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[Música] Quem Tem Medo de referendos é a pergunta feita por Patrícia Fernandes professora de economia e gestão da Universidade do Minho no artigo que assina hoje no site do Observador é a nossa colonista do dia muito bem-vinda Patrícia hum obrigada pelo convite é um prazer surge este artigo na sequência do referenda à imigração pedido pelo chega a Patrícia reflete sobre o porquê de os movimentos populistas recorrerem este tipo de propostas porque é que os referendos são fonte de polémica e a postura de quem até considera os referendos úteis Mas se a ideia não partir desses movimentos conotados com o populismo Vamos então por partes aqui eh estamos nós vivemos numa democracia representativa e o populismo alimenta-se precisamente da sensação de que os cidadãos deixaram de se sentir representados o mecanismo do referendo serve mais os interesses dos cidadãos ou do próprio Líder populista pois politicamente serve os interesses do líder populista não não é porque ele pode usar isso como ferramenta para tentar fortalecer a sua posição de que ele é o verdadeiro interneto um líder populista afirma-se sempre como aquele que é capaz de interpretar corretamente a vontade da população ao contrário daquilo que os deputados não fazem os do sistema é por isso é que associado ao populismo está sempre uma narrativa muito antisistema a ideia de que os representantes não fazem essa representação eh decidem em em prol dos seus interesses particulares ou de uma certa Elite e não em prol dos interesses da população mas o líder populista vai ser capaz de suprir essa dificuldade e e fazer eh essa ligação direta à à população portanto em termos de projeto política é extremamente útil para movimentos ou partidos populistas mas naturalmente o referendo no seu no seu modelo teórico perfeito foi pensado para servir h o sistema o próprio sistema de democracia representativa na medida em que permite H dar voz eh à população aos cidadãos que nem sempre que numa num sistema democracia eh Liberal ou representativa tenhem uma eh uma uma margem de atuação mais reduzida em termos diretos eh e e ao mesmo tempo permite ao próprio eh à própria eh porque na representação estamos geralmente a falar do do Poder Legislativo mas para Aos aos representantes à Assembleia aqueles que ocupam os órgãos de de soberania poderem respaldar as suas decisões numa no maior consenso Ou pelo menos numa expressão maioritária da população portanto serve eh o o próprio sistema de formas diferentes com Anes tivermos a a analisar eh os referendos causam sempre polémica pelos diferentes entendimentos que existem sobre o alcance da democracia representativa e aquilo que pode ser uma participação mais ativa dos cidadãos sobretudo em matérias de consciência a Patrícia ainda aponta um terceiro argumento que é o antiopa e este argumento pode ser contraproducente H sim judit chama atenção para isso no no artigo é só só para dizer que isto é um artigo com mil e poucas palavras o que significa que eu es eu tive que simplificar um pouco não é ao categorizar no fundo os três grupos no fundo a tentar arranjar um argumento teórico que fosse capaz de demonstrar Qual é o posicionamento desses três grupos portanto em certa como como jito disse IBM em certo sentido há aqueles que acham que a população não deve eh H participar de todo e portanto que as decisões políticas devem caber a representantes e e sobretudo à dinâmica partidária aqueles que entendem que devia haver ainda mais Participação Popular mas não através do referendo e depois no último grupo que era um bocadinho já para inclinar o artigo para para o que está a acontecer com esta proposta do do chega e portanto não é uma perspectiva H teórica trabalhada academicamente mas é mais uma eh uma um posicionamento que é feito em termos eh políticos é aquelas pessoas ou aqueles partidos que às vezes dentro dos próprios partidos Há diferentes entendimentos que entendem que há certas eh eh que se a proposta vier de certo tipo de movimentos ou de certos partidos ou com certas nuances ou sobre certos temas não podem ser aí já não já não é aceitável e por isso é que vemos pessoas que estiveram a favor do referendo e ao aborto ou à regionalização mas já não concordam com este referendo e portanto aí A questão não é o referendo em si não é saber se o referendo é uma boa ferramenta ou não a questão é saber quem é que está a propor o referendo E para quê ou seja se a ideia do referendo à imigração tivesse a proposta por outros partidos digamos do sistema entre aspas o debate poderia aí ser levado a sério ou que lhe pergunto ou dito de outro modo por ser o chega a ter esta ideia e a maneira como faz como uma moeda de troca do orçamento inquina logo à partida uma discussão séria pois isso é a questão que está a levantar Vanessa levanta dois problemas não é porque um por um lado temos a a questão da forma como chega ao fez e aí é que me parece é assim que concluo o artigo aí é que me parece problemático Portanto o tema parece-me absolutamente legítimo a tendo em conta o contexto e Europeu e os últimos anos em Portugal até me parece necessário mas a forma como o chega o coloca eh desta neste modo tem que ser já e tem que ser em troca de uma negociação orçamental e tem que ser nestes termos mina não é impossibilita uma uma discussão que se que se revela pelo menos não me entender que se revela necessária portanto isso é parte do problema agora se o o o o referendo fosse apresentado por outras forças ou por outros contextos se bem que este tema é tão delicado e é um tema é é um tema de típica eh margem populista portanto eh seria difícil imaginar que partidos do sistema convocasse um tema que é tão específico eh desta da Falência ou da quebra de relação eh relativamente à representação seria difícil pensar que h a alguém o pudesse fazer dentro dos partidos a e não antisistema pelo menos mas caso isso acontecesse eh não tenho dúvidas de que h a discussão seria levada noutro