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Jogo de palavra as entrevistas de Rui Miguel tovar Olá bem-vindos a mais um jogo de palavra já aqui tivemos homens do futebol homens do ciclismo homens doim patins agora temos um Super Homem do judo num Delgado bem-vindo obrigado muito obrigado Rui Super Homem que desde já parabéns pela tua roupa eh
Falamos ali fora sobre essa homenagem ao Kaiser aliás nas costas diz Kaiser of New York e e o número seis também identifica o beck and Bauer era o número dele no Cosmos Se não me engano exatamente qual é a tua relação barra a duração pelo kaisar nasceu onde olha Eh
Eu eu tenho vários Ídolos desportivos não é por várias razões mas como Sabes eu eu vivi convivi muito tempo na Alemanha representar um clube alemão uhum ainda por cima na Baviera não é ali perto de Munique h e tinha tínhamos uma relação e eu tive uma relação com com a
Marca Adidas e e e fui colecionando algumas peças do do Grand minster do grande Kaiser e e que H curiosamente conviver com os alemães quebrei alguns dos mitos que sim que nós afanos tamos À Volta do dos alemães não é pá por exemplo são Malta Malta eu eu
Eu convivi com todo o tipo de alemães eu lembro uma vez eh que estávamos num num barbecue e o e o Manager da nossa equipa eh diz-nos assim nunca imaginei ter um africano um um judeu e um nazi na mesma mesa e o senhor que estava ao nosso lado que era
Lá da da da da cidade eh tinha sido nazi tinha se lutado na guerra e tudo mais e estava ali a comer connosco eh e o homem até surpreendido conta-nos essa história eh mas basicamente conheci alemães do melhor e do Pior eles têm uma coisa bastante diferente do português eles dizem aquilo
Que pensam e aconteceu-me às vezes em alguns sítios virem pessoas ter comigo e dizer pá não não te quero aqui não gosto de ti vocês não não tem que est aqui nada do nada eh muito eh frontais mas também alemães pá impecáveis Malta do melhor que há e tenho grandes amigos e
Na Alemanha mas isso falas já no século XX portanto há há 20 anos para até talvez até menos eh no Texas também há muitos disso e e olha em África também há muito eh porque o racismo não é só dos brancos CL sim sim exatamente tu sentiste isso
Em África Também senti tu tens Raí cabor deanos verdade sim sim sim sim os meus pais são cabor deanos E eu Olha a primeira vez que eu me lembro assim e de estar em Cabo Verde passar férias com com a visitar o meu pai eu tinha para aí
Uns 8 9 anos eh e lembro-me de ter ido brincar com os Miúdos lá da zona e e à hora do almoço chega o meu pai então filho tá tudo a correr bem eu pá lá em Portugal manda-me ir para a minha terra chega aqui e chamam-me Tuga pé de cholé Tomas
Aal como eu não sabia falar e os Miúdos mesmo eu sendo da mesma cor deles eles eles tratavam como se eu fosse um um português porque tinha sutaque português eh por isso eh aprendi a ver as coisas de vários lados bem cede e em Cabo Verde existia naquela altura muito racismo entre entre
Entre entre negros a minha a minha bisavó que era assim Clarinha dizia para a minha mãe Ah tu tens a barriga suja porque eu nasci Mais Escura eh havia aquela oh como é que como é que se equilibra como é que se lida com isso
E pá Eh vamos lá ver eu acho que as pessoas sempre tiveram este Instinto Animal não é de aqueles que são um bocadinho diferentes de nós não são da nossa tribo uhum faz parte da nossa da nossa genética eu acho que aprende-se a lidar isso com com com cultura e
Maturidade eu felizmente tinha um irmão branco e a minha família era muito mestiça havia cores de todo lado nunca senti quando alguém tivesse assim um comentário racista mais for forte que isso fosse uma coisa agressiva contra mim sentia um bocado de intolerância percebia que era uma coisa estranha mas nunca senti
Aquela raiva que muitas vezes as pessoas que são Imigrantes ou que estão em bairros e sentem aquela sensação de inferioridade daquela pessoa tá me atacar E tem que reagir acho que é mais um um sinal de de alguma ignorância e tive várias situações engraçadas que eu
Nunca raro mente lidei assim com com com agressividade porque não percebia tinha um pai padrasto branco não é o meu irmão era branco chamavam-lhe preto às vezes na escola porque a minha mãe ia buscá-lo assim essas Uma vez eu tava a caminho do
Do meu clube e e e à noite não é as ruas de santaré que são assim cheias de ruínas e tal e vem uma senora senhora a subir e vou a descer a senhora vê-me eu tinha 13 anos era já era um rapaz grande e tal
Ahos gritos começa a fugir e vai se meter mesmo no bec quando era o meu clube e eu Epá senhora tá virei entrei tava a senhora assim em Pânico em frente à porta do clube e eu olhe por favor encoste-se à parede e ela encostou-se à parede e eu só quer passar
Eu vou eu vou treinar e ela ficou assim a olhar para mim a pensar o que é que eu estou aqui o que é que eu estou a fazer pronto vi claro que há situações graves de violência já morreram pessoas não é por causa de coisas de racismo mas h e acho
Que já estamos temos que entrar noutra fase temos que que olhar para as coisas com com com alguma maturidade e e e não e e e desvalor H uma pessoa que tem essa reação uma pessoa que tá se que quer te atacar Por ignorância por desconhecer
Não sabe o que é que é isso não é então começa a dizer coisas não faz muito sentido mas nessa situação da Alemanha por exemplo e do não do não podes estar aqui não te queremos como é que se Porque Já eras adulto não é sim Já eras
Um atleta de alta competição medalha olímpica e como é que se O que é que uma pessoa faz Ou melhor o que é que Tu fizeste o que é que uma pessoa faz é muito vago o que interessa é o teu caso Porque foste tu a vítima e pá felizmente
Destas pode se contar aqui não mas e pá eu tinha algum privilégio Nessa altura Porque já era um atleta e mesmo lá na Alemanha nós já éramos reconhecidos e e e e as coisas nunca descarrilar ao ponto de entrarmos para agressividade ou violência e também por praticarmos judo
