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[Música] a terapia e o acompanhamento psicológico online estão a conquistar adeptos E são muitas as plataformas que oferecem várias soluções aos pacientes para atendimento à distância consultas mais acessíveis e com horários alargados são apenas alguns dos motivos que justificam esta mudança de comportamento mas há quem procure alternativas ainda mais pessoais com recurso aplicações alimentadas pela Inteligência Artificial e que simulam o contacto humano através do telemóvel a ordem dos psicólogos está atenta aos riscos com a pandemia da covid-19 a procura por acompanhamento psicológico disparou ansiedade esgotamento ou depressão foram só alguns dos problemas que a nível Global empurraram a população para o sofá dos terapeutas Portugal que nessa altura já tinha mais de 12% da população com diagnóstico de depressão crónica O pior resultado da União Europeia não foi exceção mas a limitação de deslocações o medo do contacto físico e a generalização dos meios virtuais levaram a que muitos recorressem ao apoio de saúde mental à distância através de consultas online vencendo a resistência e a desconfiança de profissionais e [Música] pacientes na verdade eu acho que era o desconhecido não é eh as pessoas não estavam adaptadas às novas tecnologias e como tudo que é desconhecida as pessoas resistem os profissionais porque achavam que era difícil fazer as consultas online eh eh habituados ao contacto presencial achavam que iam iam ter menos sinais né da parte do do paciente uma vez que realmente é importante os sinais do perdem-se não é e e e achavam que que havia realmente uma uma perda de qualidade na no atendimento e as pessoas as pessoas não viam a psicologia ainda no modo virtual longe de suspeitar a revir a volta que o mundo havia de dar em 2020 Cecília Almeida já preparava desde 2018 o lançamento da Mind first uma plataforma que reúne psicólogos psiquiatras e terapeutas para o atendimento exclusivamente online Hoje quase 5 anos depois são 80 profissionais presentes em 34 países em várias línguas com mais de 1000 Consultas por mês o perfil do utilizador é o de um paciente jovem com idade entre os 20 e os 40 anos com um grau de literacia superior para a maioria a terapia online ou presencial não é novidade a psicoterapia é procurada e por imensas questões diferentes não é antigamente eh quando se procurava um psicoterapeuta eu acho que era Pelo menos eu recebia à pessoas quando estavam muito mal já com uma grave depressão e se um Burnout gravíssimo agora não as pessoas vão ao psicólogo porque querem conhecer-se melhor e querem decidir saber se devem terminar a relação ou não e querem mudar de emprego e às vezes querem fazer um luto eh Às vezes tem insónia mas outras vezes tem ansiedade mas são coisas muito mais simples não é a terapia online democratizou o acesso à saúde mental as consultas são mais baratas os horários muito mais alargados e disponíveis até 24 horas por dia não há Tempo Perdido na deslocação e o local escolhido pode ser o sofá da sala do paciente o seu escritório um jardim ou até dentro do carro e o estigma de procurar ajuda psicológica fica menor o que ninguém vê ninguém sabe mas Nem tudo são aspectos positivos há vantagens e desvantagens né A diferença é que é mais difícil às vezes ver a leitura dos sinais não é porque não temos o corpo inteiro n é eh e podemos perder alguma informação eh eu acho que não temos a interação pessoal com com a pessoa na verdade eh pode ser uma desvantagem n a ordem dos psicólogos portugueses reconhece que uma em cada quatro pessoas vive com problemas de saúde psicológica os motivos para pedir ajuda são muitos e cada vez mais diversificados com um número claramente insuficiente de profissionais para as necessidades da população a inteligência artificial encontrou uma oportunidade de negócio debaixo do chapéu da Saúde Mental e do autocuidado as aplicações de acompanhamento emocional de meditação ou de bem-estar surgiram quase tão depressa como a capacidade dos programadores dos modelos de linguagem desenvolverem Novos Produtos mas de acordo com o parecer da ordem estima-se que só 3 A 4% as aplicações sejam baseadas em evidências científicas que as aplicações em saúde tê CRC