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Susana renca o sexo tem influência na nossa saúde mental e a nossa saúde mental pode influenciar a nossa vida sexual Mas neste ovo ou galinha O que é que vem primeiro é possível saber ou ou não de todo e é uma relação complexa que sabemos que é bidirecional a saúde sexual e a satisfação sexual estão interrelacionados com a saúde mental e também com a qualidade de vida Este é o sair do labirinto eu sou o Paulo farinha e vou conversar com a Psiquiatra Susana renca sobre sexo e saúde mental Susana renca é psiquiatra há 8 anos com a competência de sexologia Clínica faz Clínica privada mas a maior parte do seu tempo é passado na ul de Coimbra que engloba os hospitais da Universidade onde coordena a consulta de sexologia Susana renca bem-vinda uma vez mais estas entrevistas fazem parte estas entrevistas partem de um diagnóstico e hoje Conto com a ajuda de psicólogos e psiquiatras para nos explicar como sair do labirinto mas aqui quando se trata de saúde mental e e e e a vida sexual pode haver vários diagnósticos envolvidos não é verdade pode haver vários labirintos sem dúvida e bem desde logo realmente sabemos esta relação bidirecional entre perturbação mental e disfunções sexuais e se formos ver aquelas que sejam os principais problemas ou dificul Ades sexuais Associados à doença psiquiátrica eh Temos que falar de questões relativas à diminuição do desejo e do interesse sexual dificuldade ou incapacidade aem atingir a excitação mas também com queixas em termos da lubrificação eh disfunção erétil nos homens dificuldade em atingir o orgasmo ou anorgasmia e e e atraso na ejaculação ou ejaculação pratura nos homens já já são aí muitos temas e muito específicos e obrigado por nos colocar diretamente na na linha de de de questões de que iremos naturalmente eh falar mas falou aí em disfunção sexual O que é exatamente uma disfunção sexual uma na prática Clínica importa muitas vezes nós diferenciarmos aquilo que sejam as dificuldades e os problemas sexuais daquilo que sejam as disfunções sexuais a disfunção sexual desde logo é é algo é uma dificuldade que eh ocorre em todas ou quase todas as interações sexuais por um período mínimo de 6 meses e que causa um particular sofrimento emocional seja na pessoa seja na sua vida íntima com o parceiro e nesta relação entre e entre o sexo e a nossa saúde mental Quais são os principais quais são as principais questões de de saúde mental que podem influenciar a nossa vida sexual eh sendo esta relação bidirecional nós sabemos que há vários quadros psiquiátricos desde logo os quadros ansiosos depressivos mas também as perturbações e psicóticas que possam condicionar um impacto negativo e na vivência da sexualidade do indivíduo e e muitas vezes é a partir de um mal-estar na vida sexual que se descobrem eh outras coisas nomeadamente ao nível da Saúde Mental e efetivamente por vezes são as queixas sexuais a manutenção das mesmas que podem condicionar e o dispar de um de uma perturbação mental ou agravar mas já e pré-existente e resolver tratar acompanhar as questões sexuais aquilo que de alguma forma condiciona a vida sexual daquela pessoa acaba por ser também uma forma de tratamento e de uma de um que envolve um diagnóstico de um problema de saúde mental não é verdade eh sim exatamente e nós temos que considerar embora para tratarmos uma dificuldade ou disfunção sexual temos que considerar e a olia multifatorial que existe aspectos psicológicos emocionais mas também contextuais relacionais e contributos de doenças comórbidas que existam doença crónica portanto temos que integrar toda essa panóplia de de sintomas e Associados e efetivamente o tratamento e a abordagem das disfunções sexuais pode implicar medidas farmacológicas e medidas não farmacológicas Ou seja pode haver necessidade de medicação ou nalguns casos não haver necessidade de medicação antes de chegarmos aí ao tratamento propriamente dito Quais são os principais sinais de alerta que é que quando é que alguém poderá concluir que há um problema de carizo sexual na minha vida na minha relação preciso de ajuda que é que as pessoas devem estar e e sobretudo como é que distinguem isso de isto é uma fase e há de passar eh lá está em termos da nossa prática Clínica aquilo que muitas vezes temos e mais do que disfunções sexuais é dificuldades e problemas e sexuais eh todos nós e eh e e a vivência da sexualidade de cada um vai se modificando ao