Tínhamos que ter um bocadinho mais autocontrole eh nesse tipo de situações eh e eu aprendi um um ditado que é muito comum do judo que é o melhor mestre é aquele que ganha sem lutar eh e às vezes a gente tínhamos que quebrar um bocadinho as pessoas porque o Óbvio é
Partir para a violência não é uma pessoa diz-te uma coisa dessas tu entras logo em modo de de combate combate e tipo como quando se está no trânsito e uma pessoa te bozina e coisas do género eh e eu felizmente ou pelas pessoas que estavam à minha volta ou por reação
Própria tentei sempre quebrar um bocado eh com uma reação que surpreendesse e que e que e que desviasse digamos a essa agressividade para outro lado nem sempre é possível houve situações em que eh tive que controlar um tipo ou pô-lo assim mais calminho É sério mas e não
Eventualmente não por coisas de de de de racismo mas eh nessa situação em concreto ele disse ele disse isso e eu disse ó pá Tá bem mas eu estou cá e então como é que ficamos e depois estavam atrás os meus amigos alemães todos do clube e eu acho que ele não
Ficou com muita vontade de arranjar problemas bem eh falamos aqui em pã portanto Já começamos em Munique já tivemos em Cabo Verde Santarém eh temos falar Obrigatoriamente eh de 2000 n é a Sydney é a tua grande é o teu Grande Momento eh Desportivo confirmas não é confirmo confirmo
Eh aquele ipon eh mais um nesses jogos olímpicos eh Foi um momento planeado na tua cabeça como é que como é que se tu tu partes tu partes para um combate que atribui medalha eh devem passar-se imensas coisas pela cabeça devem devem-se sonhar com com com comp posições não é com
Eh aquilo que tu sonhaste Aconteceu sim de certa forma sim e curiosamente uma das coisas que eu que eu reflito muito sobre esse período eh como foi um um momento pronto há momentos que são inéditos é a primeira vez que acontece há sempre aquela barreira de quebrar o o inesperado e
Eh quando eu fui campeão da Europa em um ano antes foi um bocadinho já a preparação para esse momento porque na altura h também foi um também foi um um éxito inédito ninguém tinha sido ainda e eu tomei uma decisão Nessa altura eu tinha acabado o meu curso mesmo nessa semana e
Já ia para esse campeonato de Europa com uma convicção que ou eu ficava entre os melhores da Europa ou e me dedicava em exclusivo ao judo ou eh se calhar ficava por ali ia me dedicar à minha carreira profissional porque tinha percebido que para estar a um certo nível era preciso
Uma exclusividade uma dedicação total que eu não tinha Nessa altura felizmente eh os campeonatos da Europa faziam-se em dois dias eu no primeiro dia cheguei à meia-final e fui-me deitar a pensar assim ei já sou profissional de judo na altura era sou profissional de espírito não havia ainda contratos profissionais
Nem nada disso mas foi foi uma uma decisão acertada eu depois mais tarde quando fomos comemorar o esse esse primeiro título juntei as pessoas mais próximas eh ao sabor de uma bela cachupa e de umas Mornas cabro dianas e decidi e e e falei com com com toda a gente e
Disse olha eu a partir de agora estou-me a preparar para ganhar uma medalha no jogos ou para lutar por uma medalha nos jogos e quer que vocês entendam que tudo o que eu fizer a partir de agora é para esse objetivo e vocês sabem porquê e das
Duas um ou me ajudam ou me empatam e quero que percebam se eu tiver sentado à mesa e só poder comer uma barra energética é por causa dos Jogos Olímpicos se eu tiver que treinar duas vezes por dia e acho que isso foi muito importante porque ainda havia pessoas na
Altura a dizer pá isso não é possível eu recordo-me era que os próprios gentes diziam e pá isso não vai acontecer isso estás a sonhar muito alto mas não era já não era bem um sonho era um objetivo com coisas bem delineadas com fomos fazer coisas que na altura foram diferentes
Arranjaram um treinador um preparador físico ter uma pessoa para nos apoiar em determinadas áreas multidisciplinares que eu tive a sorte de trabalhar com os meus professores Professor Gomes Pereira o o o professor mil homens juntou-se ali útil aou agradável e e quando eu fui para para Sidney eu
Disse na altura nos jornais e que eu quando me perguntaram não é qual era o meu objetivo o meu objetivo era claramente lutar por uma medalha nem toda a gente ouviu eh até porque quando eu cheguei às mes finais e ninguém estava à espera e foi tudo a correr
Tentar saber o que é que era o judo e quem é este rapaz está na meia final mesmo a missão Olímpica não estava a contar com esse quando se faz a previsão de como é que vai correr o dia e tal e e pronto e foram quos combates nesse nesse dia
Olha nesse dia eu fiz e se não me engano seis combates e eu comecei logo com o atleta da casa com o australiano não era um atleta muito cotado não Minto o primeiro combate foi com um atleta a h do Mónaco e foi um combate Rápido foi
Um eu já tinha lutado com ele no campeonato do mundo é daqueles combates que e é bom para começar não é foi umom rápido eh e deu confiança tá tudo bem tá tudo funcionar vamos embora depois a seguir o segundo combate é que foi com o australiano o atleta da casa tipo meio
Estranho e mas resolveu-se bem portanto resolvemos de uma forma eficaz não nos desgastamos muito uma das coisas que Nós aprendemos Ali era que o o percurso de regresso ao tatam era muito longo e a gente precisava de recuperar rápido dos combates então o o meu médico era o Dr
Passarinho também era do judo íamos a correr saíamos foi uma estratégia que a gente utilizou eh e saíamos do tatame a correr e as pessoas não percebiam muito bem então o gajo acabou um combate e vai a correr para e fazer a a recuperação o mais depressa possível para não deixar
Acumular muito ácido lático e tudo recuperação para que a recuperação é tanto a parte do da respiração não é de recuperar o fogo e tirares o dióxido de carbono e equilibrar com com oxigénio como o judo é é um desporto muito eh anaeróbio e acumula-se muito o ácido
Lático nos músculos os músculos ficam Acho que qualquer pessoa que já fez um esforço muito extenso fica com o corpo todo enchado e com dificuldade de até parecem câmaras e tudo mais E isso tem que ser rapidamente recuperado para não deixar sequelas porque os jogos olímpicos é uma prova
