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[Música] Olá sejam bem-vindos à aula prática do projeto Mentes Brilhantes uma iniciativa do Observador sobre investigação científica em Portugal nestas aulas práticas falamos com vários especialistas ligados à procura de novas soluções para velhos problemas sobretudo problemas de saúde Oi então novas soluções que podem vir a ser aplicadas a doenças que ainda nem sequer sabemos que podem aparecer em alguns casos estes cientistas podem trabalhar sobre o mesmo tema perseguir os mesmos objetivos combater as mesmas dificuldades ou podem investigar áreas completamente diferentes pouco importa o que os une é esta Procura pelo desconhecido e este gosto pela ciência o que os separa neste caso é a idade ou a experiência eu sou o Paulo farinha e tenho comigo Miguel Prudêncio investigador principal do goben institute for molecular medicine a nova super instituição que junta o Instituto de medicina molecular e o Instituto GL ciência e é lá no Gim no GL institute for medicine que Miguel Prudêncio trabalha entre outros projetos numa vacina contra a malária Miguel Prudêncio é também Professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e tem comigo Miguel Pinto investigador da fundação champal onde quis saber mais e já falaremos sobre isso sobre o passo que as células conquistam nos nossos organismos Miguel Prudêncio tem 53 anos já passou pelo Reino Unido e pela Holanda onde fez investigação e há 11 anos que coordena equipas com o seu próprio laboratório Miguel Pinto tem 30 anos e dentro de duas semanas irá defender a sua tese de doutoramento não foi por acaso que eu vos apresentei desta forma com currículos diferentes foi um pouco mais palavroso no caso do Miguel Prudêncio é prop AD h e essa é uma diferença que queremos justamente falar porque a experiência e a idade em ciência é um posto Miguel Pinto começo por si conversamos há dois anos a propósito do seu doutoramento que que agora está Preste a concluir e do que o Miguel estava a tentar descobrir como estamos agora nesse projeto sobre o fitness das células Obrigado antes demais pelo convite para estar aqui a falar convosco um pouco mais H sobre a carreira do cientista e um pouco mais também no meu sobre o meu projeto eh como é que está está a correr bem quer dizer faltam algumas experiências finais que eu gostaria de ter feito mas infelizmente às vezes temos que acabar um pouco mais cedo as coisas Hum quando falamos o eu acho que nós conversamos há cerca de 2 anos aqui na rádio OB exato e eu acho que lhe disse que estava em busca de novos gêneros que estavam envolvidos neste tipo de competição por forças mecânicas não é de que maneira é que as chelas ganham esta esta batalha mecânica e de certa maneira comprimem nem a chelas hã mais menos Fit é é mesmo um jogo de empurra não é é um jogo de empurra Exatamente é é literalmente isso e nós estudamos isto no epitélio da da mosca eh a pergunta era mais fundamental Eh aí h e agora felizmente já descobrimos dois genes que estão envolvidos nesta batalha Hum e pronto e eh neste momento hã já tenho mais dados sobre estes gênes eh não sei que que é que posso mais porque que porque que é importante saber vamos falar disso concretamente para as pessoas que nos estão a ouvir perceberem e eu próprio porque é que é importante saber como é que as células conquistam este este espaço em que é que isto dizia o Miguel que H Há dois anos a pergunta de partida era mais fundamental quando quando diz isso refere-se a ciência fundamental ou seja uma área da ciência que investiga temas que podem vir a em verdade por caminhos completamente diferentes e portanto e que podem ser usados num em Milhões de de de possibilidades diferentes não é verdade sim mas o objetivo seria mais até ter depois uma abordagem mais transacionada no sentido do cancro não é porque nós sabemos que o cancro acaba por ser uma doença em que as células são super Fit não é e conseguem ganhar esta vantagem eh por comprimir Às vezes as células saudáveis do nosso organismo então o nosso objetivo era descobrir novos gênes no desenvolvimento da do órgão da da mosca no um tipo de competição semelhante e depois tentar então fazer testes mais translacionais Com estes gênes no sentido de descobrir se eles