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começa agora os cinco continentes na rádio observador é por aqui que todos os sábados viajamos pelo mundo e analisamos a geopolítica Internacional e para isso André Maia temos sempre a ajuda do Bruno Cardoso Reis do Historiador Bruno Cardoso Reis Bruno muito bem-vindo mais uma vez bem-vindo Bruno Olá obrigado e a partir dos Estados Unidos ex é esta a nossa ponte de ligação aqui os cinco continentes e vamos vamos então começar até porque hoje temos eh muitos assuntos h e neste Episódio Temos mesmo de começar Bruno pela guerra na Ucrânia esta semana assinalamos 1000 dias de conflito e precisamente nesse dia eh Vladimir Putin assinou um decreto que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares depois de dos Estados Unidos terem autorizado Kiev a atacar o solo Russo com os mí de longo alcance Entretanto a Rússia disparou o primeiro míssil balístico experimental contra a Ucrânia e Bruno aquilo que temos para te perguntar é se estamos perante um risco de escalada de alargamento da guerra e de um conflito podemos dizer mais direto com o ocidente eh bem eh realmente eh são são Mil Dias Ou seja é já oficialmente um conflito prolongado já se tem por mais de 2 anos já estamos quase à beira dos 3 anos eh e h e é um conflito que tem alguns aspectos que são realmente excecionais mas aqui o ponto que temos sempre de voltar a recordar é eh toda esta indignação da Rússia tem a ver com o facto de os países ocidentais terem atrevido a autorizar a Ucrânia a defender-se mais eficazmente com sistemas de armamento mais eficazes contra a agressão russa temos nos lembrar que o que realmente eh foi uma enorme escalada uma escalada sem precedentes foi a Rússia pela primeira vez desde 1945 e Ter iniciado uma guerra de conquista aberta quer dizer não é uma coisa não é uma intervenção militar por parte de uma grande potência isso aconteceu muitas vezes na história e também desde 1945 o caso dos Estados Unidos o caso mas mesmo da China por exemplo invadiu a território indiano em 1962 invadiu o território vietnamita em 1979 enfim várias vezes a União Soviética contra a Hungria em 50 1956 contra a Checoslováquia em 1960 contra o Afeganistão em 1979 agora o que nenhuma dessas grandes potências fez foi realmente e abertamente desafiar esta Norma Central eh na ordem Internacional e que é uma Norma revolucionária no contexto histórico que é desde 1945 as guerras de agressão as guerras de conquista são Ilegais o direito de conquista que era algo que existia historicamente ou seja uma das possibilidades que uma potência vencedora tinha era dizer Este território agora passa a ser meu eh e isso era reconhecido como válido pelas demais potências H ou se não fosse no fundo a resposta seria também militar portanto isso realmente mudou desde 1945 e embora infelizmente não tenha resultado no fim da guerra tivemos muitos conflitos armados desde 1945 por regra mais de 80% e desses conflitos foram conflitos no interior de estados ou seja que não punham em causa pelo menos esse Pilar da ordem internacional que são a questão das Fronteiras e e h e mesmo os conflitos entre estados que são realmente uma minoria portanto claramente aí a Ucrânia já é excecional tem havido muito poucos conflitos entre Estados guerras convencionais entre Estados desde 1945 mesmo quando esses conflitos existem por regr São relativamente limitados no tempo enfim um exemplo paradigmático disso é a chamada Guerra dos Seis Dias eh entre Israel e os seus vizinhos árabes não é em 1967 eh Mas mesmo quando essas guerras existem são por regra limitadas no tempo portanto com uma intensidade ou seja um número de baixas muito mais limitada aqui já estamos a falar provavelmente mais de um milhão de baixas entre mortes e feridos graves dos dois lados h e também E mesmo quando tem a ver com questões territoriais são pequenas mudanças territoriais ou tem a ver inclusive e também por regra com fronteiras que não foram internacionalmente reconhecidas Ou pelo menos nunca foram reconhecidas por esses estados os casos mais evidentes e numa escala maior são por exemplo Marrocos com o Sara espanhol eh que em 1975 que o Marrocos nunca reconheceu como sendo outra coisa que não um território espanhol que eh não outra coisa que não fosse um território historicamente marroquino sob ocupação espanhola eh ou por exemplo as disputas territoriais entre Israel e os seus vizinhos árabes as fronteiras de Israel depois da guerra da Independência de 4849 nunca foram reconhecidas pela generalidade dos vizinhos portanto são conflitos territórios abertos em tudo isso realmente eh a Ucrânia acional e representou uma escalada sem precedentes agora em relação à questão do risco de alargamento bem a Ucrânia h a Ucrânia aí mais uma vez é a vítima o alargamento já o alargamento da guerra já se verificou quando a Rússia e mobilizou e dezenas de milhares de soldados norte-coreanos