Muito mais rápida temos menos tempo para recuperação E chegamos ali aos quarto final e há muita gente que que vai-se abaixo então tivemos essa essa estratégia mas o o tempo de espera entre um combate e outro quando dizes rapidamente é quanto tempo minutos cada combate vai diminuindo o
Tempo de espera porque são eliminatórias não é o normal é para aí meia hora mas ali a meia hora reduz-se a 15 minutos 10 minutos e tens que estar pronto para outra e tens que estar pronto para outra às vezes foi Mónaco Austrália e depois Mónaco Austrália depois um italiano que
Foi um combate bastante duro muito equilibrado e que foi preciso ter um bocadinho de cabeça fria não arriscar muito porque ele também não estava a arriscar e e e e acabamos por vencer bem e depois nos quartos de final que é tal aquele combate que é preciso estar bem
Para não seir abaixo fisicamente apanhamos o campeão asiático que era um iraniano E mais uma vez tivemos uma situação curiosa que estávamos portanto eh no corredor de acesso ao combate onde estamos frente a frente com o nosso adversário e as duas equipas e eh o tipo Estava eh com um indivíduo a
Ler-los água benta ou uma coisa qualquer e o o meu médico que é assim todo intep estuoso tirou aquilo tudo para o chão larga lá essa porcaria e e pronto fomos para o combate era um combate difícil Tipo tinha e tinha feito uma boa prova tinha um judo difícil eu vencio no chão
E e lembro-me de olhar para o lado e ver o o treinador dele de joelhos olhar para lá fazer umas rezas e o meu médico ah estás a ver ganhamos ganhamos e lá saímos a correr outra vez para fazer a a a a recuperação depois no combate das
Meas finais foi um combate eh com o cabeça de série de de dessa dessa prova que era um coreano com que eu já me tinha encontrado que era campeão do mundo bicampeão do mundo em título eh e foi um combate eh que eu perdi pela pontuação mínima e que me marcou muito
Porque eh tipo muito tático muito muito maduro e que teve a estudar se meses antes num estágio que a gente fez no no Japão e que eu pessoalmente só me perceb disso no fim do combate e incrível eh apercebeste como apercebi-me porque ele taticamente tava sempre um passo à
Frente apanhou-me na minha técnica principal soube sempre pôr o sempre que estava em perigo e como nós tínhamos estado a treinar eh em dezembro do do do ano anterior no Japão e isso é uma coisa muito comum no judo que não acontece muito nas outras modalidades eh e no box também há muito
Sparring não é só que a diferença do box para judo é que nós treinamos com os nossos adversários e no box eles criam Campos de treino com parceiros de treino mas nunca treinam com diretamente com o adversário E H E eu aí apercebi-me pela minha imaturidade ainda era muito no
Que todos osos treinos que nós fizemos enquanto eu estava a medir forças com ele para mostrar que que estava melhor e que era mais forte ele teve o tempo todo a oferecer jogo para sacar h técnicas táticas pontos fracos etc absorveu muito bem e o meu jogo todo e
Pronto isso custou-me custou-me uma final Olímpica e mas foi uma aprendizagem muito importante a partir daí passei ter passei a ter outro tipo de maturidade e depois disto eh o combate do Bronze era é daqueles combates em que naquele momento toda a gente à minha volta e eu
Próprio sabíamos que estávamos com a atitude certa para ganhar eh apesar do meu adversário ter feito também um uma prova excelente é um Uruguai não e ele representava O Uruguai apesar de ser francês eh e o treinador dele era francês também não é e h e era um tipo
Que tinha um judo mesmo que Eu odiava Canhoto todo tinha todas as as características que eu que eu que eu riscava pôr emme à minha frente mas naquele dia encaixei muito bem com ele tava com uma autoconfiança muito boa eh tinha já ganho vários combates com aquele movimento com o juj gatame no
Chão Ah e assim que que peguei nele senti que aquilo não não me ia fugir Eu até me recordo mais tarde do treinador dele dizer e pá fogo eu quando te vi entrar para o tapete eu pensei assim que é que eu vou dizer ao meu atleta meu o
Gajo estava com com uma Áurea que isto não não sei como é que eu vou dar a volta a isto engraçado e e assim e assim aconteceu eh há bocado falávamos sobre e achei isso importante importante não interessante e o sistema de de pesagem de um judoca e queria que explicasse
Tintim por Tintim porque se eu fiquei espantado Imagino que toda a gente também fique embora a embora agora a regra tenha um a tática tenha mudado mas no teu tempo nesses Jogos Olímpicos de 2000 e como é que era tinhas combate no dia seguinte como é tinhas combate uma
Segunda-feira examente dormi domingo nós nós nós pesável à tarde e e por isso também era mais condensada mas o normal era nós pesarmos 2 horas no máximo Du horas antes da prova o que implicava e nós reduzirmos ao máximo o nível de gordura e às vezes água e outras coisas mais
Mais essenciais para o organismo e as pessoas perguntam assim então Mas isso não é muito normal há muita coisa que se faz na alta competição que não é muito normal mas tem que se fazer há o conhecimento à data Hoje em dia a evoluiu muito a a a fisiologia e o
Acompanhamento médico do dos dos atletas mas na altura basicamente Nós treinávamos num período onde estávamos eh mais gordinhos não é mais com a armadura mais forte eh e depois a partir de duas semanas antes da prova começávamos a tirar a gordura Extra a ter uma alimentação muito muito rigorosa com restrição
Ah para ficarmos com menos gordura e com o mesmo nível de massa muscular eh 1 Kg a mais num adversário é muito peso as pessoas não têm ideia da diferença que faz fazer com uma pessoa com mais 1 kg é como sei lá Malta que anda de bicicleta sabe quanto é que
Custa reduzir 100 g de uma bicicleta só para aí 300 ou 400 € em material sim aqui é a mesma coisa só que é com o nosso próprio corpo três a dois dias antes Já começamos a ter cuidado com a a hidratação e pá o próprio treino já é só
