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ser dona de um espaço é herdar os problemas de construção as dívidas a lidar com inclin mais ou menos simpáticos mas é também poder fazer escolhas e ser proativa se esse espaço for por exemplo a natureza os palcos as causas sociais então a dona e senhora pode perfeitamente ser Joana Seixas atriz ativista mãe presença habitual na nossa televisão e no teatro mas também em manifestações ou em grupos de defesa dos Direitos Humanos hoje conhecemos o percurso as opiniões as várias fa as lições e a vida de Joana Seixas olá bem-vinda ao nosso programa acabado de estrear Olá Catarina muito obrigada pelo convite e obrigada por aceitares Claro tu és uma pessoa que se preocupa muito com o mundo e portanto temos aqui vários temas para explorar mas eu começava já por duas palavras mãe e liberdade porque eu sei que tu és uma pessoa que acredita muito em cultivar essa liberdade desde cedo e Tu disseste inclusivamente uma entrevista que a liberdade é uma conquista que tem de começar desde a infância e eu pergunto-me porquê e se hoje dia apesar de termos imensos meios a liberdade é um valor que na verdade está a escar É verdade eu acho que tem a ver com e e e eu vou voltar vou vou andar um bocadinho para trás no meu percurso só para te dizer uma coisa a minha relação com a natureza que tu também mencionaste aí tem muito a ver com esse lado da Liberdade porque o voltar à natureza o voltar a esse lugar discut ativa eh de observação do que se está a passar é é um lugar que se perdeu com a vida das cidades com esta vida acelerada em que nós vivemos Nós perdemos essa capacidade só de observar só de ficar parado ao olhar porque também nos é exigido que estejamos sempre a fazer alguma coisa nãoé somos sempre hiperativas temos que estar permanentemente contribuir para uma sociedade que tem que estar sempre a produzir e não nos é dado esse espaço e esse tempo e essa liberdade de facto só de escutar Só de estar parada Só de estar no silêncio e as crianças precisam desse espaço precisam desse lugar de liberdade precisam desse desse tempo que é muito diferente do nosso e nós não podemos olhar para elas da mesma forma como nos habituamos a olhar para os adultos essa capacidade que eles têm que elas têm as crianças de hh observar o mundo cá fora muitas vezes é-lhes retirada porque é-lhes permanentemente tolada por ambientes que são controlados desde as escolas eh desde ficar fechado dentro de um carro para ir de casa para o trabalho eh portanto é é-lhes limitado esse F preso a um iPad também é um ato de não liberade já eu já nem vou para aí porque isso é uma questão para mim muito presente nos restaurantes e verd verade para mim muito problemática eu tenho sido uma mãe sou uma mãe de já de gerações diferentes não é portanto ten teos filhos já usam o iPad por iniciativa própria já não és tu que controlas n ou seja tenho um filho já com 22 anos portanto já não sou eu que que intervenho nessa matéria mas tanto o meu filho mais velho como o meu entiado que são os os dois eh que já são autónomos não é portanto já são adultos nesse sentido agradecem-lhe cresceram mas já estava já estava já era já já era comum eh entre os colegas eles eram os únicos que não podiam ter ou que tinham certo certas restrições e eles agradecemos nós termos dado naquela altura não gostavam com cer naquela altura não gostavam Claro que não Claro que não mas nós tínhamos várias não se usava telemóvel para Alé não se usar telemóvel à mesa e quando estamos todos em família e tudo em conjunto eh o telemóvel ficava sempre na sala antes de ir para o quarto portanto não se dormia com o telemóvel no quarto eh pronto depois eles vão crescendo nós vamos perdendo um bocado o controle no entanto o facto de eh termos imposto estas regras que parecem proibitivas e a palavra proibição para mim é uma palavra que tem dentro tem dentro da própria palavra muitos mistérios porque há muitas proibições que são fundamentais existir a educar são são fundamentais porque são proibições que levam à liberdade entre aspas agora a palavra pro uma delas por exemplo olha por exemplo esta que estamos a falar não é de proibir utilizar iPhone Eu tenho um filho com 9 anos ele não vai ter tão cedo de telefone nós já falamos com ele sobre ess já TM de certeza alguns deles não ainda não alguns já têm alguns já têm mas ainda não é assim tão comum talvez pela escola em que ele esteja talvez por isso ainda Ah ainda não exista dessa forma mas claro que ele já esteve com amigos da idade dele que têm um iPhone ali à mão de semear e pronto o que é que o o o telefone faz à nossa vida que é diferente por exemplo dos iPads ou dos computadores ou dos da das playstations e tudo que era também a minha luta que era para os midos não ficarem viciados em jogos e eu só tenho rapazes em casa e havia muito desse lado da tecnologia os iPhones estão permanentemente connosco ou seja são uma extensão do nosso corpo é uma extensão do nosso corpo e é um é um desbloqueio permanente de Ah eu não sei isto vou aqui ver eu não sei quê Vou aqui ver e isto eh eu acho que se pode ir contrariando não não vais ver na realidade como é que acontece não é ali que vais é um paradoxo porque ao mesmo tempo que nos dá essa liberdade de podermos encontrar mais informação também nos prende eh mas vamos já ao também ao telemóvel como uma forma também de trabalho e eu tu enquanto atriz usas não só para promover o teu trabalho mas também para fazer algumas parcerias com marcas mas também eh E desde alguns anos para cá para falar sobre as tuas eh causas uma delas muito recente eh é a causa da da Palestina daquilo que está acontecer neste momento tens feito vários apelos à libertação da Palestina ao cessar fogo falas num genocídio eh que está a acontecer em gasa e escreves mesmo isso em várias publicações e portanto eu gostaria de te eh perguntar especificamente esta questão da Palestina porque é que é uma preocupação para ti porque eh eu diria que dentro do mundo artístico sobretudo quando se trata de pessoas com bastante projeção Como é o teu caso tens feito várias novelas ao longo dos anos nos principais canais eh Há sempre algum receio em as pessoas se manifestarem sobre temas políticos barra sociais mas especificamente temas políticos e portanto porque é que para ti eh desde Outubro eh mas não só eh porque é que para ti Este é um tema tão relevante E porque é que decidiste abraçar eh automaticamente nas tuas redes sociais bom para já H é um tema já muito antigo apesar