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[Música] é o Capelão Nacional da liga de Bombeiros portugueses Cardeal América guiar muito bem-vindo ao direto ao assunto muito boa tarde e obrigado pelo convite têm sido dias difíceis para o país sete vítimas Mortais nos incêndios que tê assolado Portugal três civis quatro bombeiros dezenas de feridos estamos a a gravar esta entrevista há poucas horas de Dom América guiar presidir às cerimónias fúnebres de um dos Bombeiros que perderam a vida no combate às chamas e nessa viagem que fez até ao norte que pensamentos é que lhe ocorreram à medida que se ia cruzando com a cortina de fumo ora em primeiro lugar queria aproveitar esta oportunidade para homenagearmos aqui na antena do Observador homenagearmos todos aqueles que deram a sua vida por Portugal e pelos portugueses Neste contexto da luta contra os incêndios lembrar os que partiram lembrar as suas famílias as corporações mesmo os civis que também pareceram a termos a todos presentes e respeitarmos e homenagearmos todos e cada um depois os mais de penso cerca de 6.000 homens e mulheres estão no terreno dos Bombeiros da Proteção Civil das forças de segurança homenagear a todos porque isto é uma luta desigual e todos todos todos somos poucos para vencer esta luta contra os incêndios a viagem foi de facto eh difícil e dura Porque quanto mais me aproximava no norte mais o cinza o cinza e o cheiro queimado eh tomava conta da do cenário e mesmo do odor eh que se respirava e a memória principalmente da aflição que as imagens nos transmitem das populações cercadas pelo fogo dos idosos abandonados enfim de tudo aquilo que nós queremos e desejamos e fazemos para Salv dar e para defender mas que por vezes é humanamente impossível chegar a todos com a urgência e a rapidez que merecem porque os meios são limitados as o número de pessoas também e por vezes há cidadãos que não vem correspondida a sua aflição e a sua urgência com aquilo que é a nossa capacidade no terreno de corresponder às aflições de cada um e compreendemos que todos tenhem pressa todos têm urgência todos estão Aflitos e Agradecemos muito a quem está no terreno a capacidade de se desmultiplicador de um bombeiro de alguém que morre ao serviço eh do país é uma despedida Com contornos diferentes tendo em conta que envolve toda uma corporação uma classe profissional até a comunidade sim e o país eu estou convencido que sempre que temos estas notícias e eu fiquei profundamente marcado em 2013 salvo o erro quando faleceram vários os bombeiros e de um modo especial eu era o Capelão do Hospital da perelada no porto e um deles o Daniel Falcão que faleceu no serviço de Queimados da perlada E desde aí que me marca profundamente Aliás foi daí que nasceu esta relação com a Liga dos Bombeiros portugueses eh de de nós conhecermos o rosto e conhecermos a família e conhecermos a Corporação e conhecermos a localidade isto amarra totalmente às alegrias e às tristezas e Choramos Juntos e fazemos festas juntos e somos capazes de entender aquilo que é um tesouro né uma riqueza eh que o país tem naquilo que é a rede dos bombeiros em todo o país os milhares de homens e mulheres que se dedicam que se entregam e entregam com a possibilidade de dar a sua própria vida o lema dos Bombeiros é vida por vida e eu lamento muito que às vezes nós e eu nós eu portugueses Ficamos muito abalados e muito sensibilizados nestes momentos dos incêndios e das mortes mas depois Passamos o ano inteiro um bocadinho despreocupados e acho que eh seja nos incêndios seja em tantas outras temáticas em que eh damos atenção privilegiada digamos ao Prime time daquilo que são os acontecimentos neste caso os incêndios é época de incêndios mas depois eh esquecemo-nos do que temos que fazer e eu aproveito esta circunstância para eh nos enfim sensibilizarmos a todos que quanto mais investirmos e quanto mais trabalharmos na prevenção mais as a época de fogos será fácil de combater e de acompanhar mesmo com as alterações climáticas mesmo com o abandono da floresta mesmo com a problemática do costume do ordenamento do território quanto mais formos capazes de prevenir menos os fogos nos afetarão assim desta maneira tão dramática e já vamos querer também ouvi-lo sobre essa questão da da prevenção e das das políticas públicas Mas voltando aqui ainda a esta hora de perda São muitos os sentimentos que nos assaltam em momentos como este incluindo por vezes sentimentos de