Mesmo para segurar o peso já quase já não se treina volume eh e an noit Anes para quem não fez as coisas bem feitas ou ou havia atletas que como estratégia mesmo queriam estar muito acima do peso para depois terem superioridade sobre os adversários eh era uma noite horrível eh
Para já cabeça a pensar que chegas à balança e não bate o peso não é sim mas o quê não bater o peso quer dizer o quê a minha categoria era menos de 81 kg tem que estar 8100 0 Gam nós estamos aqui se eu der um gole desta
Água ah 50 G já está já não passo portanto estás a ver a lógica que é nós inclusivamente à noite eh fazíamos o cálculo da do peso que podíamos ter a mais porque durante a noite uma pessoa perde em média 500 700 1 kg ninguém tem ideia disso mas é assim
Porque estás a dormir e TS a consumir mesmo a dormir estás a consumir recursos estás aar água fora através da da respiração etc então pessoa ia jantar aquela última refeição Zinha antes da prova e tinha que comer o suficiente para perder um bocadinho durante a noite
Com todas as contas feitas de acordo com o teu corpo sim havia pessoas que já sabiam e pá eu vou fazer um xixizinho a meio da noite é mais 100 g aqui mais isto mais aquilo e depois pronto às vezes era aquela aquele presente que era
Ei tem que ir à casa de banho dá 300 g e e pronto em último caso há duas pesagens H pesagem não oficiosa que é justo até meia hora antes da prova antes da pesagem oficial onde a pessoa pode ir calculando vai vai-se pesando ver se tem
Pesa mais pesa menos quanto tempo é que falta para perder o peso e depois quando é a pesagem oficial só se pode pisar a balança uma vez uma vez pisado é o peso que tiver lá se a pessoa por acaso se esquecer ninguém se esquece
Mas imagine que eu levo um cuecas a mais e que pesam 100 g se eu tirar o pé da balança estou fora e viste algum caso esquisito nessas não digo nos Jogos Olímpicos mas em toda a tua carreira vi montes de de situações caricatas desde uma rapariga a rapar o
Cabelo para combater logo seg combater porque tinha pesa mais e lá foram 400 G em cabelo com o cabelo foram e pde entrar assim foi e pde entrar Eh pá uma situação de um de um tipo que já tava desesperado já não sabia o que é que
Havia de fazer mais e então os amigos levaram-no os amigos a equipa levaram-no para para para a banheira para o Dux para tomar água e ele em desespero ah abriu a boca começou a ver água tiveram com arrancado lá eh tipos e a tentarem enganar a balança pisarem
Com o pé empurrarem o colega tudo iam mais alguma coisa mas não havia hipótese a balança Sera Implacável ou tinhas ou não tinhas era o primeiro combate Claro e e situações eh pronto essa do do cabelo tem piada não é Houve alguma situação assim trágica caótica e pá
Infelizmente sim houve que eu tenha conhecimento houve um atleta coreano nos anos 80 que que faleceu a tirar o peso dentro da da sauna com o saco com o chamado o saco de de sauna que são portanto um tipo GES de sacos de plásticos para obrigar o corpo a suar
Mais depressa e com uma bicicleta lá dentro portanto coisas impensáveis a partir daí Houve várias medidas e t vindo a ser tomadas várias medidas médicas para evitar eh esse tipo de de de de situações eu assisti enquanto treinador atletas que não tiraram bem o peso pá passarem por situações de de de de
E perda de consciência ficar fem sem voz n é quando nós temos as nossas cordas focais sem água começos a falar assim e e sempre me fez alguma Confusão Para já porque eu sempre tirei o peso eh com com com com estratégia e e nunca deixei as coisas chegarem a esse ponto e
Por outro lado porque eu sempre achei que não era uma vantagem eh porque a curto prazo eh eu lutar com TR ou 4 kg a mais com o adversário obviamente que é uma vantagem mas a médio e longo prazo eu não aguento tirar o peso muitas vezes eh eu às vezes dizia
Que tirar o peso dessa forma era como subir ao Everest uma pessoa começa a morrer devagarinho Uhum E se tu não Consegues subir ao Everest muitas vezes no ano e hoje em dia com o nível de competição que há com as quantidade de provas que há para manter os rankings
Mundiais é quase impossível e tirar esses exesso de peso que que se tirava antigamente depois as pessoas foram aprendendo muita coisa sobre sobre essa área científica e hoje em dia aquilo que se faz é em cima da hora entra-se na zona da morte ou seja entra-se naquele
Limite que o meu corpo tá ali a sofrer o mínimo de tempo possível porque senão a a performance cai muito e a saúde e tudo mais não é tu em fiden tiveste na aldeia Olímpica estive na aldeia Olímpica sim e que que personalidades cruzaste com quem e pá
E eu eu tava na aldeia nós estávamos na aldeia Olímpica ao lado dos brasileiros e na altura havia um um tenista muito famoso que era o Gustavo kur Ah sim sim que era o o o era o típico brasileiro que acordava com samba e punha toda a
Gente a a curtir mas a minha experiência assim mais especial foi com o meu grande ídolo que era o mamed ali Ah ele foi lá a o Mohamed Ali na altura era embaixador do do comité Olímpico internacional ainda tive o privilégio de o ver pronto
A andar bem e a comunicar com as pessoas e encontrar-nos encontrá-lo na na aldeia Olímpica e para mim pessoalmente foi como que um um género de um de um sinal eh e confirmar que pá que todas as minhas apostas Todas aquelas h eu abdiquei de tudo para estar ali e
Um ou dois dias antes da prova encontrar mameda ali foi assim um bocado tipo eh o sinal de pá escolheste o caminho certo e foi sempre uma pessoa que dizia que o homem ia à Lua porque a lua estava ali e que sempre foi um grande exemplo de
Superação não só dentro dos ringues mas também também fora e isso para mim foi sobretudo fora nãoé exatamente sobretudo fora e tu acompanhar já já acompanhas mameda ali ser um ído s sim eu eu no judo não tinha Assim nenhum judoca que eu i do latras até porque
Eles muitos deles eram os meus adversários que eu fui tendo o privilégio de poder competir e treinar mas por toda a sua história eu tinha duas grandes figuras na minha vida que era o Mohamed Ali e o Nelson Mandela e felizmente o Nelson Mandela não não não tive com
