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António Correia de Campos foi presidente do conselho económico e social ministro da saúde duas vezes emnos socialistas é das vozes que defendem que a margem do PS para chumbar o orçamento da Ad é curta muito bem-vindo à rádio observador muito obrigada por ter aceitado o nosso convite Boa tarde e obrigado vamos diretos ao assunto à boleia desta declaração do secretário Geral do PS que permita-me vamos aqui ouvir vamos ouvir Pedro Nuno Santos é muito importante que todos os militantes nomeadamente aqueles que TM acesso ao espaço mediático que vocês não tenhem tenham o sentido de responsabilidade e dever de pertencerem a um partido terem consciência que pertencem a esse partido que não são comentadores como os outros o combate é difícil mas o PS só estará à altura dele se cada um assumir as responsabilidades de unir e intervir mos a uma só voz publicamente o que lhe pergunto António Correia de Campos é se vai acatar este apelo do líder do PS para uma voz única no que toca o orçamento do estado ou se fica como António Vieira da Silva que à rádio observador disse que está estupefacto com Tais declarações É claro é evidente que é uma declaração muito infeliz e do do secretário-geral do do meu partido muito infeliz porque é uma declaração pública este tipo de declarações nunca podem ser públicas pode ser em circuito fechado aos militantes agora nunca pode ser uma declaração pública passa por todos os leitores ou ouvintes como uma crítica como uma crítica dura e uma é e criticar as nossas tropas ou ameaçar as nossas tropas antes Silas antes do combate não leva não as leva a combater melhor e portanto eu acho isto um erro um erro clamoroso é semelhante ao erro do de de análogo do Dr Passos Coelho de criticar os mídia fora do tempo não é quer dizer eu acho que são são políticos muito qualificados muito bons do ponto de vista muito bem preparados mas ainda muito jovens e cometem estes erros a meu ver grosseiros não é e do seu ponto de vista porque é que porque é que Pedro Nuno Santos que enfim hoje em dia é secretário-geral do partido socialista mas preparou-se durante muitos anos tem grande experiência política eh H eh neste momento faz um erro destes O que é que o que é que o leva a fazer um erro destes é imaturidade é a emoção naturalmente não fica satisfeito e não não foi capaz de conter a sua emoção é só isso esse é um problema que que que acha que Pedro nundo Santos tem para além desta questão em concreto po prejudicá-lo todos temos esse problema e eu também sofri muito nunca tive responsabilidades ao nível das atuais de Pedro Nuno Santos mas mas também tive cometi muitos erros agora um político tem que se preparar e tem que ter nervos da se costuma dizer e portanto precisa de de se calar e se e de de poupar a palavra de usar a palavra com conta peso e medida isto era uma declaração útil necessária porventura para ser dita dentro no âmbito interno do partido socialista e mesmo que depois viesse cá para fora e que eh houvesse fugas de informação que tivessem referido mas isso agora esta declaração pública eu acho que isto é um é é digamos uma agressão ao livre pensamento dentro do partido socialista e essa é só emoção ou há mais do que emoção também eventualmente Há algum sinal de de insegurança pode ser interpretado Dessa forma não não ainda ainda por cima Suponho que houve alguém responsável do partido socialista que declarou que iriam fazer todos os possíveis por por não não violar as regras orçamentais não é e não ultrapassar os limites orçamentais quem afirma isto não vai querer naturalmente lutar contra o orçamento não vai não vai e querer que o vencimento que o orçamento seja derrotado isto é uma confissão uma declaração de que o orçamento vai ser utilizado portanto há aqui simant acha que há uma contradição neste momento nas declarações públicas e naquilo que parece ser uma hesitação eh do secretário-geral do partido socialista eh eh em relação ao que deve fazer tendo chegado ao ponto de negociá-la que chegou com com com o governo e é um orçamento que muitos dizem que poderia ser um orçamento de António Costa já agora também lhe pergunto isso Acha que podia é o ponto negocial foi muito avançado tinhamos eh eu eu pessoalmente por exemplo não me importava nada que o irc tivesse decido Mais um ponto mas mas reconheço que o PSD fez um grande esforço negocial e fez um esforço de aproximação e não apenas de