para irem combater e eh tropas ucranianas que se estão a defender de uma invasão russa Esse é que é o alargamento que a que nós já assistimos e e portanto tudo isto da parte do acidente tem sido no fundo uma resposta muitas vezes aliás tardia extremamente Prudente cautelosa limitada para evitar esse tal risco de escalada e de alargamento eh de facto é uma agressão russa sem precedentes e corresponde realmente a uma lógica e Imperial e imperialista portanto aquilo que a Rússia está aqui a exigir e aquilo que se está a queixar é de não a deixarem invadir em paz um país vezinho aqu ela acha que tem direito porque foi um antigo e até há algumas Décadas atrás foi par parte da União Soviética e antes disso tinha sido parte do império Russo eh Ora se isso passa a ser a nova regra na política Internacional e terminava com este ponto Realmente vamos ter uma multiplicação de conflitos vamos ter um mundo muito mais violento e muito mais perigoso a maior parte dos Estados dos 193 estados Independentes atualmente existentes são antigas colónias mais de 140 São antigas colónias e o o mesmo tipo de lógica que a Rússia aplica pode-se aplicar em múltiplos casos e a questão da língua fala mesma língua há muita gente a falar russo na Ucrânia e fez parte do antigo Império bem que eu saiba em Luanda continua-se a falar português e Luanda foi parte do império Português até 1975 foi foi foi português mais tempo do que a Crimeia foi russa a Crimeia russa desde o final do século 18v Luanda foi fundada pelos portugueses no século XV portanto isso é um argumento válido para Portugal digamos num Delírio qualquer dizer que agora Angola e ou a Luanda São novamente nossas é evidente que não não é isso não faz nenhum sentido mas APAR emente é esse o tipo de ordem internacional que a Rússia quer normalizar portanto tudo isso é que representa realmente uma escalada muito perigosa e sem prentes agora evidentemente sempre que estamos a falar de uma potência nuclear ainda por cima uma como a Rússia que tem muitas vezes tido aqui uma postura e declarações extremamente irresponsáveis é evidente que isso é grave e merece atenção agora a mim parece-me evidente que Putin só respeita a força e só a razão pela qual os países bálticos que estão exatamente n mesmas circunstâncias inclusive históricas da Ucrânia não foram invadidas e a Ucrânia foi é porque na nos países bálticos temos uma presença permanente de forças da da Aliança Atlântica e portanto a Rússia sabe que aí arriscaria um conflito realmente com potências militarmente muito mais fortes do que ela e e esse é o único tipo de linguagem que uma potência como a Rússia e um regime como Putin percebe uhum Bruno Vamos mudar para o médio Oriente eh tivemos há duas semanas admissão do ministro da defesa e ao AF Galante eh O certo é que esta quinta-feira outra tribunal penal internacional diia emitiu mandados de prisão para o primeiro-ministro benjam nanu e também precisamente para o antigo ministro da Defesa do país Isto pode aqui mudar alguns parâmetros na estratégia de de Israel nesta guerra não parece ou seja acho que Israel optou o tual governo Israelita optou por ignorar completamente e a Comunidade Internacional ignorar inclusiva as preocupações doss seus aliados entre as democracias ocidentais e e portanto isto realmente esta esta acusação do tribunal penal Internacional e é o preço de declarações inaceitáveis sobretudo naquela fase inicial da Guerra eh é o preço também de uma opção exclusivamente militar que a verdade é que tem dado alguns resultados em termos de Enfim uma e um enfraquecimento e da capacidade Militar do amaz e do es bolá a sua decapitação em termos de lideranças e mas sem qualquer estratégia política sem qualquer preocupação com o que ISO pode fazer em termos da perceção de Israel como estado democrático ou até da própria natureza democrática do estado e de Israel aí o que é irónico é que um dos acusados o ministro da Defesa Galante que foi não por acaso demitido há poucos dias atrás Enfim no dia das eleições Americanas e é era um crítico dessa obsessão excessivamente militar embora também ele tenha feito algumas declarações inaceitáveis naquela fase inicial eh mas H mas a verdade é que e no fundamental este este esta decisão não vai alterar nada como a decisão do mesmo tribunal penal internacional de emitir também uma declaração um um mandato de captura e por crimes de guerra contra Vladimir Putin também não alterou nada nem na nem na postura da Rússia nem Aliás na postura de grande parte dos países que alguns dos quais agora muito satisfeitos e saudar esta decisão do tribunal penal internacional países como a África do Sul por exemplo mas que deixaram claro que o seu governo pelo menos a sua vontade era receber com passadeira digamos vermelha Vladimir Putin só não conseguiram fazer isso porque os tribunais na África do Sul ou no Brasil ainda forão funcionando eh mas eh mas portanto H