Ele presencialmente mas tive o o privilégio de ter sido convidado por ele para ir à à África do Sul e à sua Fundação e tive o privilégio de estar e de ser tocado digamos assim por essas duas grandes figuras que curiosamente ambas vibravam com o com com com o box e
Que foram pessoas importantíssimas para para posicionar e os negros na segunda metade do do século passado conseguindo quebrar um bocadinho essa Essas barreiras não é com com a sua com a sua com os seus feitos 4 anos depois és o porta estar ou seja tens dois jogos olímpicos um uma
Medalha no outro porta estar não há mais não há não se pode atingir mais não é olha Rui humildemente posso dizer um bocadinho mais porque eu felizmente pá tive ótimas experiências olímpicas a primeira eh logo laureada com com o pódio a segunda apesar de ter sido uma grande desilusão desportiva tive esse
Privilégio de de de e que para mim era muito simbólico a cerimónia de de abertura e de ter sido porta estarte houve muitos judocas nessa cerimónia e a serem porta estarte e foi Foi um momento muito simbólico depois a h a presença seguinte foi como adjunto chefe de missão da missão Olímpica
Quando eu eu vi tudo o que estava por trás destes grandes palcos e pude contribuir para que os nossos colegas pudessem ter feito e resultados históricos is é Pequim não é 2008 foi Pequim e Como estive do teu lado como comentador foi foi a única vez
Que não que não fui foi quando nasceu a minha filhote mais velha e que nasceu curiosamente no dia em que a Vanessa Fernandes ganhou a medalha de prata e eu estava a escrever para para a visão e tenho lá um artigo que eu dediquei à minha filha e à
Vanessa nesse nesse nesse dia que são as duas Fernandes que a min a minha filha é é Fernandes dalgado e foi assim eu já no outro dia falei com ela sobre isso e ela riu-se e eu mostrei-lhe o artigo tava engraçado e pronto Nessa altura a minha experiência foi como comentador foi do
Lado de lá depois tive em Londres a na missão Olímpica h e e e finalmente a minha última experiência Olímpica oficial como como treinador e e ganhamos a medalha com a Telma Monteiro e e assim fechei com chave de ouro e e as minhas participações olímpicas
Agora eh quero ir como como turista esp Exatamente exatamente assistir e ver aqu espac pá e tenho intenções de o fazer tenho que gerir aqui bem as agendas mas sim não acho que não vou falhar boa tu tu foste apresentar a tua medalha ao estádio das Antas não é ver Levaste a
Medalha para o estádio das Antas verade como atleta do não não não eu nunca representei o porto e só que isto foi uma história que foi surgindo em Sidney eu já era adepto do do do do do futebol clu Porto há muito tempo da tua infância da minha infância até
Porque eu eu comecei a representar a casa do Benfica de santar É verdade e pá ninguém conseguia perceber porque é que eu era do Porto e e eu um dia expliquei ao pessoal que eu tinha um pai o meu pai biológico cabo verdiano e jogou futebol
E e toda a família Delgado era spor inista Eh o meu padrasto e a família eh meu padrasto português eh e a minha família do lado da minha mãe era tudo benfiquista então era toda a gente a puxar para um lado e para o outro para
Um lado e para o outro um dia assisti à a final da taça das taças que penso que foi 84 84 do porto contra Juventos perdemos 2 a 1 fomos assim meio Roubados na altura o porto ainda era um Underdog e eu fiquei a chorar de tanta pá tinhas
Quantos anos tinha 84 teria 8 anos para aí eh e disse pá esta aqui é a minha equipa e assim foi depois e nunca foste ao nunca nunca viste nunca tinha ido ao estádio porque pronto o corco não ficava de mão os meus os meus familiares não não eram não eram adeptos
Não E então em Sydney nós tínhamos um um enfermeiro que era do Futebol Clube do Porto da natação e o drout passarinho o meu médico também era do Porto e então criou-se ali Uma Amizade Grande e falávamos muito o porto para aqui o
Porto para ali e tal não sei quê e e e depois quando quando eu venci a medalha aquilo chegou a ao conhecimento do do Pinto da Costa e no momento em que ele estava a fazer uma homenagem à Fernanda Ribeiro que foi ah a outra medalhada que na altura
Representava o porto ele fez um convite simpático e inteligente como ele como ele sempre foi como dirigente e e lá fomos nós eu estava a chegar de uma prova na Alemanha eh nesse fim de semana o Dr passarinho foi foi buscar ao aeroporto fomos a toda a velocidade para não chegarmos atrasados
E até fomos parados pela polícia eles pá onde é que vocês vão com esta A bis toda pá tal vamos ter com o tem ali delegado no carro vamos ter com o p Ah é então pera aí que a gente faz esc tal e tal Maravilha ali no porto era assim e e
Fomos muito bem recebidos ainda no antigo estádio das Antas Sim foi um jogo à noite não é foi um jogo à noite Porto Guimarães Ainda me recordo ganhamos 2 tive lá no Balneário com os meus colegas e que era na na altura tínhamos Vítor Bahia Claro era o capitão Se não me
Engano tínhamos eh Paulinho Santos que foi das pessoas que melhor me cumprimentou secretário toda essa geração Ok Malta e tive lá no estádio e foi uma sensação é pá indescritível Eu imagino como é que um jogador de futebol vive eu em Sydney tínhamos quê 5000 pessoas nos no nosso e
Complexo ali estavam pelo menos para aí umas 30 ou 40.000 e todas a puxar pelo mesmo Clube enquanto no no no no Complexo sim sim sim mais era ela por ela né mais dividido mas eu tinha ali eu eu tinha mais qualidade eu tinha uma capia
Olímpica Sim claro e tu e tu e eh o pormenor do do do a reportagem falava num pormenor que podia ser enganador porque tu estavas com a camisola 16 e 16 tinha sido do Jardel e então questionou-se questionaram sim se era por isso e Tu disseste que não que era
Pel número de vitórias que tinhas número de medalhas olímpicas A minha foi a 16 Portugal pá nesse aspeto pá o porto realmente fez a diferença naquela naquele período porque eles eram eram eram pessoas de detalhe e as homenagens e todos os momentos de contacto com com a equipa profissional do porto eram
