eu pessoalmente não continuo a achar que não é uma boa solução Então concorda com Paulo nuncio de que se deve impor limitações ao aborto eu acho que esse não é um tema repare eu eu distingo muito aquilo que é a minha convicção e a maneira como eu vejo e como eu acho que devem ser as soluções e aquilo que deve ser uma ação política neste momento se estivesse neste momento como líder eu acho que não eu eu acho que neste momento a sociedade está pacificada com determinado tema eh e a verdade é que está acho que convive bem há quem discorde desta solução Eu por exemplo continua a discordar dessa solução mas eu acima de tudo respeito aquilo que é uma posição maioritária própria soci pesa e portanto e não acho que se nós fôssemos fazer agora um referendo que ISS se fosse mudar verdade seja dita não acho que isso eh que isso fosse mudar não não tenho a sensibilidade de que haja um desconforto muito grande de uma maioria da sociedade em relação a esta e a esta lei que que nós temos daí achar que que ela é perfeita enfim eu discordaria e discordo e continuarei a discordar da Lei não acho que seja este o momento eh porque o direito reflete um um um um certo consenso eh e um consenso não precisa de ser uma unanimidade e nós não teremos unanimidade ade nesta matéria certamente mas que há uma maioria parece-me Claro é engraçado no sentido de curioso porque defende por exemplo o casamento entre pessoas do mesmo sexo e dentro do CDs é uma das poucas vozes que que está do lado do sim ao casamento entre pessoas do mesmo sexo lá está precisamente porque não acha que é um pouco contraditório pergunto-lhe E para conversarmos mesmo não acha que é um pouco contraditório ser pela Liberdade de escolha da pessoa com quem casar e depois não sei pela Liberdade de escolha do seu próprio corpo e da sua própria vida não de todo nós aí estamos a falar de duas pessoas que escolhem livremente a unirem se e viverem uma vida em conjunto e portanto nesse caso são duas pessoas no total exercício da sua liberdade mas sem estar a interferir com uma terceira pessoa eh que como é o caso do do aborto portanto eu eu não vejo o tema do aborto como um direito a cor par Fundação é uma pessoa a partir a partir da fecundação temos uma entidade que já não sou eu já é algo que não sou eu que é feito de mim em parte e e e e do pai eh e que que cuja posição de resto eu também acho que fica sempre muito posta de lado nestas eh nestas discussões e que também acho que tem que tem aqui direitos e portanto a A Hierarquia se quiser e a ponderação dos direitos para mim é diferente pessoas do mesmo sexo casarem-se eu não vejo um problema nessa nessa matéria precisamente Porque estão no pleno exercício das suas das suas liberdades e não estão a interferir e a tomar decisões eh neste caso decisões sobre a viabilidade de uma vida eh sobre alguém que já é um terceiro em relação a si próprio nesse deat estiveram presentes várias figuras além da Assunção cristas até esteve também Adolfo Mesquita Nunes do lado do sim e e Paulo núncio também estava lá do lado do Não mas esse debate foi muito importante para a sua carreira porque teve um espectador especial Paulo Portas que gostou muito da sua intervenção e que depois a convidou para se juntar ao CDs hh Assunção cristas até aí não tinha tido ainda grande intervenção política tinha tido alguma intervenção social de voluntariado sobretudo ligado à igreja eh Mas depois foi partir daí que o seu que a sua entrada na política se deu e depois foi tudo muito rápido foi uma ascensão muito rápida para aqueles que são os timings normais da política entre 2009 e 2011 foi deputada depois entre 2011 e 2015 foi ministra e depois entre 2016 e 2020 foi presidente eh do CDs chegar à liderança eh de um dos principais partidos pelo menos na altura assim o era H como é que como é que sucedeu Eh claro que a competência foi de facto um fator a ter em conta um dos mais importantes a ter ter em conta mas sabemos que no meio político não é só competência muitas vezes eh conhecer as tricas políticas internas conhecer as dinâmicas internas em pouco tempo não se consegue dominar logo esta parte que também é relevante temos que admitir certo Ora bem eh