revolta O que é que lhe têm transmitido familiares outros bombeiros vizinhos a comunidade Sim eu lembro agora estes últimos militares a GNR que morreram no acidente de helicóptero eh um sentimento de de uma perda profunda e de uma de uma de uma de uma revolta Total daqueles jovens militares que sonhavam ser militares e que foram para a GNR e que nunca na vida pensaram que um acidente de helicóptero no contexto de de um ataque a fogo eh seria a circunstância da morte de cada um deles e nós temos que que valorizar muito valorizar muitíssimo o sofrimento destas famílias e destas comunidades eu sei que amanhã e para a semana já passou já passou para a maioria de nós mas não passa para estas famílias e não passa para estas corporações nem para estas comunidades e por isso é que falava aí nessas aflições não correspondidas ex porque é assim eh nós podemos e e faça-se eh enfim um agradecimento e um sublinhado à aquilo que tem sido o comportamento do estado e dos órgãos do Estado naquilo que significa acelerar as questões das das das indemnizações e do acompanhamento das pessoas tudo isso nos últimos anos tem evoluído de maneira a ser célere mas nada substitui as pessoas como todos entendemos e nós temos que e valorizar muitíssimo e eu sublinho isto outra vez os bombeiros portugueses esta rede de todo o território de homens e mulheres voluntários que perante um toque de emergência se disponibilizam para ir para o terreno para condições adversas defender pessoas defender património defender a floresta é qualquer coisa que não tem valor e que nós devemos valorizar cada vez mais e reconhecer isso em gestos como agora acontecem por exemplo eu ontem eh a Liga dos bombeiros e a cartas portuguesa tiveram a conversar porque por exemplo as redes começaram a divulgar pedidos de apoio para os bombeiros águas Barras alimentícias E tantas outras coisas de um momento para outro o problema deixou de ser não ter os produtos os alimentos Mas passou a ser gerir a quantidade a quantidade que imediatamente os portugueses disponibilizaram para ajudar Ora nós somos somos um povo extraordinário e magnífico e solidário mas às vezes falta-nos uma certa enfim organização e logística de maneira a que as coisas sejam mais permanentes no tempo e que não re a nossa reação não seja pontual perante os momentos de maior aflição e dor como aqueles que estamos a viver nestes dias estou convencido Que nestes dias todos os portugueses estamos convencidos e somos unanimemente h convencidos a que os bombeiros e a Proteção Civil e a floresta que é preciso fazermos alguma coisa para que a época de incêndios não seja sempre trágica e não seja sempre tão aflitiva mas depois passa como diz o povo passa o dia e passa a Romaria hum do do ponto de vista prático é possível uma articulação com os paróquias para que haja acompanhamento das pessoas no local eu eu pergunto isto também para saber se eh estes padres que estão eh integrados nestas comunidades têm outra forma de ajudar eh sim porque o o mas e absolutamente e nós a realidade os nossos bombeiros é muito diferente no território ou seja nós temos corporações de Bombeiros que tem o Capelão que o padre o pároco o padre local é também Capelão da corporação de Bombeiros e temos muitos outros onde formalmente isso não acontece mas há uma relação próxima Porque nós não podemos esquecer que por exemplo a corporação de Oliveirinha a corporação de séa infesta a corporação de mesão frio a corporação de Miranda do d e tantas e tantas outras eh nós estamos a falar daquilo que é a base da nossa geografia a paróquia a freguesia em que todos somos amigos conhecidos e familiares em que há uma rede há uma rede muito enfim ancestral daquilo que significa o apoio e o acompanhamento e o conhecimento Aliás não deve ser para nós surpresa que por exemplo estes malogrados bombeiros de Oliveirinha eh são quase da mesma família ou têm ligações familiares próximas ora isto é a realidade do nosso território é o Portugal profundo é assim que as coisas acontecem e os sacerdotes os párocos os priores ou abades mediante a terminologia no terreno têm esta proximidade normalmente isso acontece nas corporações que eu vou encontrando e no territória Há dias fui visitar um ferido açoito H na guarda já na fronteira com Espanha e lá tive o encontro com a Corporação Visitei o bom bom beiro ferido e testemunhei aquilo que é a proximidade e amizade e apoio do páo e da comunidade local aos seus bombeiros