Muito bem organizados não foi o único eu tive em outras oportunidades aqui também na casa do do do Porto em Lisboa fui a um jantar de homenagem onde as coisas eram todas organizadas ao detalhe eu lembro-me de estar a entrar à porta e o senhor diz assim quando tiver à porta telefone-me
Porque vai acontecer assim assim assim assim e assim foi eu peguei no telefone estava lá uma pessoa à minha espera depois levava-me para outro sítio para era tudo organizado ao mais alto nível e isso acho que ajudou muito o porto também Nas suas nas suas vitórias naquele período Áureo sim eh há bocado
Fal e falamos em passan de 2004 de de Atenas e também na aldeia Olímpica também também tiveste lá em 2004 Ah sim sim sim sim e o e conheceste alguém extraordinário tal como em 2000 ou olha e a minha vivência na aldeia Olímpica em 2004 Foi bastante diferente
Porque e para já eu tinha sido a Prado ao joelho três ou quro meses antes e vinha de uma de uma uma lesão muito grave de uma recuperação muito difícil depois durante esse período que envolveu o nosso Euro 2004 de futebol e tive que treinar de uma forma talvez
Sobrehumana para tentar recuperar tudo aquilo que que eram as minhas expectativas desses jogos olímpicos daí o Superhomem no início talvez por isso mas aprendi que não era Super Homem pá e fui acumulando muita lesão eu para treinar até aos Jogos Olímpicos era foi um sofrimento grande porque
Toda a envolvência para poder fazer um bom treino foi enorme e então eu eh não saí não não saí muito da Aldeia e depois ainda tinha a responsabilidade de fazer a cerimónia de abertura saí muito pouco também porque nessa altura eu estava com peso a mais Ah porque eu como treinei
Muito físico eh não tinha gordura para perder e então houve uma altura em que eu me apercebi que estava com e uma massa muscular brutal e que não estava a conseguir tirar o peso então ainda foi mais difícil eh e depois para eh para cereja em cima do bolo da
Adversidade no último treino h e no último exercício e pá eu nunca mais me esqueço do meu treinador dizer pá então vá só mais um exercício mesmo para para acabar para para acabar para ficar ali mesmo no ponto Pumba parti a malão E fiz uma alação L teu só a fazer uma
Técnica com o meu colega o meu colega apanhou-me desprevenido e caí mal bati com a mão a gente já estamos um bocado fragilizados não é perdeu o peso de toda aquela não é depois também uma pessoa com a carga emocional de saber que e as expectativas são muito M grandes e tu
Sabes que não tás na tua no teu aus não é tudo isso acumulado e fez com que a lusão e pudesse acontecer e e pronto e foi quase como que olha todo o esforço para nada morremos na praia mas forse a combate mesmo assim fui a combate e assim que que eu me
Lesionei e ligamos ao ao a ao ao médico especialista que curios estava no contro antidoping porque o meu colega Sérgio Paulinho tinha acabado de ganhar a medalha de prata então fomos a correr entramos nos autocarros internos para ir ter com ele para ele me ver o dedo caminho de da prova de ciclismo
E pronto demos 24 horas para para analisar para ver como é que estava a lesão e tivemos uma conversa à noite onde a perspectiva era pá Olha não estás em para lutar É duro mas não há hipótese e depois também é assim não não tens capacidade para discutir se quer um
Combate e eu como médico acho que pá não te vou expor a uma situação dessas e tudo mais e e eu disse tá bom doutor mas eu vou lutar porque eu há 4 anos que vivo para isto e eu não pá acho que não vou conseguir conseguir e não vou conseguir
Digerir se não se não lutar por isso é pá vocês façam o que quiserem mas ter que arranjar maneira de eu entrar para dentro do tatamia e assim foi a equipa mentalizou toda tentamos fazer uma ligadura o mais funcional possível tentamos encontrar as formas de retirar
A dor e mas era muito difícil porque curiosamente este dedo é o dedo que controla todo o adversário e este est este dedo mindinho vale muito e e pronto lutei muito muito limitado eh a minha expectativa era não durar 10 segundos ainda tive a ganhar o combate
Até aos últimos segundos mas mas Pronto foi mesmo só para para não para cair de pé digamos assim e foi Eh pá um ano em que eu tive muitas muitas lesões isto tudo para dizer que Atenas não não não não não Vivi muito daquilo que foi que
Foi o o o o fenómeno Olímpico apesar de na na cerimónia que eu ainda não tinha o dedo mal H tive a oportunidade de estar com os os vários portas estandartes mais Malta do judo também encontrei alguns jogadores da NBA que na altura e pá eu eu não
Tenho a certeza mas acho que nesse ano eh apanhei o o o David Robinson que era o poste da da seleção americana eh e mais um alguma Malta E como eu ia com a bandeira toda a gente se metia connosco e foi uma cerimónia Espetacular foi uma uma cerimónia muito
Bonita mas a seguir a competição vime logo embora Ah foi ah não ficaste lá até ao fim não nós normalmente nunca ficamos até ao fim porque e há cotas as pessoas vão chegando e vão saindo os jogos olímpicos são três semanas há provas que se realizam logo nas primeiras o judo é
Uma delas e depois o atletismo fica mais para o fim por exemplo o futebol que teve nesse ano a seleção olímpica com o Rui Jorge com o Quaresma com com o Cristiano nós regressamos todo no todos no mesmo avião Ah foi hav vias com eles Portugal perdeu com o Iraque acho que eh
Portugal perdeu com Costa Rica Iraque e ganhou Marrocos exato na fase de grupos mas mas fomos eliminados na fase de grupos portanto e e vieram ser demais tal como tu tu porão por acaso segin o Rui Jorge não foi nesses jogos que ele nos jogos em que o
Rui Jorge jogou ficamos em quinto não ficamos em em em quinto em quinto foi em quinto e E então quando regressamos eu assim fogo meu vimos no avião dos perdedores agora chego lá a Portugal Tem que levar com a comunicação social toda e foi aconteceu e por acaso não
Aconteceu o futebol saiu por outro sítio e e eu aconteceu uma coisa engraçada estava diminuído não conseguia quase me mexer bem telefonei ao meu melhor amigo e disse pá Olha vem-me buscar aqui o aeroporto mas estou aqui sozinho e nem consigo levar as malas nem nada vem-me