em primeiro lugar dizia que que esse programa foi um transformador para a minha carreira na verdade eu acho que se se não tivesse acontecido eu nunca estaria teria estado na política enfim não se sabe Talvez num outro contexto outra oportunidade mas a verdade é que desviou o meu caminho que seria um caminho de Académico e de advogada e de continuar e de repente introduziu aqui uma uma coisa completamente diferente para a qual eu não tinha nenhum tipo de planos e isto ajudou-me a responder à sua segunda parte porque é que a coisa aconteceu assim tão rápido eu não tinha nenhuns planos para entrar na política e também não tinha nenhuns planos para uma dita carreira eu não uso a palavra carreira em relação à política porque eu acho que a pessoa tem carreira académica pode ter carreira nas suas várias profissões mas a política para mim pertence a um a uma outra dimensão da vida é uma dimensão de função de serviço público de Dedicação à causa pública que obviamente Quando a pessoa está em determinadas funções é remunerada e é exclusiva só faz aquilo com certeza e vive daquilo mas não é a mesma coisa do que uma profissão em relação uma profissão a pessoa faz planos e faz uma carreira eu Há muitas maneiras está na política atenção eh não estou a dizer que esta é melhor do que outra estou a dizer que é a minha visão eh de de estar na política porque depende sempre de muitas pessoas não é é uma visão sem sem sem a lógica da carreira não uso essa palavra na política e e sem a lógica de de de quero estar aqui ou de quero estar ali Portanto o que é que eu como é que as coisas aconteceram na política a entrada foi assim foi foi desafiada eu pensei será que sim Será que não eh e por ser católica achei eu tenho o dever pelo menos de experimentar se posso dar alguma coisa aos outos porque é um serviço às pessoas é a maneira como eu entendo eh e portanto é uma forma de servir as outras pessoas de uma maneira diferente e portanto tenho pelo menos o dever de experimentar e depois olha Experimentei e na verdade gostei eh e correu bem eh e a partir daí foram sucedendo no fundo desafios e propostas para mas teve que se adaptar a muita coisa não é é um mundo tão diferente tão diferente tão diferente tive que tive que ir aprendendo e ir aprendendo eu acho que eh às vezes sinto que que que estive e e gostei muito Aliás hoje por acaso o dia em que gravamos o CDs faz 50 anos e eu orgulho muito eh de e estarei na Naum coração dos 50 anos do CDs e orgulho muito de pertencer e ter ajudado enfim na minha medida a contribuir para este para este trabalho e para este empenho eh mas foi sempre numa lógica de não planos não não pensar o que é que eu vou fazer a seguir ou o que que eu quero fazer a seguir como é que foi navegando exemplos de é assim ninguém navega sozinho não é e portanto em termos práticos O que é que eu procurei fazer foi ter pessoas muito diversas que refletiam e a diversidade do próprio CD falou do Adolfo Mesquita nunos mas podemos falar do Nuno mel e da cía Meireles eram os meus três vice-presidentes por exemplo nessa fase H Portanto tem pessoas é quem reconhecia também competência competência e sensibilidades diferentes e visões diferentes eu eu sou muito favorável a visões diferentes e sempre achei que o CDs podia ter a pessoas com visões bastante diferentes e embora obviamente todos convergissem uma determinado posicionamento Hum e e procurei ter isso e portanto de pessoas de todo o país vários aconselhar e e refletir muito em conjunto e e eh e isso é bastante bastante colegial eh na maneira como nós decidimos como pensávamos e como progrediam procurando fazer muito uma mistura entre entre pessoas que toda a vida tinham estado no CDs eh e com percursos notáveis com pessoas que eram Independentes ou que estavam a chegar ao CDs eh também eh numa altura já distinta da vida e eu acho que isso tudo são coisas e importantes e que AJ masa parte que eu referi também das questões internas também tem aqui Um um peso certo porque é verdade eu essa parte Talvez seja a parte onde eu tinha eu pessoalmente menos interesse e menos menos menos interesso no sentido em que não me sentia tão tão tão apta e tão desejosa eh de de ter uma