também podem então ser usados como de potenciais terapias futuras no no combate no combate ao cancro E H Há dois anos quando nós conversávamos conversamos o o Miguel pinto não tinha a quantidade de informação que tem hoje há TR anos quando eu inicio ao seu doutoramento também não H as coisas evoluem e desta forma H agora que está prestes a concluir o o seu doutoramento o que é que segue depois disso Essa é grande questão Na verdade eu acho que sou um fizar por estar aqui a falar convosco e ter aqui o Miguel também para me dar assim uns inputs agora da da uma possível eh rum que eu posso ter porque realmente estou um pouco indeciso agora no no que fazer quer dizer acabo o doutoramento E continuo na ciência quer dizer vou explorar algo novo se calhar numa indústria farmaceu tica em que e pronto de certa maneira se calhar a Progressão de carreira acaba por ser mais fácil e vou para o estrangeiro e se calhar vou aproveitar aqui o Miguel para me dar aqui umas dicas que bom que bom que bom o Miguel pinto está me facilitar o trabalho tinha aqui uma série de questões Preparadas e algumas delas são exatamente vão exatamente nesse sentido Miguel Prudêncio passa a bola para si h eu quero muito que que nos ajude a responder a estas questões que que o Miguel Pinto tem mas antes disso h o projeto da PB vac Cre que é esse a da vacina contra a malária a que justificou uma conversa que nós tivemos neste caso Creo que foi H um pouco mais de tempo Creo que foi há 3 anos como é que está agora muito bem Desde já muito obrigado também pelo convite eh é um gosto estar aqui a falar com com convosco E a PB vac é efetivamente eh um dos projetos e principais diria do do meu laboratório embora não seja a única área em que nós trabalhamos mas é eh só para quem não ouviu a conversa de há 3 anos muito rapidamente é um trata–se de uma abordagem eh um bocadinho diferente do do habitual para desenvolver uma vacina contra a malária e quando nós falamos há 3S anos H nós estaríamos Nessa altura eh a fazer os primeiros ensaios eh em seres humanos portanto os primeiros ensaios clínicos eh cujos resultados foram altamente promissores e nos permitiram eh ir eh tentar encontrar financiamento para prosseguir eh com com o objetivo de eh de desenvolver esta vacina até ao ponto em Que ela possa realmente vir eh a ser uma realidade nesse particular tivemos eh a felicidade de de ter o financiamento da fundação lá caixa eh com o qual temos estado a trabalhar e eh as coisas estão a avançar lentamente como sempre eh é sempre tudo muito mais lento do que nós gostaríamos eh o o financiamento é sempre menor do que nós idealizar diamos mas eh apesar de tudo e eu penso que me posso dar por muito satisfeito com as as condições neste momento que tenho no laboratório para trabalhar e com os resultados que vamos tendo e vamos vamos esperar que as coisas continuem a correr bem quando falamos de malária é um enfim há uma série de palavrões quando falamos de ciência que que são difíceis de entender não é tanto o caso da malária porque é uma doença de que nós já ouvimos falar há muito tempo aliás tem uns Valentes milhares de anos os primeiros registros da da malária mas continua a ser passado tanto tempo um grave problema de saúde que mata muitas pessoas por ano é verdade a malária eh ainda é uma das doenças infecciosas e que maior impacto tem a nível mundial esse impacto traduz-se em números que acho que falam por si são cerca de estima-se que sejam cerca de 200 milhões de casos de e de malária por ano dos quais resultam cerca de 600.000 mortes e todos os anos com uma particularidade é que essa A grande maioria dessas mortes acontec em crianças até aos 5 anos de idade eh cerca de mais de 80% das mortes por malária são efetivamente em crianças muito muito jovens eh e eh nas zonas mais desfavorecidas do globo é uma grande incidência na África Subsaariana mas não só na África Subsaariana existe malária na na em várias regiões da América Latina no sudeste asiático mas é efetivamente na África Subsaariana que que ela tem o impacto eh o maior impacto em termos de de mortalidade e e também até em termos de de do bem-estar económico da da da da porque afeta afeta naturalmente e eh o o sustento de Todas aquelas aqu toda a estrutura social e económica aquelas