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quase 2 milhões de pessoas vivem com menos de 600 € por mês em Portugal a taxa de risco de pobreza subiu pela primeira vez em 7 anos são dados da Pata conhecidos esta quinta-feira a colonista do dia da Rádio observador quer chamar a atenção também em particular para a pobreza entre as mulheres Ana Sofia branco é assistente social na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e é também coordenadora da equipa de acolhimento dos requerentes de asilo e recolocados muito bem-vinda eh Obrigada boa tarde dar apenas nota que estou convosco eh na qualidade de investigador em política social embora naturalmente Exerça funções numa instituição de grande prestígio não estou neste momento a representar essa instituição e antes de olharmos com mais PR menor para o seu artigo e tendo em conta que este estudo da Pata vem mostrar que 17% da população vive abaixo do Limiar da pobreza e que a subida gritante de preços da Habitação está a agravar o problema gostaríamos de perceber pela sua experiência e apesar de dizer que está aqui na qualidade de investigadora mas se pudesse diz-nos pela sua experiência enquanto assistente social que retrato é que nos consegue fazer do que V no terreno e dos pedidos de ajuda que que chegam à Santa Casa h eu não posso como expressei posso falar enquanto investigadora e naquilo que são os dados e aquilo que tem sido a realidade e aquilo que motivou também a redação deste meu artigo e e dar nota e e chamar a atenção para aquilo que é a pobreza no feminino e portanto o que nós assistimos e o relatório mais recente eh eh o relatório Global das desigualdades de género de 2024 diz-nos que vão levar 134 anos para alcançarmos a paridade de género h para repar em diferentes áreas aqui eh da dimensão da da das mulheres naquilo que é a sua presença eh no mercado laboral eh sabemos que a pobreza afeta mais as mulheres e particularmente mulheres acima dos 75 anos e porque é que isto acontece acontece porque de modo geral as mulheres enfrentam maior risco de pobreza ao longo das suas vidas recebem salários inferiores aos homens tem uma maior probabilidade de ter empregos mais mal pagos e precários rompem muitas vezes temporariamente as suas carreiras para assumir a responsabilidade de cuidar de filhos ou de outras pessoas estas situações de disparidade que ocorrem ao longo da vida acabam efetivamente por resultar em disparidades salariais em maiores dependências do ponto de vista financeiro e agravando assim um maior risco de pobreza particularmente depois eh na idade idosa com 75 anos quando recebem depois pensões que são sempre muito abaixo de aquilo e que refletem aquilo que foi a sua carreira contributiva ora analisando aqui o risco de pobreza sabemos que a pobreza afeta tanto homens como mulheres de igual forma a questão é que todo o percurso e toda a trajetória das mulheres tem aqui algumas desvantagens que acabei eh de enumerar que depois têm este reflexo eh nas mulheres a partir dos 75 anos com rendimentos muito mais baixos na velhi e e normalmente ampliando aquilo que são aqui eh as vulnerabilidades que estas mulheres podem vir a a a viver hh as mulheres não têm participado no mercado de trabalho eh ou participam no mercado de trabalho com menos frequência que os homens e e tendem por isso a ter pensões mais baixas h e o que é que aqui nós também verificamos é que as mulheres acabam por Viver sozinhas eh a partir da idade idosa e isso também se reflete naquilo que são os seus rendimentos eh disponíveis eh gostava também de destacar aqui alguns dados e aquilo que tem sido a perspectiva da União Europeia numa estratégia para a igualdade de género hh e essa estratégia diz-nos que 33% das mulheres não é foram vítimas de violência física e ou sexual e 22% das Mulheres foram vítimas de violência familiar eh portanto há aqui eh números que nos devem preocupar e que preocupam substancialmente a União Europeia que tem desenvolvido estratégias para a igualdade de género eh eh e que neste momento estão em renovação até e 2030 eh o estudo da porata é de 2022 eh eh só incide sobre Portugal h no seu artigo invoca dados de 2023 a nível europeu onde as mulheres continuam a ser afetadas de forma desproporcional pela pobreza e pelo risco de exclusão eh eh com 22% nas mulheres estrangeiras a percentagem sobe para mais de 40% H esta Esta é uma realidade que tem notado no terreno é uma realidade que no estudo que desenvolvi eh no meu doutoramento estava claro portanto as mulheres eh somam muito mais vulnerabilidades e e falo no artigo naquilo que é o conceito da interseccionalidade e portanto normalmente se olharmos para uma mulher migrante com uma deficiência a pode ser vítima de discriminação com base nestes três motivos portanto uma mulher migrante isolada em território tem muito mais dificuldades numa integração e pode e é mais suscetível devida ser vítima aqui de episódios de violência até de se envolver em relações eh afetivas eh tóxicas e de abuso como é que se consegue explicar olhando para a perspectiva europeia que Portugal seja o país eh seja o quarto país mais desigual da União eh consegue-se explicar não só por aquilo que também é robustez do nosso estado social consegue-se explicar também por aquilo que foi a implementação do estado social em Portugal não podemos esquecer que o estado social em Portugal eh é implementado tardiamente já quando todos os países na Europa TM um estado social eh com políticas bastante robustas nós tardiamente tivemos Saímos de uma ditadura e é quando saímos da ditadura que se implementa o estado social portanto já na na década de 1970 pós 1975 ora isso teve reflexos naquilo que foi a implementação eh de algumas áreas com particularmente desenvolvemos muito e de forma eh aprofundada aquilo que foi o estado social na saúde mas as questões da Habitação e as questões da pensão eh e dos regimes da Segurança Social foram implementados mais ento em Portugal Talvez isso explique porque é que eh não conseguimos acompanhar e temos essa decalagem faço aquilo que são os restantes países europeus por outro lado a nossa economia não tem tido robustez suficiente eh somos um um país cuj os salários são muito baixos em comparação com aquilo que são as despesas mensais que as pessoas têm suportar E isso tem tido efeitos naturalmente Na tentativa de sairmos da cauda da Europa quando estamos a olhar para as estatísticas ao nível da pobreza uhum eh Ana Sofia branco o Presidente da República pediu hoje uma mobilização coletiva e uma maior ambição no combate à pobreza O que é que no seu entender está a falhar em matéria de políticas públicas hh o que nós temos atualmente é um contrato social eh naquilo que são as comparticipações e o financiamento deste estado social não nos podemos esquecer que o financiamento do estado social é feito por tudo Nós por todos os contribuintes ora ele reflete eh aquilo que é a carga fiscal eh que nós temos neste momento eh não podemos também Ignorar as transformações das dinâmicas da família e das nossas próprias instituições Portanto o que nós assistimos atualmente é uma família que suporta menos mais fragmentada mais isolada e portanto todas as questões que eram eh muitas vezes resolvidas em sede de família com familiar deixam de ser transferindo esta responsabilidade para aquilo que é a esfera do estado e para aquilo que são as políticas públicas e sociais eh e portanto estou em crer eh que esta mobilização de esforços implica eh Dar maior suporte eh e ter mais atenção àquilo que são as próprias instituições em Portugal e que operam na Esfera da proteção social eh e paralelamente desenvolver aqui políticas e de suporte à à família eh como como ela também uma forte instituição de de proteção agradecemos Ana Sofia branco os contributos e a reflexão que nos trouxe aqui a propósito deste seu artigo sobre a pobreza no feminino e as desigualdades que vão afetando sobretudo e ainda mais as mulheres na sociedade em que vivemos muito obrigada e até à próxima Até à próxima obrigada 2