de só agora ter vindo mais à luz do dia é um tema antigo E é um tema eh que tem que tem a representação de várias causas e de várias lutas dentro desta só da causa da Palestina eh porque primeiro estamos a falar de um processo de colonização de territórios ocupados e e e tem sido sempre a e a resistência de um povo a um processo de colonização permanente do qual nós entre aspas ocidentais somos muito responsáveis como colonizadores que fomos de muitos sítios mas foram Digamos que estivemos noutras épocas noutras alturas Ah não havia conhecimento não é mas hoje já H esse conhecimento hav não havia tanto conhecimento e as colonizações apesar de haver um bocadinho esta ideia de digamos de de de ser transversal as colonizações não foram todas iguais foram houve muitas Há muitas diferenças entre as várias colonizações que existiram no mundo inteiro agora o o homem infelizmente por natureza é um ser opressor eh e há esta tendência eh inequívoca de oprimir permanentemente para conquistar para ganhar mais para ocupar um lugar de relevo para E e esse e e o e o facto da sociedade estar a tentar evoluir no sentido de vamos equilibrar e tentar de alguma forma colmatar esse lado opressor hh foi apenas uma ilusão em que nos incluíram Aqui dentro deste mundo ocidental como se nós vivêssemos nessa ilusão de que de facto já não somos colonizadores ou que já não estamos colonizados por nada nem por que já evoluímos mas não estamos na realidade e a Palestina infelizmente é o reflexo mais na nossa cara direto disse tudo eh não só da conivência direta da Europa e dos Estados Unidos muito mais mas da Europa a com com essa colonização ativa e essa ocupação de território ou seja porque ainda pim o que se passa na Palestina ainda ainda é diferente porque é uma colonização de território ou seja à medida que eles vão ocupando o território que não é deles não foi conquistado sequer não há sequer esta coisa de é é uma é uma ameaça permanente e constante e um terror em que aquelas pessoas vivem permanentemente Hum e depois é há ali muitas questões envolvidas há vários eh há vários mitos há um livro que eu falo muito até nas minhas publicações que são os 10 mitos H do Ilan pap 10 mitos sobre Israel e em que ele desmonta desde uma terra sem pessoas ou pessoas sem terra como supostamente a Palestina era uma terra sem pessoas não é verdade como e eh Isra os judeus não eram um povo sem terra portanto Eles podiam ter ficado a viver em vários sítios distribuídos pela Europa hum é é são várias as questões que se vão juntando mas se vão acumulando nesta questão da colonização eu acho também e por isso talvez tenha abraçado Esta luta de uma forma mais acesa eh apesar de parecer que é tão distante de nós ou seja não só a cultura e tudo mais parece que é tão distante de nós mas não é assim tão distante é bastante mais próxima e e há muitos pontos de que tocam as nossas culturas até por exemplo as Oliveiras até ainda a natureza a esse lado de tocar mas mas só deixa-me só terminar este raciocínio esse lado de eh eh o crescimento que nós vemos atualmente da Extrema direita uhum pela Europa eh e pelo mundo inteiro em alguns pontos do mundo eh para mim está intimamente ligado com este fator da Palestina eh porque enquanto nós não derrubarmos de vez eh esta ideia eh de que o opressor tem este esta capacidade de ocupar de ficar apenas porque tem mais dinheiro mais meos financeiros porque quer desenvolver as suas atividades económicas e manter a população toda refém deste mundo capitalista e Consumista hum eh ali tens um exemplo Claro do que é que é isso levado ao extremo nós achamos que estamos muito distantes desse extremo mas a Extrema direita tá a levar-nos para esse Extremo e portanto eu acho que as duas lutas estão interligadas e eu sempre fui uma defensora eh a da da Liberdade no sentido no sentido verdadeiro da palavra verdadeiro não é que não existam todos todos os sentidos são verdadeiros não é nesse sentido no sentido mais lato da palavra e a liberdade das pessoas e dos povos para mim é uma das coisas fundamentais uma das coisas para mim muito importantes na Liberdade é que sem estarmos todos libertos não há uma pessoa liberta portanto não não há essa essa questão mas Joana tu tens estudado muito o tema isso nota-se inclusivamente também tem estado em vigílias em Lisboa que têm sido organizadas fazo parte de um grupo que se chama artistas contra o genocídio contra a ocupação de Israel no território da Palestina eh e tu acabaste de explicar o porquê de tu te envolves na causa tu Joana a pessoa interessada mulher interessada nos temas mas agora queria que me explicasse o porquê de tu Joana atriz que precisa de trabalhar como como toda a gente não é que trabalha em televisão que trabalha também com as redes sociais eh não é um risco demasiado AD grande que se corre posicionar politicamente sobre este tema eu não gosto nada de ver as coisas dessa forma e e nunca me vi nessa forma no trabalho ou seja sempre tentei manter o meu espírito livre eu acho que H como atriz como artista como ser pensante e criativo e manter essa Independência de pensamento para mim é crucial para a vida não consigo imaginar mas tem riscos tem muitos riscos e eu já sofri alguns deles outros nem por isso outros para mim foram conquistas o facto de a sermos independentes e termos uma voz proativa e sabermos muito bem do que é que estamos a falar também nos dá um um outro poder eh nas circunstâncias e Que riscos são esses são riscos que eu não posso controlar infelizmente eu não os consigo controlar eu também não consigo passar uma imagem daquilo que eu não sou tenho muita dificuldade disso mas Poderias tentar esconder não é se fosse mais conveniente não consigo não consigo não consigo nem consigo fazer essa manipulação essa manipulação para mim é uma traição a mim própria e é uma ição ao meu espírito livre de artista ou seja o não o não ser Clara uma coisa é eu poder ter algum cuidado com as palavras eh e perceber que existem várias fações e que portanto nós podemos de alguma forma gerir e eu acho que tenho tido algum cuidado mesmo na eh falar de genocídio para mim não está bem longe de deixar de não ter cuidado com as palavras porque é de facto um genocídio que está a acontecer quanto a isso eu não tenho a menor dúvida agora tenho cuidado com as palavras eh tenho cuidado com os termos que uso e as pessoas que vivem em Israel também T que tem tem que ser respeitadas agora existe uma uma quota parte daquela sociedade eh que está debaixo de uma opressão