desse ponto de vista a lei internacional enfim tem este problema que é não há um governo mundial não há uma polícia Mundial que aplique e portanto depende sempre dos Estados voluntariamente e a aplicarem e tirarem daí conclusões e portanto os os sinais são que não vai haver aqui grandes alterações na postura da maior parte dos Estados em relação eh a este conflito veremos Apesar tudoo no caso da Europa isto resulta em mais pressão para restrições no fornecimento de armamentos em Israel que Aliás já se T estado a verificar mas poderão ainda aumentar eh ou eventualmente até algum tipo de aumento também da da pressão Económica em termos de sanções Mas mesmo isso não é Garantido e e provavelmente não terá um impacto na na postura nas prioridades do governo Israelita uhum Bruno vamos pegar nas malas e vamos até aos Estados Unidos da América fechamos esta primeira parte por lá e sobre as eleições os números finais estão praticamente apurados já é seguro afirmar que houve uma uma viragem trump confirmou uma grande Vitória histórica podemos dizer assim e é mesmo histórica e depois gostava de perguntar também eh O que é que já sabemos sobre como é que vai ser a governação do Donald trump e também a sua relação com o com o congresso eh isto principalmente tendo em conta os desenvolvimentos destes últimos dias com as nomeações anunciadas para os vários ministérios bem eh a verdade é que nisso como quase tudo aquilo que Donald trump diz não é muito viável Portanto ele veio dizer que era uma vitória histórica e sem precedentes tá muito longe de ser assim eh não tem nada a ver com as grandes vitórias históricas de Ronald Reagan que venceu por exemplo em quase todos os estados perdeu em cinco estados eh de Roosevelt eh portanto estamos a falar de aqui talvez só a questão da Vitória histórica pelo facto de se calhar acharmos e foi aquilo que fomos falando aqui nos cinco continentes que ia ser um um resultado mais equilibrado não é a vitória nos swing States acabou por ser aqui muito importante aquilo que falamos várias vezes aqui e não só aquilo que eu várias vezes disse é e nós não temos forma de prever o resultado não há quem diz que tem alguma certeza sobre o resultado não tem bases em termos de Rigor factual para dizer isso Eh mas pode acontecer e com estas margens de erro com os dados das sondagens pode acontecer o cenário de 2 16 ou seja E se for assim donal trump ganha em todos os estados oscilantes foi o cenário que se confirmou ou se acontecer aquilo que aconteceu Por exemplo em 2022 ou em 2020 e os Democratas vencerem em todos os estados oscilantes a vitória nos estados oscilantes foi mais clara do que muita gente eh pensava interpretando os dados mas a verdade é que mesmo aí uma mudança de poucas centenas de milhares de votos tinha alterado o resultado no total Nacional estamos a falar eu estou é por isso que Achi que era interessante voltar estamos a falar de 74.3 74 milhões 300.000 votos para Camel haries arredondando estamos a falar de 76 milhões 900.000 votos para Donald trump estamos a falar em termos de percentagem de uma vantagem para Donald trump de menos 2% 4,99% portanto não chegou sequer a mais de 50% dos votos contra 4,8 p3 por Camel Harris portanto realmente não é uma vitória esmagadora e portanto isso só mostra que aqueles videntes políticos aqueles adivinhos eleitorais que por uma fezada achavam que o trump ia ganhar como aliás muitos deles achavam também que ia ganhar em 2020 quando perdeu de uma forma muito mais clara para Joe biden realmente não estavam a fazer análise política estavam a manifestar as suas preferências ou as suas fez adas eh mas portanto aqui a questão Fundamental e a razão para voltar a estes números é sobretudo Este ponto que é Com estes Com estes números não há nada que nos permita dizer que temos aqui uma viragem histórica aquilo que Naum linguagem política americana se chama um realinhamento histórico e isso aconteceu por exemplo Houve essa ideia de que isso tinha acontecido com com Obama em 2008 em 2008 Obama Venceu com uma vantagem de 10 milhões de votos em relação a a John mccain eh portanto e nessa altura pensou-se que cá está uma nova maioria e democrática uma grande Coligação de minorias diversas de imigrantes recentes de pessoas de classe trabalhadora etc e isso vai ser a base para um um uma durável do partido democrático na política americana durante décadas como aconteceu no tempo de Roosevelt por exemplo como aconteceu com o Partido Republicano a seguir a Lincoln também uhum durante décadas no no século XIX e até ao início do século XX isso de facto não se concretizou o que temos visto é sempre uma EUR uma América muito polarizada muito dividida H há esta ideia muito populista Donald trump que é ele contra as elites bem e 74.3 milhões de americanos não são propriamente tudo elites não é eh e portanto realmente temos uma continuamos a ter uma América muito polarizada muito