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ora viva sejam bem-vindos ao clube de 52 Este é um ciclo de conversas no âmbito dos 10 anos do Observador convidamos 52 52 personalidades para e pensarem o futuro do país e e do Mundo Carlos Mota Santos é o convidado de hoje é presidente executivo da mota em Gil o maior grupo de construção português e uma das maiores empresas do país vamos falar precisamente disso da reduzida dimensão das nossas empresas e da urgência e em que ganhem escal para a internacionalização Carlos Mota Santos antes de mais bem-vindo obrigado por ter aceito o nosso o nosso convite no artigo que escreve para O Observador e que acompanha este projeto também que é o ponto de partida para a nossa conversa fala de como temos de facto que fazer maior e melhor e aponta às vantagens e da escala internacional das empresas o que eu lhe pergunto é porque é que as empresas portuguesas são tão pequenas porque há países da nossa dimensão que de alguma forma desafiaram esse destino bem mais uma vez muito obrigada pelo convite é um gosto de estar aqui a aqui em Portugal não é fácil apontar apenas uma razão Aliás não há Apenas uma razão H um conjunto de razões pelas quais temos empresas de menor dimensão e mesmo as aquelas que são consideradas grandes empresas Ou uma escala Global São e Pequenas Empresas eh eu acho que uma das principais razões pelas qual pelas quais temos poucas grandes empresas é que continua a existir em Portugal uma um conceito com um preconceito de que as empresas grandes eh são mais são mais para a economia ou seja há uma diabolização da das grandes empresas mas a realidade eh E isto é é verificado e provado através de de dados concretos é exatamente a oposta em Portugal só apenas 0,11% das das empresas que existem e nós temos cerca de 1.300000 empresas em Portugal só cerca 0,1 por destas empresas é que são consideradas grandes e há três critérios para para elas serem consideradas grandes ou terem um volume de negócios superior a 250 milhões de euros eh perdão a 50 milhões de euros terem e um ativo líquido superior 41 milhões de euros ou então e terem mais 250 pessoas 250 pessoas a trabalhar acontece que só 0,11% das nossas empresas é que que que estão neste patamar de de grandes empresas que é um número absolutamente Marginal claro que é absolutamente Marginal Mas mesmo que as gente e olhe para uma uma angular mais mais maior ou seja se nós pegássemos no 1% das destas maior de de todas o conjunto de empresas Ou seja 1% de 1. 300.000 empresas desse 1% e 71 dos impostos arrecadados pelo Estado vêm destas deste 1% 64% das do financiamento da Segurança Social provém deste 1% e cerca de 48% dos salários pagos no Neste País eh vem dess por essas por esta por este 1% de empresas para Além disso e olhando apenas para para As pequeninas para as pequenina para esta pequenina franja da das das grandes empresas vemos que estas grandes empresas pagam salários 30% mais alto que as médias empresas e 70% mais altos do que as pequenas empresas o que na realidade e tem um investimento em inovação desenvolvimento e inovação em média seis vezes superior superior pelo que concluímos através destes números de que de facto as grandes empresas Antes pelo contrário são contribuidores para para a criação de riquezas na na nossa economia e a nossa fal o nosso problema é temos poucas Grandes Empresas e dentro daquelas que são catalogadas como grandes empresas uma vez mais um volume de negócios acima de de 50 milhões de euros não é nada de especial eh mesmo essas é uma escala Global São pequenas empresas são pouco competitivas e têm pouca espala Nós verdadeiramente não temos na na em Portugal nenhum verdadeiro campeão nacional como se costuma dizer se calhar isto é uma empresa Portuguesa de um setor que de alguma forma seja um protagonista importante relevante escala uma escala global ou até mesmo uma escala europeia há algumas exceções Sem dúvida temos o caso da EDP que é um um importante Player a nível e diria que pelo menos europeu a corticeira almorin Sem dúvida o campeão um campeão no seu setor mas de resto temos temos Pou poucos poucos exemplos ao contrário de outros países que se calhar t a mesma escala que nós tem a mesma dimensão que nós e TM de facto campeões campeões nacionais ou campeões europeus ou campeões mundiais Sem dúvida se nós olharmos para uma Holanda Irlanda o caso tradicional Finlândia Suécia por exemplo nós sabemos que há marcas há empresas nestes países que são players internacionais e são países muitas vezes com uma dimensão até inferior à nossa em termos pelação porque é que nós não o temos há uma questão cultural já