aproximação mas também um esforço de inteligência de de aproveitar o que B havia nos nas nas propostas socialistas do PS e Portanto acho que essa esse avanço eh não não dificilmente pode justificar uma recusa do orçamento eu penso que no No íntimo os dirigentes do as pessoas que dentro do meu partido tomam têm o processo decisório não vão não vão eh inviabilizar o orçamento não pensam em inviabilizar o orçamento É por isso é é que se torna ainda um pouco mais estranho isto quer dizer não vão inviabilizar como prova dizendo que não querem ultrapassar o os limites de Bruxelas e aquilo que está consentido portanto quer dizer se não querem ultrapassar é porque Vão viabilizar mas há há um receio e enfim que nunca foi dito eh eh com todas as letras mas que se que vários membros da direção do partido e o próprio Pedro Nuno Santos eh terá confessado enfim ou terá e tido parte nas suas conversas que é o receio de que o partido socialista ao viabilizar este orçamento fique depois coartado a na sua tarefa de liderança da oposição e não podemos aqui esquecer que há um outro protagonista eh muito barulhento pelo menos em toda esta história que é o chega e não é não é esse o problema essencial o problema essencial é eh é colar-se de tal forma haver a perceção de que se cola de tal forma o PSD que eh fica deixa o terreno opositor totalmente livre deixaria o terreno opositor Total livre para o chiga bom esse é um argumento respeitável temos que per ISO mas há um risco é naturalmente mas temos mas há muitas outras formas de de sem inviabilizar o orçamento se manter a oposição Aliás o orçamento tem tanto ponto que pode ser discutido na especialidade e onde o partido socialista e os partidos da oposição podem ob ganho de causa nas votações de especialidade e agora já sabemos dentro dos limites da tolerância orçamental que não que não não não faz Grande sentido a a a questão de à partida se andarmos ainda exitantes sobre Vamos env inviabilizar ou não E se no limite o orçamento do Estado for chumbado pelo partido socialista Ant vê que o PS possa ser penalizado naas zorn é evidente isso é um truísmo não é toda gente toda a gente o tem dito não é a menos que haja que haja depois um cataclismo tão grande e erros tão grandes do do próprio governo que que que que que realmente eh contrabalança em esse essa decisão mas é eu acho que ninguém compreenderá uma uma impossibilidade a inviabilização do orçamento pelo partido socialista atenção e isso só só para terminar este ponto e acha que nessa circunstância o partido Eh aí sim ficará dividido eh e poderá ter problemas internos não sei o os eu não eh os partidos têm um uma mecânica e uma dinâmica de movimentação interna que muitas vezes é inesperada e e é não é linear não é quer dizer qualquer pessoa qualquer psicólogo corrente seria tentado a dizer que sim à sua responder que sim à sua pergunta mas o Mundo M muda muito de repente e pode haver muitos outros acontecimentos que que que impeçam essa Linea idade comportamental portanto eu é impossível prever ainda o que se possa vir o que possa vir a acontecer agora racionalmente com todos os elementos de que se dispõe hoje não parece ser muito acertado que o PS inviabilize o orçamento olhando agora aqui para para a saúde António Correia de Campos a saúde é a sua área por Excelência este orçamento prevê um aumento de 9% na despesa três novos hospitais rastreios de proximidade mais parcerias com o setor privado pergunto-lhe se se é um bom orçamento ou se há medidas que lhe causam aqui preocupação é impossível ainda dizer se é um bom orçamento é é preciso analisar o orçamento o orçamento tem 300 e não sei quantas páginas É necessário analisar isso com cuidado mas do que já viam nesta área da saúde daquilo que eu já vi há uma há uma atenção há um aumento de 9% em relação àquilo que o governo considera ser a execução orçamental deste ano está por provar está por provar que a base que que a base da da contagem dos 9% seja aquilo que está no orçamento do ano passado quer dizer ou aquilo que o governo chama as expectativas de execução orçamental deste ano porque na saúde há sempre surpresas saúde há sempre surpresas e é perfeitamente Não será nada surpreendente que no fim do ano haja haja contas por pagar e problemas para resolver e que portanto esses 99% não seja 99% seja um 4 ou 5% é sempre possível não é nós nem o governo sabe hoje não é eu não o sei mas o governo também não o sabe hoje porque