gigantesca h e que é conivente com ela mas já recebeste críticas ou já te Gostou Que tipo de críticas CL claro já recebi várias críticas de de acharem que por exemplo como sempre fui também uma feminista ativa entre aspas eh de achar que Ao estar a defender um país árabe onde há repressão feminina mas aí eu também já dei a minha resposta e até posso dar aqui publicamente que é mais fácil eh que estou a defender que as mulheres devem ser reprimidas porque estou a defender um povo que ainda sofre uma repressão feminina mas é exatamente ao contrário são exatamente os povos mais reprimidos e as mulheres mais reprimidas que precisam mais de apoio das feministas ativas são essas que precisam de se libertar agora como é que elas vão libertar tem que ser é um processo é um processo que que que que que só lhes diz respeito a elas não nos diz respeito a nós diretamente é é um processo da cultura que vai ali acontecer agora sem a libertação do espaço da da da casa da sua liberdade pessoal da da sua capacidade de sobrevivência estamos só a falar da capacidade de sobrevivência é des negado do direito à agricultura é des negado o direito à terra é lhes negado o direito à casa portanto sem esses direitos básicos nós não podemos ir aos direitos das mulheres mas não estranhas algum silêncio por parte de pessoas com também com alguma projeção pública como tu estranho estranho mas sinto que isso vai deixar de acontecer gradualmente H nós vivemos numa época em que o o sistema está demasiado agarrado a muitas cordas e ligadas a Esta área que nos alimenta a todos não é portanto eu já trabalhei inevitavelmente eh eh eh para para esse sistema e vou continuar a trabalhar para esse sistema senão não tenho como alimentar os meus filhos não tenho como eh me sustentar neste mundo capitalista em que eu decidi viver não é porque também eu decidi viver nele portanto eu a partir do momento em que eu tomo essa decisão eu faço parte dele e eu contribuo para ele eh eu também tenho que jogar com algumas regras desse mundo agora nem toda a gente que trabalha e que vive neste sistema capitalista acha que nós devemos nos restringir permanentemente no nosso discurso Uhum E eu vou tentando digamos a minha sorte com essas pessoas que acham que existir um espírito livre é mais valioso ou um espírito livre e independente e com isto não estou a dizer que que eu sou mais valiosa que ninguém não tem nada a ver com isso tem a ver que se calhar isso é mais importante alguém que acredita realmente nas suas causas e que as leva até às últimas consequências do que claro que eu obviamente que já houve alturas em que fiz uma gestão das coisas que poderia ou não poderia dizer eu não posso dizer tudo e tem que respeitar as pessoas com quem trabalho mas por exemplo nas redes sociais tu notas também um decréscimo de interação por parte das pessoas agora que falas neste tema da Palestina por exemplo noto um decréscimo de uma parte de pessoas mas um aumento de outra parte de pessoas ou seja Isto é sempre um um pau de dois bicos P dois bicos mas já te cou por exemplo contratos com marcas já houve assim se calhar já mas eu não tenho essa consciência a minha agência nem me diz nada entre aspas que é para eu nem chegar a saber eu não tou eu não estou muito preocupada com isso porque eu sempre tive uma relação complicada entre aspas e as agências com quem eu trabalhei sabem disso e eu nunca escondi esse jogo Eh tenho uma relação complicada com a publicidade ou com as marcas ou com esse trabalho sempre fui muito criteriosa h e sempre procurei marcas em que Eu verdadeiramente acreditasse ou que eu verdadeiramente use ou que eu falo com verdadeira propriedade sobre elas e porque existem muitos projetos de marcas que não são puramente consumistas ou capitalistas são marcas que querem trazer mais qualquer coisa e acrescentar e e é com essas que eu tento não consigo trabalhar só com essas evidentemente e Porque infelizmente essas marcas não concentram um poder económico e Capaz às vezes de chegar mais longe na sua comunicação eh e portanto eu sei que eh isso já me me retirou Com certeza de Muitos contratos financeiros incríveis agora eu prefiro viver a minha vida de outra forma e não e eu não vejo no dinheiro sempre a resposta eh para tudo ou seja não para mim não vale tudo mesmo de maneira nenhuma tu começaste a trabalhar no Zonda cho com 11 anos 12 anos sim com 11 anos eh que é para quem já não se lembra ou para quem está a ouvir e não sabe sequer o que é que é o Zonda choque era um grupo infanto juvenil de de música eh que na altura foi um grande sucesso eh e entretanto depois começaste a trabalhar na área da representação fizeste o conserv ao mesmo tempo que fazias a faculdade e depois a partir daí nunca mais paraste E tens estado na S na TVI com novelas mas também nos palcos no teatro que também é uma das e áreas in RTP também exatamente que é uma das áreas que te que te apaixona Portanto acho que não há ninguém que esteja a ouvir-nos que não te conheça eh e em relação à indústria da representação e às mulheres que eu sei que também é um tema que te interessa muito eh em 2017 outubro de 2017 rebentou o meu e portanto um movimento de mulheres que finalmente explicaram o que é que estava a acontecer em Hollywood em relação ao assédio sexual que era que era feito contra elas de forma enfim e a tentar que elas fizessem certas coisas em troco de certos papéis depois levou à queda do Produtor Harvey weinstein e às denúncias com com muitas outras pessoas sabemos que uma em cada três mulheres globalmente já sofreu violência sexual diz Organização Mundial de Saúde em Portugal houve um mito muito Subtil não é houve aliem tudo houve ali umas denunci zinhas em 2021 a atriz Sofia ruda por exemplo deu uma entrevista em que denunciou que tinha sido vítima de assédio Numa estação de televisão Depois houve três ou quatro atrizes que Red diseram Sim eu também fui vítima de assédio sexual ou sou sobrevivente de assédio sexual mas não houve propriamente uma um movimento robusto como houve por exemplo no Estados Unidos porquê bom uma das coisas Talvez seja a dimensão a nossa pequena dimensão não só da nossa indústria nessa área não somos assim tantas Hum E acho que pode ser essa uma das respostas mas H outra também pode ser aquilo que que me estavas a perguntar na na na na pergunta anterior um certo receio um certo de perder trabalho de perder trabalho sim sim de perder trabalho mas H há definitivamente uma realidade muito grave é assim eu acho eu também falei