dividida aquilo que me parece isso sim Evidente é um realinhamento no no interior do Partido Republicano isso eu também já fui afirmando nos meses que foram antecedendo da eleição ou seja realmente Donald trump está a consolidar o predomínio sobre do trumpismo do populismo nacionalista protecionista sobre o Partido Republicano e e as suas nomeações confirmam Exatamente isso ou seja eh temos um ou dois antigos moderados Marco Rúbio por exemplo e e e e e e e walzer por exemplo Eh que que é o novo concelho de segurança nacional mas a maior parte das nomeações Realmente são de figuras que estão comp completamente alinhadas ideologicamente com Donald trump é o caso por exemplo do novo secretário da Defesa eh exf ou eh ou ou por exemplo da do nome que ele procurou para nomear para ministra da defesa e Procurador Geral Mat GS e da nova eh do novo nome eh e que é eh Procurador Geral da Flórida e que foi alguém que por exemplo apoiou Donald trump em vários dos seus processos judiciais mas pelo menos tem alguma experiência at um currículo como jurista que enfim a torna perfeitamente adequada para o lugar ao contrário do que era o caso de Mat gz mas talvez o caso digamos mais revelador desse realinhamento é alguém como telsey gabart que é criticada Não é pelos esquerdistas é por eh ainda há um ou dois dias por uma Líder histórica do Partido Republicano Nicki Hailey que foi concorrente contra Donald trump nasis do partido eh e que disse mas nós queremos ter alguém que eh enfim basicamente repete a propaganda russa chinesa eh do regime Sírio etc a presidir a dirigir os serviços de informações eh dos Estados Unidos Pelo visto Donald trump quer isso e do meu ponto de vista Isso realmente é uma prova de força eh uma prova de controle eh do Partido Republicano portanto um dos dois grandes partidos históricos que dominam a política americana isso tem enormes implicações para o futuro da política externa americana ela vai ser muito menos previsível eh vai ter vai criar grandes problemas aos Aliados históricos dos Estados Unidos nomeadamente na Europa que se habituaram a ter uma política americana muito previsível não em termos de política interna mas em termos de política externa porque havia grandes consensos entre os dois principais partidos eh Isso está muito mais posto em questão eh com Donald trump eh se ele conseguirá no futuro em futuras eleições digamos consolidar esta heronia isso é alo que só podemos ver realmente nas próximas eleições em 2000 e a começar com as próximas intercalares em 2026 e depois as novas presenciais em 2028 portanto eu aí acho que temos de ser prudentes mas pelo menos Este realinhamento é já eh bastante Claro h e e e e portanto é algo com que o resto do mundo tem de tem de lidar não é porque obviamente o resto do mundo não tem outra alternativa senão chegar a compromissos eh enfim ter relações o melhor possível com quem os os norte–americanos escolheram como como presidente Bruno ficamos por aqui na primeira parte regressamos já a seguir com c continentes na rádio observadores na segunda parte vamos falar sobre vários assuntos como o balanço do G20 e a participação portuguesa mas ainda Falamos também da crise de Moçambique e outros assuntos em destaque é logo a seguir às notícias até já bruno até já segunda parte do cinco continentes na rádio observador com o historiador Bruno Cardoso Reis que todas as semanas nos leva numa viagem para analisar a geopolítica internacional Bruno Já compramos outro bilhete vamos seguir a viagem H nesta segunda parte começamos no Brasil vamos até ao G20 eh queríamos te perguntar que balanço é que fazes deste encontro e da participação Portuguesa no evento que reúne as maiores economias do mundo Sim já falamos aqui na na semana passada mas estamos a falar recordo de 85% da economia Global só estes 20 países um total de 193 75% do Comércio Mundial portanto é um é uma boa ilustração de que o mundo está longe enfim formalmente todos os estados estão são iguais mas na verdade isso está longe de ser o caso H é uma iniciativa que é criada em 1999 sobretudo por eh enfim é é uma ideia sobretudo do Canadá e da Alemanha no contexto do G7 ou seja aquele agrupamento das principais economias vamos dizer assim do acidente Global juntando as principais economias europeias a própria União Europeia o Canadá os Estados Unidos e depois também o Japão o G7 mas portanto é esta ideia de que a economia está muito mais globalizada isto já em 1999 era Evidente há mais crises também globais ou seja um efeito de contágio uma globalização da insegurança inclusiva económica da volatilidade económica tinha havido uma crise recente financeira muito séria na na Ásia e portanto que era fundamental envolver neste esforço de coordenação da da governação económica Global H estas novas economias emergentes a e portanto essa iniciativa vai ser acolhida também pelo pelos Estados Unidos mas inicialmente sobretudo por