longo da nossa vida eh Há também períodos e alturas da nossa vida que podem de alguma forma representar desafios para essas mesmas vivências portanto a procura de ajuda deve ser quando condiciona o mal-estar significativo quando isto passa a ter realmente um impacto eh também naquilo que seja a qualidade de vida da pessoa e na na satisfação sexual e individual e estando num relacionamento na na relação e e aquela questão que eu lhe colocava da fase eh um dos sinais de alerta é a duração destes sintomas ou destes problemas no tempo e que tempo é esse eh bem em termos das classificações eh nós gostamos de ter as coisas ali assim um bocadinho balizadas e portanto falamos de dificuldades que aconteçam na maior parte dos encontros sexuais portanto em todos ou quase todos e um período mínimo de se meses é isto que nos diz as classificações mas nós tendemos a ser eh mais do que vermos desta forma estanque eh os limites das definições é associarmos ou não um sofrimento eh particularmente grande porque há por vezes aquilo que pode acontecer é que a pessoa pode ter alguma dificuldade numa determinada fase da resposta sexual não significando eh contudo que iso se traduza numa relação sexual insatisfatória portanto esta no de satisfação eh e de condicionar ou não sofrimento emocional é particularmente importante para nós punh armos com este pendor de disfunção sexual e há pouco falava de alguns sinais de alerta ou alguns algumas queixas mais frequentes quais são aquelas que lhes chegam habitualmente com mais frequência à consulta então em relação às mulheres a principal e queixa prende-se com a a diminuição do desejo e do interesse sexual a segunda principal disfunção sexual feminina é a perturbação do orgasmo e e outros quadros clínicos também muito relevantes por vezes subdiagnosticada são os quadros de dor sexual a perturbação de dor génital pélvica ou ou perturbação de penetração se formos falar nos homens eh curiosamente ao contrário das mulheres em que falamos muito da diminuição do desejo e do interesse sexual eh também pode acontecer nos homens mas não é tão tão prevalente sendo mais e eh significativos os quadros de disfunção erétil de jaculação precoce ou prematura eh Há pouco falávamos no início da da nossa conversa eh usou agora a expressão eh disfunção erétil eh o termo ainda com algum estigma pergunto eu e eu a fazer perguntas já estou a dar parte da resposta presum mas eh da impotência já caiu completamente já não já não se usa o o termo mais correto seria disfunção iret H estes problemas podem ter causas físicas psicológicas ou frequentemente uma combinação de ambas eh como é que se percebe que aquelas dificuldades na vida sexual têm origem num problema de saúde a abordagem de um terapeuta sexual em contexto clínico é efetivamente ter esta visão integradora desta panóplia de de fatores que podem contribuir para para tal e eh na abordagem clínica que faz na entrevista que faz seja numa fase inicial à pessoa que procurou a consulta e sempre que possível eh se existir um companheiro ou uma companheira disponíveis também integrá-los na na abordagem eh importa perceber aqui um bocadinho O que é que motivou a procura não é o que é que fez com que estas pessoas com que esta pessoa ou este casal procurasse a consulta naquele momento e muitas vezes esse possa ter sido e conseguirmos identificar aquilo que seja um fator precipitante naturalmente quando nós elaboramos O que é um fator precipitante é aqu tenha dispetado é porta de entrada para aquela para aquela questão o sexo faz parte da nossa vida e uma vida sexual saudável é essencial para o nosso bem-estar mas os campos da intimidade ainda têm muito estigma associado Ora se juntarmos o estigma da Saúde Mental falamos de dois estigmas muito grandes quando alguém chega à sua consulta já teve que previamente ultrapassar estas Barreiras Muitas delas autoimpostas na ols queimar nós temos a consulta de sexologia portanto as pessoas que sejam referenciadas seja pelos médicos de família sejam por médicos de outras especialidades eh sabem que vão ser referenciados por uma consulta de sexologia portanto esse trabalho prévio de alguma forma já está feito eh aquilo que nós muitas vezes sentimos felizmente cada vez menos e acho que temos eh tido e um avanço significativo na desestigmatização da doença mental mas aquilo que nós sentíamos é que por vezes era difícil procurar uma consulta de psiquiatria procurar uma consulta de sexologia mais