numa dessas entrevistas que o Bernardo Mendonça investigou também sobre isso tu dises que também tinha acontecido contigo nãoé sim aconteceu de uma forma ligeira vamos dizer portanto nunca eu nunca sofri nenhum nenhum tipo nem de violência nem de acedo griro ligeiro É o quê É uma mão um sítio que não é não não nem sequer chegou a haver contacto físico não estamos a falar apenas de de coação de conversa portanto de tentar dirigir-se para um digamos uma toeira mas e comigo não tiveram muita sorte percebeste logo apercebi-me de imediato eh nem é uma questão só de me ter apercebido é eu sempre reagi dessa forma ao assédio durante toda a minha vida seja ele dentro do trabalho seja ele fora do trabalho ou seja eu sempre me defendi muito precocemente do assédio e eu acho que esse tem sido também Um dos problemas H eh na educação das mulheres e em casa quando nós educamos eu infelizmente não tenho filhas para educar mas tenho sobrin mas eh eh educar desde cedo para para o consentimento e perceber o que é que é o consentimento e quem é que toca ou não toca no nosso corpo eh e o que é que nós até onde é que nós vamos mesmo que nos estejam a coagir E aí eh eu acho que existe mais coação H verbal e e de poder económico ou seja alguém que está num estatuto de Privilégio eh que tem essa esse essa capacidade de te coagir para te levar a fazer qu tipo de coisas a a como é que foi a tua postura aí e tu percebeste logo a minha postura foi de imediata renúncia e afastamento sem eh porque eu não assisti a nada com outras pessoas portanto eu não isso trouxe-te consequências não diretamente não que eu me tenha apercebido Ok mas mas esse tipo de abordagem ou uma conversa Inconveniente não consentida ou um toque num sítio onde não é necessário estar é comum Exatamente é comum é comum agora Digamos que eu nunca me permiti dejar Estar Neste nesse lugar h de uma forma consciente que se calhar já estive nele de uma forma inconsciente e achei que não me aconteceu nada mas pode se calhar pode ter acontecido e eu não não me ter apercebido eh ou seja mas a partir do momento em que não te percebes ou Das duas uma ou estás completamente fora do sistema ou então se sabes que isso pode acontecer h não te apercebeste foi porque aquilo não não foi lesivo para ti não te causou moça não não não não teve nenhum Impacto sobre ti agora quando tu não tens conhecimento e não percebes que estás de facto a ser coagida permanentemente aliás como são as mulheres na sociedade em geral eh vítimas da violência doméstica e tudo mais estão permanentemente numa redoma de coação sistemática não é diária seja ela pelo seu trabalho ou porque não fizeram o jantar ou porque não fazem Isto ou porque não não não não estão a cumprir qualquer coisa ou seja estão sempre num lugar e permanentemente de de fragilidade de e de disposição e é e esse lado é é um lado que nós temos que lutar contra ele não é temos que nos tornar realmente ativas e acreditar que é possível dar a volta quant por exemplo ia dar um exemplo quando eu comecei a trabalhar um dos meus primeiros contratos de trabalho e na altura eu nem estava bem a acreditar que aquilo me estava a acontecer mas eu decidir até ao fim com as minhas reivindicações portanto isto já foi há mais de 22 anos não foi não foi ontem eh nem foi há 10 anos que se calhar era uma época mais benéfica para isso acontecer eu assinei um contrato grávida de sete para 8 meses em que eu exigi seis meses em casa exigi pagos pagos e portanto a partir de um momento em que nós nos chegamos à frente com convicção eh e e estamos a defender também outras mulheres este lado de eh ah vou só defender aqui o meu já tenho o meu contrato estou na boa tou não sei quê eu nunca vi as coisas dessa for não mas não cada um por si não funciona aliás porque isso mais tarde vai-se virar mesmo contra nós por é que as mulheres em Portugal as atrizes que todas sabem o que é que está a acontecer Porque se é um meio pequeno para umas coisas também é para outras porque é que não se uniram para denunciar comportamentos denunciar pessoas eh não sei olha eu diretamente não tive contacto com ninguém a quem a quem se tivesse sido demasiado grave e que achasse que de facto deveria ter vindo mais à luz do dia porque provavelmente se isso tivesse acontecido assim diretamente com alguém eu acho que se calhar poderíamos ter criado um movimento para isso eu acho que isso foi uma coisa meia dispersa ninguém se quer comprometer também não é não Não sei se é ninguém se quer comprometer eu acho não sei eh eu não estou em todo lado e nem estou em toda a parte o meu conhecimento foi um bocado parco nessa área não não não posso dizer também não posso envolver em todas as caas e em todas as lutas agora porque é que isso em Portugal ficou mais H quem eu acho que também tem a ver um bocadinho com a personalidade Portuguesa e com a forma de nós estarmos um bocadinho na na política porque isso é um assunto político não é e a forma de mesmo mesmo a maior parte há muitos artistas que são muito focais politicamente e felizmente que são mas existe uma certa classe artística que não é focal politicamente e portanto H existe um certo receio de manter a coisa alim morna de nunca aquecer muitas coisas aliás é como as manifestações não é nunca se pode ser muito ah não vamos aqui manter o bom senso e assim pois mas não é com bom senso que se conquistam as coisas Infelizmente o radicalismo em muitas situações foi a única altura em que realmente as coisas viraram o bico prego porque o manter as coisas Mornas é só estar a protelar e digamos estar a adiar a sua resolução e às vezes é preciso atitudes radicais por muito que ela às vezes às vezes tenham leituras erradas dentro da sociedade e muitas vezes têm por exemplo a causa ambiental tem muitas leituras erradas a forma como a Luta ambiental está a ser travada também não digo que esteja sempre bem travada nem toda a gente consegue fazer as coisas nem todos estão a fazer as coisas da melhor forma ou a escolher as melhores as melhores armas para para essa luta para essa causa hh mas isso nem Mas isso não pode ser nunca imputado a quem está a travar quem está a travar essa luta deveria ser protegido nãoo contrário portanto referese por exemplo aos ativistas climáticos que fizeram coisas como fechar a segunda circular que para ti é é algo que faz sentido que tem IMP Claro faz sentido claro que faz sentido faz todo o sentido agora só só só só depois de terem fechado a segunda circular é que se passou a falar ativamente sobre este