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A Toyota acredita que cada boa conversa conta para ir mais além tal como cada inovação cada iniciativa e cada serviço é por isso que hoje a Toyota lhe traz este podcast Conheça as histórias que inspiram a ir mais além em toyota.pt na terra dos Cacos podcast sobre temas africanos do jornal público
El macamo e eu antón Rodrigues discutimos quinal às quartas-feiras os assuntos de África porque se Como dizia o poeta micano Eduardo White os países africanos são Hoje os grandes Cacos E os pequenos Cacos dos sonhos que eles partiram ontem então todos devemos refletir a melhor forma de o escolar
Mais uma vez bem-vindo a este podcast sobre temas africanos que chega ao 10º Episódio neste na terra dos Cacos que apesar de ser o 10mo e apesar do fascínio da humanidade pelos números redondos é tão especial como os outros anteriores ou como os que vêm à frente
Eu e o professor Elísio macam vamos conversar na primeira parte sobre o conflito no no leste da República democrática do Congo e o envolvimento do Ruanda um país que tanto pode ajudar a combater os insurgentes no norte de Moçambique Como alimentar os insurgentes no seu gigante vizinho mesmo sendo 89
Vezes mais pequeno que o Congo e 30 vezes mais pequeno que Moçambique o outro tema sobre o qual nos Debar nesta primeira parte prende-se com a crise política no Senegal um país habituado a ser um exemplo democrático em África e que vem sofrendo desde o presidente abdulai wad dos mesmos pecados que
Outros pa africanos a tendência dos políticos para se quererem perpetuar no poder no entanto parece que as instituições democráticas e o povo senegalês vão conseguir travar os excessos hiperpresidencialismo acontecer já não na data prevista de 25 de fevereiro mas em março na segunda parte no nosso habitual espaço de
Entrevista vamos conversar com o jornalista angolano Xavier de Figueiredo autor de um novo livro sobre o fundador da unita chamado savimbi um homem no seu martírio editado agora em Portugal pela Editora garri paz na terceira e última parte como habitualmente deixamos algumas sugestões venha daí connosco o conflito no leste da República
Democrática do Congo agudizou se nas últimas semanas com combates entre as forças governamentais e os Rebeldes do movimento 23 de Março ou abreviadamente m23 em torno de sque uma cidade estratégica que os controla a estrada nacional número do que liga ao resto do país a goma a capital do kivu Norte
Situada entre o Ruanda o lago kivu e a floresta o m23 é apoiado pelo Ruanda dizem as nações unidas dizem os Estados Unidos kigali tem negado sempre apesar das provas em contrário que apoia ao grupo composto maioritariamente por Rebeldes tutsis a etnia que esteve do lado das vítimas do genocídio do Ruanda
Que em abril faz 30 anos e que é também a etnia do presidente ruandês pol kagamé o ex exército congolês denunciou que o Ruanda esteve por trás de um ataque com Drone ao aeroporto de goma na semana passada num comunicado publicado este fim de semana o governo ruandês
Denunciou a existência Real de uma ameaça à sua segurança e mostrou-se disposto a fazer tudo para defender a sua segurança inclusivamente com ataques Aéreos contra o seu vizinho no meio deste tudo não podemos esquecer duas coisas primeiro a imensidão da República democrática do Congo o segund do maior
País africano em termos de área a sua falta de infraestruturas rodoviárias e deficientes instituições do Estado em segundo os recursos minerais da região de kivu RIC em estanho colan ou columbita tantalita fundamental para a indústria eletrónica urânio e Ouro entre outros se isto juntarmos um país com ambições internacionais Como é o Ruanda
De kagamé com exército forte capaz de combater os insurgentes no norte de Moçambique em nome da França e ameaçar o seu gigante vizinho e ao mesmo tempo ter uma dicia de qualidade a ponto de se tornar parceiro do Reino Unido para a sua polémica política para a migração e
E de ver Portugal elogiá-lo con denodo por ser um país que presta muita atenção ao continente Africano e um protagonista de primeira importância as palavras são do Ministro dos negócios estrangeiros português João Gomes Cravinho numa visita oficial a kigali na semana passada tendo-me alongado nesta introdução ao tema passo Já a palavra
Para si Elísio como olha para a situação na R na República democrática do Congo e sendo moçambicano Como vem a intervenção internacional do Ruanda bom a situação naturalmente eh preocupante e preocupa eh é por um lado o o fato de não haver ainda uma grande consciência por parte