desafiante ainda se tornava h e portanto implica todo um caminho interno e é isso que faz com que por vezes as pessoas nos cheguem à consulta por vezes anos após o início de alguns sintomas e de de algumas dif diades sexuais no caso da da unidade local de saúde de Coimbra há uma equipa e de sexologia clínica que inclui psiquiatras inclui psicólogos h quando alguém bate à vossa porta Como saber se é um psiquiatra que t a acompanhar se é um psicólogo eh se são ambos se é uma equipa que acompanha H como é que se faz essa distinção as consultas de sexologia são habitualmente consultas multidisciplinares eh falamos de profissionais da área da saúde mental psiquiatras e psicólogos mas também não nos podemos esquecer de outros profissionais relacionados com a área da andrologia a ginecologia também aqui um papel muito relevante e eh cada vez mais também eh eh os fisioterapeutas do pavimento pélvico não esquecendo os médicos de família que estão cada vez mais interessados também na área da sexologia portanto portanto é aqui uma abordagem vou usar um um palavrão é uma abordagem holística pronto no fundo não ver apenas aquela pessoa aquele problema mas ver a pessoa como e um todo e portanto alguém sozinho em casal eh seja seja Em que situação for eh é referenciado para a vossa consulta ou ou é possível pedir uma uma consulta de sexologia Clínica e e bater à vossa porta a dizer eu acho que preciso de uma consulta ou tenho que passar sempre pelo médico de família a a referenciação para o Sistema Nacional de saúde passa pelas referencias pelos médicos de de família em primeira instância mas também por eh micos de outras especialidades hospitalares e médicos que atuem apenas em regime privado portanto temos várias formas de referenciação ou uma pessoa que foi por exemplo ao serviço de de urgência ou de de outro que já seja seguido noutras consultas eh podem ser referenciados para a consulta de sexologia ora e é aqui que a pessoa se cruzará eventualmente com um sexólogo pronto o que um sexólogo é um psiquiatra com a competência Como dizia ao início com subespecialidade agora nossa já estou a dizer algo mais Neira h de sexologia Clínica bem eh um sexólogo ou um terapeuta sexual é habitualmente um profissional de saúde eh geralmente um médico ou um psicólogo temos também alguns outros profissionais mas eh sobretudo médicos e psicólogos com uma especialização em sexologia Clínica hã e e na abordagem à questão que levou ali aquela pessoa ou às conclusões que se chegam depois da questão eh que levou ali aquela pessoa como é que se decide eh é preciso uma abordagem que envolve um psiquiatra é preciso fazer uma psicoterapia com um psicólogo como é que isso como é que chegam a essa a essa conclusão em termos clínicos quando fazemos eh após realmente uma entrevista clínica que deve ser muito e pormenorizada nós vamos elaborando aqui um esquema de abordagem lá está sendo eh Muitas vezes os fatores que estão na origem da dificuldades fatores e eh multidimensionais eh interpessoais contextuais psicológicos mas também aspectos mais biológicos nós temos que depois fazer um esquema no sentido de pensarmos aquilo que sejam os fatores eh predisponentes Para uma determinada dificuldade aqueles que foram os precipitantes e que eles sejam os fatores de manutenção e isso implica uma organização porque o que são fatores Então vamos aí tentar e h tentar eh dar algumas cábulas alguma explicação fatores predisponentes estes fatores predisponentes Eh Ou seja que fazem com que a pessoa esteja dá alguma uma forma mais vulnerável a que possa existir essa uma determinada dificuldade sexual desde logo muitas vezes que tenham que ver com aspectos relacionados com uma matriz cultural Educacional a educação sexual aspectos religiosos h e e portanto todos nós levamos isso a e a nossa bagagem emocional e e cultural e o nosso contexto e quando é necessário recorrer a medicação quando há a conclusão quando se chega à conclusão que é preciso uma abordagem farmacológica portanto é preciso recorrer a medicamentos como é que isso como é que os medicamentos Associados à resolução daquele problema e ligado a ao ao desempenho sexual ou à ou à vida sexual da pessoa como é que se cruzam com os medicamentos para a saúde mental ou para a doença mental salienta-se que os neurotransmissores envolvidos no funcionamento sexual estão também implicados na fisiopatologia das doenças mentais vai ter vai ter que nos explicar isto Jana O que