isto acontece replica-se quase genericamente em todo o nosso território Ainda bem Damos graças a Deus por isso e tem dado por si a América guiar a regressar a 2017 por estes dias tem aqui encontrado semelhanças como é que enquanto cidadão sente que sente que os políticos aprenderam com essas lições de 2017 dos grandes fos há muito confesso-vos que quando nestas notícias todas e nesta asas imagens o que me arrepia são sempre as imagens das autoestradas porque o que me ficou de traumático foram aquelas ordens e aquelas aqu aquele beco sem saída que aqueles carros todos acabaram por ter e aquelas pessoas perderam a sua vida naquele contexto que infelizmente todos sabemos ou temos consciência disso e sempre que vi H dias vi à notícias as as estradas cortadas autoestrada cortada ou desvio não sei para onde filas de quilómetros de carros confesso que o que me assustou mais foi essa memória de todos tentarem fazer o melhor e a certa altura ser um beco sem saída para que as pessoas se pudessem escapar Graças a Deus que desta vez nada aconteceu agora eh vamos ver uma coisa uma coisa que me doi nestes dias e nestas semanas todos os anos é Neste contexto e nestes dias começarem a aparecer os comentadores os especialistas de tudo e mais alguma coisa em volta dos sendos e a colocar em causa as logísticas e as hierarquias e os comandos e eu acho que estes dias e estas horas não são disso estes dias e estas horas são única exclusivamente de vencer o inimigo o inimigo é o fogo agora essas conversas das logísticas dos profissionalismos e das capacidades e das equipas isso é esse discurso e essa avaliação é para se fazer antes ou depois da época de incêndios não é durante a época de incêndios que vamos estar aqui a tirar uns aos outros ou a a reconhecer ou a tirar o tapete ou causar dificuldade seja a quem for isso é uma falta de respeito Total pelos quase 6.000 homens e mulheres que estão no terreno da Proteção Civil dos Bombeiros das polícias das Forças Armadas aá bocadinho eu vi que chegou uma equipa da Espanha de apoio dos aviões que vieram da Espanha da França da Itália não sei se já chegaram os Marrocos eh portanto são horas de darmos as mãos e vencermos o fogo agora há qualquer coisa que temos que fazer eu não sei se soubesse dizia e pedia que que fizessem é nós não podemos ou não deveríamos andar todos os anos no verão com a expressão como diz o povo com o credo na boca ou seja já sabemos que chega ao verão chegam as temperaturas altas chega a humidade chega ao vento e depois há aqui uma coisa que temos que é o é o o elefante no meio da sala aqui é há uma percentagem muitíssimo significativa e grave de fogo p e portanto há qualquer coisa que temos que fazer que eu não sei confesso eu ontem ouvi o senhor primeiro ministro falar de de uma comissão ou do grupo de trabalho do Ministério da Justiça com a procuradoria com as polícias com a investigação de facto seja por doença mental seja por crime de maldade seja pelo que seja é preciso tomarmos andamos aqui há décadas a ter consciência que o fogo posto é uma percentagem muito significativa daquilo que são os incêndios nos últimos dias mais de uma centena de ignições só durante a noite e madrugada exatamente eu Há dias ouvi um presidente de câmara peço desculpa não me lembro qual era a dizer que lá numa zona industrial em sítios diferentes quase programados que começam as ignições quer seja isto isto temos que fazer alguma coisa nãoé temos obrig Obrigatoriamente fazer alguma coisa não Andaremos sempre fitos nesta altura e depois enfim depois ten outra questão que é assim eh a famosa ordenação da floresta e do território Uhum eu quando destes anos de preparação da jornada modal da Juventude percorri todo o país e dou graças a Deus por isso e há muito Portugal profundo que foi abandonado que a floresta foi abandonada que não tem habitantes ou os habitantes que tenhem já não vivem da Agricultura nem fisicamente nem pela sua idade tenhem possibilidade de viver da agricultura e digamos que temos aqui um desafio como país como nação que é como tratar da manutenção da floresta como tratar da organização da floresta eh para que isto não suceda porque senão Obrigatoriamente vai suceder todos os anos ou alternadamente de um ano ou no outro nós não podemos estar eternamente eu Há dias ouvi alguém dizer que aquela coisa do cadastro das propriedades florestais estava para ser concluído ora o cadastro ou falar do cadastro há décadas que ou falar