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Olá seja bem-vindo a este episódio 270 de e o resto é história com Rui Ramos e João Miguel Tavares há 50 anos no dia 7 de setembro de 1974 ocorreram dois acontecimentos fundamentais que marcaram a descolonização Portuguesa e a independência de Moçambique em primeiro lugar a assinatura dos acordos de lusaca que transferiram a soberania de Moçambique diretamente para as mãos da Fré limo sem convocação de eleições e em segundo lugar a consequente sublevação dos Clones brancos que se revoltaram nesse mesmo dia 7 de setembro de 74 enfrentando simultaneamente o poder da Fré limo e o poder do governo e das Forças Armadas portuguesas essa sublevação ficou conhecida como a revolta do Rádio Clube já que foi aos seus microfones que os revoltosos exigiram eleições Livres em Moçambique e um cito governo de todas as raças não o conseguiram como todos sabemos mas à primeira vista não parece uma reivindicação assim tão despropositada Rui nós temos vindo a acompanhar e o resto da história os momentos mais marcantes do ano da revolução e aqui há mês e meio dedicamos um programa ao discurso de spinol de 27 de julho de 1974 quando anunciou o direito dos territórios ultramarinos a à autodeterminação e à Independência mas como referimos na altura Spinola também prometeu que as autoridades dos novos países iriam Honrar o seu estatuto de nações plurirraciais eh de expressão portuguesa ora isso não aconteceu não é e os termos do acordo lusaka já mostravam que nunca aconteceria e portanto o que eu gostava de saber Rui é o o que é que se passou entre este 27 de julho discurso do spinol e 7 de setembro de 1974 revolta do rádio clube para Portugal perder Aparentemente o controle da situação ao ponto de tantos portugueses de Moçambique se revoltarem eh sim como já dissemos em relação ao discurso spínola de do fim do mês de julho de 1974 H esse discurso e tudo aquilo também que as autoridades eh as novas autoridades revolucionárias tinham dito eh desde o dia 25 de abril de 1974 eh tudo isso tinha deixado eh quase toda a gente à espera que o destino do ultramar fosse eh decidido através de um processo democrático uhum eh através de um debates eleições com vários par com vários partidos políticos a a discutir portanto toda a gente ficou convencido que aquilo que o movimento das Forças Armadas tinha permitido para para Portugal se aplicava à metrópole e ao ultramar também Isto é a todos os territórios sob administração Portuguesa em todos os territórios so administração portuguesa haveria democracia haveria pol partidarismo haveria uma Imprensa Livre haveria eh eleições com a participação de todos e no caso do ultramar de todos os grupos etnicos quer dizer que e habitavam esses territórios e que poderiam participar nesse processo de autodeterminação incluindo os portugueses Claro brancos que que estavam incluindo os os chamados brancos quer dizer que portanto aqueles que assim que que descrevemos aqueles que vieram do do Portugal europeu da metró e que agora estão a residir no no ultramar e que para enquadrar as pessoas nesta altura que nós estamos a falar setembro de 74 ainda não tinham começado a sair em massa tinham começado a ver partidas E isto é gente a regressar à metró Mas isso também havia sempre gente a ir e a vir não é quer dizer a imprensa em Lisboa estava a dar muita importância a isso ao facto das as viagens aéreas estarem a começar a escutarem a partir de quer de Loanda quer de Lourenço Marcos Isto é a atual uma eu agora vou usar o termo Lourenço Marques porque era o nome da da da cidade eh em 1974 nós estamos a falar de comunidades eh europeias eh bastante grandes quer dizer no caso de Moçambique não temos exatamente os números mas deve ser entre 250.000 300 eh 300.000 pessoas portanto é muito grande e sobretudo não é apenas muito grande é gente que está muito concentrada está muito concentrada nas cidades quer dizer por exemplo em Lourenço Marques mais de 100.000 e europeus brancos vivem em Lourenço Marques portanto é São pessoas que na maior parte chegaram nos anos 50 e 60 portanto não estão lá há muito tempo mas mas já estão lá umas décadas nos anos 50 e 60 estão sobretudo estabelecidos no caso de Moçambique nas cidades do sul e do centro portanto Lourenço Marques e beira beira fica mais ou menos a meio de do território de Moçambique portanto é é uma popula são que vive muito longe da Guerra não tinham praticamente contactado com Guerra Não não tem a guerra bem no Norte É uma longa distância do Lourenço Marques quer dizer isso aí aliás dito pel Marcel que de uma maneira curiosa ele diz que eh Lourenço Marques está distante das frentes de guerra que são no norte de Moçambique eh como Lisboa está distante da Polónia quer dizer portanto há uma guerra Na Polónia e e os os brancos vivem em Lisboa quer dizer portanto é é como ver agora uma guerra na Ucrânia e nós estarmos aqui em é assim que se vive nos anos 60 70 em eh Moçambique a maior parte deles em em 19774 não há sondagens de opinião mas há uma espécie de há diplomatas que eh Há jornalistas que falam com as pessoas e e sobretudo os diplomatas tentam dar para por exemplo diplomatas americanos tentam dar para os seus governos alguma eh impressão mais ou menos exata do que se está a passar e eh quer em quer em Angola quer em Moçambique e a ideia é que a maior parte desses portugueses Estão dispostos a ficar qu querem ficar Aliás o primeiro grupo o primeiro movimento político formado por estes brancos em Moçambique chama-se fico e de ficar e depois eles arranjam isto eles preocupam-se primeiro com o nome e depois tentam arranjar digamos frases para quer dizer para descrever o fico quer dizer eh que é fico convivendo ou enfim há uma coisa à frente de de consolidação ocidental coisas mais ou menos imaginais mas é vamos ficar e vamos ficar e é óbvio porque é que eles querem ficar é um território tem alguns problemas e al uns problemas financeiros quer dizer como Moçambique eh mas mas é um é uma economia muito Próspera e sobretudo garante a estes e eh H eh europeus eh vindos do do Portugal Metropolitano um tipo de vida muito superior à aqueles que poderiam que eles poderiam esperar em Portugal portanto é um território com muitas oportunidades de negócios a maior parte deles eh são pequenos empresários estão por conta própria são proprietários quer dizer portanto tem ali uma vida que não era a vida que tinham quando vieram da mas quando tu dizes que eles esperavam querem ficar mas não são ingos ao ponto de achar que conseguiam ficar da mesma forma do que antes da bar nós sabemos isso muito exato para para por exemplo para Angola até temos Fontes não só do até mesmo do dos próprios chamados movimentos de libertação em relação por exemplo ao caso dos brancos de Angola que eles dizem eles Estão dispostos a ar um