disse que de facto há uma crítica muito forte às grandes empresas pelo facto de serem grandes e mais do que isso em termos culturais por exemplo os nossos empresários não são também pouco dados e no fundo a a criar condições para que elas cresam sim são e nós em Portugal continuamos a ter uma cultura ainda muito de de do patrão e pouco do gestor ou seja nós temos muita dificuldade e nas nossas empresas em ter uma visão de longo prazo e uma visão que promova o crescimento das empresas e muitas vezes o crescimento das empresas passa pelo por is simplesmente por fusões de empresas do mesmo setor isso implica predicado poder implica abdicar do conceito de ser patrão e passar a ser um acionista ou ter uma visão acionista e de gestor eh podemos ver o caso de Espanha o caso de Espanha tem hoje desde o setor da das infraestruturas que é que é o caso da Mota Gil passando pela banca pela energia tem e e tem verdadeiros players globais e e se olharmos nos ficarmos no Setor das infraestruturas vemos que as grandes empresas espanholas que existem nesse setor provêem todos de produtos de fusões de diversas empresas olhando para para o exemplo de Portugal infelizmente só a motem Gil é que teve esse processo de fusão através da fusão na altura de duas empresas a mota e engil já agora a mota e engil exatamente infelizmente todas as outras empresas e estamos a falar do do início do dos anos 2000 onde existiu essa esse movimento em Espanha onde esse movimento de con ação de empresas aconteceu em Portugal só só se passou com o caso da Mota Gila e não se passou com o caso mais nenhuma empresa e e a verdade é que grandes empresas à altura vou nomear uma que já não existe a sar da Costa mas poderia nomear outras que infelizmente já não existem e que foi já agora a Sá da Costa durante muitos anos décadas até é líder do setor em Portugal era a líder do setor em Portugal e é uma empresa que hoje já não existe há semelhança de várias outras que que infelizmente já não existem e não houve a cultura Por parte dos empresários Por parte dos dos acionistas de de de trocar eh digamos o quintal de cada um para um projeto maior de mais longo prazo de e e ter ter empresas mais capacitadas não só para ser mais competitivas no mercado nacional mas sobretudo depois estarem terem mais capacidade para vencer os desafios da internacionalização e eu acho que em termos culturais isto continua a ser uma barreira que temos continuamos a ter muita cultura do patrão e pouca cultura do empresário ou do empresário com uma visão a longo prazo Isso é um problema que que Portugal Tem eh nomeadamente quando comparado com outros países e neste caso concreto com o processo que aconteceu em Espanha em Espanha que tem verdadeiros players mundiais eh além dessa questão da mentalidade que acaba de apontar há também Barreiras burocráticas Leais eventualmente fiscais que impeçam de alguma forma que desincentiva de alguma forma esse tipo de de concentração eu acho que que cá é difícil falar da fiscalidade parece que que os empresários estão sempre a falar do a queixar da da fiscalidade do cas pergunta é minha e mas na realidade o o o o a fiscalidade Sem dúvida que é um problema de de competitividade das empresas e eu posso dar o caso dois dois casos ou ou ou ou duas visões em relação à fiscalidade e uma tem a ver com o tax weds o que é que é o tax wedge o tax weds é é é diferença entre o custo que uma empresa tem com um colaborador e aquilo que o colaborador recebe em termos líquidos ao final de cada mês Claro é a passagem Se quisermos dos brutos globais para os líquidos na dos brutos globais para os líquidos e essa diferença é digamos daquilo que o estado verdadeiramente arrecada entre os impostos dos rendimentos e depois a contribuição para a Segurança Social e é verdade é que se nós listarmos aquilo que são os países competidores de Portugal vios que desde 2019 até agora o tax swedge em Portugal Tem aumentado e nos outros países tem diminuído então o que é que isso quer dizer quer dizer que nó nós estamos a perder competitividade em termos de retenção e atração de recursos humanos e de talento porque de facto as empresas conseguem pagar mais e o colaborador consegue receber menos e o estado e consequentemente arrecada mais e basta ver o disse há pouco o caso da Holanda e eu tenho aqui um pequeno exemplo que é um um exemplo que acho que é que é muito muito simples de explicar um um caso em que um colaborador Receba um tem um salário mensal bruto de 2000 € independentemente de saláo ganha mais ou ganha menos vamos supor que os dois ganham exatamente os mesmos 2.000 € em termos bruto na Holanda uma empresa tem um