é que Ora bem quando quando falamos eh está a dizer que as são as mesmas áreas do cérebro que podem eh Estar associadas ao à à nossa vida sexual e à a uma questão de saúde mental Sem dúvida eh neurotransmissores como a serotonina a noradrenalina a dopamina os psicofármacos vão tocar nestes neurotransmissores os medicamentos para esses problemas tocam nesses neurotransmissores e isso pode acabar por eh é é uma eu eu coloco a questão de outra forma é uma dúvida que as pessoas levam para a sua consulta de que eh o facto de estarem a ser medicadas para um determinado problema de saúde mental ou para alguma questão eh ligada à sua sexualidade acaba por ter influência também Portanto o tal binómio de que de que falava as coisas interligam-se e como é que se ajuda a pessoa a a não criar resistência à medicação e até nos casos em que isso justifica a ultrapassar os efeitos adversos po Esse aspecto é é muito importante é muito relevante e daí ser também importante que os profissionais que estão a prescrever os fármacos os psicofármacos estejam e disponíveis atentos e muitas vezes Tragam Esse aspecto para a consulta porque pode ser um fator se o profissional não trouxer essa questão algumas pessoas podem se inibir de falar sobre isso e portanto podem descontinuar um determinado tipo de tratamento inclusivamente descontinuar um seguimento em Psiquiatria e considerando que realmente aquela medicação tem um impacto negativo logo eu não vou tomar mas tenho vergonha de estar a dizer ao meu psiquiatra que não tomo por causa desta dificuldade tem um efeito na na na na vida sexual daquela pessoa e e haver alguma Vergonha em em dizer mas se o disser o que é que acontece algumas estratégias isso é é é muito importante isso também faz parte da relação terapêutica Portanto o o doente e o psiquiatra estarem atentos a estes aspectos porque há algumas possibilidades de nós atenu armos esses efeitos se eles existirem também importa aqui dizer que nem todos os psicofármacos eh têm um impacto negativo na resposta sexual e dizer também que não são apenas os psicofármacos que têm que podem ter esse Impacto negativo há medicamentos utilizados e eh noutras condições clínicas anti-hipertensores antihistamínicos uma panóplia grande de de fármacos podem ter esse Impacto negativo mas há formas nós ultrapassarmos essas dificuldades que existam e a melhor forma de lidar com isso é falar é é explicar aquele profissional de saúde que aquilo está a ter um um efeito na vida sexual e sem dúvida e para isso as pessoas não precisam de ser terapeutas sexuais portanto um médico de família um psiquiatra sem esta competência da sexologia eh eh deve estar sensibilizado e atento para para falar sobre isto com o doente que tem à frente para poder fazer algumas escolhas dentro do do de dos psicofármacos que existem eh aqueles que possam estar mais indicados e tentando que que realmente o impacto na na resposta sexual seja o menos negativo possível falamos de psicólogos falamos de psiquiatras e perante um paciente que que chegue à vossa consulta e no caso da realidade conhece melhor portanto em Coimbra H como é que se distingue quando é que se é um psiquiatra que acompanha se é um psicólogo que acompanha ou muitas vezes são os dois que acompanham bem pode e e o o profissional de saúde mental psiquiatra o psicólogo fizer a avaliação Inicial pode considerar que existam aspectos que eh que recomendem uma orientação para uma abordagem psicoterapêutica que deve ser feita por alguém da Psicologia com com competência e diferenciação nessa área pode inclusivamente a abordagem Inicial ser pela psicologia que depois nos referencia a nós psiquiatras para para abordarmos tem muito que ver com aquilo que seja identificado como sendo a principal causa ou então por onde é que devemos começar a tratar eh uma pessoa pode procurar a consulta por uma dificuldade sexual e nós considerarmos que em primeira instância se calhar a pessoa até possa beneficiar de uma psicoterapia individual e trabalhar uma série de outros aspectos não diretamente relacionados com a saúde sexual e e esse é mais um exemplo de como os dois pontos se cruzam e e e interagem chegamos ao fim do nosso do nosso tempo eu quero agradecer a sua disponibilidade e Susana renca e psiquiatra especialista em sexologia clínica hoje para falar no sair do labirinto sobre a ligação entre saúde mental e a nossa vida sexual eu sou o Paulo farinha Este foi o sair do labirinto até à próxima