Ministro das Finanças e ministros da economia e governadores do Banco Central era muito também essa avocação original do G7 só a partir de 2008 com Obama é que se vai eh no fundo H criar este formato de cimeiras dos líderes não é dos chefes de governo dos chefes do executivo eh para refletir também no fundo esta esta crente tendência a nível global para um peso crescente de países emergentes o mais Evidente é o caso da China mas países como a Índia mesmo o Brasil eh Indonésia etc e portanto desse ponto de vista eh é uma iniciativa com algum sucesso agora tem esta eh esta tradição de focar sobretudo na dimensão económica h o problema é que estamos num mundo em que cada vez mais e voltamos a ter questões sobretudo de segurança questões de conflitos armados de guerras portanto uma da uma da um dos balanços incontornáveis é nesta declaração final não há nenhuma referência à à questão da da Ucrânia não há nenhuma referência à questão da Palestina ou outros outros conflitos armados no Sudão na birmânia etc que temos falado aqui e que não são aliás numa escala de intensidade muito diferente eh e portanto Isto mostra desde logo uma limitação muito importante aquilo que o Brasil claramente optou por fazer foi no fundo esta ideia aí é impossível acordo entre o G20 Eu recordo que temos aqui o Bras temos o Brasil e a e a Índia e a China mas temos também a Rússia os Estados Unidos eh a Arábia Saudita portanto é muito difícil chegar a acordo em relação a estes conflitos eh mas vamos noos focar em áreas onde é fundamental continuar a haver cooperação e acordo quem é que se pode opor a combater a fome a combater a pobreza que são temas por exemplo que o presidente Lula também valoriza muito H há há algumas décadas e portanto vamos apostar sobretudo aí o problema é que mesmo nesses Campos eh aquilo que vemos na declaração são no fundo uma declaração muito vaga acordos muito vagos compromissos muito vagos não é de todo evidente que seja possível uma cooperação internacional muito intensa entre grandes potências em torno desses temas quando elas estão profundamente divididas e e em conflito e com rivalidades enormes a nível mais geoestratégico geopolítico inclusive e militar e de conflitos armados portanto a eu percebo essa aposta mas acho que ficou bastante Evidente neste comunicado e como é difícil isso realmente acontecer porfim eh a participação de Portugal é realmente importante e confirma aquilo que muitas vezes aqui referimos que é independentemente de eu poder ser crítico de certas posições do Brasil ou do presidente Lula como analista independentemente até de Portugal do governo português do estado português n alguns aspectos ter divergências com o Brasil e ser e digamos Claro em relação a isso por exemplo na questão da Ucrânia eh e do que fazer em relação à Ucrânia ou como lidar com a Rússia isso não deve impedir eh de facto uma aposta forte na cooperação eh entre os dois países há enormes ligações históricas há enormes ligações em termos de relações humanas de comunidades portuguesas no Brasil e e de pessoas de origem portuguesa comunidades brasileiras em Portugal Portugal é o segundo país onde há mais imigrantes brasileiros a nível Mundial depois dos Estados Unidos Portanto tudo isso eh eh realmente criam criam redes que devem e podem e devem ser exploradas em termos de cooperação reforçada em múltiplas áreas na defesa por exemplo Eu recordo que eh estamos a desenvolver um um avião de transporte militar o kac 390 em conjunto e uma parte é fabricada em Portugal como empresa brasileira em brer portanto tudo isso é um enorme potencial Portanto acho que foi positivo esta presença reflete os ganhos dessa cooperação e e e o primeiro-ministro Montenegro penso que esteve bem deu uma boa entrevista à Folha de São Paulo H referindo questões como por exemplo a gestão da política de imigração eh Portanto acho que foi foi bem aproveitada também nessa dimensão e e fez alguns encontros bilaterais que também me parece que são de destacar e de e de elogiar por exemplo e eh um encontro bilateral com o primeiro-ministro da Índia modi cada vez mais os países europeus estão a apostar n na Índia como uma alternativa e à China é uma economia asiática enorme eh é o país já com mais população está a ter um crescimento muito significativo é uma grande democracia ao contrário da índia da China apesar de ter alguns problemas a Índia e e Portanto acho que é uma aposta que faz todo o sentido também do ponto de vista do interesse Portugal e desenvolver uhum Bruno vamos avançar e vamos até a África para falar da reunião entre chefes de estado e de governo da comunidade de desenvolvimento da África austral reuniram-se no Zimbabué a crise em Moçambique foi o assunto de maior destaque Bruno Qual é que pergunto qual é que é o ponto de situação neste momento Isto também numa altura em que se fala de uma possível nova crise política na Guina Bau eh sim eh em relação à