custo anual de 31.500 € com esse colaborador e o trabalhador recebe no final do ano em termos líquidos 24.400 € muito bem em Portugal o custo é 34.700 € para a empresa ou seja comparas com o 31.500 ou seja mais 10% mas o trabalhador apenas recebe 19.000 e 100 € no final em termos líquidos ou seja recebe menos 22% a diferença do total estes 8300 € que existe é o chamado tax weds que é aquilo que o estado que é receita pública de alguma maneira E então de facto o que que nós temos vindo a a a a verificar é que tem havido uma tendência de um desagravar uma diminuição ou seja um aumento da competitividade e em diversos países concorrentes com Portugal enquanto que Portugal eh isso não se está a verificar e e e este tax weds tem vindo a aumentar Isto é um um é um exemplo no fundo isso que desencoraja de alguma forma as empresas também de investir porque não conseguem captar também Recursos Humanos de uma forma eficiente Com certeza ou seja nós um dos Desafios que temos aqui em Portugal as empresas portuguesas é de facto de conseguir captar e reter pessoas é um aliás é um um um uma dificuldade dos países e uma das razões estas é de facto não só as empresas tê um custo superior quando comparado com os seus competidores e nó nós não podemos perder a noção de que competimos no Mercado Global não é por isso não nós temos que aumentar a nossa visão periférica do do que é o país para para o mundo e o mundo apesar de de agora menos globalizado com todas estas estas tensões geopolíticas continua a ser o o o uma uma competição global e nesse sentido uma empresa paga mais em Portugal e o colaborador acaba por receber menos e e is Isso quer dizer é é o mercado a competir há políticas públicas de alguma maneira que possam tirando a questão da fiscalidade que acaba de referir há outro tipo de políticas públicas que possam ajudar a esta ganho de escala dimensão das empresas acho acho que há várias políticas públicas acho que há políticas públicas que podem passar por benefícios fiscais para empresas que façam aquisições de empresas estrangeiras ou seja empresas nacionais que façam aquisições de de empresas fora de Portugal é exatamente o mesmo modelo que é utilizado eh em termos de de Out quando comparado com outros países como é o caso uma vez mais de Espanha em que verdadeiramente O goodwill que é basicamente o ativo pela compra de empresa depois é deduzido em termos fiscais serve para para adução em termos de fiscais coisa que não é possível aqui em Portugal de acordo com a nossa política fiscal eh mecanismos financiamento para esse processo de intera internacionalização acho que as empresas não têm é importante as empresas serem exportadoras mas mais importante que ser exportadoras T que ter atividade internacional tem que operar lá fora e operar lá fora seja através da empresa que que que que que que é a empresa mãe a empresa Portuguesa ou através do processo de aquisição ou seja mecanismos de financiamento para a aquisição eh e e internacionalização das nossas empresas também é temos uma falta grande desses mecanismos de financiamento e depois a verdade é esta a nossa banca é uma banca cada vez mais míngua uma banca cada vez menos Nacional nós temos cada vez espanol nós temos cada vez mais bancos eh internacionais a operar em Portugal verdadeiramente bancos de base Nacional temos a caixa geral de poos que é um banco de estado temos o o o milennium BCP que é um banco que tá cotado e e não há mais nenhum verdadeiramente não existe mais nenhum banco de capitais portugueses eh ou que que não seja detido por um banco espanhol e e a realidade é que não a banca a banca Nacional tem hoje poucos instrumentos para ajudar Ou auxiliar as B fundamental o setor financeiro é fundamental para essas operações fundal e aliás Basta ver uma vez mais eu gosto de olhar para o exemplo de Espanha porque eu acho que nós não temos nenhum não há nada que nos distinga e de uma forma inferior em relação às empresas espanholas mas a verdade é que as empresas espanholas têm condições de competitividade e condições de competitividade em termos de internacionais que nós não temos passa pela pela pelo ângulo fiscal que já falamos passa pelo os apoios à internacionalização e passa por uma banca que de facto apoia o processo de internacionalização e que e que assistimos aqui em Portugal ou seja as empresas espanholas operam aqui em Portugal com níveis de competitividade em termos financeiros de financiamento neste caso distintos das empresas portuguesas mas deixa-me só ainda voltando ao ângulo fiscal e não não falando da diminuição de impostos só aqui uma uma nota nós nos últimos anos temos vindo a a