governo de maioria Negra quer dizer estão conformados com essa ideia aliás isso isso vê-se num caso muito curioso no em Moçambique é o caso do empresário Jorge Jardim que é uma grande uma das grandes figuras de Moçambique um agente político também muito próximo de Salazar e ele em 1972 73 ele próprio portanto um salazarista convence de que a independência é inevitável e não só que a independência é inevitável Mas como é necessário chegar a um acordo com afr limo afr limo portanto é o partido armado que desde os anos 60 combate a administração Portuguesa e reivindica a independência da de Moçambique Portanto ele acha que é preciso chegar a um acordo com ai lim Portanto ele próprio porquê basicamente porque é Jorge Jardim tá consciente que é preciso acabar com a guerra quer dizer ele não não há possibilidade de Moçambique evoluir para a independência em guerra com afr limo porque para isso precisaria Muito provavelmente do foi o militar de Portugal logo não se poderia tornar independente portanto para se tornar independente e precisa de um acordo com a Fré lim e portanto o grande objetivo dele e e talvez a ideia de uma parte é uma partilha de Poder com afre lim Isto é afre lim aceitar o pluripartidarismo Isto é aceitar outras forças políticas e aceitar que eles podem estar também representados em soluções eh de governo e e como é que eles estão convencidos que podem persuadir Aé limo a isso bem eles cons cons eles estão eles pensam bem a Fré liim não deve Com certeza querer comprometer a prosperidade de Moçambique e a prosperidade de Moçambique que isto é da economia de Moçambique Depende de desta população destes 200 ou 300.000 brancos que são na maior parte dos casos e os trabalhadores qualificados os quadros dirigentes os administrativos Isto é toda esta máquina enorme que Eles garantem é importante para uma economia moderna e portanto é do que frelin provavelmente poderia estar interessada em em tê-lo e mantê-los lá e com um acordo certo certo e a população negra estava toda ao lado da Fré liim a população negra não está toda ao lado da Fré liim Isto é outra ideia isto não é uma história de brancos de um lado negros do outro aliás os nem brancos nem negros têm as mesmas opções Há muitos brancos também que estão do lado da frelimo Isto é sobretudo por exemplo jovens universitários eh Que tal como na metrópole também são todos escariz ados nos anos 70 e portanto se identificam e com o afr limo e e do lado dos negros há quem esteja do lado da frim sobretudo no Norte onde há guerra a etnia maconde que desde os anos 60 tinha sido a base da Insurreição eh da frim está muito próxima da frim mas isso por exemplo leva imediatamente no caso do Norte outras outras populações como os macuas que são inimigos tradicionais dos maconda estarem do lado dos Portugueses e estarem portanto Moçambique tem muitas e populações que se extinguem por etnias por por línguas por religiões há animistas há cristãos há muçulmanos Há muitos muçulmanos os muçulmanos tendem a estar do lado dos portugueses estão do lado dos portugueses contra a contra a Frei liim portanto há há há muitas populações a guerra como tinha dito não é generalizada quer dizer a influência de afre limo é muito desigual no território é maior no norte e depois Provavelmente em Lourenço Marques também tem bastantes e apoiantes eh mas há H áreas onde não tem não tem presença nem tem a não tem influência e e e além disso afr lim Teve sempre dividida e ela própria entre opções às vezes pessoais ideológicas Há muitos decident da Fré lindo gente que saiu da frim formou outros partidos ou passou-se para o lado dos Portugueses e o que é que isto quer dizer quer dizer que depois de 25 de abril de 1974 Quando acaba a censura acaba o e constrangimento à atividade política que tinha sido tiddo pelo estado novo e tal como na metrópole na metrópole aparece uma Imprensa Livre muitos partidos a mesma coisa acontece no ultramar acontece em Angola acontece em Moçambique portanto em Moçambique em Angola vse uma proliferação enorme de partidos os jornais deixam de ter censura eh Há muita agitação muitas greves e manifestações portant o o o lado o aspecto que Lourenço Marques ou Loanda tem é é muito reminiscente de de Lisboa e toda essa G quase um mini prec é não são ainda não é ainda não é ainda não é os precs quer dizer mas mas é aquele ambiente de reconquista da liberdade e toda essa gente que está a formar partidos a fundar partidos quer ser ouvida e julga por aquilo que tinham dito as autoridades portuguesas a começar pelo presidente da república desde Maio de 1964 o general spínola que vai haver uma um regime democrático e um um processo democrático também no ultramar portanto todos eles estão convencidos e parece o mais natural eh vão ser visto fora é que vão ter uma palavra a dizer que vão ser contados não é sim mas visto fora parece o mais normal viste dentro não era o que é que se passou os acordos l b o que Apu no no caso do acordo de laka lusaka na Zâmbia a capital da Zâmbia de 7 de setembro de 1974 primeiro é um acordo entre eh negociado entre representantes do governo português e representantes da EF lim com mais ninguém hum e e fora de Moçambique aliás é uma coisa que muitos destes revoltados vão chamar a atenção Isto foi decidido fora de Moçambique Portanto o nosso destino os moçambicanos brancos e negros tiveram o seu destino decidido eh na capital da Zâmbia eh Ora bem o o o que o acordo basicamente significa é a a entrega do governo de Moçambique a Fré liim eh e mais ninguém sem qualquer consulta democrática da população quer dizer e isto eh isto obviamente é a a causa da Revolta a a 7 de setembro quando quando se conhece os termos quando os jornais começam a publicar os termos do acordo é esta quer dizer é é isto agora pode-se dizer o que é que aconteceu não é não não sei que mas ainda antes disso só uma pergunta sim mas isso porque às vezes isto não sei se as pessoas têm noção disso eh a descolonização portuguesa é assumidamente uma descolonização não democrática sim eh quer na Guiné porque o o acordo para a Guiné tinha sido de 26 de agosto de 1974 em Argel a entrega do do país à eh ao pigc ou da entrega da Guiné ao pigc sem qualquer consulta democrática também sim ah e em Luanda mais tarde estão previstas eleições porque há três partidos independentistas armados eh mas eleições em a que só esses partidos é que podem concorrer portanto enfim não é bem ou seja quem não qu é bem tiges não pode não po eh por exemplo há eleições em eh Cabo Verde e são me e prícipe mas mais uma vez com eh listas só do pigc e eh do mlstp que era o também o partido que por acaso não tinha dado aos tiros e ele em cab ver também ninguém tinha dado aos tiros eh mas portanto aí há eleições Mas é com listas únicas quer dizer com listas únicas mas aí manteve-se uma espécie de um eh