aquelas comunidades quando eh o Miguel já levantou aí um ponto que é importante quando nós falamos há uns anos o Miguel tinha conquistado eh eh um financiamento da fundação na caixa eh ao obrigo de um programa de investigação que atualmente se chama H eh caixa resarch investigação eem saúde foi um financiamento de 1 milhão de euros uhum eh o Miguel dizia que o dinheiro nunca chega e é sempre H Quem Ora para mim e para a maior parte das pessoas 1 milhão de euros naturalmente é muito dinheiro mas em ciência 1 milhão de euros não é assim tanto pois não isso depende um bocadinho da área em que nós investigamos eh a investigação que nós fazemos no no meu laboratório é eh e e eh a investigação em biomedicina no geral é bastante cara porque envolve eh envolve não só técnicas que são elas próprias eh muito eh muito dispendiosas mas também modelos inclusivamente modelos animais que que eh n algumas circunstâncias não são eh não se podem deixar de ser utilizados e que são também acarretam também um custo muito significativo no caso de uma vacina e no caso de uma vacina contra a malária o e porque é que eu 1 milhão de euros Sem dúvida que para a investigação que nós fazemos ao nível do laboratório aquilo que nós chamamos a investigação pré-clínica antes de entrar na fase dos ensaios clínicos Ant entrar nos ensaios clínicos essa este este montante é um é perfeitamente razoável e e e adequado àquilo que nós fazemos O problema é que quando nós queremos passar para eh a fase Clínica do desenvolvimento da vacina Isto é os ensaios clínicos em seres humanos aí eh os custos são eh disparam e portanto a e esse milhão de euros que parece tanto já não é assim tanto e portanto neste momento o financiamento que eu tenho no laboratório permite-nos estar a fazer o trabalho pré-clínico que estamos a fazer mas não seria suficiente por exemplo para fazer para realizar um ensai clínico em em voluntários nesse caso para para se fazer isso e Para darmos Esse passo e e como é óbvio cumpridos todas as todas as etapas a ao nível de segurança que tudo tudo o que implica o que se trata de dançar clínicos tem que tem que envolver e estamos a falar de de de Que grandeza de números de que ordem de grandeza de números vai depender obviamente da dimensão do ensaio Clínico do número de participantes numa fase os ensaios de fase um dois que são os as fases iniciais e portanto aquelas que envolvem um menor número de de participantes estamos a falar na ordem de 2 milhões de Euros por aí nós já realizamos o primeiro ensaio Clínico com o PB vac eh a não foi na Holanda e foi graças a financiamento que nós na altura obtivemos de uma entidade que se chama malaria vaccine initiative e que e está vocacionada precisamente e exclusivamente para o desenvolvimento de vacinas contra a malária e foi com esse financiamento que nós pudemos fazer aquele primeiro ensaio eh do Qual obtivemos os dados que sustentam agora o o trabalho que estamos a fazer o o nosso objetivo era fazer um segundo ensaio Clínico agora já com digamos o uma versão diferente melhorada se quiser do candidato a vacina do PB vac e mas para tal e o financiamento que obtivemos da La Caixa sendo essencial para todo o trabalho pré-clínico que é necessário fazer não é suficiente para a realização do ensaio em si o seu laboratório e quando nós quando nos referimos a ao laboratório de de um investigador referimo-nos ao ao laboratório que que funciona dentro de uma instituição e que leva o nome do seu do seu investigador principal quantas pessoas tê a sua equipa com quantas pessoas trabalh neste momento tenho 12 pessoas na minha equipa portanto entre estudantes de doutoramento a pós Docs portanto estudantes pós que já fizeram o doutoramento investigadores que já estão doutorados e portanto estão a fazer o pós-doutoramento no meu laboratório estudantes de Mestrado eh e e técnicos de laboratório portanto a equipa neste momento são 12 pessoas e e o financiamento que se obtém É também por vezes para não só para compra de reagentes para compra de modelos animais para compra de equipamento e também para financiar vencimentos de de de equipas nomeadamente H temos connosco o Miguel pinto o Miguel pinto está prestes a concluir o seu doutoramento enfim não sei se se a área em que o Miguel