assunto o assunto foi para a ordem do dia a seguir é isso pronto Depois vieram as pessoas todas ah vieram dis parar o trânsito não não não não não vieram vos fizeram vos parar para fazer pensar um bocadinho mesmo aquelas pessoas que ficaram Ultra violentas e foram arrancar os estudantes de uma forma Ultra agressiva se elas pararem para pensar o que é que é essa atitude na vida delas elas estão metidas numa máquina permanente que as obriga a estar numa numa linha permanente de trânsito o dia todo para ir trabalhar para voltar para casa eles deixaram de ter vida deixaram de viver a vida e esse acordar que esses eh Estudantes estão a fazer nesse momento seria bem mais apreciado se essas pessoas conseguissem parar e olhar para elas próprias eu sei que muitas não o fizeram não vão fazer e muitas ainda me vão criticar de eu estar aqui a defender exatamente os ativistas climáticos Hum eu não acho com isto que acabei de dizer todas as ações foram perfeitas Ou foram bem feitas Ou foram cer isso não existe no ativismo nós vamos sempre errar aliás como na vida é a única forma de aprendermos e vamos aprendendo errando e vamos aprendendo que se calhar para ali já não vai dar mais e então vamos ter que ir para o outro lado mas só batendo com a cabeça na parede muitas vezes é que lá chegamos agora que que esses ativistas climáticos trouxeram para a luz do dia assuntos que infelizmente estavam a enterrar-se cada vez mais outra vez apesar de há uns anos não sei eu quando comecei a acordar para a área da sustentabilidade de uma forma Consciente e ativa Hum eu achava que isto só ia evoluir positivamente não é na minha inocência ainda causa não ia parar que nós não íamos piorar E no entanto só nós só pioramos e portanto ao pior armos e a chegarmos a este extremo que estamos hoje é perfeitamente compreensível que se tenha que fazer este tipo de ações Esse é um tema que enquanto for fofinho digamos assim toda a gente gosta ou seja enquanto for na base do sumo verde do reduzir o desperdício alimentar do yoga da homeopatia que são tudo coisas que que tu gostas e das quais és fã aí tá tudo bem mas quando já m com nosing ativo exato tu criaste inclusivamente um blog que ainda está ativo que se chama I met God she is green com a atriz madalina Brandão que nasce precisamente o vosso Fascino pela natureza e que tem muitos conteúdos sobre estes temas portanto já exploras aqui também a tua ligação com com este tema mas há também um outro tema que também tem muito próximo que é a questão da menstruação eh Tu fizeste fazes parte de um um projeto que se chama todas merecemos que quer contribuir para que a menstruação Deixe de ser uma desvantagem para quem a tem nomeadamente em relação por exemplo à pobreza menstrual e sabemos que que em Portugal duas em cada 10 raparigas já faltaram ou conhecem alguém que já tenha faltado às aulas por não ter possibilidade de adquirir produtos de higiene menstrual eh e enfim e vemos isso todos os dias nas escolas e do do país agora entretanto o governo anunciou que que vai eh colocar produtos eh de higiene menstrual de forma gratuita mas mas a minha questão para ti é a este é mais um dos temas que causa algum desconforto a algum repugnância nas pessoas e também nas mulheres bastante também nas mulheres existe uma relutância enorme em falar sobre a menstruação como se fosse um assunto ai não deixa lá ficar isso sossegado aí dentro da cas penso para ninguém ver como se tivéssemos a enfim começou uma arma perigosa e que não como se não como se se todas não menstruassem não é como se não não houvesse essa questão transversal a todas e e para além disso a menstruação é o início da descoberta do teu corpo e do teu desenvolvimento como mulher e da tua afirmação ou seja e esse início essa descoberta e essa esse descompartilhar sobre a questão do assédio e do empoderamento e tudo mais das mulheres ou seja a partir do momento em que nós dominamos o assunto e em que por exemplo o projeto todas merecemos tem tem estado nos últimos 3 anos a trabalhar em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e a levar o projeto às escolas e vai à escola é esse o nome do projeto fazem ações com os alunos não é explicar o faz ações com as turmas com os rapazes e com as raparigas porque muito ao início surgiu muito essa questão Ah não Isto é só um assunto de mulheres não não é isto é um assunto da sociedade toda e enquanto gnero como exatamente enquanto não for um assunto da sociedade toda vai ser sempre desigual vai haver sempre desigualdade vai haver sempre inacessibilidade vai haver sempre desconhecimento vai haver sempre homens que vão educar filhas e não vão saber sobre o assunto e precisam de o Saber vão ter mãe tiveram mães têm tias têm amigas têm todo um rol de mulheres à volta deles Além de que a menstruação é vida sem a menstruação é Biologia portanto H conhecer a menstruação e felizmente por exemplo eu acho que esse as redes sociais têm milhares de coisas negativas e são aliás um mundo que eu acho que vai acabar por implodir eh porque o ser humano tem esta tendência crónica de levar as coisas ao seu limite e também o está a fazer nas redes sociais mas as redes sociais trouxeram-nos eh uma parcela de acesso e conhecimento a testemunhos vivos de pessoas eh e é uma diversidade gigantesca que isso é que eu é a parte que eu acho mais rica da das redes sociais eu consigo ver uma divers de depoimentos por exemplo na área da menstruação que nos leva a todas nós a procurar identificação se eu achava que era uma pessoa que menstruava de um certo tipo de de de uma certa forma só agora que era normal e depois percebes que que não é que pode ser osa Pode ser outra questão qualquer exatamente todas as questões que agora de repente até vezes testemunhos de mulheres quase a chorarem porque lhes deram um diagnóstico porque elas não estão loucas da cabeça porque elas passaram aprisionadas a uma ideia de que eram impotentes Para para lutar com essa luta não é eh com esse com com essa doença seja ela endometrios seja etc H há esse fator e de de identificação que nos liberta também porque então percebes não calma Isto é um assunto de todas não é E e esse tema é muito relevante das redes sociais também queria ir queria ir aí porque ao mesmo tempo que lá está nos dá muita informação e nos permite ter ter acesso a coisas que antes não conseguiríamos ver de forma tão rápida e de todas as partes do mundo também menos filtrada e menos filtrada apesar de também ter um filtro também tem eh e e pergunto-me um bocado