alguma cosmética democrática digamos assim em Moçambique não quer dizer em Moçambique é um é um país muito grande quer dizer eraum era a colónia portuguesa com mais habitantes com 8 milhões de habitantes com cerca de 8 milhões de habitantes mais do que Angola quer dizer era era um país grande e de repente aquela ideia de complexo com uma sociedade com uma economia muito complexa aliás uma economia curiosamente moderna em relação a outros países africanos não é uma economia de monocultura uma economia muito variada indústria agricultura os portos que são muito importantes na economia de moçambicano uma vez que Moçambique é uma espécie de costa e portanto serve quase de de portos a todos os países amanos do interior desde então Rodésia a Zâmbia e a outros portanto e a própria África do Sul também usa portos moçambicanos tem uma economia complexa tem uma sociedade complexa e culturalmente muito viva intelectualmente muito viva nas cidades e de repente aquela ideia de Vamos ser todos ignorados e vamos ser entregues a frelimo Ok então porquê porque é que isso aconteceu basicamente porque para os portugueses já falamos aqui disso também para os negociadores portugueses em eh setembro de 1974 a prioridade é é acabar com a guerra é acabar com a guerra e retirar as forças armadas Essa é a grande prioridade Ora bem a liim não aceita terminar a guerra eh sem que o poder lhe fosse ent entregue em quaisquer eleições e portanto para acabar com a guerra rapidamente e retirar as forças armadas portuguesas é aceitar os termos da frim quer dizer da entrega do Poder rapidamente sem eleições e com exclusão de todas as outras forças e políticas e porque é que h fre lim ess Por que a fre lim queria isto bem a freé lim queria isto por razões primeiro por razões ideológicas os dirigentes da fre lim a freé lim não tinha começado assim mas em 1974 os seus dirigentes são maioritariamente eh persuadidos das vantagens do Marxismo leninismo são marxistas leninistas e portanto acham que uma ditadura de partido único com a estatização da economia é a melhor solução para Moçambique portanto querem instaurar uma ditadura de partido único e portanto não querem obviamente começar por eleições querem que lhe o que o poder lhe seja entregue portanto Isto são as razões ideológicas e depois há razões práticas Ah que tem a ver precisamente com a descrição que fiz da da Guerra em Moçambique a frima é basicamente um partido tem dirigentes do sul Mas é um partido do Norte portanto não tem presença na maior nem presença nem e tem portanto uma influência muito reduzida na maior parte do território de Moçambique e portanto tem eleições o que é que vai acontecer com eleições eh e portanto não quer eleições quer dizer quer que o poder lhe seja traspassado quer dizer por simples que o governo Português traspasse o governo de Moçambique a Frei limo agora a questão é também saber como é que porque é que a parte portuguesa da parte portuguesa há uma uma disposição tão grande de aceitar estas condições tu estavas a dizer Rui que da parte portuguesa havia gente que apesar de estar e apesar de estar sequer também em Portugal também estava a tentar lutar contra a instar da Democracia Mas enfim apesar em Portugal estamos a avançar para um país democrático e digamos que conviveu bastante bem com uma ditadura marxista L Sim há uma parte da e uma parte do mfa que vem a formar aquilo que se chama a esquerda militar alinhada com o PCP e com a Extrema esquerda que obviamente ideologicamente está se sente próxima da FR liim portanto vê Aé liim quase como correligionários H acha que aé liim através da luta armada adquiriu o direito de governar Moçambique sem quaisquer eleições prévias portanto isso alguns que acham isso há outros que acham mesmo que a ditadura de partido único e a estatização da economia é uma é uma ótima ideia é uma coisa que eles também gostavam de ter em Portugal e agora a maioria provavelmente não tem esta esta persuasão ideológica incluindo espínola obviamente que não tinha CL mas conforma-se com a solução de los por ter chegado à conclusão que não era possível continuar a guerra e em liberdade hum eh e a e a única maneira de acabar a guerra é ceder a afel liim porque senão afrel liim vai continuar a guerra se não lhe entrega o poder desta maneira afrel liim Continuará a guerra e o as forças armadas portugues os comandos os comandos das Forças Armadas portuguesas nesta altura sentem que não têm condições para continuar a guerra em mas tinha passado pouco mais de um mês do discurso de spinol não é sim o o discurso do Spin discurso spinol o discurso o discurso do Spin tinha deixado tudo a aber meu discurso tinha dito que Portugal ia reconhecer o direito à autodeterminação e inclusive à Independência dos territórios ultramarinos não tinha dito como nem quais eram os interlocutores mas tinha pergo Portugal tinha pertido o respeito pelo lado multiracial mas Eles continuam aqui a dizer Aliás a própria Fré limo atenção a própria fé limo continua a dizer o discurso de samar machel o líder da Fré limo nesta altura aliás até no próprio durante o processo do 7 de Setembro a dizer eh nós não não estamos a lutar contra os brancos não estamos a lutar contra os portugueses é contra o colonialismo portanto estejam calmos nós não vamos atacar o os brancos quer dizer a lim também tem este cuidado portanto há aqui uma grande ambiguidade Man tem-se uma grande ambiguidade sobre o que é que se vai passar a seguir depois de se entregar o poder repar reparem entregar o poder à freling como é feito em setembro de 1974 não quer dizer até porque que a frim não venha a fazer eleições depois não sabe quer dizer Portugal fica o que o que está a acontecer é as autoridades portuguesas ficam desres desresponsabilizar uma ditadura de partido único instaura quer fazer eleições com outros partidos faz eleições com outros partidos quer dizer Portugal divorcia se disso quer dizer isto é o o general quando assina o acordo não está a assinar um acordo que diz em Moçambique vai ser instaurada uma ditadura de partido único sem eleições não Moçambique vai ser ent entregue à frente de libertação de Moçambique Hum e a frente de libertação de Moçambique vai governar Moçambique e vai decidir e vai decidir mas se se as pessoas acreditassem nisso não se teriam revoltado no pró clas não acreditam claro que as pessoas não acreditam quer dizer claro que as pessoas sabem o que é que era a freel liim sabem qual era e os documentos que freim publicava aquilo que os programa da freim quer dizer conhecem estudo e portanto tem direito a uma grande dose de ceticismo sobre o que é que a frim pode não não esperaram não é foi no próprio dia foi no próprio dia quer dizer a revolta é muito grande quer dizer a revolta é de uma sociedade cuja expectativa que foi a quem foi criado uma expectativa de