prudência trabalha é uma área de potencial e interesse depois no final poderão trocar contactos mas H são são estudantes como o Miguel Pinto jovens e que acabam de concluir ou estão a concluir o seu doutoramento eh que ajudam a a a fazer os laboratórios eh de de de investigadores como Miguel prudência Claro que sim eh um laboratório como o meu e como muitos outros eh dessa desse laboratório vai vão fazer parte de pessoas em diferentes fases da sua carreira desde pessoas que estão eh a terminar e a licenciatura e depois a fazer o o seu mestrado e portanto vão fazer o seu trabalho para a tese de mestrado no no no laboratório até pessoas que estão como o Miguel a fazer eh a fazer o seu doutoramento e pessoas mais snior que já fizeram o seu doutoramento e que continuam a querer fazer trabalho como investigadores pós-doutorados e que e portanto a minha equipa como a da generalidade dos laboratórios no Instituto onde eu trabalho é composta por pessoas nestas diferentes etapas inclusivamente chegamos também temos por exemplo Estagiários pessoas que às vezes e ainda antes da conclusão da sua licenciatura têem um grande interesse em ter uma experiência de laboratório um um primeiro contacto com a investigação e sempre que isso é possível o que nem sempre é mas quando é possível nós tentamos também que essas pessoas que essas pessoas tenham essa oportunidade Miguel pinto e o seu doutoramento está a ser está a ser desenvolvido na na Fundação champalou há pouco falávamos de algumas dúvidas que tem agora que se aproxima eh esta fase da sua carreira está está-se a concluir portanto virá outra H os seus colegas as pessoas com que trabalha no no dia a dia que estão na mesma fase de carreira que que o Miguel pinto está tem as mesmas dúvidas que o Miguel ficar aou partir Indústria Farmacêutica investigação H bolsas trabalhos precários sem vínculo porque sei que muitas vezes também é essa a realidade da da investigação científica em Portugal eh é uma é uma realidade comum e muitos investigadores da sua idade sim eu acho que sim eu acho que bom lá está Alguns de nós são alguns colegas meus são mais novos até que eu e assim Então se calhar têm mais esta capacidade ainda Seal ir para o estrangeiro e não pensam tanto caiar na vida futura eh mas eu acho que sim eu acho que estamos todos um pouco na mesma fase a capacidade de ir para o estrangeiro eh em muitos casos Depende de financiamento de bolsas a que os jovens investigadores e se candidatam H mas muitas vezes têm que o fazer à custa de do do seu próprio bolso e do bolso das suas das suas famílias eu acho que na minha fase não tanto eu acho que sinceramente é uma questão mais de de primeiro descobrir o que é que nós realmente queremos investigar se calhar a primeira primeira questão a responder Depois se o laboratório que investiga aquilo que nós queremos se tem financiamento lá está com a falar se quiser Se tiverem alguma bolsa que que possa pagar a alguns salários enquanto o investigador em si depis procura a sua bolsa individual eh para o financiamento eu eu acho que é é importante hum senão existem também algum as bolsas como por exemplo a bolsas da mar cie e ambo fellowships da mar cie da da da da comissão europeia não é verdade exatamente H portanto há bolsas semelhantes até com para cientistas estrangeiros que vão para um país onde não não tinham estado ainda e em que há estas possibilidades de construir um projeto novo nestes novos Laboratórios no seu caso na na na bolsa também da fundação da caixa que que o Miguel pinto que o Miguel Pinto conseguiu qual era o valor da bolsa ah pagava o meu salário durante 3 anos por exemplo o salário normal de um aluno de doutoramento Ok estamos a falar de uma bolsa retaining portanto que Visa e reter o talento no país de origem daquele e investigador Miguel Prudêncio H estas dúvidas que o Miguel Pinto descrevia há pouco e falava são comuns aos seus às pessoas que têm aos seus estudantes no seu laboratório Acho que são extremamente comuns acho que que há aquela brincadeira que nós dizemos que é quando se está a terminar o doutoramento aquela pergunta que é se há vida depois do doutoramento não porque às vezes não é muito claro o como é que é a vida depois do doutoramento e é perfeitamente natural evidentemente que há