intervenção nessa parte o que me interessa e que interou sempre na política foi muito mais eh o pensar o desenhar ou ajudar a desenhar e o executar políticas públicas muito mais do que a política no sentido puro da políti is e que eu não tou ser que não seja importante porque o conquistar o poder e o manter o poder é uma coisa importante mas para mim sempre foi instrumental e ao resto que é poder fazer coisas que que na minha opinião eram coisas boas e importantes e com impacto essa sempre foi sempre foi o meu posicionamento mas obviamente que tem que haver na equipa quem ajuda a tratar da outra parte Como diz mais de de de política interna e mais de gerir outros aspos com certeza isso tudo foi feito foi feito em equipa n alguns casos com a minha Inter intervenção noutros casos é a minha intervenção Mas se me perguntar se era a isso que eu me dedicava não era a isso que eu me dedicava essencialmente porque também acho que não tinha propriamente eh muito jeito ou ou lá está para essa parte eu acho que é preciso porventura toda uma experiência e uma vivência de anos que eu não tinha eh e portanto saber de ter passado também saber passado ter os detalhes de ter ter também feito essas conquistas de uhum a na naquilo que é capilaridade de um partido ter toda essa experiência e que eu de facto não tinha mas eu eu acho que nas equipas as coisas funcionam exatamente assim cada um traz aquilo que é a sua capacidade a competência a experiência a sua mais valia e depois é do conjunto de todos que saem um resultado queria ser líder ou foi um papel que lhe foi atribuído pelos outros e só depois é que chegou também a esse a esse reconheo lá está eu eu eu quando entrei para pí não queria não tinha propriamente o querer ser o que quer que seja queria ajudar que fosse necessário eh e no que fosse o no que me fosse pedido e a primeira coisa que foi foi um relatório sobre sobre a natalidade e foi aí que eu percebi que que que era interessante refletir sobre políticas públicas e que havia coisas em queem que podemos pensar em conjunto e acrescentar hh e portanto não tinha propriamente do querer ser agora quando estive no governo foi obviamente desafiada e convidada pelo Paulo Portas gostei muitíssimo quando nós saímos do governo havia um tema de liderança no CDs porque eh o Paulo Portas saiu e disse e agora alguém tem que alguém tem que chegar à frente e na altura aquilo que eu fiz foi eh achar que tinha condições para mas de forma nenhuma queria H eh queria estar a causar uma uma um Enfim uma questão interna uma questão interna uma fação ou que seja e portanto conversei com toda a gente que eventualmente poderia ter eh também interesse ou podia estar mais bem posicionado ou podia estar ou lá está ter essa ambição e ter essa expectativa e etc eh e isso tudo foi foi bastante conversado Às vezes tenho pena que não tenha havido um congresso disputado porque eu acho que teria sido bom para lá está para pôr todas as minhas opiniões em cima da mesa essas que são eh menos menos maioritários no partido eh como por exemplo também a defesa das cotas para as mulheres etc uma Grand defensora já há muitos toda uma agenda que não era a mais comum eh e e lá está e para pôr as coisas em pratos limpos Qual é a minha posição em relação ao aborto em relação à eutanásia em relação ao C de pessoas mesmo sexo em relação às às mulheres e às cotas que eu nunca escondi e que e que fui sempre muito claro em relação a isso e mas acho que às vezes sinto que teria sido interessante mas na altura não aconteceu assim e portanto correu muito bem e is teve qu anos nesta liderança is teve 4 anos eu costumo dizer que foi que teve ali um momento intermédio que foi que foi as autárquicas sim onde o lubs conseguiu segundo lug foi dois mais do em Lisboa que foi uma uma grande Vitória quase triplicou a votação de pul portas em Lisboa e foi líder da oposição eh e foi um grande resultado conseguiu quatro vereadores também em 2017 enquanto líder do partido de certa forma assumiu a ambição de ser primeira-ministra estou preparada disse hei de preparar-me para dizer aos portugueses que sou capaz de ser primeira-ministra acha que o país não estava preparado para ter uma