democracia e que de repente dizem não afinal vamos vocês não vão ter uma única palavra a dizer vão vão vão ser entregues a um partido que é um partido com que alguns de vocês até têm simpatia mas como muitos não têm eh que não tem presença muito clara no nos sítios onde vocês vivem é uma coisa lá do norte e agora vem daí abaixo e vai tomar conta disto portanto Isto é revoltante não apenas para os brancos mas para muitos líderes negros também que se tinham fundado partidos que se tinham afirmado e que também não aceitam uma coisa dessas portanto H A Revolta H tem o foco depois no rádio no na rádio no rádio clube em L de Marques Mas tudo começa com um cortejo enorme de automóveis aliás logo no dia 6 porque já havia rumores obviamente a imprensa já estava a dizer quais é que iriam ser os termos do acordo mesmo antes dele ser assinado portanto há um grandes cortejos de automóveis com bandeiras a cantar o hino de Portugal eh sobretudo são sobretudo jovens uhum são sobretudo jovens eh e eh vão ocupar no dia 7 sábado nós estamos a falar disto uma revolta de fim de semana portanto uma história de fim de semana ah ao fim da tarde por volta das 5:30 ocupam o e r Rádio Clube Porquê o rádio clube porque é que é este foco do Rádio Clube bem o rádio clube tem um um edifício enorme em Lourenço Marques uma coisa muito distintiva portanto é um e numa numa das praças principais onde está a estátua do monzinho alquer portanto está mesmo ali ao lado e eh eh bem porquê bem há uma questão há uma questão logística está ali mas há também uma outra quer dizer o o rádio clube tal como aconteceu com jornais e rádios também em Portugal e tinha acontecido também no ultramar tinha acabado por ser dominado por jornalistas e por intelectuais que são sobretudo esquerda e portanto tem uma grande simpatia pela Frei limo e portanto eh Há um nas emissões nos últimas meses semanas tinha-se notado cada vez mais o rádio clube a favorecer a freé limo o que tinha irritado todos aqueles que não estavam com AF Fré lim portanto havia uma irritação uma sentimento de que aquilo era uma provocação e portanto estes por exemplo este cortejo de jovens começou a atacar os jornais que estavam também alinhados com a frel liim e claro eh virou-se também para o eh para o rádio clube Isso é uma das razões outra razão obviamente tem a ver com o facto do do a rádio ser o grande meio de comunicação no ultramar onde ainda não há televisão televisão no Portugal Metropolitano não há no ultramar portanto a rádio é o grande meio de comunicação em territórios muito grandes quer dizer com populações muito diferenciadas portanto é é um meio de comunicação importante aliás os meios de comunicação são todos muito importantes nesta altura eh tal como hoje quer dizer não é por acaso que o 25 de abril de 1974 as principais operações é ocupação da da televisão portuguesa ocupação da rádios etc portanto há uma o digamos todos os golpes políticos todos os movimentos políticos passam pela ocupação dos dos meios de comunicação e embora Muito provavelmente esta revolta eh de 67 de Setembro em Lourenço Marques não enfim Há muitos relatos sobre o que é que o que é que o que é que se passou eh mas quase todos eles dão mesmo aqueles que são críticos da Revolta dão ideia que é um movimento bastante espontâneo desorganizado um bocado caótico hh mas o este Foco na rádio É obviamente uma tentativa de amplificar a dimensão do movimento de repente estes revoltosos têm voz em todo o Moçambique Isto é podem-se dirigir a gente na beira portanto a centenas de quilómetros a dirigir a dizer venham para a Rua também contestem protestem nós já estamos a dominar a dominar aqui e o domínio da rádio dá uma ideia de domínio da cidade quer dizer dá um dá uma ideia de controlle pant só brancos não eram só eh não eram só brancos quer dizer Aliás a liderança a liderança do movimento é é uma alança que se acrescenta ao movimento depois do movimento ter começado este estes estes jovens eh eh nesta nestes cortejos de automóveis que circulam pela cidade que ocupam a rádio ocupam o rádio e de repente começam a chegar os dirigentes como dirigentes do quê dirigentes do fico chamado fico um deles é o é um e é alguém com um passado de resistência antis salazarista é velj Gril que tinha sido Líder secretário Geral do PCP em 19 40 quer dizer portanto tinha ido para Moçambique E agora aparece lá aparece também um ex-deputado da ação Nacional Popular portanto da da antiga União um novo nome que Marcelo citan tinha dado à à União Nacional eram Deputado por Moçambique Gonçalo mesquitela de uma família também estabelecida em Moçambique portanto aparece eh aparece gente de muita gente das organizações de Defesa Civil do território dos voluntários sim eh que tinham tido armas agora já tinham menos porque as forças armadas entretanto tinham estado a desarmar os brancos quer dizer tinha começado a desarmar os brancos para evitar precisamente confrontos mas alguns obviamente tinham conseguido manter Algumas armas por exemplo entre eles vem aquele famoso Caçador o Daniel roxo que tinha uma espécie de Milícia para fazer guerra contra a Fré limo Há muitos jovens ex militares também naturais da ou naturais ou ou de famílias estabelecidas em Moçambique que também se juntam e depois há líderes negros que aparecem Isto é muitos muitos líderes negros como por exemplo líderes negros antire Lim eh como Joana Simeão que tinha uma mulher com uma grande vocação política jovem ainda com 30 e tal anos salvo erro eh que se tinha afirmado logo em 1972 73 como uma alternativa a Fré lim que também Funda aliás Funda vário até vários partidos depois de do 25 de abril de 1974 eh o ria siman que era um decidente da Fré liim tinha sido um líder dafre lim tinha saído da FR lim também aparece portanto aparecem também estes líderes não se tratasse bem não é não para afé lim obviamente os brancos são todos coloni estes brancos são todos colonialistas e os eh líderes negos são todos fantoches do colonialismo quer dizer afé Lima recusa-se a reconhecer qualquer estatuto legítimo a eh aos seus adversários ou a quem não está na Fré liim quer dizer para fazer política em mambi que legitimamente tem de estar na Fré liim é tudo fantos fascista colonialista racista e é aquilo que eles dão os nomes que eles imediatamente aplicam e a toda à gente portanto eles durante alguns dias desde o dia 7 até ao dia 10 vão estar no rádio clube em Moçambique no edifício H dominam a rádio eh a rádio o edifício está rodeado com uma multidão gigantesca milhares de pessoas muitos brancos mas também muitos negros aliás V isso nos filmes eh nos filmes feitos na altura nos documentários feitos na na altura h uma manifestação permanente ali à volta até para defender a rádio para evitar que as forças seg so das Forças Armadas retomem a a rádio também há um também há numa onde