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Esta é a história do dia da Rádio observador o país que quer apagar as mulheres da [Música] sociedade já não podiam vestir o que queriam andar na rua sem serem acompanhadas por um homem mas apenas o pai o irmão ou o marido por exemplo e também não podiam exercer todas as
Profissões agora as mulheres afegãs vão ficar também proibidas de estudar na universidade depois de anos de Progressos o país está como que a voltar ao passado tudo perante os olhos do resto do mundo que protesta mas na verdade pouco pode fazer António Guterres não perdeu tempo numa mensagem
Na rede social Twitter o secretário Geral das Nações Unidas Condena aquilo a que chama violações injustificáveis dos direitos humanos e acusa o regime Taliban de causar um imenso sofrimento e um grande retrocesso ao potencial do Povo afegão ao excluir e silenciar as mulheres e as meninas afegãs os Estados
Unidos e a grã-bretanha também condenaram o governo em funções de os talibãs regressaram ao poder em agosto de 2021 com promessas de um governo mais moderado que respeitasse os direitos das mulheres e das minorias mas pouco a pouco voltaram a implementar no país uma interpretação muito estrita da
Xria a lei islâmica as mulheres têm de estar totalmente cobertas em público não têm acesso à maioria dos empregos estão impedidas de frequentar sítios como parques ou ginásios nos últimos dias foram impedidas de ir à universidade e agora também de trabalhar em organizações não governamentais de apoio à população vamos traçar um retrato
Daquilo Por que passam as mulheres afegãs com a ajuda de Pedro Neto diretor executivo da amnistia Internacional em Portugal eu sou o João Santos Duarte e esta é a história do dia [Música] bem-vindo Pedro Neto muito bom dia obrigado pelo convite é um gosto estar convosco Pedro a amnistia internacional
Revelou este ano um relatório onde expõe as violações contra os direitos humanos que são exercidas sobre as mulheres no Afeganistão mas antes de falarmos neste relatório Talvez seja importante contextualizarmos um pouco este tema o mundo desou para os Talibã há 20 anos quando na sequência dos atentados do 11
De setembro os Estados Unidos atacaram o Afeganistão em busca de ossama Bin Laden e depuseram o regime agora há pouco mais de 1 ano Este grupo Voltou ao poder após a retirada apressada dos Estados Unidos e tivemos aqui uma espécie de um virar de página mas atrás no livro da história
Portanto Quem são eles e como é que isto aconteceu uhum João eu voltava ainda mais atrás tban durante a altura da Guerra Fria foram aliados dos Estados Unidos que equiparam belicamente e militarmente os Talibã para eles expulsarem eh as forças bélicas da União Soviética do Afeganistão e portanto há
Ainda mais atrás no tempo uma aliança entre os Estados Unidos e os Talibã consistiu em equipar e treinar os Talibã para expulsarem os o o os soldados da antiga União Soviética há 20 anos que lá está depois de um período de alguns anos de domínio dos dos Talibã a
A no final dos anos 90 durante ali 6 7 anos eh os Estados Unidos atacaram o Afeganistão um pouco com o argumento e com justificação de vingar e e os atentados de de 2001 às Torres Gémeas nos Estados Unidos e também no em Washington eh no pentágono e também havia outros alvos
Claro tentaram atacar E a Comunidade Internacional esteve presente e foi modernizando usando apoio também ao governo eh democrático se é que possamos chamar assim com todas as fragilidades deste início e deste caminho de 20 anos mas o que é certo é que com esta presença da Comunidade Internacional sem
Estar aqui a julgar aquilo que que motivou a presença eh h o Afeganistão foi evoluindo em termos de direitos humanos principalmente em termos eh de direitos para as mulheres as mulheres começaram a ter acesso à educação antes não tinham eh temos temos hoje não tínhamos há um à
Dois anos atrás mulheres que ocupavam cargos de liderança eh na política local tínhamos mulheres juízas tínhamos mulheres e polícias tínhamos mulheres advogadas tínhamos mulheres eh professoras universitárias tínhamos mulheres que estavam presentes na sociedade civil e que eh trabalhavam na sociedade civil e e no desenvolvimento do Afeganistão mas com o abandono das
Forças eh dos Estados Unidos e dos seus aliados os Taliban caminharam facilmente para para cabul e ocuparam o poder e ocuparam a a força o o governo e tomaram o poder de uma forma ilegítima não democrática que não é reconhecida ainda hoje por grande parte do Estados membros
Das Nações Unidas mas o que é certo é que tomaram o poder neste neste neste enquadramento foram também fazendo promessas tentando descansar a Comunidade Internacional a dizer que estavam diferentes que não iriam fazer as mesmas coisas e o mesmo tipo de repressão que fizeram quando estiveram o