aumentar a lentidão na justiça só para termos uma noção o Portugal é hoje quando comparado com com com com os países da União Europeia é o o o o país o segundo país menos eficiente em termos de resolução de processos judiciais administrativos em primeira instância em 2021 e nós tínhamos uma média de duração dos processos de 847 dias ou seja mais do dobro de Espanha e só quase 3 anos anos quase quase 4 anos cerca de 50 cerca de 50 meses ligeiramente acima de 4 anos e e na realidade só Itália o Chipre e Malta é que tem processos mais demorados do que do que est processos em Portugal uma vez mais terminais administrativos de primeira instância o que o que é que isto quer dizer quer dizer que nós temos cativos hoje cerca de 5% do pibe 11.000 milhões de euros Isto é número de 2021 estão cativos nesses processos ou seja temos 5% da riqueza criada no no país que não está a ser utilizada para nada que é o que está em jogo nesses casos que é o que está em jogo nós temos 5% que estão parados n ex são receita que pode ser utilizada pela autoridade tributária ou seja para fins do estado nem tampouco é é é é uma verba que pode ser utilizada pelas empresas obrigadas a Pris a provisionar até esse falor nós temos 5% da riqueza criada anualmente eh no país do produto interno bruto que está cativa eh em tribunais administrativos e de facto Isto é logo uma perda de competitividade muito grande bastaria reduzir eh este prazo para o prazo espanhol ou seja para para metade que libertariam e 5,5000 milhões de euros que entrava na economia Não interessa se entrava pro lado dos privados ou se entrava pro lado est mas estavam disponíveis cois é dinheiro que está congelado que não está a criar riqueza que não está a criar empregos que não está a a proporcionar oportunidades de investimento e que não tá a tirar ação social não não está a servir verdadeiramente para nada como é que se resolve isto eu acho que o recurso eh eh tribunais arbitrais ou arbitrais R hoje só só é possível até processos e até um de até um valor de 10 milhões de euros se aumentássemos este este valor para 150 milhões de euros e nós temos entidades que são credíveis e reconhecidas cá em Portugal era uma forma de de de de acelerar este tipo de processos e consequentemente libertar e podermos financiar seja P lado do investimento seja P lado da ação social seja políticas públicas fund as Veras disponíveis para as entidades que ela tem direito basicamente que estão presas e que não estão a servir para Nenhum fim Absoluto em termos em termos já temos aqui várias várias medidas de política pública que podem ajar caros bota Santos quase a chegar ao fim da da desta nossa conversa Qual é a escala internacional da mot engil estamos um pouco a falar disso a mot engil é claramente o líder deste mercado em Portugal Tem uma atividade internacional como é que compara internacionalmente a a m Engel hoje é em termos de rankings e eu não eu não não valorizo muito os rankings mas volume negócios mais trci a m Gil tem teve em 2023 um volume de negócio 5600 milhões de euros e a mot Gil é mais que uma empresa de construção é uma um operador de infraestruturas como uma atividade muito significativa É verdade na engenharia construção mas também diversificada na área do ambiente eh e na área das construções sobretudo hoje a mot Gil é isto a níveis de 2022 os rankes de 2023 ainda não são públicos mas nós éramos o da 15ª maior empresa e a nível europeu no em termos de infrastrutura no setor setor éramos a quinta maior empresa e na América Latina eh a nível também do mesmo setor e éramos o décimo maior Player em África de players europeus em África porque não podemos comparar com com com as empresas chinesas porque são a f estamos a falar de realidades e diria de mercados distintos por isso hoje a mot de facto é uma uma empresa eh relevante eh em termos diria que globais com uma presença muito muito significativa eh na América Latina e em África e claro aqui em Portugal também somos de longe infelizmente e quando digo infelizmente porque seria muito bom para para para o set para o setor e consequentemente para a economia e consequentemente para a Malta Gil Era bom que tivéssemos mais empresas da dimensão da Motta e Gil neste setor porque isso permitirnos dia ter uma maior capacidade e uma maior capacidade uma maior capacidade de competitividade em Portugal e uma maior capacidade de operarmos fora dos mercados portugueses Claro muito bem Carlos Mota Santos CE da mota em Gil obrigado por ter estado presente neste Nosso Clube 52 é um gosto já sabe Clube 52 no âmbito dos 10 anos do Observador volta brevemente com o novo convidado até lá