Aqui ajudar ele ah na boa tudo bem E quando eu cheguei lá eh tive a surpresa que tinha lá pá mais pessoas amigas e próximas do que quando tinha perdido em em Sidney e pá e foi foi uma sensação muito boa ter al aquela Malta toda e o
Meu amigo já sabia nem me disse nada e foi aí que a gente vê não é que é que são aqueles que nos seguram Claro verdade P Espetacular 20 anos agora estou a pensar né 2004 vai fazer 20 anos vai fazer no verão e e depois dessa
Dessa Magia no judo continuase no judo através de de várias ações sociais aliás há bocado falaste da do convite da África do Sul da da aação Nelson Mandela portanto tudo isto sempre ligado ao judo agora de umaa numa fase mais pedagógica não é com com Miúdos como é que é lidar
Com com essa Malta mais jovem pá Olha eu descobri esta paixão pelas crianças quando comecei a receber convites para ir a escolas e eu tinha licenciada em Educação Física não não gostei particularmente da experiência de dar aulas na escola e quando comecei ir à escolas e convidado e para partilhar experiências olímpicas para
Falar sobre valores e outras coisas Foi algo que eu me identifiquei muito e eu e aprendi a lidar com com as crianças e a perceber que tinha algum algum alguma sensibilidade porque eu fui uma criança que teve uma uma infância com muitas pedras porque eu era disléxico era
Hiperativo os meus pais eram separados eu saí de Lisboa para Santarém eu tinha raízes cab verdianas e fui parar ao ribat ou seja havia muita coisa que me embalava e então o judo deu-me ali uma luz ao fundo do túnel deu-me foco deu-me confi deu muita bagagem e eu
Revia muito com as crianças que eu ia ver Às escolas e eu tive o privilégio de ter tido por exemplo o Carlos Lopes na minha escola uma vez que foi a primeira vez que eu comecei a a sonhar em olimpismo e em jogos olímpicos e eu jogava basquete e o Carlos Barroca levou
Uns americanos lá à nossa escola e jogamos com eles e portanto essas coisas inspiraram-me muito Santarém basb porque eu sei que jogaste na segunda divisão não é sim sim joguei joguei não Eu ainda joguei algumas épocas primeiro de Formação depois a minha mãe disse e pá Olha o n
Isso não não vai dar básquet e judo tens que estudar chegas tarde a dos treinos de basquet tens que escolher e pronto e lá se foi o sonho da NBA gostavas mesmo de jogar basquetebol Sim era eraa muito fã na altura havia aquele programa da NBA que o que o
Carlos barroca e oão Coutinho Claro não me lembro dis Todos Nós lembramos um programa mítico e vivia-se muito a febre da NBA e da cultura do hip hop essas coisas todas até me lembro-me que quando Magic Johnson que era o meu grande ídolo e anunciou que estava concio eu nesse
Dia fui Olha como T hoje vestido fui de preto para a escola eu era tinha assim era muito simbólico com essas coisas e ficou sempre o bichinho da do baset no meu último ano de de Liceu h e no meu primeiro ano de faculdade e decidi já
Era adulto Decidi não agora pá vou experimentar aqui o que é que eu consigo fazer no basquet nós tínhamos um americano na nossa equipa e e eles davam-se muito comigo e e eu era o único cas que conseguia defendê-lo porque tinha bo para segurar um gajo 2,5 m 2,5
M o gajo tinha e os americanos eram fisicamente muito poderosos e é engraçado que jogamos uma vez contra o meu clube de judo que era o algés perdemos eh mas eu joguei basquet e depois fui vestir o Fado de judo e fui treinar fui treinar judo foi uma uma experiência e engraçada
Hum mas isto estávamos a falar eh da tua escola e de e de treinar de treinar gente muito mais jovem que que tu detectas logo portanto através do olhar e ou da portura não é sim pá aquela coisa dos Miúdos alguma insegurança e de eu começo logo então
Campeão tá tudo bem eu o campeão coisa e então foi crescendo aquela ideia dos Campeões para a vida sim foi uma ideia que mais tarde a a desenvolvi mais do ponto de vista eh científico e de estudo quando fui estudar para Inglaterra para a universidade de bath e curiosamente foi
Aí que eu me comecei a a a a preocupar mais pel aquilo que foi a ciência que estava por trás da da minha universidade da faculdade de Universidade humana uhum eh a gente Às vezes tem que ir lá para fora para para para respeitar o que tem
Cá dentro eh eu tive como professor o professor Manuel Sérgio o Gonçalo Tavares pá tive grandes grandes grandes Mestres E como eu não tive muito tempo para me dedicar pá eu fazia as cadeiras para passar e para e para conciliar com os treinos não não não estava a 100% dedicado à faculdade
E fazia o mínimo possível para pá ter notas razoáveis e ir avançando só mais tarde é que eu comecei a desfrutar da relação que que podia ter com a FAC e aprendi muito com em particular com o professor Manuel Sérgio e com a sua visão da eletricidade humana Isto foi
Casando com o campeão para a vida que era um conceito que eu vinha a desenvolver com esta com estas ideias pá e decidi criar uma uma escola que H que de certa forma com matasse aquelas e lacunas que eu via no ensino naquela altura estava estamos a falar de 2004 2005
Ha e o impacto que eu achava que que o nosso trabalho enquanto eh educadores eh podia ter muito para além do Físico eu sempre considerei que o judo e o desporto em particular nos ensinavam valores nos ensinavam a ser a sermos a sermos campeões para a vida e que estava
Muito reduzida ah tav ucação f não sei quê e tal aqueles gajos que fazem Não é só isso claro e não é só isso e e o professor Manuel Sérgio tinha-se dedicado 40 anos a estudar isso e levar isso ao mais alto nível depois o Mourinho dá-lhe a visibilidade que que
Que que que que se viu todo mundo Pois houve outro grande Senhor que foi o o professor Jorge Araújo que criou o conceito do treino do treinador foi uma pessoa também que eu bebi muito e que tive a oportunidade de viver muito com com ambos eh e agora nesta fase da minha vida
Eh gostava de dar um pouco de continuidade a essa essa filosofia H juntando esta ideia do treinar para a vida com eh o o treino dos valores eh este ano lançamos um projeto na União Europeia de judo que se eh que são eh que é a semana europeia dos valores do