à cadc que já aqui falamos também eh portanto é o o termo que é geralmente usado é o termo inglês southern African development community embora o português seja uma obviamente uma das línguas oficiais portanto é um conjun Mas é uma comunidade Regional uma espécie de União Europeia Se quisermos dizer assim da África austral Rio 16 países que vão desde de Angola e Moçambique até enfim à República democrática do Congo Madagascar as maurícias as Cheles a Tanzânia obviamente a África do Sul tem aqui um peso muito importante ela é criada com esta designação em 1992 mas já existia como uma espécie de conferência de cooperação para o desenvolvimento no quadro dos chamados estados da Linha da Frente eh que é que no fundo uma organização de estados africanos que fazem fronteira com a África do Sul do aparti e e que tem como objetivo no fundo combater eh o aparti na África do Sul apoiar o anc e também defender esses países de intervenções militares eh da da África do Sul não é da África do Sul do aparti e portanto depois vai-se transfigurar já obviamente incorporando a África do Sul pós apart a partir de 1994 nesta organização Regional Eh agora isto esta esta história é relevante porquê Porque no fundo Este também é muito um clube dos antigos movimentos de libertação eh o atual presidente a simeira Tem lugar na capital do zimbábue em arar eh o atual presidente Presidente digamos da da da da desta comunidade Regional é o presidente do zimbábue que é um líder histórico e do Da Da Da zano portanto da da da organização de libertação Nacional do e do zimbábue que foi basicamente criada em Moçambique tinha as suas bases em Moçambique para combater também o regime de minoria branca na na então Rodésia ou seja naquilo que foi a ser o o zimbábue eh e portanto esse no fundo o o presidente do zimbábue deu os parabéns a ao líder da fre limo Daniel chapo antes sequer da comissão eleitoral eh no fundo anunciar oficialmente os os resultados portanto há este problema de base que é esta seria este esta comunidade seria no fundo em termos de algum tipo de ação externa para lidar com a crise em Moçambique seria o fórum ideal O problema é que ela não é vista como neutra como credível nomeadamente pela oposição e moçambicana eh nesta simeira também refletindo uma digamos uma uma certa passividade só quatro chefes de estado é que estiveram presentes o próprio Líder sul-africano por exemplo rama paa não esteve presente enfim tinha a desculpa de estar no G20 mas eventualmente podia ter antecipado o regresso ou ter adiado esta esta simeira e portanto a declaração Final O que foi dizer foi eh condenar a violência das manifestações sem referir por exemplo a repressão policial apelar à paz obviamente é muito o interesse da região que não haja conflito em Moçambique eh não só a África do Sul mas o zimb e a Zâmbia o malaui estão muito dependentes dos Portes moçambicanos e para as suas exportações para as suas importações portanto isto seria péssimo para a região mas a verdade é que a declaração que existe vai nesse sentido e dizer há que respeitar as instituições ou no fundo As instituições do Estado moçambicano vão decidir Quem é que ganhou Ora mais uma vez o problema é que essas instituições não se têm mostrado credíveis nem no escrutínio nem depois em lidar com toda esta contestação eh eleitoral portanto desse ponto de vista eh enfim não foi talvez uma surpresa eh mas realmente não houve aqui nada de que enfim que permita pensar que esta comunidade Regional poderá ter aqui um papel ativo e útil na resolução da crise portanto eu acho que mais uma vez repetindo o que já tenho dito cabe sobretudo aos moçambicanos e eu voltaria a insistir nesta questão parece-me que apesar de tudo quem podia ter aqui alguma função de mediação seriam os líderes religiosos das diferentes comunidades evangélicos protestantes católicos muçulmanos a Portugal eu acho que tem de ter aqui uma enorme prudência e tem tido aliás ou seja não parece que fosse útil a nem desejável que Portugal tivesse aqui uma posição muito assertiva se os moçambicanos quiserem ajuda de Portugal a certa altura ou de outros países da própria Comunidade Europeia etc da União Europeia deverão ser eles a pedir e por consenso entre as diferentes partes neste neste conflito em relação à Guiné Bissau eu realmente queria só assinalar isso não vamos ter tempo para mas eh enfim à partida está a haver consultas para a marcação de novas eleições e houve eh a possibilidade de Protestos muito sérios eh que enfim acabaram por ser desmobilizados um pouco como resultado disso mas a verdade é que temos desde 2023 um Parlamento dissolvido sem eleições e portanto isso obviamente não é uma situação normal e presta-se a qualquer momento haver aqui uma explosão digamos de de violência política também na na Guiné bão em outro país da cplp muito próximo de Portugal muito bem Bruno na Europa vamos falar da nova comissão da a união