dependente tento Contrariar isso ativamente ou seja ah tento criar regras fá a pressão para estar sempre lá não é estás sempre presente é é assim essa pressão propriamente eu não a sinto eu sinto mais um uma atração infinita por este acesso permanente de testemunhos por esta riqueza de diversidade que aquilo te dá acesso eu sinto mais essa atração do que propriamente a a sensação de ter que dar Ah hello do Viva estou aqui pronto acabo por fazer isso indiretamente mas e se calhar e quem quem me siga nas redes sociais percebe que eu não faço assim tantos conteúdos diretos ou seja próprios porque não nunca achei que aquilo fosse o meu trabalho fazer porque claro que faço alguns naturalmente mas hoje em dia já há muitos trabalhos que são atribuídos com base nas redes sociais não Exatamente são são são infelizmente espero que isso se calhar já me aconteceu se calhar já me aconteceu não ter sido escolhida ou ser escolhida por isso só por não ser não sei mas é uma prática real é uma prática real não não é mentira é uma prática real e que a mim nunca me falaram diretamente e sobre a qual eu nunca fui digamos ord abordada agora sei que ela existe mas eh irei sempre combatê-la ativamente porque o que interessa é a tua capacidade de trabalho e o teu talento a trabalhar não interessa se tens ou não seguidores ou se tens a capacidade até porque os seguidores não são necessariamente consumidores de Cultura não é exatamente muitas vezes nem são propriamente são apenas eh fãs de uma ideia de eh estar ali de longe a ver a vida de uma pessoa quase Aquilo é uma espécie Das covir Antigas não é portanto uma pessoa ter acesso à Vida de outra pessoa eh de uma forma confortável em sua casa eu não gosto muito disso Ou seja eu nãoo não sigo muitos perfis para perceber o que é que se claro que já me cruzei com esses perfis não é e fiquei a ver portanto obviamente também eu já já também sou cos covela na minha vida e todos todos nós temos essa dose eh de que es coveli na vida quem não tem eh H Mas não é isso que me atrai ali digamos Não eu nunca fiquei ali propriamente eh Refém de estar a ver o que é que aquela pessoa faz todos os dias aliás isso cansa-me normalmente eu tenho que bloquear entre aspas alguns perfis que estão permanentemente eh ainda no outro dia alguém falava sobre essa questão das redes sociais com com e e tinha uma certa razão de às vezes os perfis que te parecem muito atrativos de pessoas têm vidas incríveis que estão sempre em Ultra forma física comem sempre Ultra saudável eh e que parecem extremamente atrativos podem ser extremamente nocivos e tóxicos para ti porque podem te estar a a colocar permanentemente numa fasquia que tu não queres ter na tua vida que tu tu não precisas nunca nunca irás conseguir porque as condições são outras o contexto é outro exatamente o teu ponto de partida é diferente e se calhar Aquilo não é real assim aquilo é só uma ideia aquilo é só uma pequena parte do dia aquilo é só uma pequena amostra a vida tem outros tem tem todo um uns 360º para lá que não estão lá e portanto eh nesse aspeto eu acho que as redes sociais é preciso estar ali com equilíbrio eu tento tenho aqueles alarmes ao fim de 45 minutos para me alertar para eu parar de estar no Instagram a partir de uma certa hora o telefone bloqueia-se eh pronto e eu no outro dia até tava irritada que queria ir a uma coisa qualquer e que ele estava tudo bloqueado e eu não não mas agora não posso agora Preciso desbloquear isto que eu tenho que mandar não sei o quê Pronto Há ali um uma luta contigo própria Aquilo é uma luta contigo própria ah mas eu acho que eh existe Tem que existir um equilíbrio e estava estávamos a falar sobre isso até antes Aqui off em off estamos a falar em off eh que se as redes sociais também não forem povoadas eh por pessoas e eh que acreditam nas boas causas que defendem a liberdade vai ficar um antro demasiado minado e não é isso que nós queremos também ou seja também temos que fazer a nossa cota parte de Equilíbrio dentro das redes sociais por muito níveis que elas sejam Eu acho que o mais equilibrado de visitar dentro das redes sociais é evitar de ler demasiado os comentários principalmente das coisas muito genéricas ou seja de coisas muito diretas e pessoais podes ler os comentários porque há muitos comentários até que com os quais aprendes são há uma aprendizagem com os comentários até para tu perceber tes uma perceção de uma parte da opinião pública não vou dizer que é uma não é a perceção da opinião pública porque isso não está lá h e além de que como nós estávamos a dizer apesar de ser um lugar com menos filtros também tem muita filtragem o que chega a ti e isso enerva Ou seja eu gostava mais do Instagram como era ao início era um local mais direto em que tu escolhias quem é que seguias e o que te aparecia no feed era mais aou menos por ordem do que as pessoas que tu seguias publicava e não com esta coisa do algoritmo o algoritmo é algo que me inerva e é mais uma coisa também para ajudar a e e mais e mais para ajudar a Esta área do consumismo Claro precisamente para te enredar nessa rede Joana ainda queria falar contigo sobre dois assuntos um deles tem a ver com um papel que Tu fizeste em 2004 nos Morangos com Açúcar que tu dizes claramente que não gostaste de fazer porquê que tu fazias uma personagem que era uma madrasta má e tu és madrasta na vida real portanto já foste e uma vez madrasta sempre madrasta da filha da Maria do João Reis do teu primeiro casamento foram casados juntos prto é a mesma coisa praticamente exato na realidade é a mesma coisa e agora tens exatamente exat e agora tens um segundo eh enteado com quem passas muito tempo eh e tu não gostaste de fazer a personagem porque tu fazias um papel de uma madrasta que Tu acreditas que não é eh a realidade na maior parte dos casos não é primeiro este papel de de ser madrasta e das famílias que se multiplicam e é um papel que ainda é muito alvo de estigmas e estereótipos não é sim exatamente Ou seja quando eu disse essa frase pronto como sempre fica sempre as coisas ficam sempre um bocadinho descontextualizadas eh eu não gostei de fazer a personagem o que não quer dizer que eu não tenha gostado de fazer o trabalho gostei de fazer o trabalho Gostei da equipa com quem trabalhei conheci gente muito interessante como aliás em todos os trabalhos para mim essa a riqueza e portanto Às vezes as pessoas não separam as coisas ai não odiei fazer não aquela personagem para mim naquela altura da minha vida não me caiu bem não gostei