exceções há pessoas que têm um percurso definido nas suas cabeças desde muito jovens têm aquela ideia Já bem definida do que é que querem fazer e e e e e vão perseguir esse objetivo mas a generalidade das pessoas e a generalidade das pessoas que que que com quem eu tenho trabalhado no meu laboratório e efetivamente tem dúvidas muito sérias exatamente como o Miguel Pinto estava a descrever sobre o que é que realmente é E vai ser o seu o passo seguinte e por E porque é que essas dúvidas surgem habitualmente no final de um doutoramento agora é altura em que se calhar os estudantes doutoramento e os e os cientistas que nos estão a ouvir reviram os olhos e poderão achar a pergunta muito básica mas eh para quem não percebe tanto de ciência e para quem não não acompanha estas questões H porque é que é justamente nesta fase do final do doutoramento porque olhamos para o doutoramento noutras áreas que não ciência e que as pessoas muitas vezes eh fazem ou levam a cabo numa outra fase de noutros momentos das suas carreiras ora um doutoramento em ciência É é quase um prolongamento do do da licenciatura portanto sem ele Nada se consegue fazer não é verdade sim quer eu posso dizer só uma coisa que eu acho que acaba por definir quem quem nós queremos ser na nossa vida profissional não é quer dizer se se realmente o nosso sonho não passa por fazer investigação mais para a frente se calar não não vale a pena continuar agora em fazer um pós doutoramento ou algo assim se calhar mais vale então repensar um pouco e Ok ligar-se a uma empresa ou fazer a criar até H quem crie comunidades que há startups e outro tipo de de portanto portanto nem todos nem todos os eh as pessoas que enveredam pela ciência tê que ser investigadores e têm que trabalhar tem que fazer esse percurso doutoramento trabalho de bancada e depois serem eh líderes de grupo e por aí fora portanto Há muitos caminhos que a ciência que a ciência abre mas até se descobrir esse caminho há aí uma grande angústia ou alguma angústia no ar Miguel Pinto sim eu acho que há uma pouca angústia há uma certa indefinição não é acho que nós queremos ter sempre aquela ideia que temos o nosso percurso mais bem definido e e algo já garantido de certa maneira e quando acabamos autamente e de facto não sabemos se Queremos continuar na ciência ou não ah existe de facto uma grande indefinição e ficamos a pensar um pouco no no caminho a seguir mas Miguel Prudêncio quando concluiu o seu doutoramento teve dúvidas sobre se havia vida para além do doutoramento tive eu acho que como lhe dizia Acho que são dúvidas mesmo muito comuns eh eu queria responder à sua pergunta de porque que é nesta altura que eu acho que não é só nesta altura Acho que em várias etapas de de do percurso eh do percurso Académico e de investigação das pessoas essas dúvidas surgem mas eu acho que o final do doutoramento é realmente uma uma fase crítica a esse nível e acho que há razões para isso uma tem a ver com a idade as pessoas normalmente terminam o doutoramento no final do do dos seus 20 anos início dos 30 que é o caso do do do Miguel pinto e é uma fase em que realmente tendencialmente as pessoas começam a querer tomar decisões a mais longo prazo na sua vida e portanto deixa Deixa de ser eh deixam de ser decisões que possam ser tomadas de de entre aspas de anim lev Portanto acho que essa é uma das razões a outra razão é porque um doutoramento eh é é um processo exigente é um processo cansativo é um processo exigente e eu acho que as pessoas chegam àquela fase eh muitas vezes eh muitas vezes a interrogar em se vale a pena realmente todo este esforço e depois há mais uma questão que é esforço em termos de grau académico eh o doutoramento é o grau máximo que se pode atingir e portanto continuar na investigação dali para a frente é mesmo só porque se tem a certeza que se quer seguir uma carreira na investigação porque já não se vai subir de grau académico continuando a fazer investigação e portanto é uma altura em que as pessoas se colocam a questão que o Miguel estava há bocadinho a enunciar muito bem que é eu quero realmente continuar a fazer investigação e nesse caso sim faz todo o sentido fazer um pós-doutoramento e continuar e continuar esta vida ou eh se não quero o que é que eu ganho em adiar