onde estão as antenas da da rádio do Rádio Clube também há uma multidão a cercar de muitas muitos muitas mulheres muitas jovens muitas crianças precisamente para dissuadir as forças de segurança de atacar o que funciona eh portanto Eles transmitem mensagens fazem discursos a grande mensagem é a ideia de Moçambique é para todos não querem excluir a frind dizem sempre nós estamos dispostos a dialogar com a fé Lima fé lim tem de nos reconhecer admitir que nós também queremos falar com eles somos todos moçambicanos Este é a ideia eh adaptam transmitem muitas músicas da grande la Vila Morena portanto as músicas da revolução passam nas também H adaptam aquele slogam da revolução que será o no caso de lur mar o povo unido jamais será vendido quer dizer porque porque eles sentem-se vendidos já frelimo quer dizer e portanto não querem ser vendidos ocupam também o aeroporto e ocupam curiosamente também o CTT e o CTT é importante porque lhes permite ouvir todas as comunicações das Forças Armadas enfim dos governo e das das autoridades portuguesas para Lisboa e de Lisboa para para Lourenço Marx portanto eles discutam todo e e apercebem-se por exemplo aí das enormes confusão e hesitação das autoridades do governo português queer em Lisboa e das autoridades e portuguesas em dos Comandos militares em Lourenço Marques quer dizer que tem uma grande relutância em avançar contra a população quer dizer porque dizem bem esta gente está toda ali como é que nós O que é que nós fazemos quer dizer atacamos fazemos aqui uma mortandade ou não portanto eles percebem que há ali uma confusão e portanto insistem também foram libertados presos esc pidos isso sim eles assaltam a penitenciária e e e em Lourenço Marcos onde estav gente presa pelas pelas forças de segurança por contestatários ET e estão também agentes da p d GS e toda a gente é Liber quer dizer toda a gente sai da da da prisão da prisão o qual é o grande objetivo deles o grande objetivo deles é é criar em Lorenço Marques uma situação de de perda de controle por parte das autoridades portuguesas que as levem a admitir que afinal o acordo luzaka não é possível aplicar o acordo luzaka portanto Essa é e Ou pelo menos o general Spin dig estão a ver a população está revoltadíssima no ultramar nós não podemos aplicar este acordo lá panto eu não vou assim o o o acordo de láa porque reparem o acordo de luzaga tinha sido assinado pelos negociadores de Portugal e dafre Lino em lusaca mas tinha de ser ainda teria de ser agora homologado isto é por homologado pelo presidente da república em Portugal criassem uma situação que levasse pinnola a a dizer chamar a atenção do governo a dizer nós não podemos quer dizer masin nunca disse tal coisa spinol nunca disse tal coisa isso tem a ver depois com as teorias que há sobre o 7 de Setembro H quem quem quer ha o 7 de Setembro esta revolta de 7 de Setembro como parte uma espécie de conspiração Global contra a deriva esquerdista da revolução em Portugal e que antecipa portanto outros confrontos como o confronto de 28 de setembro depois em em Lisboa e há de facto uma tensão grande entre spino o presidente da república e a esquerda militar que neste momento já domina o governo através do primeiro-ministro Vasco Gonçales através do ministro sem paz també eh maorel anunes portanto eles já estão eh esta esquerda militar está no governo é é tem muitas diferenças em alguma hostilidade eh com o spinol e portanto a ideia é de que bem o 7 de Setembro poderia já estar fazer parte dessa história e de facto de alguma maneira faz porque alguns dirigentes do fico em agosto tinham vindo a Lisboa e tinham falado com o general spinol que lhes tinha dito bem se vocês não estão descontentes faço a alguma coisa eles tinham falado com o general Spin também tinham falado com o Costa Gomes e com um hotel de sarava de cravado que eu Aliás o hotel sará de Carvalho vinha de Moçambique que tinham falado com com eles todos agora durante a revolta Spinola mantém-se calado portanto não diz nada em público eh quando Samara machel logo no dia 7 telefona a spino a dizer o que é que se passa ali então nós assinamos os acordos e agora há aquela revolta seino não sei de nada não sei o que é que se passa em eh Lourenço Marques aliás depois vai mandar já no dia 9 do representantes do Presidente da República Lourenço Marques para ver o que é que se passa realmente portanto é dia no já eh que faz isso mas a verdade é que sein vai eh ratificar o acordo lusaka mesmoo antes e desta acho que no dia 8 de setembro ele ratifica o acordo dos E porque é que o faz muito provavelmente porque percebeu que não havia alternativa al porque a alternativa não é de denunciar o acordo luzaka queria dizer uma coisa por simplesmente a guerra ia recomeçar ia recomeçar com uma grande intensidade e sobretudo quando uma grande parte das Forças Armadas e sobretudo o contingente geral já não estava preparada para a guerra já estava julgada bem isto já acabou vamos agora vamos para a Metrópole estamos todos a encachar as coisas para ir embora e agora de repente não vamos voltar à guerra e isso era muito eh digamos pouco plausível que fosse bem eh aceito portanto spino não os Condena Isto é o governo faz pressão junto spinel para faça um comunicado a dizer condenar a revolta spinel não faz isto mas também não os apoia hum aliás Eles não têm apoios quer dizer por exemplo uma uma Jorge Jardim essa figura chave de uma AL alternativa a também não aparece em loureno Marques di também não aparece está em contactos telefónicos vê o que é que se está a passar mas não não aparece basicamente Ninguém está a ver viabilidade daquilo quer dizer agora nós podemos perguntar-nos Eles teriam tido alguma possibilidade de ganhar havia alguma possibilidade porque eles têm noção das limitações da Fré Lima Fré Lima é um partido do Norte não tem muita gente tem-se talvez 6000 homens 6000 homens em armas mas só 2500 combatentes portanto estão todos no norte não tem possibilidade de vir para o sul de Moçambique portanto se eles conseguissem se os revoltosos o 7 de Setembro conseguissem tomar conta de Lourenço Marques podiam de facto sabotar tornar impossível a aplicação do acordo lusaca que implicava precisamente a entrega do território eh a AFI limo e coloca o estabelecimento de um governo presidido pela AFI limo em em setembro de 74 Eles podiam tentar conseguir fazer is mas o exército português nunca se colocou ao seu lado não porque é que eles não conseguiram bem isso várias razões quer dizer há quem atribua o seu fracasso a causas muito estruturais como por exemplo os brancos e mbic não serem tantos como os e eh os franceses na Argélia os franceses europeus ou de origem europeia na Argélia não estarem há tanto tempo em África como os bowers e da África do Sul nem terem As instituições de autogoverno e dos Ingleses na