no assunto e nós temos muita dificuldade e depois a lei e as regras por exemplo dizer às pessoas que tenm que tratar da limpeza em volta da sua casa 50 m de Floresta É fácil dizer e é fácil fazer uma lei Mas não é fácil concretizar eu tenho conhecimento direto de pessoas ponto um que não encontraram quem o fizesse não encontraram profissionais para contratar para fazer isso depois há outros que não t dinheiro para poder corresponder a isso e depois chega à altura do incêndio e não há que se lhe faça Ou seja é Um Desafio que temos que assumir todos o estado as autarquias os privados e temos que passar por cima daquele pequeno grande pormenor que significa a questão da propriedade privada mas também quando olhamos para aquilo que é a propriedade do Estado também dizem que não é propriamente o maior cumpridor das regras do ordenamento e da limpeza da floresta também deixa a desejar Dom América Aguiar não podemos deixar de abordar nesta entrevista o esfaqueamento que ocorreu ontem em terça-feira numa escola naas ambuja como é que recebeu esta notícia sim olha fiquei muito surpreendido e preocupado pois tenho pessoas amigas que vivem lá imediatamente Telefonei para uma dessas pessoas para tentar enfim saber diretamente o que possa ter acontecido ora isto é um é muito grave não é nós estávamos habituados Eh sei lá se é assim que eu devo dizer bem nós somos acostumamos dizer que somos de brandos costumes acho que é assim que estamos Somos um povo de brandos costumes e começamos a assistir e comportamentos e a e a e a Atos que o que denam esta esta esta circunstância e estamos a ha ver aqui um jovem um jovem segundo dizem de 12 anos que no intervalo da escola vai a casa e traz um colete antibala e traz uma faca e faz o que fez isto parece-me que é muita ficção científica é Muita confusão na cabeça e no coração e é muito é a fragilidade daquilo que porventura andamos a fazer na escola andamos a fazer como pais e como famílias na educação não sei dizer porque é qualquer coisa que como é que é possível no coração de um jovem de 12 anos surgir e a preparação ou não de um ato de tamanha violência e de tamanho horror para uma pequenina comunidade como mais ambuja seja ela onde for tem tem de haver algum tipo de intervenção mais estrutural eu e vamos ver uma coisa h eu preocupa-me que dá uns anos para cá eu estive eu fui plão da misericórdia do Porto e lembro que a certa altura ficamos todos um bocadinhos perplexos quando houve o desmantelar da rede de saúde mental houve um certo desmantelar da rede que existia e a opção foi que foi criar outro tipo de respostas e eu vejo que eh depois estes casos nós acabamos por quando os acompanhamos que normalmente acontece e depois não queremos saber mas depois acabamos por descobrir ou acaba-se por concluir que o jovem ou aquela pessoa tinha sinais e foi desenvolvendo sinais de algo algum desequilíbrio ou de alguma questão eh enfim da sua formação e da sua da sua vida e da sua saúde eh nós temos que acompanhar cada jovem e cada miúdo Ou seja a nossa escola eh nas nossas escolas nós temos que acompanhar e ser mais atentos àquilo que é a vida e que é o comportamento destes jovens porque é infelizmente eh na vida lufa-lufa e acelerada das famílias os Miúdos saem de manhã os Miúdos regressam a casa os pais porventura nem os veem ou vem de manhã havia alguém que me dizia que durante muitos anos Só via o filho de pijama porque de manhã saía de pijama para o a creche e à noite via o de pijama para o deitar representativos da sociedade atual sim Exatamente exatamente e portanto há aqui um desacompanhar a coração e assim eu não conheço o jovem não sei a história mas eh a risco a concluir que este jovem certamente foi dando sinais no seu comportamento no seu dia a dia de que alguma coisa não estaria bem no seu coração e no seu pensamento que levou a ter um ato enfim de de trágico e violento que que que não nunca pensaríamos que da parte de um jovem pudesse ter essa iniciativa mas isto infelizmente vamos sendo assaltados por estas notícias noutras geografias não é e ficamos surpreendidos que este país de brandos costumes Pelos vistos também já vai começando est in notícias Com contornos inéditos agora também também em Portugal e também este flagelo de novo flagelo dos incêndios muito obrigada Dom América Guar por ter vind Obrigado e bom trabalho a todos e a nossa homenagem aos mais 5000 que estão no terreno a combater os incos [Música] obrigada l