Judo criamos um programa pedagógico baseado só nos valores do judo eh e temos estado em escolas a a desenvolver programas municipais o o em Aveiro temos cerca de 2000 crianças a fazer esse programa no porto eh são um pouco mais e fazem judo o ano todo mas eh aquilo que
Eles não verdade verdadeiramente fazem é aprender valores e ter tido um um impacto muito muito grande na comunidade escolar e desde as as professoras as auxiliares e os Miúdos com algumas necessidades especiais e aqueles bairros mais difíceis que às vezes até São um dos Miúdos mais ricos e a aprender o que
É que é coragem o que é que é humildade no tatami estamos a usar o tatami para para moldar os Miúdos e Então senti necessidade de de documentar isso um bocadinho mais com com com ciência e a ciência que pode fazê-lo é a filosofia
Claramente a ética o saber o que é que é a moral saber o que é que é a ética como é que se constrói Isso numa criança que está a sair de uma pandemia E entra numa érea digital e onde eh em vez de se agarrar à Inteligência Artificial se
Agarra o corpo de outra pessoa é desafiante perceber que isso pode fazer a diferença nos jovens e é isso que me que me motiva porque uma das coisas que foi difícil ultrapassar na minha vida foi e eu tinha um plano A que era claramente ser campeão olímpico sempre foi o meu o meu
Foco o meu objetivo e e que abruptamente tive que parar esse esse esse esse projeto esse sonho a porque sabia que em termos físicos lesões já não me permitiam fazer um mais um ciclo Olímpico eu acabei cedo tinha 26 anos ainda podia fazer boquin se calhar até
Podia fazer lond Londres como os meus colegas hoje em dia 30 Telma tem 37 anos está apesar de tudo ainda está a sólida e eu disse-lhe no outro dia pá Olha operação ao joelho Medalha em Rio agora operação ao joelho pode ser que seja uma
Medalha em par is esperemos que sim e o que é que eu podia fazer na vida que me preenchesse tanto como isto que eu estou a fazer agora dificilmente conseguia encontrar alguma coisa que que me que me fizesse H viver com com essa intensidade porque estes Miúdos são as nossas
Medalhas sim verdade Claro tu H só uma última pergunta sobre o que é que é o que é que foi dislexia e o que é que foi hiperatividade só para para uma coisa é dizer a palavra mas com exemplos a pessoa chega mais perto Olha eu
Eh andei num colégio aqui em Lisboa que era o Helen Keller que já tinha na altura um um nível de educação muito elevado nós tínhamos teatro tínhamos educação física à séria no pré-escolar era um ensino eh muito diferenciado e convivíamos com muitas crianças com com necessidades especiais o o Helen Keller
Era conhecido pela escola dos cheinhos dos cheinhos mas era um colégio e muito evoluído e para mim isso foi muito e panto tive lá pouco tempo tive lá dois ou três anos depois fomos para para para santaré mas foi o suficiente para para ter sido acompanhado por um
Psicólogo por vários H especialistas eu era ambidestro ou seja na altura eu escrevia com as duas mãos comia com as duas mãos eh e era disléxico Ou seja a dislexia eh São eh padrões neuromotores que eh têm eh conexões diferentes das pessoas normais e então nós eh temos dificuldades em interpretar símbolos
Como na escrita ou na matemática eh algo há pessoas que têm dificuldade eh na leitura como eu eh mesmo até eh na na capacidade de se exprimirem eh São pessoas que precisam de treinar mais do que os outros para poder estar e com essas competências ao mesmo nível mas
Que depois têm superpoderes ou seja tem uma criatividade Fora do Comum tem algumas características que e as organizações viradas para a dislexia identificam e Há muitas pessoas dotadas que que que T eh um espectro que pode ser maior ou menor em várias áreas da dislexia a hiperatividade
Eh Hoje tá um bocadinho eh exagerado o o o espectro onde se considera hiperatividade mas é é um era não ter controle na minha energia eh o eu parti a cabeça sete vezes nunca conseguia estar quieto era um uma criança e muito irrequieta para não dizer mais e
E e um um dos grandes remédios quando eu deixei de estar no no no no Helen Keller e Fui para uma escola pública que era dentro de um castelo em satari por acaso tive uma professora especial mas era aquelas condições não é não tinha nada a ver aquela realidade aquela realidade o
Judo aí fez uma diferença enorme porque me ensinou me treinou a controlar estas eh estas dúvidas todas estas estas sensações de que a gente não não controlava o mundo exterior e que nos transmitem também muita eh insegurança E baixa autoestima porque a gente não tá sempre a enganar tá sempre a falhar
Depois não tem boas notas depois não sei quê minha mãe dizia tu tens que ler tu tens que ler e tal e eu olhava para um livro e ao fim de uma página já não conseguia me lembrar do que é que eu tinha lido antes então odiava ler eh
Isto é a dislexia hoje em dia felizmente a dislexia tá muito bem identificada só passa mal eh pela dislexia quem quiser as a minha filha mais nova É disléxica foi identificada e rapidamente está a ser acompanhada e tá tá a evoluir muito bem a mais velha ainda não se percebeu
Bem só agora é que começaram a ter mais atenção a isso mas há sempre ali um uns sinais e e nós hoje em dia no judo temos recebido muita muita gente que é recomendada exatamente eh para para afinar digamos a máquina nesse nesse sentido muito bem obrigado Nuno não foi
Um prazer foi um prazer Grande Mestre fo acontece-me isso da dislexia da da leitura a ler o código nunca consegui passar o código então quando acabo eu acabo o livro e penso o que é que E agora se me fizerem uma pergunta não vou saber responder vou tentar ir para o
Judo E aí talvez pass pode ser que sim nós temos aulas de adultos és bem-vindo Obrigado eu sei que sim e tu és bem-vindo aqui sempre e obrigado Mais uma vez foi mais um jogo de palavra podem ver-nos no YouTube podem acompanhar-nos no site da rádio rr.pt e
Até para a semana a ver se convocamos se conseguimos convocar outro Superhomem grande abraço grande abraço