as contas surgem muitas vezes só no primeiro trimestre do próximo ano as contas finais e portanto e as a lista do do daquilo que se deve surge muitas vezes nessa altura só e portanto eh não é não é esse esta a questão básica do orçamento tem outras matérias agora tem um conjunto de tem uma cultura geral de privatização por exemplo vou dar um exemplo muito simples quando se quando se apresenta como avanço para satisfazer as empresas e para digamos assim para compensar eventualmente a baixa de apenas 1% do irc quando se apresenta isso a dedução aumentar a dedução do do irc para as empresas que financiem ou os seus trabalhadores para comprar seguros de sa Ou seja que que que pratiquem uma remuneração indireta isso é simultaneamente injusto e simultaneamente uma uma contradição com a parangon que está no início do capítulo da Saúde de que o Governo está aqui para defender alteran o serviço Nacional de saúde é totalmente contraditório tudo aquilo que se faça ou que se dê para alimentar o mercado do seguro de saúde todos o sabemos infelizmente nos últimos anos ou meses todos sabemos que o que o setor que o que as os meios de que o país dispõe são escassos os meios Recursos Humanos de oferta e e que portanto a oferta vai desviar-se para onde lhe paguem melhor portanto os médicos os enfermeiros no auge da sua capacidade produtiva nas 40 entre os 40 e os 55 anos continuarão a migrar para o setor privado porque lhes paga muito melhor e os seguros privados certamente eh beneficiarão disso portanto e quem como é que o senhor faria para resolver essa equação eh uma vez que se também percebemos que serviço Nacional de saúde tá permite uma expressão arrebentar pelas costuras agora vem o inverno e provavelmente se calhar também há um des emprevisto não não está a rebentar pelas costuras é preciso termos termos algum cuidado com as palavras quer dizer o serviço Nacional de saúde continua a ser a única e exclusiva e a efetiva e efetivo recurso de 75% da população é evidente que há 25% que tem outras alternativas não é que tem tem possibilidade de adquirir seguros de adquirir ou Seguros ou sobretudo de pagar diretamente os os seus cuidados de saúde eh muitos de nós aqui nesta sala com certeza já recorreram a isso Eh mas para 75% da dos portugueses o serviço Nacional de saúde é o único recurso e portanto esse útimo único recurso tem que ser defendido até ao fim Aliás não estou a dizer nada que não esteja nas proclamações do governo deste Governo dos anteriores há não sei quantos décadas que todos proclamamos com mais ou menos retórica mas quase sempre sem grande eh sem grande resultado prática o meio termo razoável aqui Ah o meio-termo é é é ter inteligência de criar de de modernizar o serviço Nacional de saúde instituindo mecanismos de retribuição por desempenho como se fez com as unidades de saúde familiar como se pretende fazer com centos de responsabilidade integrada integrando os cuidados aproximando mais mais os cuidados primários dos cuidados diferenciados desenvolvendo os cuidados primários a o máximo Porque quanto mais se desenvolver os cuidados primários menos quer dizer menos necessidade haverá de transferir os doentes para o internamento e agora um novo problema que é um novo relativamente novo nas últimas décadas que é o da o da do envelhecimento da população e esse envelhecimento tem que ser também integrado numa rede era isso um pouco que o anterior governo Estava a fazer não estava a fazer eh de uma forma muito estudada não não tinha nenhuns documentos técnicos preparados e estavam pensaram que porventura que isto tudo seria e de chofre e e reformas feitas rapidamente poderiam dar ter bom resultado não tive não t não tver bom resultado primeiro porque não esse essa equipe não se Manteve no governo por uma razão ou por outra não interessa agora analisar essas razões mas não se mantiveram no governo e por outro lado porque e as reformas mas estavam um pouco consolidadas e portanto e e e neste momento o atual governo direi mesmo que tem muitas dificuldades em em encontrar o seu caminho é aquilo que se que se pode deduzir de das informações que vê a público tem muitas dificuldades em encontrar o seu caminho e em em recuperar uma linha de rumo não é deixa-me só eh perguntar ainda em matéria de saúde como é que olha para o regresso das ppps que o governo anunciou e penso que estão também de alguma forma contidas no orçamento desculpe fui eu que lancei uma revolução