europeia que está finalmente Fechada no Parlamento europeu Ursula Vl sai podemos dizer reforçada e pronta para o desafio que traz a governação trump nos Estados Unidos mais uma vez voltamos aqui a falar do dos Estados Unidos enquanto um ator que pode influenciar aqui muitas decisões não é sim eh é mais um é mais um exemplo enfim obviamente temos a questão da Ucrânia que já está a decorrer há muito mais tempo mas é mais um exemplo de como realmente estamos num mundo muito instável eh um um mundo muito menos previsível um um mundo muito mais adverso em relação à aquilo que são as preferências tradicionais da União Europeia que é abertura económica segurança em termos de eh de comércio internacional H enfim o primado da da Lei internacional eh portanto tudo isso está muito realmente em questão e eu penso que isso explica eh porque é que apesar de algumas tensões e de enfim de pressões de sentido oposto e de ameaças de que a comissão poderia ser bloqueada no Parlamento europeu fosse pelos socialistas fosse pelos e no fundo pelo partido Popular europeu o grupo maioritário da da do centro de direito europeu no fundo Isso acabou por não não acontecer e pela primeira vez eh de facto O parlamento europeu não rejeitou nenhum candidato a comissário nem sequer voltou digamos a pedir um uma nova prestação de provas eh e Portanto acho que isto reflete muito esta ideia que Aliás já se verificou também na na na recondução do URL Vl e na e e e no nome também de António Costa no fundo de eh procurar apresentar uma frente unida relativamente Coesa eh e não arrastar ou não haver aqui crises eh muito arrastadas que eh dificultassem depois a capacidade de resposta da União Europeia portanto desse ponto de vista acho que é uma boa notícia que isso não tenha eh acontecido agora isto está long de querer dizer que a União Europeia tenha a coesão garantidamente a coesão necessária para poder enfrentar os desafios que aí vem logo a começar por exemplo uma guerra comercial com com os Estados Unidos eu acho que essa coesão seria fundamental mas não estou certo que não haja alguns países ocorre-me por exemplo Hungria do orban aqui a fazer uma espéci de jogo duplo eh e obviamente aí a comissão europeia tem uma capacidade limitada porque ao contrário daquilo que dizem muitos críticos da União Europeia a união europeia é essencialmente um clube de Estados em última análise quem decide são os estados membros e não e não a comissão Claro Bruno temos o mesmo de acelarar só temos 5 minutos até ao final do programa Eh vamos ainda à Europa falamos da situação política na Alemanha aliás tem sido um assunto recorrente aqui no nosso programa sabe–se agora que o ministro alemão da Defesa boros pistorius não está disponível para se candidatar a chanceler nas eleições antecipadas de Fevereiro disse que iria apoiar a candidatura de reeleição de Olaf schs Mas porque é que teve de dizer isto e e também me pergunta o que é que podemos esperar dos próximos capítulos e da situação instável que se tem verificado na Alemanha bem eh é realmente estranho que um ministro tenha a dizer bem quem vai concorrer é o primeiro-ministro e não eu não é quem se vai candidatar eh isso resulta do facto dele ser muito mais popular do que o chanceler ser na verdade o político mais popular na Alemanha atualmente mas realmente tem enormes anticorpos sobretudo no interior do seu próprio partido há uma ala esquerda esquerdista pacifista eh que recusa-se reconhecer o mundo como ele é atualmente na na no SPD no partido socialdemocrata alemão neste partido de centro esquerda que tem criado enormes dificuldades por exemplo a ajuda a Ucrânia em que pistorio se destacou com com grande eficácia foi crucial por exemplo na questão do desbloquear do est leopar eh mas mas Portanto ele é muito popular entre o eleitorado mas tem anticorpos no interior do no interior do partido portanto avançar provavelmente haveria aqui uma guerra que podia ter grandes custos para o SPD piorar ainda mais aquilo que já são sondages muito mais o SPD neste momento está a volta dos 16% Portanto o que é mais provável é realmente termos uma vitória da direita do centro direita da cdu eh de mert H que está à volta dos 35% nas sondagens e provavelmente um governo de grande Coligação eh provavelmente até juntando o SPD e a cdu O problema é que só temos eleições em fevereiro e depois as negociações para formar o governo na Alemanha muitas vezes demoram um meses Portanto vamos ter meses e meses com trump já em funções com a guerra na Ucrânia a continuar e potencialmente a agravar sem termos um governo forte e com uma com prioridades Claras num país Central no contexto da União Europeia que é a Alemanha e Bruno Ainda temos tempo de ir até à América Latina para falar sobre uma acusação de golpe contra Jair bolson a polícia federal brasileira nomeadamente Diz que bolsonaro tinha pleno conhecimento para assassinar Lula e por isso H está a ser