líder e de governo mulher e acha que já está acho que não estava e acho que ainda não está acho que o país continua a ser bastante machista e e acho que o teto de cristal é uma realidade em Portugal em muitas coisas e também na política certamente e e portanto eu espero que um dia possa haver eh uma mulher primeira ministra uma mulher presidente da república uma mulher presidente da Câmara de Lisboa uma mulher presidente da câmara do porto só para referir só para referir os casos em que nunca existiu uma mulher presidente do Tribunal constitucional que também nunca existiu por exemplo uma mulher presidente do Supremo Tribunal de Justiça também nunca existiu H já existiu já existiu uma mulher presidente da Assembleia da República felizmente isso já existi quando o seu regressa à política ativa não tenho nenhuns planos devo dizer que eu estou muito comprometida e muito eh muito empenhada eh nas minhas duas dimensões da vida profissional que é a faculdade essa que vem desde sempre não é que retomei com muito entusiasmo depois depois destes 10 anos na política eh e e depois disso também retomei a atividade na advocacia e neste momento sou sócia da Vieira de Almeida com responsabilidades a coordenar uma área exato de ambiente e clima e ainda a parte toda uma plataforma de serviço isg portanto sustentabilidade e e conjugo muito enfim essaa parte prática com a parte também eh de ensino e de estudo na faculdade e por isso não tenho nenhuns planos para a política Mas há pessoas do partido que lhe pedem para voltar há muita gente que me pergunta não não só do partido às vezes na na na rua em tantas circunstâncias mas é assim ou se está ou não se está e eu neste momento sou completamente eh eh solidário com com o partido e com a liderança do CDs eh e e só não estou às vezes mais presente Porque de facto depois eh a vida é tão absorvente n outras dimensões que me deixa pouca disponibilidade muitas vezes da agenda não é às vezes gostava de estar num sítio mas estou numa viagem para Isto ou para aquilo e portanto não é possível est em todos os os sítios ao mesmo tempo mas na medida em que posso estou sempre estou sempre presente e acha que há alguma mulher em Portugal neste momento que viria que veria como primeira-ministra certamente que haverá assim haja assim seja dado oportunidade para as mulheres se afirmarem e genuína oportunidade E eu acho que isso acontecerá é uma questão de tempo assim que vença mas mas mais mas vou dizer uma coisa não é um problema de Portugal também é um problema do mundo felizmente a união europeia eh tem algumas boas exceções desde logo a presidente da Comissão europeia e a presidente do Parlamento europeu gostava também de falar consigo sobre um outro tema que também que lhe é muito próximo que é a fé é profundamente católica Assunção cristas eh em 2012 era ministra da cultura e sobre o facto da de agricultura enfrentar uma grave seca disso deve dizer que sou uma pessoa de fé esperarei sempre que chova e que a chuva nos minimiza algum alguns destes danos também já tinha dito várias vezes que rezava várias vezes ao dia mas a questão da fé não foi exclusiva eh para si Marcel Rabel de Sousa também em 2018 sobre uma possível recandidatura a Belém colocou nas mãos de Deus estou a citar essa decisão e também em 2015 o ministro da administração interna João Calvão da Silva do governo PSD CDs sobre o temporal com bastante chuva eh no Algarve disse Deus Nem sempre é amigo estas referências a Deus a Cristo à fé num país que é Laico são legítimas por parte de figuras políticas com destaque num país que é Laico mas que tem inscrito na sua Constituição e nas suas pessoas antes de estar na Constituição eh um respeito pela liberdade religiosa e portanto mal seria se nós não pudéssemos ter essas expressões um dia em Portugal significaria que estávamos muito mal eh em caminhos muito maus devo dizer-lhe que eu disse isso mas foi obviamente uma força de expressão mas não me impediu de fazer tudo aquilo que eu tinha que fazer que estava ao meu alcance para minimizar osos seca e portanto não não não nos confundamos eh nessas nessas matérias e portanto para quem é católica há aqui assim uma regra que é fazer