Poder no no na segunda metade do dos anos 90 eh eh mas o que é certo é que percebíamos claro que isso eram promessas vãs porque eh eh Os territórios que eles controlavam eles continuavam a exercer o poder exatamente da mesma forma repressiva e e ofensiva
Aos direitos humanos eh eh de antes dos anos 90 e infelizmente eh eh nós denunciamos isso e infelizmente o tempo está nos a dar razão para as pessoas perceberem trata-se de um grupo e que faz uma interpretação muito estrita e da Lei e islâmica da xria e como referiu
Começou por fazer essa promessa de uma abordagem desta vez mais moderada mas tudo o que temos visto neste último ano e meio eh é tudo menos isso não é é um regresso ao passado Pedro falemos desse relatório da amnistia Internacional intitulado morte em câmara lenta mulheres e raparigas sobre as regras dos
Talibã eh foi divulgado este ano julgo por ocasião desse primeiro ano deste novo regime Taliban no poder Ora como é que foi feito este relatório este relatório foi feito ao longo de vários meses e foi feito à distância Claro eh ao longo destes vários meses mas depois
Também eh com visitas ao terreno durante o mês de março de 2022 nós tentamos chegar à fala com as mulheres e quando se tratavam de crianças abusos de direitos humanos sobre meninas tentamos falar não só com as meninas mas também com as mães e com as mulheres adultas que acompanhavam e
As suas vidas chegamos até a entrevistar Staff das prisões eh e testemunhas das próprias torturas a que foram sujeitas algumas mulheres que se foram manifestando na rua pela liberdade de expressão pela Liberdade das mulheres e pela não restrição dos direitos das mulheres e que foram detidas algumas torturadas espancadas e até sujeitas a
Desaparecimentos forçados Isto é não tem acesso a advogados não tem acesso à família ninguém sabe que elas foram detidas e ficam vários dias ou até anos ou até para sempre desaparecidos e isto a isto chamamos desaparecimento forçado algumas delas eh foram mesmo eh desapareceram eh por completo não se sabe delas e infelizmente
E tememos que o pior tenha acontecido eh eh por exemplo temos uma uma entrevistada uma sobrevivente que nos disse que os guardas quando a torturavam lhes mostravam fotografias da família e que ameaçavam que fariam mal à família se ela não mudasse os seus comportamentos as outras ameaças que
Tivemos e que uma sobrevivente nos relatou foi de que eh um guarda encostou-a arma ao peito e lhe disse posso matar-te aqui agora e nunca ninguém encontraria o teu corpo é importante também as pessoas terem ideia por exemplo mesmo na rua as mulheres são obrigadas a andar sempre ao lado eh de
Um acompanhante masculino não é o tal Maram sim o o tal Maram que pode ser o pai pode ser um irmão a partir de uma certa idade ou pode ser o marido a e portanto até não pode ser um rapaz do sexo masculino não pode ser qualquer um
Tem que não pode ser um colega estudante universitário por exemplo eh Isto é altamente restritivo e e que leva também a outros problemas Aliados à à pobreza e à grande crise económica e que afa particularmente as meninas as crianças que foram de mães que cederam as suas filhas menores para casamentos forçados
Não é casamentos forçados porque precisavam desse dinheiro e portanto este marido desta criança e porque foi vítima de casamento forçado ao abrigo do marame também já podia acompanhar a menina ou a mulher ou a rapariga na rua já voltamos à conversa com Pedro Neto diretor executivo da amnistia Internacional Portugal vamos falar entre
Outros assuntos das mais recentes proibições que nos últimos dias foram alvo da condenação de toda a Comunidade Internacional como frequentar a universidade ou trabalhar em organizações não [Música] governamentais Isto vai ser uma espécie de F semanal em doses homeopáticas de música clássica que as pessoas não sabiam Martim Sousa Tavares na rádio observador
Uma viagem por baixo deágua num submarino super rápido também funcionava não é mas Há ali um momento em que parece que o carro vai cair por uma ribanceira Essa é parte queim mas depois é salvo por um zelin não é as melhores notas da música clássica explicadas pelo
Jovem Maestro pode chamar-lhe canção e cantiga cana se for de amigo talvez se for descarne mal dizer diria que não encontro com a beleza todas as segundas na tarde em direto depois das notícias das 5:30 rádio observador basicamente precisamos só de curiosidade e um par de ouvidos Aconteça o que
Acontecer estamos de regresso à conversa com Pedro Neto diretor executivo da amnistia Internacional em Portugal já existiam restrições ao acesso das mulheres à educação mas agora aumentaram ainda mais a novidade destes últimos dias é a proibição de frequentarem universidades já se adivinhava esta medida o assédio às estudantes
Universitárias não é recente nós fomos já documentando eh algumas estudantes universitárias que nos diziam que estando fora da estando na universidade eram assediadas por Talibã que estavam fora da universidade e junto às redações a e as salas porque é que não tapam o cabelo porque é que t o tornozelo e a