Rodésia portanto nas colónias por exemplo nas colónias britânicas já são muito governadas pelos próprios colos uhum os puges não t muito no governo quer dizer o governo é o governo durante o Estado Novo osnos São centralizados são de Lisboa e portanto Eles não têm essa a possibilidade de usar instituições de governo para terem influência política portanto estas razões Têm alguma razão de ser mas verdadeiramente a grande razão a razão decisiva é a falta de apoio militar Isto é eles não têm o apoio das Forças Armadas portuguesas ao contrário por exemplo do que aconteceu na Argélia com os sim então conta l o exército não Ader o as o as forças armadas h não vão aderir H Há muitos polícias que se põe ao lado ou que colaboram com a polícia civil portanto que colabora com e com os com colaboram com os revoltosos no dia 7 8 9 mas não os militares durante o entre o portanto entre sábado e segunda-feira eh os dias da Revolta eh os militares as forças armadas em Lourenço Marques mantém-se nos quartéis Aparentemente a vacilar há aqui também razões logísticas eh a guerra é é no norte e portanto há Não Há Forças praticamente Não Há Forças de combate no sul Isto é há militares Mas Não Há Forças de combate forças operacionais portanto as autoridades militares em Lourenço eh Marques também não tem muitos meios à sua disposição Aliás o quartel General não é em loureno de mar é em ampula no norte portanto é onde é o quartel general das Forças Armadas portuguesas a Guerra no Norte quer dizer É Uma Guerra no Norte portanto é um não há uma guerra no sul portanto não há poucos meios no sul para acudir a esta e situação portanto não há nenhuma força militar que ataa os revoltosos há umas tentativas de chegar mas mas com recu e e imediato mas também nenhuma se lhe junta e porquê os militares portugueses sobretudo os militares e oriundos da Metrópole do contingente militar Metropolitano que obviamente era a maior parte dos oficiais a maior parte dos comandantes são metropolitanos HUM H eles querem sair de Moçambique querem subir embora quer dizer e acham que a guerra acabou quer dizer e estão e estão e olham para a revolta como um problema gravíssimo que pode prolongar e que pode prolongar a guerra portanto eles h a relação deles Aliás com a população Branca não era muito boa das Forças Armadas porquê Porque a população Branca durante muito tempo não tinha estado poupada à guerra portanto não tinha tiddo com cois cont fos com a guerra quea lá distante a Fré liima entretanto no princípio de 1974 tinha conseguido infiltrar uns pequenos grupos no centro do território e tinham chegado portanto a zonas de povoação Branca em Janeiro na beira tinha no na região da Beira tinha um fazendeiro branco tinha sido morto assassinado e pela Frei lim e isso tinha levado a população branca da Beira a revoltar-se contra as forças armadas Isto é a acusar as forças armadas de não estarem a cumprir o seu papel tinha criado um péssimo ambiente entre as forças armadas e sobretudo Os oficiais e a h a população europeia estabelecida em Moçambique portanto não há em 1974 aquela solidariedade que na Argélia entre 1958 e 1968 port na Argélia francesa há entre a população de origem europeia e as forças armadas francesas que levam que uma parte das Forças Armadas francesas se coloca ao lado dos Colonos com enfim daqueles motins de dar Argel portanto isso não se passa em eh Moçambique nem em Angola aliás quer dizer as forças armadas tratam os comandos das Forças Armadas e claro aqueles aqueles que estão com simpatia com o movimento das Forças Armadas com mfa ainda mais tratam Os Clones como um problema quer dizer não é um problema precisam deos conter não estão do lado deles acham que eles podem ser um problema podem levar ao prolong da Guerra aliás é por isso que as forças armadas nos meses anteriores tinham estado tão empenhadas em desarmar Os Clones Isto é desarmar a população Branca precisamente para lhes tirar recursos para fazer para as quaisquer aventuras aventuras Armadas portanto Esta é uma coisa gravíssima logo quer dizer para eles a partir do momento em que não t as forças armadas e ou uma parte das Forças Armadas não tomam partir deles eles de repente são apenas uma multidão desarmada eles aliás têm muito poucas armas eh desarmada que está ali a ocupar a fazer barulho através da Rádio mas Pouco Mais depois eles não têm apoio internacional eles também estão à espera que há que há portanto no entre os Estados africanos vizinhos de Moçambique estão a Rodésia que tem um governo Branco sim mas a África do Sul não apoia e a África do Sul e a África do Sul também não apoia e sobretudo a África do Sul não apoia e a África do Sul não apoia porquê porque o governo da África do Sul em 1974 está muito interessado em ter boas relações com a restante África independente e está mesmo a fazer pressão sobre o governo branco da Rodésia para o governo branco da Rodésia negociar com os movimentos negros que os que o contestam esse governo branco da Rodésia e portanto não quero obviamente nenhuma situação rodei em Moçambique quer dizer está a tentar acabar com uma não quer criar outra portanto não quer um regime branco em Moçambique eh que dependa do seu apoio e que contribua para o isolamento internacional da África do Sul a Prior da África do Sul é acabar com o seu isolamento internacional portanto quer resolver o problema da redesia e não quer criar um problema em Moçambique mas sobretudo a África do Sul não tem não tem muito receio da Fré liim iso é uma uma coisa curiosa Porque depois vai ter problemas com a Fré liim mais tarde mas em 74 não porque porque Eles olham para o governo sul-africano olha para Moçambique como um um um território economicamente dependente da África do Sul isto é uma grande parte da economia moçambicana assenta nos portos esses portos servem a economia sul-africana há uma parte importante de centenas de milhares de trabalhadores moçambicanos que trabalham nas minas da África do Sul portanto eles o governo sul-africano acha que Aim apesar das suas ideologias marxista leninista quando estiverem poderem em Lourenço Marcos vai perceber que está num país dependente economicamente da África do Sul e portanto vai se tornar sensata e vai e vai ser e pode estabelecer uma ditadura de partido único estatizar lá o que quiser eh oprimir o que quiser mas vai se relacionar bem com a África do Sul quer dizer porque não tem o governo Sul African Ach Eles não têm outra não tê outra alternativa Além de que aquela ideia de que bem eles são radicais agora mas depois vão-se moderar quando estiverem no poder que é aquelas coisas que as pessoas julgam sempre quando em relação a em relação a movimentos eh mais violentes Ah não isto eles estão na oposição mas agora quando estiverem responsabilidades de governo vão-se aperceber disso portanto Essa é a visão