tudo o que está ao nosso alcance e depois confiar o resto é isso que eu faço eu faço tudo o que está ao meu alcance e confio e rezo sobre o resto e e há de acontecer o que tiver de acontecer naturalmente eu não posso dominar aquilo que não está nas minhas capacidades de domínio para para muitos isso é o acaso são as incidências da vida para outros isso tem uma dimensão Religiosa e eu acho que o que é importante é que todos nós nos possamos respeitar e reconhecer nessa também diversidade mas é legítima uma figura política trazer para o discurso público im mediático estas referências religiosas eu acho que é perfeitamente legítima Às vezes pode ser fazer o contrário que é um católico estar a invocar o nome de Deus em vão eu vejo a coisa mais até ao contrário eh mas mas eu acho que é perfeitamente legítimo e mais eh eu diria que se um dia deixar ter de ser legítimo Então esse é o dia para eu procurar outro país e sobre as touradas também em 2018 Isto é só temas temas quentes Eh que que não sei se ainda é mas pelo menos durante muitos anos foi o eh foi fã das touradas eh até houve uma frase sua que depois foi muito partilhada que dizia Olhe para a tourada como um bailado acho que em 2024 com as preocupações todas que existem em relação até aos animais e os estudos que já foram feitos ainda faz sentido em 2024 existir touradas eu eu acho que continua a fazer sentido lá está mais uma vez acho que continuamos a ter de nos respeitar naquilo que são as escolhas e as opções e há todo um país e há todo um mundo Rural para quem faz muito sentido e isto faz parte de tradições e de Cultura dir irmá mas há tradições que nós vemos H distância de séculos e que achamos aberrantes Pois é eu também acho que há distância de séculos há coisas que nós fazemos hoje noutros Dominos olhe por exemplo o aborto que eu acho que vai ser qualificado como aberrante H nós vivemos no nosso tempo com a nossa sensibilidade e portanto eu só só lhe posso responder aqui e agora e aqui e agora eu acho que continua a fazer sentido e acho que é uma dimensão cultural à qual ninguém está Obrigado H mas que quem gosta eh e quem vive as touradas também deve ser respeitado quando referiu a dimensão local é porque muitas vezes este discurso anti tourada no seu entender é muito feito por quem está se calhar em Lisboa em circuitos mais intelectuais fe é feito por quem não conhece muitas vezes o terreno quem não tem a sensibilidade quem não percebe como é que são as vivências do terreno hh eh quem não conhece o mundo Rural sim que tem estar muitíssimo distante e para quem estto tudo é uma coisa muito estranha e é eh e e e é uma enfim é é todo o mundo desconhecido e portanto o que eu acho é que eh é importante respeitar conhecer e assumir que há diversidade de pensamentos também eh as pessoas gostam de coisas muito diferentes eh empenham-se em coisas muito diferentes na sua vida fazem óios muito diferentes têm opções de vida muito diferentes fazem escolhas muito diferentes se nós enquanto sociedade nos conseguirmos respeitar a todos reciprocamente nessas escolhas eu acho que nós conseguimos Viver Bem mas este discurso dos animais não é um discurso que possa ser usado para também começar a pensar se de facto faz sentido Olha eu acho que o discurso animais serve para muitas coisas eu ainda agora por acaso hoje estava a ouvir a notícia e fiquei muitíssimo feliz porque lembro-me de ter empenhado muito nessa matéria que o nosso lin ibérico eh está saiu de risco e já só está numa posição de vulnerabilidade hh Nós estamos neste momento a enfrentar eh uma uma uma perda brutal massiva de biodiversidade decorrente da alterações climáticas decorrente da vida que vivemos eu acho que essas preocupações todas de proteção dos animais de proteção da biodiversidade proteção da nossa vivência coletiva no planeta devem ser canalizadas para essas áreas o resto Sinceramente não acho que seja o foco principal são são diferentes animais na sua opinião são não porque porque porque são diferentes expressões eu acho que todas essas preocupações que eu acho que são muito importantes e acho que a biodiversidade é um tema que nos deve mesmo ocupar e acho que enquanto país hoje devemos