sentido o facto de ser eh apresentado pelo cheg é que faz com que haja quase uma resposta pavloviana não é de ser inaceitável e de eh haver uma narrativa errada pronto toda uma série de coisas que também mina a impossibilidade de fazermos diálogos Democráticos com todas as versões e com todas as visões que o próprio pluralismo político H levanta H por causa dessa dessa reação antiopa independentemente dos problemas que se colocam H Aos aos agentes políticos e às sociedades diz precisamente que não é consta que se pode ou que se deve reagir aos movimentos populistas mas exig que sejam capazes de ter responsabilidade política os partidos não não sabem lidar com esta proposta do chega h não acho que os os partidos isso nota-se eh não é só o caso português não é isto é um fenómeno e por isso é que sobretudo os populismos de direita têm vindo a crescer na Europa os Estados Unidos é um um sistema muito muito particular eh mas sobretudo na Europa e vimos ontem em ainda com as eleições eh na Alemanha que há uma dificuldade em lidar com eh com este tipo de movimentos eh em Portugal em particular eu diria que não são só os partidos políticos mas os meios de comunicação as elites culturais têm dificuldade em em saber como reagir e muitas vezes reagem de de de forma Quase instintiva eh e e intestina e e isso também prejudica o o o a discussão porque se estes partidos surgem e se as pessoas votam neles é porque há ali uma semente que que merece ter eh eh analisada que merece compreensão este esforço que na política atual na medida em que nós estamos tão sujeitos a uma pressão de tempo e do imediato e de as notícias a toda a hora impossibilita ou torna muito difícil o exercício de compreensão mas se existe um político um sentio que tem uma uma determinada expressão uma expressão desta forma seja em Portugal seja noutro país europeu Então o que nós devemos tentar fazer é um esforço de compreensão porque é que o porque é que há tantas pessoas a manifestar posições antisistema e E aí H parte do problema tem a ver com isto mas mas até me parece eh judit se ainda tivermos tempo que o PSD tem conseguido lidar nem com a ameaça que o chega poderia estar a a representar portanto dentro daquilo que tem sido que têm sido os problemas demonstrados por pelo atual governo e este não me parece o pior porque de certa forma eh não nega e eu defendi defendi essa essa posição que o PSD devia ter essa posição logo Air às eleições não nega o diálogo não faz o tal eh cordão sanitário absoluto eh até mostra pelo menos e Teoricamente pelo menos ao nível das palavras Interessado ou disponível para dialogar mas depois o que o que tem acontecido por parte do chega e essa é a minha crítica ao Chega Não exatamente a às ideias que que representa Isso é uma outra discussão mas sobretudo a incapacidade do do chega de conseguir ter um uma ação de responsabilidade política e dizer sim Nós realmente representamos estes problemas e esta fr da população por isso vamos tentar resolver os problemas e eu acho que o PSD tem tido sucesso em mostrar que o chega ainda pelo menos vou dizer isto ainda não é capaz de apresentar essas soluções eh responsáveis que queiram realmente resolver os problemas das pessoas que votaram no nesse partido e o presidente da república de algum modo também deu aí uma uma ajuda naquela resposta que deu apresentando números relativos à imigração números concretos é um exemplo dessa responsabilidade política que deve ser exigida também aos partidos eh ehh difícil comentar eh as declarações do do Presidente da República até porque são tantas e tão constantes que que que às vezes é é difícil ter tempo para amadurecer a intenção não me parece que a melhor estratégia para lidar com este problema em concreto seja fazer aquilo que Marcelo rubel de Sousa fez portanto não acho porque e e em particular este tema delicado isto não é só neste tema e por isso é que o populismo também é tão delicado porque os temas que que são o seu cerno o cerno do seu discurso são temas que vão muito para lá dos números geralmente convocam uma outra ou exigem uma uma nova forma de de pensar porquê porque estamos mais num paradigma identitário do que num paradigma liberal e por isso falar usar eh números ou então um argumento muito economicista quando se recorre à questão da Segurança Social geralmente não funciona porque as pessoas sentem este problema de outras formas e sentem no economicamente mas as elites pertencendo a outro grupo económico não compreendem os desafios que a imigração pode colocar aos grupos que estão mais cem baixo uma um bom exercício é eh para ver esta diferença do que é discutir este problema a partir de paradigmas diferentes é ouvir o causa própria de sábado eh que opôs o o o o André Lima a ao Diogo Pacheco de Amorim e nota-se eh perfeitamente esta oposição paradigmática porque por um lado temos o argumento liberal os argumentos liberais da da economia eh e de e da abertura das Fronteiras e depois do outro lado temos um paradigma Liberal um paradigma identitário perdão e e e e na e no fundo no confronto entre estes dois paradigmas é difícil eh que eles eh dialoguem uns com os outros e portanto falar em números e falar em Sensações que são de grupos sociais que não são os afetados pela imigração não resultam nas pessoas que que sentem que são afetados pela imigração portanto aí é todo um outro problema que me parece que o o o o presidente não consegue representar por pertencer a um determinado grupo uhum já que falou Patrícia Fernandes no causa própria o programa das manhãs 360 de fim de semana moderado pelo André Maia Sim já agora também convido aqui os nossos ouvintes a irem escutar Portugal deve fazer um referendo à imigração e a pergunta que está na base deste causa própria e que juntou Como dizia aqui a Patrícia Fernandes Diogo Pacheco Amorin do lado do chega e André Coelho de Lima da parte do PSD está em podcast Patrícia muito obrigada por ter sido a nossa colonista do dia e até à próxima obrigada até a próxima [Música]