da África do Sul é é por exemp também a visão do governo britânico governo britânico acha S os os enfim afre liim sim tem lá uns jovens todos marxistas leninistas mas isso é são estudantes eles agora Quando chegarem Len Mares vão se tornar todos sensatos e estadistas e e e portanto esta portanto Eles não estão absolutamente nada o ponto é que não estão absolutamente nada interessado em criar ali uma situação porque porque é que el estão O que é que eles estão a imaginar bem aquilo er uma coisa terrível para toda a gente quer dizer isto é o e se de repente em Lourenço Marques se pudesse emergir um poder alternativo baseado na população branca que não quera frim e na população negra que também que não quera Fré Lima O que é que acontecia quer dizer as forças armadas portuguesas iam defender esse esse novo situação ou iam deixar a Fré lim atacá-los quer dizer e a mesma coisa a África do Sul iam deixar iam deixá-los atacar melhor é não acontecer portanto eles não tinham um apoio Militar dos portugueses também não tinham apoio Inter e depois tem um problema em Lourenço Marques Hum E esse problema tem a ver com a divers a enorme diversidade da cidade e das população da cidade a cidade tinha aumentado tamban nos anos 60 e no princípio dos anos 70 imenso tinha havido muita população negra quer dizer branca de vinda da Europa mas também ne vinda de outas partes de Moçambique que se tinha concentrado na cidade e a população Branca está na zona maioritariamente na zona chamada da cidade do cimento cidade com construções de tipo europeu e a maior parte da população negra está na chamado caniço que é uma espécie de para usar uma expressão eh mais europeia bairro da lata quer dizer um enorme bairro da lata que digamos circunda Moçambique port ess bairros da lata eram para frelimo não eram quer dizer havia gente da frelimo nesses bairros da lata havia também muita gente que ficou impressionada nesses bairros da lata pela súbita aparência de quebra de autoridade repar o que aquilo que acontece no fim neste fim de semana e a partir de sábado 7 de Setembro a ideia de que ninguém mande em Lourenço Marques quer dizer as forças armadas estão nos quartéis a polícia está a colaborar com os revoltados há uma revolta o as autoridades portuguesas perderam o controle da cidade e portanto isso e e perderam o controle para toda a gente quer dizer perderam o controle para os revoltosos que estão com o rádio clube mas perderam o controle também para estes grandes bairros onde há militantes de frim que com alguma colaboração das Forças Armadas portuguesas que entretanto também entram em contacto com a fre Lima e já vamos explicar Qual foi a lógica dessa colaboração de repente dizem bem mas então Isto é para toda a gente quer dizer toda a gente se pode revoltar aqui e e nós podemos revoltar noos atacar as lojas saquear vingar noos portanto podemos fazer o que quisermos porque é que há uma Há alguma colaboração alguma tolerância das das forças dos Comandos de alguns comandos das Forças Armadas porque relção a esta sublevação porque precisamente percebe-se rapidamente que a melhor maneira de dominar a a revolta do rádio clube sem sem precisar de atacar os revoltosos é criar um problema é deixar criar um problema de ordem e de segurança que levem os que lev os que levem os próprios revoltosos a admitir que é necessário um restabelecimento da ordem pelas Forças Armadas E é isso que acontece quer dizer acontece a partir do eh de domingo eh na segunda-feira há grandes contam manifestações organizadas no chamado caniço portanto nessas bairros da lata que avançam sobre a cidade de cimento ou que se diz que vão avançar sobre a cidade de cimento Porque isto é tudo também há há o que acontece e depois há os imensos rumores e especulações e boatos que acabam por ser tão importantes para perceber esta história como os factos portanto a ideia de que de repente as população do do canice está a avançar sobre a cidade de cimento e portanto aquilo que se diz a mensagem agora para os revoltosos do Rádio Clube é bem Vocês estão aí organizaram uma revolta e agora vão ser atacados por Este Mar imenso população revoltada e portanto e desistam permitam às Forças Armadas retomar o controle e e e nós restabelecemos aqui a paz Qual foi o nível de violência nesses TRS Dias H quem fal Em centenas de mortos eh Há quem fal em dezenas Nós não sabemos exatamente não se sabe exatamente Eh Ou pelz eu não vi eh enfim talvez agora entretanto haj algum estudo que eu não conheça mas não sabe exatamente quantas pessoas é que morreram eh o aquilo que se faz é no momento cria-se a ideia que há matanças enormes e que está a matar-se imensa gente que as população negra do caniz está a atacar a cidade branca e que está a matar os brancos todos ou que os brancos estão a atacar o caniço e estão a matar gente lá portanto é isso é esses os Batos que se criam e isso obviamente serve para dar uma razão adicional aos revoltosos para desistirem porque a outra razão a razão verdadeir é que eles estão isolados quer dizer não t apoio nem das Forças Armadas nem naáfrica do Sul portanto não estão a ir a lado nenhum o presidente spinol já homologou o e o acordo com de lusaca com a com afr lim não não manifestou nenhum apoio não lhes manifestou nenhum apoio portanto e agora temos essa esta outra razão que é esta enorme desordem que se criou em loureno Marques e que apenas diz-se que poderá ser eh terminada com eh a entrega da situação às Forças Armadas e também à frel lim cafel im estará disposta a colaborar na segurança e é isso que acontece é o tem é isso que acontece eh o há uma há uma as forças armadas acabam por tomar conta da da da da situação eh Há um representante da freia limo que vai ao rádio clube e que dá uma espécie consta uma palavra de ordem eh para acabarem as manifestações Com base no caniço portanto para não para acabar e que é o o o galo amanheceu portanto era a palavra que tinha sido combinada com com os apoiantes da Fré limo em na nessas zonas portanto é isso que faz E é isso que acaba o depois o enfim depois há relatos vários quer dizer as forças armadas e portuguesas também dão uma espécie de 24 horas àquela gente que esteve implicada no 7 de Setembro para fugir Quer dizer vocês podem escapar-se quer dizer escapar-se em princípio para África do Sul porque fica ali relativamente perto portanto podem escaparse nós não vamos prender ninguém durante 24 horas e só depois é que vamos começar à procura eh dos responsáveis Portanto vocês podem sair todos e de facto entre os cabecilhas não há naquele no dia eh a partir do dia 10 10 de setembro quando não há a e prisões quer dizer enfim há prisões depois mas naquele momento as pessoas podem os mais implicados quase todos podem escapar quer dizer mas esses escaparam para a África do Sul Mas a questão é que depois os