muito eh mas ao mesmo tempo é por causa disso mesmo uma preocupação em primeiro lugar como tudo o que cresce rápido não é cresce de uma forma desordenada e cresce de uma forma desregulada não é o que evidentemente é uma preocupação quando falamos de saúde quando é evidente que o princípio que orienta todas estas coisas é aquilo que podemos chamar o princípio de autonomia ou de respeito para a autonomia as pessoas pessoas são crescidas e portanto e há informações básicas em relação a cada aplicação e portanto as pessoas utilizam aquilo que querem isso é evidente E aí no ultrapassado não é mas a verdade é que não é o problema é depois vendermos as coisas não é em termos de saúde como se de alguma maneira para aquelas aplicações sejam elas quais forem resultassem de facto não é em função das expectativas que as pessoas possam ter e possam ter mas o que são afinal est as aplicações e como funcionam são programas de computador baseados em Inteligência Artificial capazes de alimentar uma conversa em tempo real com o utilizador humano por texto ou por voz o chat GPT é o exemplo mais conhecido mas há muitos muitos mais o o bot o sngulo ou Isa vocacionados para a terapia e saúde mental são doss mais conhecidos nem todos estão disponíveis em Portugal e desde Abril até a Organização Mundial de saúde tem a Sara uma espécie de assistente virtual para aconselhamento personalizado o utilizador descarrega a aplicação para o telemóvel e troca mensagens com o software do outro lado Pode até parecer uma pessoa que está a responder e a transmitir preocupação com o seu bem-estar emocional Mas desengane-se é mesmo apenas e só uma a máquina de facto a aprendizagem automática é uma das características que tem é é é é ter a capacidade de aprender padrões potencialmente depende Claro dos das técnicas que forem usadas mas sim isso é é uma das grandes vantagens da da aprendizagem automática essa capacidade de aprender padrões se H as aplicações de apoio psicológico são úteis ou não eh Aí Eu acho que são os profissionais de formados psicólogos é que poderão avaliar não é e o e e penso que terão de avaliar em cada caso em cada máquina e se é se é útil ou não Luís Correia é professor no departamento de informática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e especialista em machine learning à aprendizagem da máquina ou seja de que forma as respostas da aplicação evoluem à medida que o utilizador partilha mais informação com o programa e que os donos do software o atualizam com novo conhecimento admite que as aplicações são úteis em vários contextos mas não acredita que vão substituir o terapeuta de carne e osso pelo menos para já se tivermos uma máquina que vamos supor que é baseada num destes grandes modelos de linguagem não é e o mais conhecido será porventura o ch GPT e nós podemos interagir com o ch GPT sobre isto sobre aquilo sobre aquilo outro e ele e tem um conhecimento eh bastante grande factos bastante grande sobre e e muito diversificado não é e é capaz de fazer algumas interpretações mais metafóricas talvez eventualmente Em algumas situações e por isso é que eu estou a dizer se um modelo destes for treinado para acompanhamento psicológico em princípio ela ela tem mais uma capacidade um bocadinho maior mas eu acho que ainda estamos longe de ter a capacidade generalizadora e de entendimento com de um contexto mais global que terá um humano treinado não é um profissional treinado para os especialistas terapeutas e entusiastas da Inteligência Artificial o chatbot tem aspectos positivos no tratamento e análise de dados na descoberta de padrões de comportamento que podem indiciar por exemplo sinais de depressão e em casos moderados pode ajudar a aliviar sintomas mas a máquina não reconhece o contexto e não sabe quando está perante um caso grave no entanto algumas aplicações estão programadas para reconhecer discursos perigosos podem por exemplo acionar contactos de emergência em caso de um ataque de ansiedade ou cortar a interação quando o utilizador desabafa sobre tendências Suicidas e recusar-se a alimentar a conversa para Miguel ricou Há outras desvantagens e o que me preocupa nestas coisas e também nessas outras atividades é que evidentemente come são coisas que depois não é as