estar orgulhosos de saber que o Lin ibérico e e saiu da da da situação de risco e já só é vulnerável e e curiosamente recebi de um amigo um um um vídeo tá a passar na na na numa estrada à noite e a passar em quatro linos ibéricos à frente e uma família de linos ibéricos à frente isso eu acho que são coisas que nos devem empenhar e alegrar e devemos fazer e todo esse todo esse esforço e tem muitíssimas dimensões da nossa vida coletiva que as tais pessoas todas as pessoas mas inclusivamente aquelas mais urbanas têm também a obrigação de reconhecer e de fazer por h e portanto o que eu acho é que nós temos que definir bem as prioridades definir bem o foco e não confundir as coisas hum ou seja para si esta manifestação que no seu entender é uma manifestação cultural eh independentemente das dinâmicas que são usadas justifica-se independentemente de haver um um um sofrimento que esse sofrimento é óbvio do animal mas mas a a cultura inteira so olha so sobre esse tema eu uma vez respondi uma coisa e hou alguém logo que me sinalizou disse há imenso estudos a falar sobre isso sobre o sofrimento e se há ou se não há e como é que há e como é que não há e portanto eu não não vou meter nessa parte mais técnica Porque eu sei que é bastante controversa e mas mas o que eu lhe posso dizer é que eu não vejo como é que e as touradas podem incomodar tanto as pessoas que nem sequer estão interessadas na tourada e nem sequer vão à tourada quando há tanta gente que gosta que vive eh e que tem toda uma uma vivência em torno do mundo Rural onde também estão as estouradas e alguns gostam alas não gostam eh e portanto eu acho que ir por aí é querer tornar-nos todos iguais quando a diversidade é uma das maiores riquezas que nós temos na vivência em comum e quem fala nas touradas nós podemos falar em muitos aspectos das diferentes vivências culturais h e este é um tema que no limite nos leva a discutir sobre Afinal quais são os direitos que são absolutamente comuns a toda a humanidade e quais é que não são e é uma discussão muito difícil porque se saímos d horad e fos para outras para outras matérias e para as mulheres por exemplo e para os direitos das mulheres seu próprio cor nós temos muitas muitos temas para discutir sensíveis e na e na e aqui assim na no no Encruzilhada com várias dimensões e vários direitos e que que assistem às pessoas individualmente e às Comunidades mas eu acho que e uma uma defesa de uma identidade cultural que não e que não passe limites que nós achamos todos eletivamente que são intransponíveis É verdade que essa linha está sempre a mexer essa linha está sempre a mexer e faz parte da evolução da sociedade mas lá está Eu acho que essa linha se passou no aborto o conjunto da sociedade acha que não e por exemplo e e eu acho que as as dimensões são diferentes Portanto o que me parece nessa matéria é que o foco tá tá tá tá fora de sítio acho que on ondeos todos nós nos viemos estar muito muito ocupados e preocupados é de facto com as condições de vida no planeta e com a perda enorme de biodiversidade eh que neste momento temos e que nos afetará No Limite a nós enquanto espécie humana habitante também do planeta ainda sobre a política porque pode sair da política mas a política nunca sai da pessoa pelo menos é aquilo que algumas pessoas dizem eu fui ver algumas entrevistas tuas e houve uma em 2018 no 5 para a meia-noite que sobre a direita Assunção cristas dizia no CDs sempre houve uma política que era à nossa direita só parede tentamos que não apareça nada de extrema direita Espero que não apareça nada em Portugal Isto foi em 2018 em 2019 aparece um partido que chama chega que passa de um deputado para agora e 5 anos depois 50 o chega extrema direita é verdade que essa Infelizmente essa barragem que o CDs fazia deixou de existir h não sei se talvez certamente também por alguma culpa nossa e eu aqui me é a culpa mas eu não conseguiria ter feito de maneira diferente eu não iria ocupar esse espaço à direita no qual mais uma direita mais direita no qual eu não me revia e não me revejo hah mas a verdade enfim e o mundo todo a Europa e o mundo todo tem este tema portanto não é só um tema nosso de Portugal é um tema da