do conselho de ministros com mas por isso lhe pergunto porque também foi o seu partido que acabou com elas não é sim acabou com elas mais uma vez sem grande justificação pelo meu ponto de vista sem grande justificação e com resultados infelizmente quase imediatos resultados negativos isso isso é é muito lamentável portanto eu não não tenho nenhuma objeção em relação às à construção dos estabelecimentos com ppps na altura já a decisão de que o hospital de todos os santos aqui assim na zona oriental de Lisboa fosse construída apenas com ppp de financiamento da construção e não incluindo a direção Clínica Isso foi uma decisão Pinto Lopes viagens damos novos mundos a peço desculpa António Correa de Campos o meu computador ganhou aqui vida mas pode pode continuar portanto essa essa essa decisão de P do do hospital de todos os santos ser ser uma uma ppp só para a construção foi tomada no meu tempo e e porque queríamos também experimentar a outra modalidade não é tal como na altura eu defendi as as parcerias público ou privadas e as unidades saúde familiares modelo C ou melhor e tentei até que num bairro que se tinha recém construído em Lisboa que era o o bairro da da da Expo as as todas Todas aquelas imensas habitações da da Expo que chamei até convidei até pessoas do setor privado a criarem um centro uma unidade de saúde familiar de modelo Sila não se interessaram por isso e agora elas ressurgem como uma arma ideológica eu acho que são basicamente uma arma ideológica eh em Lisboa são pode ser necessário no porto tenho as maiores dúvidas o porto da população está toda coberta por unidades familiares modelo b e portanto não havia necessidade nenhuma no porto est para criar e vai-se ver ou eu me engano muito posso enganar-me naturalmente não tenho dons divinatórios mas eh Mas tenho quase a certeza que no porto não vai não não será necessário e portanto isso será um uma um investimento redundante em Lisboa talvez em Lisboa não di que não mas eu não não faria assim Faria de outra forma mas enfim não interessa acho que entrar em pormenores não vale a pena é só mesmo para terminarmos o senhor lança depois de amanhã quarta-feira o livro Memórias dois do Pântano à além do ministro da saúde foi presidente do conselho económico e social temo que o país volte a entrar num Pântano embora num contexto por motivos diferentes não os pântanos são sempre diferentes até podemos entrar num Pântano Seco não é mas não vai não vai agora Ases as alterações climáticas é que são sempre e que são cada vez mais frequentes e e sempre imprevisíveis mas esta apresentação é é um momento que me que me honra muito sobretudo pel pela pela qualidade dos apresentadores que são a d lin no belza e o professor Vital Moreira e pela qualidade das pessoas que vão certamente assistir e e portanto é é uma matéria e este livro é retraçao século deste século do Século XX e é uma é um fresco deste século e é um fresco muito interessante Porque durante este período houve três governos socialistas e dois do PSD ou dois quase três se se contarmos o de agora e portanto a é um momento é um é um fresco sobre como governar o centro e e como é que se governou ao centro em em pesadas crises como não foi só a pandemia mas foi sobretudo a crise anterior e a crise do do do doe subprime logo em 2008 e portanto isso e e e e como não não governamos sozinhos nem podemos governar também traz a Europa a reboque esse livro é muito importante porque histoia toda a nossa todo o nosso relacionamento com a Europa ao longo destes 20 anos na na nos aspectos económicos e e nos aspectos da da articulação europeia é num certo sentido também um louvor a a à à forma de governar ao centro ou um um não é um bem não é provavelmente um louvor é um registo é um registo do que se fez e não se fez na governação ao centro eu não tenho vergonha nenhuma de ter participado em governos que governaram ao centro mas mas tem alguma mágoa por que deveriam ter aconte certeza muitas que evidente que governar é sempre errar também não é não se não se acerta sempre e há sempre mágoas daquilo que não se conseguiu fazer ou daquilo que se fez errado mas também há coisas que de que me orgulho muito António Correia de Campos muito obrigada por ter vindo ao direto ao assunto da Rádio observador antigo ministro da saúde ex-presidente do Conselho económico e social que lança depois de amanhã este livro no palácio galveias memórias dois do Pântano à pandemia JA