pessoas utilizam muitas vezes com menor espírito crítico não é acabam por olhar para aquilo como algo e é um modelo daquilo que pode ou não pode funcionar quando as coisas depois começam a não funcionar e começam a não trazer resultados as pessoas ficam do lado contrário muito desiludidas e se calhar sem sentir que sem alternativas E mais uma vez depois viram isto para si próprio para a sua incapacidade e para as suas dificuldades para os seus problemas Quando falamos muitas vezes pessoas que têm não é que estão numa fase vulnerável da sua vida e que evidentemente depis tê essa tendência depois também para se culpabilizar o psicólogo aponta ainda que o chatbot não consegue identificar as subtilezas que tornam cada humano único as pessoas são excecionais um algoritmo nunca consegue substituir uma pessoa com quem eu consigo criar uma relação que é pessoal e que o meu papel o meu papel fundamental como profissional é conseguir O que é que esta pessoa tem de específico não é o que tem de normativo não é o que tem igual aos outros é o que tem de diferente porque isso é que nos vai de facto ajudar e que traz a diferença para conseguir ajudar esta pessoa em especí assumidamente fã da interação humana Luís Correia admite que temos tendência para humanizar as máquinas o que pode acontecer durante a partilha de informação com o chatbot e o utilizador esquecer-se de que está a lidar com uma máquina desenvol via para criar uma linguagem de empatia o especialista a inteligência artificial reconhece que muitos limites da ética estão nas mãos dos donos dos programas mas realç que cabe à sociedade civil legislar para evitar abusos que é evidente na interação de humanos com com máquinas e quer ch Bots portanto quer até robôs por exemplo ou outro ou até ou até brinquedos que simulam H entidades vivas digamos assim eh em que as pessoas têm uma tendência muito forte inata diria eu quase de antropomorfizar eh a máquina ou seja de ver na máquina uma entidade pensante capaz de interagir com eles como se fosse um um ser vivo não é eh outos no entanto Há questões incontornáveis sobre a privacidade e a segurança na partilha dos dados online seja com uma aplicação ou durante uma consulta numa plataforma sobretudo informação sensível sobre saúde mental Luís Correia explica que apesar dos proprietários destes programas revelarem muito pouco sobre as capacidades da máquina Estas são construídas para serem propositadamente limitadas e assim evitar que possam ser manipuladas pelo próprio utilizador ou por Fontes externas em abstrato sim na prática eu acho que os quem fornece essas máquinas evita fazer isso precisamente por aquilo que eu referi há pouco das tentativas de manipulação e por exemplo E se eu souber que a Sofia e está a utilizar uma máquina dessas e eu tenho alguma coisa contra si eu posso tentar juntar um uma equipa muita gente h e cada um de nós simula mais não sei quantos utilizadores para interagir com a mesma máquina da Sofia e fazer com que ela tenha numa situação que potencialmente poderá ser semelhante à sua tenha um comportamento que não devia ter e portanto e obviamente que se não há um controle de quem Quem suporta a máquina para que isso aconteça são suitas a tentativas de manipulação por isso é que H há muito cuidado em evitar que aprendisagem seja feita com através da interação de outros utilizadores anónimos ou não não é mas que que é que é difícil controlar o que eles estão a fazer para evitar manipulações já a Cecília Almeida garante que as mesmas regras de confidencialidade valem no atendimento online ou presencial com um terapeuta e as consultas não são gravadas e não teme ser substituída por uma aplicação no telemóvel segundo uma estimativa da da Organização Mundial de Saúde há uma média global de 13 Profissionais de Saúde Mental por cada 100.000 pessoas e a maioria não consegue aceder ao apoio de que precisa um vazio que podia facilmente ser preenchido pela Inteligência Artificial Mas mesmo os Defensores da tecnologia apontam que apesar de promissores o futuro do tratamento psicológico não vai vitar a extinção da profissão do psicólogo ou psiquiatra até porque os estudos até à data revelam que o paciente ainda prefere o contacto com o humano em vés da máquina [Música]