portugueses os colonos brancos escaparam para Portugal Continental bem Este é o sinal quer dizer o aquilo não foi apenas a não é a revolta do 7 de setembro é a ideia bem nós vamos ficar vamos ser entregues há eh um governo de marxistas leninistas que vai estatizar a economia portanto que vai nos tirar as nossas fazendas as nossas fábricas as nossas lojas que vamos perder isso tudo portanto de repente Esse é o horizonte que começa a ser criado a estes empresários e pequeno pequenos empresários portugueses em Moçambique portanto muitos deles começam a a pensar bem nós não vão ter futuro aqui mas sobretudo também aquelas desordem que foi criada eh e no domingo e na segunda-feira quer dizer 9 8 9 10 eh de Setembro em Lourenço Marcos dhes também a ideia de bem Isto vai se repetir quer dizer e aliás até se repete no dia 21 de outubro de 1974 há outra vez um ataque do caniço contra a a cidade de cimento a Aparentemente a Fré lim não está envolvida portanto é de Lin quentos aliás AF limo depois trata dos reprimir e de prender uma série de bandidos quer dizer que com delinquência comum quer dizer que que existia naquela naquela zona portanto e há ideia de bem Isto vai ser uma desordem e começa é o eis emassa quer dizer o e emassa é sobretudo também pelos termos repito do acordo luzac o acordo luzac uma das coisas que não previa que era gravíssimo também não era apenas entregar o território à AFI limo não dizia absolutamente nada sobre o que é que ia acontecer aos e brancos que iam ficar em Moçambique e que não eram naturais de Moçambique Isto é aparentemente não lhes dava o direito de optar pela nacionalidade moçambicana portanto eles iam ficar estrangeiros lá e e com estrangeiros portanto com muito menos direitos do que os locais e portanto isso foi outra coisa também que digamos impressionou a população europeia que ainda tinha relação com Portugal e e começa a aí um êxito um êxito maciço quer dizer aí já são dezenas centenas de milh dezenas de milhares a sair todos os meses a irem-se embora isso vai chocar o mfa Os oficiais da esquerda militar quer dizer a indiferença total da frelin pela saída dos portugueses quer dizer e e porquê Porque a frelin quer mesmo tomar o poder em Moçambique e vê a comunidade e europeia como um um obstáculo a essa tomada do Poder porquê Porque Claro eles imaginam que repressão sobre as populações negras Não incomoda ninguém no mundo quer dizer eh toda a gente já está habituada que a África é de ditaduras e portanto e claro uma uma grande comunidade Branca em Moçambique seria sempre um limite ao poder da Fré lim até porque atacando e isso iria causar problemas internacionais e portanto eles querem que saiam sim e os quadros os famosos quadros eles julgam que não faz mal porque depois virão cooperadores cooperantes dos de cuba da União Soviética das outras ditaduras comunistas e que suam os portugueses e portanto não há problema nenhum e os portugueses irem-se embora portanto eles estão completamente indiferentes a tragédia de facto maior não é apenas para quer dizer não é dos brancos os brancos fogem perdem tudo enfim é uma grande tragédia Mas o pior é obviamente para aqueles negros que não se identificavam com Aim e que ficam em Moçambique esses é o que tem o pior destino são presos eh são metidos em campos de concentração Aim cria campos de concentração para meter esta gente toda e os líders e os líders principais como Joana Simeão por exemplo é são assassinatos são presos e são assassinados nos depois torturados etc são assassinados neste campos de concentração Aliás a repressão depois a instauração de um sistema totalitário pela Fré Lima a partir de 1900 e 75 a independência em Julho vão criar as condições para o para o começo do movimento de resistência eh que nos anos 80 vai pôr Moçambique a férreo e foco Vai ser uma guerra civil com uma dimensão que a guerra nos anos 60 contra os portugueses não tinha tido quer dizer er mesmo uma guerra enorme ren da Renam é uma escala completamente diferente quer dizer afim perde completamente do contol do território fica reduzida e às cidades e para terem uma ideia do que é que se estava a passar finalmente nos anos 90 depois da queda do muro de Berlim depois daquelas rapazes da frim terem desistido das suas ideias marxistas leninistas há eleições há eleições pluripartidários em Moçambique 1994 quase 20 anos depois da Independência a que concorrem 10 partidos políticos portanto há um pluralismo Isto é muito importante há um pluralismo na socied moçambicana mesmo sem os brancos é uma sociedade plural com muitas opções com muitos pontos de vista a liim tem 44% dos votos portanto ganha as eleições mas a rename tem 38% dos votos quer dizer Portanto o país está dividido quer dizer e e muito provavelmente este pluralismo não devia ser recente este pluralismo Já devia existir em 1974 em 1975 mas foi ignorado e foi ignorado porque as autoridades portuguesas em 1974 o que queriam era acabar a guerra e queriam se ir embora quer dizer e portanto não ignoraram apenas os brancos Mas ignoraram esta pluralidade da própria sociedade eh moçambicana eh que foi deixada a um regime que contra o qual obviamente reagiu reagiu com a revolta do 7 de setembro de 1974 e Lourenço Marc e depois e reagiu com todas as outras revoltas e movimentos de resistência que claro afé limo atribuiu sempre à à África do Sul e à Rodésia quer dizer a Fré lim nunca quis reconhecer eh esta pluralidade política portanto dizia sempre que era uma coisa do exterior aliás usando curiosamente os termos com que Portugal também tinha tratado a Fré liim quer dizer isto é como organização terrorista apoiada pela União Soviética e pela China que não tinha importância nenhuma em Moçambique eles vão dizer o mesmo da da Renam uma organização terrorista apoiada pela África do Sul portanto vão usar exatamente os mesmos o os mesmos termos a verdade é esta em 1974 quer pelo ambiente ideológico da época que era muito favorável a estas soluções esquerdistas e marxistas leninistas quer pelo pela eh pressa pela urgência dos Comandos das Forças Armadas em acabarem uma guerra com que eles sentiam já não ter condições eh para continuar a verdade é que se entregou um país eh a uma experiência de ditadura Que destruiu economicamente socialmente e politicamente durante décadas muito bem bom e assim termina esta edição de e o resto da história Nós voltamos para a semana até lá
3 comentários
Está-se a esquecer os brancos nascidos em Moçambique e Angola, que já era muita gente. Os brancos não eram só pessoas vindas da metrópole, havia já muitos brancos nascidos no Ultramar.
Peor do que as convulsões do 07Set1974 ( um sábado ), foram as agitações de 21Out1974 ( uma segunda – feira ) em Lourenço Marques, dia em que foram barbaramente assassinados pelos negros ,cerca de 50 portugueses, só porque eram brancos.
❤