Perna à vista portanto questões desta abrangência portanto era uma questão de tempo até e eh e os Talibã restringirem também o acesso à educação e e das raparigas à universidade uma vez que a montante já tinham também proibido o exercício de profissões às mulheres que implicassem a delas de de casa e
Portanto era uma consequência ou ou melhor era uma sequência e disto mesmo a mais recentemente também a proibição de trabalharem em ONG Principalmente as ONG internacionais O que é uma tragédia porque as mulheres são muito importantes eh na sua presença local no sustento não só das suas famílias como também das das
Suas comunidades locais e portanto trabalhar o desenvolvimento trabalhar a assistência humanitária de emergência sem as mulheres é uma impossibilidade toda esta situação já levou obviamente a várias críticas o alto comissário das Nações Unidas para os direitos humanos afirma que enfim nenhum país se pode desenvolver quando praticamente exclui
Da sociedade metade da população metade da sociedade é é excluída sim eu diria até mais mais de metade da sociedade porque a a a discriminação é feita não só a mulheres e a raparigas mas também a outras minorias e a outras etnias eh eh que vivem no Afeganistão e que são eh de
Pessoas afegãs e portanto há uma maioria da população que é abandonada eh e que não é tida em conta que vive neste momento as consequências de uma crise económica eh enorme e brutal eh algumas destas mulheres mães que entrevistamos deram as suas filhas menores para casamentos forçados porque precisavam
Dos do do preço da Noiva entre aspas os tais 60.000 afegani que equivale a 670 680 precisavam desse dinheiro para sobreviver e portanto e toda esta situação é dramática e os Talibã são-lhes indiferentes e é por isso é que não basta também apenas a indignação da Comunidade Internacional não basta
Apenas a a os apelos da Comunidade Internacional porque aos Talibã tudo isso lhes tem sido completamente indiferente e portanto tem que haver aqui medidas mais precisamente e era precisamente por aí que que eu queria ir ou seja porque nós temos aqui nos últimos dias de facto várias vozes que
Se levantaram contra o que está a acontecer o secretário-geral da ONU António Guterres os governos de vários países entre Portugal Mas a questão é como o Pedro estava a referir para além desta retórica toda o que é que de facto em concreto a Comunidade Internacional poderia fazer faça ao que está a
Acontecer Claro Há muitos mecanismos para trabalhar e para pressão internacional em primeiro lugar aqueles que até já são conhecidos e que se tornaram agora também conhecidos também do do grande público são as sanções que se fazem à Rússia por causa da agressão à ucra pode ser um caminho as sanções mas não as
Sanções cegas Isto é sanções que afetam quem já mais sofre no Afeganistão tem que ser sanções dirigidas ao aos detentores do Poder aos Taliban que estão concretamente a fazer a repressão e a governar o país e tem tem que haver sanções trabalho de investigação de crimes eh contra a humanidade que possam
Estar a ocorrer naquele país e que se podem e que podem ter lugar eh tanto neste caso dirigido a a pessoas concretas o tpi o tribunal penal internacional dirigido ao estado eh é eh pelo tribunal internacional de justiça e que está distrito às Nações Unidas claro
Que eh eh o o as questões e os contornos jurídicos são difíceis porque este governo não é legítimo não é reconhecido e portanto a matéria e o enquadramento jurídico para julgament e e e investigações eh criminais e jurídicas no tribunal internacional de justiça pode ser mais difícil por aí depois
Claro tá claro Há outras frentes a questão da da diplomacia o chamar esta gente este responsáveis à responsabilidade passo aqui o o pleonasmo pois Claro há aqui também uma moeda de troca que é a ajuda humanitária Internacional e tanto quanto possível ser garantida e haver aqui exigências de
Contrapartidas aos Talibã para não só deixarem as operações de ajuda humanitária decorrerem mas também responsabilizá-los para que elas decorram mediante pré-condições e estas precondições têm que ser o respeito pelos Direitos Humanos nomeadamente o respeito pelos direitos das mulheres portanto há aqui muitas frentes de trabalho que se podem fazer não basta e
Eh O Digo qu alguma ironia não basta os tweets de indignação não basta não basta os apelos públicos que são para consumo mais dos países onde eles são feitos e é preciso outro tipo de ação porventura mais muscular Mas claro sempre de acordo com o direito internacional Obrigado Pedro
Obrigado Pedro Neto é diretor executivo da amnistia Internacional em Portugal esta foi a história do dia neste Episódio usamos também sons da BBC e da Si notícias a sonoplastia é da Beatriz Martel Garcia a música do genérico do João Ribeiro eu sou o João Santos Duarte até [Música] amanhã