Europa e do mundo eh mas é verdade que esse espaço não existia e agora passou a existir passou a existir eu não não não me interessa muito qualificar o que é que é o que não é aliás eu neste momento não não estou na política ativa e portanto posso dispensar de qualificativos e mas que claramente não existia eh representado no Parlamento esse espaço e agora existe e pelo menos conjetural mete com sucesso vamos ver se vai ser para o futuro e sempre com o mesmo Sucesso já Vimos que asas europeis não foi da mesma forma enfim o futuro eh veremos o que é que o O que traz eh mas o que lhe posso dizer é que eh tenho pena que assim tenha acontecido como é evidente eh e tenho tenho e foi uma das razões não foi eu obviamente não foi a única mas foi uma das razões que me fez refletir sobre eh de facto se calhar é preciso outra pessoa para a liderança do CDs porque eh não só o resultado eh mau de de de de 2019 contra estou muito bom CS desapareceu depois e agora desceu naquela altura tínhamos quando eu enfim depois dessas eleições em 2019 nós tínhamos cinco deputad três deputadas e dois deputados éramos cinco eramos três deputadas portanto aqui uma maioria feminina na bancada do CDs e depois desapareceu e agora felizmente voltou e temos dois deputados ótimos deputados eh no Parlamento o Paulo núncio e o João Almeida eh e portanto eu espero que a partir daqui se possa alargar e que voltemos a ter muitas deputadas e muitos deputados do CDs e é só isso que que na verdade eh sobre isso que posso e devo falar que é o que me preocupa que é a minha casa sobre a casa dos outros outros falarão uhum pergunto-lhe para terminarmos quais é que acham que são os grandes desafios hoje das mulheres e em Portugal eu acho que continuo eleger assim um ou dois mesmo determinantes além daqueles que e enfim todos que nós já conhecemos mas para si assim eh da sua perspectiva enquanto mulher enquanto figura política enquanto H enquanto pessoa interessada e com competências nesta área Eu acho que o ponto mais crítico é a conseguir que a sociedade no seu conjunto homens e mulheres h e certamente os homens percebam que toda esta transformação e evolução que foi feita pelas mulheres hh na verdade está limitada e tem e e tem limitações e essas limitações só aparecem quando os próprios homens assumirem outros papéis e o conjunto da sociedade a os acolher e eu acho que a transformação do lado dos homens está muito muito muito eh lenta e o que hoo hoje em dia às vezes é dizer is já não se pode com a conversa das mulheres e as mulheres estão em todo o lado e E isso não é verdade isso não é verdade e querem ser mais que os homens e querem sim e isso não é verdade e portanto é preciso continuar a trazer muita informação é preciso continuar a explicar muito bem a todas as coisas e é preciso que do lado dos homens haja essa consciência e e do lado da sociedade no seu conjunto haja também a possibilidade de acolher transformações do lado dos papéis dos homens que eu acho que estão muito longe de serem acolhidas e portanto isto não é só do lado das mulheres do lado dos homens há uma transformação enorme para ocorrer e que e que não está aí muito bem e Veremos se depois Assunção cristas fará parte dessa Essa transformação tem algumas saudades do do combate político dos debates quinzenais não sabe que eu eu eu eu eu acho que enfim eu vou fazer 50 anos este ano já me vou conhecendo um bocadinho eh bem eh e e e descobri que eu não não sou uma pessoa de de ter muitas saudades não sou muito Saudosa sou muito de viver o presente intensamente o presente e muito de de ter coisas eh interessantes para fazer no futuro eu olho sempre muito mais para a frente do que para trás eh com as vantagens e desvantagens que isso tem certamente mas não sou uma pessoa especialmente Saudosa Mas gostei muito de fazer os debates quinzenais enquanto foram muitos veremos muito obrigada Assunção cristas por esta entrevista Este foi mais um episódio deste dona da casa eu sou a Catarina Marques Rodrigues à autora deste programa que está convosco a cada duas semanas à terça e nas redes sociais também para falarmos e para partilharmos obrigada por estarem desse lado e até ao próximo episódio