de fazer achei que ela representava um estereótipo com o qual eu não me identificava que aliás deveria ser combatido eh porque nós ainda estávamos nessa época e portanto isso foi há muito tempo há 20 anos exato já nem me lembrava tinha sido há tanto e tu és madrasta naquela altura eu era madrasta naquela altura eh nós ainda vivíamos um bocadinho ali aquela coisa da madrasta amada gata borralheira e tudo mais e da Cinderela e tudo dessas histórias todas ainda permanece essa ideia acho que não ainda permanece essa ideia Claro que sim permanece H E porque eu acho que é uma construção recente ainda na sociedade o ser uma madrasta ou seja e de facto existiam madrastas mais antigas mas a a para já tem que se trocar este nome não é de alguma forma pelo menos na língua portuguesa não é um bom nome eh eu sou muito apologista da língua evolutiva Ou seja eu acho que as coisas devem ir evoluindo e eu acho que nós por exemplo a Catarina fortado utilizar a boad drasta que eu acho que é que é bastante mais simpático e mais e ela é boadrasta do meu filho e é boadrasta do meu filho e mais velho portanto nesse aspeto H gosto dessa abordagem mas o que é que é uma uma uma pessoa que representa este papel e Ou melhor o que é que as pessoas acham que é vamos fazer aquele jogo de O que é que as pessoas acham que é o que é que é na realidade sabes Aquelas imagens Às vezes o que é que as pessoas acham que é ser madrasta boadrasta como como preferes ou e o que é que é na realidade ser sim pra é assim eu acho que existe essa imagem que as pessoas têm que a madrasta é apenas a namorada do pai e que tá lá a sentir bibl aliás é um bocadinho também é um um um papel e também de diminuição do lado feminino de como se a tua intervenção dentro de uma relação se limitasse a seres mulher de pronto e então como tu és a mulher do pai ou então mãe a 100% não é pronto essa é outra também pronto são os tais papéis de género demasiado cavados dentro da sociedade que tão e e não tu não és Não és não só és uma pessoa per si portanto és uma mulher independente que estás por acaso com aquele pai que já tem um filho de outra E vais construir uma nova relação a construção dessa nova relação eh exige muito de uma pessoa exige muito mais do que as pessoas quem é quem tá nesse papel sabe perfeitamente O que é que exige e o que é que não exige e sabe que muitas vezes tens de comprometer eh com com coisas com a tua vida com as quais tu não estarias à espera apenas por estares por uma criança existir nessa relação eh e porque isso envolve até é uma aprendizagem muito grande para o casal muito mais até do que da relação da madrasta entre aspas ou da boad drasta com vamos vamos mudar de vez a palavra boa drasta e com o o filho e por isso eu acho que e também é é uma tensão e um teste ao casal não é é uma tensão é uma eu acho que não tem que ser tensão eu acho que é um teste Sem dúvida nenhuma mas esse teste vai aparecer mais cedo ou mais tarde eu acho que dentro de uma relação as relações e nós crescemos numa época em que felizmente as pessoas conseguem tomar as suas decisões e divorciarem-se e não terem que ficar amarradas a uma relação para a vida toda porque isso não não é benéfico para a cabeça de ninguém mas eu acho que uma relação é uma construção permanente é um Reinventar permanente se tu não estás nesse papel de te Reinventar achas que é tudo dados adquiridos e que já conquistaste o teu lugar isso vai acabar por pesar sobre a relação mais tarde ou mais cedo eh as relações passam todas por altos e baixos e se nós não temos essa capacidade e numa relação com filhos ainda mais sejam eles nossos biológicos ou sejam eles em teados é igual essa relação é igual a diferença está em que nós quando somos boas drastas temos mais fatores a ter em conta nas nossas decisões e temos que ter uma sensibilidade muito mais apurada eh do que quando não somos boad drastas mas isso no fundo até nos aguça digamos a nossa capacidade de Educar e e e eu e eu acho que no meu caso em particular a Maria por exemplo agoume imenso a a a minha capacidade de procurar a melhor educação por exemplo depois para o Kiko que foi o meu primeiro filho biológico foi um teste uma preparação foi não foi uma preparação no bom sentido ou seja ela foi um período de observação aquilo que também nós estávamos a falar acho que foi em of ainda não foi foi estávamos a falar sobre esse lado de que para mim e é super importante um período de observação tu tens que saber observar o mundo à tua volta e saberes observar uma criança é aprender com ela e perceber o que é que ela está a fazer diz o que é que tu podes fazer de alguma forma que pode interferir positivamente eh com a vida dela ou não às vezes a interferência negativa também faz crescer faz doer e faz evoluir nós não nós não vivemos num mundo todo Cor de Rosa esta coisa de Ah não somos todos positivos não não não não não existe isso do mundo positivo existe o mundo real eh existe o mundo em que nós podemos aplicar um padrão positivo à nossa vida eu sou uma pessoa super positiva super otimista sou uma pessoa que encara as coisas quase sempre h de uma forma leve E otimista e não e não gosto de carregar demasiado e também caras assim por exemplo a idade vais fazer 48 anos este ano em outubro também encaro completamente aliás eu acho que T mas há muita pressão à volta sobretudo das mulheres não é quando chega aos 50 anos até antes na verdade sim que é absurda é uma uma pressão completamente absurda e é uma pressão que eu acho que as próprias mulheres também têm que se libertar dela ou seja é o primeiro é o primeiro ponto porque o resto da sociedade vai acabar por se libertar assim que elas se começarem a libertar desse fator não é fácil já andamos nisto há algum tempo já começou digamos assim mais ativamente eh a prime as primeiras libertações podemos dizer que começaram nos anos 20 não é estamos há 100 anos nisto eh antes disso Digamos que eram coisas libertações muito pontuais e muito muito eh rías um río muito muito Pequenino na sociedade mas nos últimos 100 anos que nós andamos nesta nesta luta ativa de nos libertarmos eh ainda vamos ter que continuar ar nesta luta ainda a sociedade oprime permanentemente mas o próprio sistema por exemplo ligado às Artes também puxa uma certa um certo endeusamento da Juventude como sinónimo de beleza e é é difel o papel da atriz aliás é sinónimo disse tudo o que tu estás a dizer e uma atriz antes dos anos 20 era vista como era uma coisa menor era equivalente a uma prostituta portanto era