acusado de tentativa de golpe de estado em que ponto de situação fica a política brasileira com todos estes casos mal não é bem desde logo confirma-se realmente aquilo que também aqui referimos que é havia indícios fortes de uma tentativa de golpe uma tentativa de autogolpe não é no fundo o presidente manter-se no poder com o apoio das forças armad e e enfim com uma série de ações Ilegais e e violentas à margem da da ordem constitucional portanto obviamente isto é uma acusação são embora sejam 800 páginas de digamos de e de informação factual que que que que que eles consideram que que tem condições para levar a uma condenação Portanto vamos ver se isso acontece H obviamente isso é profundamente lamentável não é como qualquer golpe de estado seria sempre eh aqui o que eu diria é isto pode apesar de tudo funcionar como uma viragem de página política brasileira Ou seja a direita brasileira tem estado a conseguir bons resultados nomeadamente venceu de forma Clara as eleições municipais há poucas semanas atrás mas é uma direita eh digamos mais moderada mais centrista muitas vezes estrita como centrão na na no linguagem na linguagem política brasileira e não propriamente bolsonarista eh e portanto eh à partida eh a direita sem golpismo tem condições para provavelmente vencer eleições no futuro eh E se for assim teremos aqui aqui uma viragem de página saudável porque obviamente é assim que deve acontecer as coisas em democracia a direita ou a esquerda vencer Mas pela Via eleitoral eh democrática pacífica e não pela Via digamos golpista Bruno não temos tempo para fazer mais viagens nestes cinco continentes mas temos tempo ainda para a última recomendação O que é que nos trazes desta vez a nós e também aos nossos ouvintes bem é um livro que eu traduzi com no é meio Pizarro um livro do Farid de zacara a idade das revoluções a era das revoluções h e e portanto ficam cientes de que eu realmente me empenhei na na tradução mas obviamente não Não recebo mais por por por enfim por compras do livro e aliás aceitei excecionalmente a tradução porque realmente gostei muito do livro e e portanto eh acho que é um livro muito interessante porque combate um pouco este presentismo que é muito uma tendência na análise política eh centra-se muito em questões que t a ver com tudo isso que temos aado a discutir por exemplo a questão do da emergência de trump de uma política muito mais populista nacionalista protecionista identitária nativista mas que é uma realidade não apenas nos Estados Unidos mas na Índia em várias partes da Europa eh enfim um pouco por todo o mundo e portanto o que Farid de zacara procura mostrar é quando há grandes revoluções tecnológicas e económicas isso muitas vezes resulta em revoluções também identitárias em revoluções políticas eh e em grandes reações contra essas mudanças muitas vezes de índole populista identitário etc eh e portanto eh tudo isso no fundo já aconteceu no passado e é possível lidar e Ultra passar e esse esses desafios esses problemas de formas distintas uma uma possibilidade é uma viragem autoritária mas também é possível muitas vezes conseguir no fundo aos regimes liberais usando as suas válvulas de escape a sua a sua maleabilidade conseguir responder de forma eficaz e a estes novos a estes novos desafios portanto é é uma obra muito interessante eh e que vai desde a Holanda no século 17 até até aos problemas da atualidade questões como trump mas de uma forma muito mais aprofundada do que é habitual Bruno Cardoso Reis obrigado Mais uma vez temos Encontro Marcado no próximo sábado até lá não se esqueça pode ouvir este e outros Episódios em podcast e pode e deve também enviar as suas perguntas sobre história ou geopolítica internacional para o Bruno através do e-mail @ observador.pt Bruno Obrigado e boa semana até para semana semana p
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O Putin tem respeitado muito o ocidente porque quando vimos os ocidentais a mandarem mísseis contra a Rússia, muitos países Europeus tem tido muita sorte até agora… a Ucrânia não pertence a NATO ou a EU e usarem a Ucrânia para destruir a Rússia… Achava bem começarem a dizer a verdade e às intenções do alargamento da NATO … A Europa precisa de mais bases militares americanas ???
A Nato é composta de um punhado de colonizadores. Acontece que hoje a ordem mundial mudou. Portugal e Espanha que antes dominavam, agora são anos luz mais fracos que a América Latina. Eua, Reino Unido, França e Alemanha agora não são capazes de equiparar ao poderio da indústria bélica chinesa e russa.
Corrijam a afirmação que “estamos mais perto de um conflito (russo) com o ocidente”. Não é contra o ocidente, é contra o Nato. Eu sei que vocês europeus sempre desconsideraram o Sul Global, mas aqui no Brasil e na América Latina, assim como os países africanos ocidentais, não estamos contra nenhum dos lados, muito menos contra nossos parceiros do Brics.