um uma uma saída da da da academia para uma empresa ou para para para outro tipo de atividade até porque continuar na investigação implica ou poderá implicar muitos anos de alguma indefinição financeira Sem dúvida pois esse é um é uma das razões que em Portugal afasta muitas pessoas da investigação eu estou convencido que sim aliás tenho a certeza que sim de conversas que já já já tive com com estudantes que que estiveram no meu laboratório e outros é uma das questões evidentemente Porque vão vivendo de bolsa em bolsa de de financiamento de investigação e financiamento de investigação porque não há em muitos casos uma ligação contratual à entidade que os que os acolhe há uma ligação haver uma ligação contratual é uma ligação contratual a prazo e que e temporária e que obviamente eh não dá garantias de de futuro e e e e por essa razão obviamente que essa é uma uma preocupação é uma preocupação de qualquer pessoa que chega àquela etapa em que quer ter o mínimo de estabilidade Quer comprar uma casa quer quer quer ter a sua a sua vida família ET portanto viajar e e fazer as coisas normais e por isso sim eu tenho a certeza que essa é uma das considerações que que leva muita gente a pensar não não não vale a pena e já passaram pelo seu laboratório e jovens estudantes de doutoramento ou que tem tenham concluído outro mento e que depois tenham chegado à conclusão não isto não é para mim e portanto e que depois seguem outros caminhos claro claro claro já passaram e já já passaram pelo pelo meu laboratório estudantes de doutoramento que quiseram continuar na investigação e outros que decidiram que não era esse o seu o seu caminho e e e obviamente que eu naquilo que me é que está ao meu alcance apoio da mesma forma uns e outros porque sei perfeitamente que que que não são decisões fáceis sei perfeitamente que não há uma decisão universalmente correta não é cada pessoa tem as suas ambições cada pessoa está numa determinada fase da sua vida quando chega ao momento de tomar essa decisão e e e portanto obviamente que faz todo o sentido que a pessoa ponder e que só siga em frente por essa carreira se realmente estiver convicta de que de que é aquilo que quer fazer até porque é preciso é preciso não não não escamote armos uma realidade e não é possível do ponto de vista prático e e a realidade é que que não há posições de de de de líder de laboratório suficientes para acomodar todas as pessoas que terminam um doutoramento portanto se toda a gente que que acaba um doutoramento de se disse que quer continuar na ciência com vista a vir a ter o seu próprio laboratório num num porque vir a ter o seu próprio laboratório é é cri ter melhores condições financeiras enfim para a sua vida e e e para e para progredir mas também mais ferramentas para no fundo perseguir aquilo que levou a pessoa ou que terá levado aquela pessoa à Ciência então se não tiver se não conseguir alcançar esse fito é é melhor deixar a investigação é muito difícil dar respostas taxativas a este tipo de questões porque mais uma vez cada pessoa tem eu não se estamos ajudar o Miguel Pinto se calhar o Miguel Pinto sairá daqui com mais dúvidas do que eu acho que provavelmente não estou a dizer nada que o Miguel não tenha já também refletido porque e eh e agora a questão é há pessoas que continuam a fazer investigação E durante eh durante um período mais ou menos longo mesmo depois de completarem o doutoramento e sabendo que a probabilidade de virem a ser e líderes de laboratório é reduzida mas mesmo assim gostam da ideia de continuar a investir e a sua energia o seu tempo na na na na investigação e eh e tem muito sucesso nesse nesse percurso agora há há realmente essa questão que não é escamoteável da da da instabilidade e de que há um momento em que em que é e em que não vai ser possível por continuar e a fazer pdoc atrás de pdoc há de haver um momento em que ou a pessoa realmente muda de de de de rumo ou Consegue ter a ter a sua posição de de líder de grupo e líder de laboratório e e prossegue por aí não é simples seus colegas que concluíram consigo a a licenciatura e daqueles pronto há pessoas com quem mantemos contacto outras não tanto mas daquelas de cuja vida o Miguel sabe houve alguns que já deixaram recorda-nos Qual é a sua licenciatura