um papel e de de de alguém que não conseguiu fazer nada de jeito na vida eh de alguém que era meia louca não é portanto alguém que se decidia ser criativa E então uma mulher pronto Além de que eram os homens que representavam as mulheres dentro do das peças de teatro eh isso aconteceu durante muito tempo portanto elas nem sequer eram permitidas ser atrizes mas era um papel de loucura não é portanto era um papel associado a um desvio eras tu estavas associada a um eras uma pessoa que estavas desviada da sociedade e com os anos 40 30 com o glamor americano o aparecimento do cinema e tudo mais as mulheres ganharam um papel muito mais comercial não é e por isso de destaque porque há um interesse económico por trás porque senão não estariam nesse papel de destaque infelizmente e portanto desmontar todo esse lado não é fácil é um é uma desmontagem que se vai fazendo ao longo da vida não é de perceber em em que lugar é que nós nos encaixamos mas na realidade H tentar de alguma forma e eh lutar para que haja essa igualdade é também expor estes assuntos no no no dia a dia e pôr as pessoas a pensar sobre isso não é porque é que hoje em dia o papel dos atores passou de isto que eu te estava a dizer não é de alguém que era uma pessoa desviada da sociedade para ser a última coca-cola do deserto não é portanto alguém que de facto toda a gente quer ser toda a gente quer atingir aquele estatuto aquela fama eh equivalente ao que eram os deuses e os reis e no no no no na nas sociedades feudalistas e portanto nessas épocas acontecia esse endeusamento não é dessas as mulheres são eram endeusados dessa forma ou então eram bruxas não é também éramos bruxas e portanto há toda esta evolução da sociedade que tem que se ir começando a desenrolar e mesmo as armadilhas em que nós em que eu já estive e em que eu estou volta e meia eh eu tenho que as saber desmontar Agora eu não posso viver permanentemente em que sen Não tenho não posso viver nesta sociedade não posso aceitar viver se eu aceitei de alguma forma viver dentro da cidade viver dentro de uma sociedade capitalista Consumista etc eu posso lutar contra as coisas que eu acho que estão erradas dentro dessa sociedade e devo devo sempre que devo tentar e E aí também voltamos um bocadinho ao início da nossa conversa que a minha voz seja ativa e tentar manter a minha Independência o máximo possível sento que eu nunca consigo manter a 100% não é nem mesmo comigo próprio às vezes eu conses infuenciar que te vão condicionar de alguma forma e tu nós somos seres que estamos permanentemente sobre influência eh nem que seja hormonal exato e portanto eu acho que essa evolução feminina e no nosso trabalho de atrizes esse esse esse papel de destaque de eh de ser a mulher de sucesso porque uma mulher empoderada que está só empoderada no seu lugar e não e está só complacente com esse seu lugar e não e não não contribui para a sociedade ativamente para desmontar esse papel está também ela a ser uma opressora e ser conivente e a ser conivente e portanto a partir do momento em que não há esse trabalho eh de de tentar desmontar permanentemente trazer mais mulheres para lugares onde elas não existiam por exemplo eu acho maravilhoso eh que agora e sou uma até uma seguidora da da Jéssica Silva jogadora feminina de futebol acho incrível portanto que é elas consigam eu nunca nunca tive jeito nunca foi a minha infelizmente a minha cena Entre Asas faço muitas coisas também não querias fazer S faço coisas a mais faço coisas a mais até distribuo por demasiadas coisas Muitas áreas muitas causas muitas áreas muitas causas mas e acho Fantástico eh porque aquilo é um mundo totalmente masculino era um mundo totalmente masculino e portanto elas conseguirem trazer a voz delas singrar e deixar e deixar-se de olhar para elas como ah são só umas miúdas a jogar futebol por brincadeira não não não não não nós podemos fazer todos os papéis todos os papéis todos para mim não há nenhuma restrição nenhuma restrição em termos dos papéis hh existem mulheres com mais capacidade tal como existem homens mais capacidade para para certos papéis do que outros é exatamente a mesma distribuição o género nunca pode ser ac condicionante e também nós não podemos deixar que o género eh nos tolde a a capacidade de fazer por exemplo esta ideia que muitas vezes nos atiram a mim também às vezes na nas redes sociais Ah vocês diam vir para as obras não sei quê Já fiz obras já fiz cento já fiz tudo isso não isso não é nenhuma limitação essa essa isso também é um papel do opressor e do Oprimido essa coisa Ah não vou ter que contratar alguém para fazer o trabalho sujo o trabalho duro o trabalho pesado e também assim é evidente que se esse trabalho fosse mais distribuído dentro da sociedade ele não era nem tão duro nem tão pesado nem tão feio era mais equilibrado claro que vai sempre mas nem nem o trabalho doméstico seria tão pesado e tão duro para uma para outra parte das da população par pessoas mai as pessoas Joana chegamos ao fim do nosso tempo muito obrigada tinha aqui muito mais temas para falar contigo nomeadamente um último que peço-te uma resposta breve que é sobre o que é que é um bom espetador para ti porque não há nada mais irritante Eu acho E penso do ponto de vista do do ator ou da atriz do que estar num palco por exemplo do teatro e começa uma pessoa a tosir e depois de repente cria-se um ciclo de tosse ou burburinho Portanto o que é que é um bom espectador para ti Olha eu acho que essa questão da tosse não é não é assim tão controlável portanto para mim não é um problema tento abstrair-se de certa forma mas para mim um bom espetador é um espetador que vai predisposto e para receber qualquer coisa e está predisposto para isso não vai nem com ideias pré feitas nem com nós levamos sempre qualquer ideia não é do que é que expectativa não uma expectativa do faz parte da vida mas para mim um bom espectador é uma pessoa que está ali está disposta a receber tá com a sua escuta muito ativa vai estar a observar e e no final tenta fazer uma observação honesta do que viu e é como ser uma boa espectadora da vida também não é contemplar observar eu acho que é igual eu acho que na realidade não vejo muita diferença e normalmente um bom espectador Normalmente também é uma boa pessoa muito obrigada Joana Obrigada Catarina foi um prazer
1 comentário
Gosto das ideias da Joana e da sua luta por uma sociedade mais justa e igualitária. Parabéns ao podcast e há sua apresentadora que deixou a convidada falar sobre os assuntos.