é biologia selular e molecular na universidade nova de Lisboa então dos dos seus colegas que concluíram a licenciatura consigo há alguns que já abandonaram a carreira de investigação sim sim sim há vários que estão em empresas há vários que até abandonaram a ciência mesmo mesm estão a fazer trabalho de programação A sei lá a consultadoria o o Miguel é dos poucos resistentes da sua turma não sei quer dizer daqueles que eu falo mais não não ainda somos alguns há um ponto que eu gostava de lhe perguntar é é sempre e é é comum na quando se fala em carreira de investigação H uma experiência no estrangeiro e portanto ir a outros países e outros Laboratórios beber e de outras experiências e de outras e de outras realidades hh porque é que é tão importante para um jovem eh investigador ter ter esse ter esse objetivo porque é que isso para vocês é tão é tão importante eu acho que é importante não se por exemplo Imagine se eu quisesse ser um professor associado a uma faculdade não é por exemplo eu acho que existem concursos e depois vou competir com colegas meus que se calhar foram para fora têm mais publicações eu acho que existe uma certa meritocracia com base nas publicações não tanto se calhar a incapacidade de não sei ser um bom orador não é por exemplo ou explicar bem algum assunto existe mais uma competição interna por exemplo por postos de trabalho aqui em Portugal se C como professores mais com base nas publicações e é válido quer dizer na quantidade de de de vezes que que o nome é que o seu nome assina artigos ou é citado exatamente e isso acaba por ser o fator de decisão não é portanto nós se calhar lá está colegas meus vêm nos seus 30 não é terminar o deamento e bom se nós queremos ser professores na faculdade ou Continuar a ser investigadores ir para o estrangeiro e ganhar esse até reconhecimento não é internacional acaba por ser chave para para esta para depois voltar e criar mais as suas raízes aqui a Portugal no nosso país e no seu caso eh essa decisão ainda não está tomada não está não miguel miguel Prudêncio as estas questões que são comuns a muitos dos seus jovens eh enfim estudantes do tormento que passam pelo seu laboratório A e e e no seu caso quando concluiu o doutoramento e quando decidiu fazer e eu Creo que o seu doutoramento foi concluído no Reino Unido no Reino Unido e depois fiz um pós-doutoramento na Holanda estas dúvidas também existiram na altura também eh mas eu tive a felicidade de quando terminei o doutoramento ter ter tido logo duas ou três opções e que pelas quais que poderia escolher e e todas elas passavam por pós doutoramentos em diferentes sítios e acabei por optar por aquilo que na altura me pareceu eh o o o mais adequado em relação à questão do do do ir do ter uma experiência no estrangeiro numa carreira de investigação eu Julgo que ela é mesmo fundamental é essencial eh para quem realmente eh pretende levar pela frente uma carreira de de de investigador esta experiência de internacionalização eh hoje em dia é é quase condição cinequanon porque a competição como o Miguel dizia depois faz-se entre pessoas que tiveram eh essa experiência e pessoas que não tiveram essa experiência e quem numa avaliação curricular isso é é é tido na área de investigação a ideia da mobilidade e da mobilidade a nível internacional é é uma é vista como uma mais valia depois há uma outra questão que eu uma outra vertente de de dessa dessa opção de dir parao estrangeiro que é uma vertente pessoal eu pessoalmente acho que é uma experiência que que realmente vale a pena ter eh portanto aqui já e já é já mais do ponto de vista pessoal acho que é que é há um enriquecimento para lado acho há um enriquecimento que que vai para lá dos artigos que se publicam e do do currículo ou de da experiência na no laboratório x ou y e mas para responder diretamente à questão em termos de carreira de investigação um período no estrangeiro é é é realmente uma mais valia inegável Miguel Prudêncio Miguel Pinto quero agradecer-vos a vossa disponibilidade o tempo corre muito rapidamente quero agradecer a vossa disponibilidade por terem vindo até esta aula prática associada ao projeto menes brilhantes de sobre investigação científica que publicamos regularmente no observador até Obrigado pel convite obg h