Da Comunidade Internacional eh sobre o perigo que o Ruanda de kagami representa para estabilidade não só da região mas também do próprio continente Africano não é ele continua a gozar de uma grande aceitação por parte das potências mais importantes no que diz respeito à África
E claro isso tem muito a ver também com a memória eh do genocídio que completa conforme o António disse eh 30 anos Neste ano de 2024 agora o outro aspecto que me parece importante referir aqui e que talvez não mereça muita atenção na nossa abordagem do Ruanda e é a própria
Questão do desafio do instrução de estado em África e aqui levantam-se várias questões uma tem a ver com o tamanho né muitas vezes a gente fica impressionada com o fato de um país tão pequeno do ponto de vista territorial como Ruanda e ser capaz não só de criar
Imensos problemas a um gigante como a república democrática de cono ou como também de ser capaz de ir em Socorro e de um outro país muito long longe das suas fronteiras que é o caso de Moçambique meu país de origem e aí entram talvez questões mesmo de análise
Política que tem a ver eh com a forma como o tamanho na formação de estado pode constituir uma grande vantagem não é eh é sempre muito mais fácil governar bem eh um país com dimensão territorial reduzida como Ruanda eh do que governar bem um país grande como a república
Democrática do Congo Eh é bom nunca esquecer que o Ruanda tem uma tradição de centralização do poder eh que é muito mais antiga eh no continente africano o que sempre eh fez com que o Ruanda sempre tivesse uma burocracia muito eficiente é só ver também a forma como o
Genocídio eh foi feito é reveladora eh de desse Fato muito importante que tem a ver com a própria o o o grau de burocratização eh do do país portanto Ruanda não ficou eficiente com kgam o Ruanda já era eficiente antes do genocídio já se falava do Ruanda como
Uma espécie de Suíça eh de África justamente para destacar esse fato agora o outro aspecto é que nós temos estados que não são resultado necessariamente de processos internos de consolidação do próprio Estado como por exemplo aconteceu na Europa né os estados europeus são o resultado de processos internos de consolidação e os estados
Africanos são estados gerados eh e é natural que esses países tenham Muitas dificuldades eh em se impor quer dizer os seus estados as suas instituições estatais tenham muita dificuldade de se impor e de facto é o que a gente vê eh é o que a gente vê no Congo é também o que
A gente vê eh em Moçambique Então eu queria destacar esses dois pontos eh por um lado o o fato de ainda não haver consciência de que Ruanda constitui um grande perigo paraa estabilidade política do continente como também esta questão da própria formação do Estado eh do ponto de vista histórico que tem que
Ser trazido à colação para melhor apreciação do que a gente está neste momento a ver então o que a gente está a ver neste momento é eh uma espécie de consolidação do Estado ruandês através da desestabilização de outros é é simplesmente isso aí que são coisas
Que a gente viu no processo de formação de outros estados sobretudo na na história política eh na história política europeia agora o grande problema disse é que a curto prazo a instabilidade na no Congo garante a estabilidade do Ruanda a curto prazo mas a médio e longo prazo pode ser um grande
Problema para o próprio Ruanda sobretudo se nós tivemos em conta que cagam não vai viver para sempre e o tipo de controle que ele tem sobre o estado pode será uma coisa que o seu sucessor não vai conseguir manter eh não é por todo um conjunto de circunstâncias apesar de
Toda essa história conhecida de burocratização do próprio Ruan então de facto é muito preocupante o que está a acontecer Porque no final de todas contas até certo ponto que nós estamos a ver aqui é de facto uma política destrutiva do indivíduo que se manifesta não só no cono como também se manifesta
Em Moçambique em Moçambique já há todo tipo de teorias de conspiração em relação à presença ruandesa que chegam até o ponto de colocar como hipótese a possibilidade vamos lá de de cabo Delgado dar passos no sentido de uma sensação eh não é que que seria extremamente grave e problemático para
Mambi não porque as regiões não tenm um direito de autodeterminação se assim quiserem através de processos Claros mas simplesmente porque a acontecer uma coisa dessas aí isso pode desestabilizar completamente moambique e naturalmente toda a região não é todo xadrez político africano vai ficar complicado se houver coisas dessa natureza portanto cagam é
Um grande problema para o nosso continente esse paralelismo entre República democrática do Congo e e Moçambique para além da do fator Ruanda essa distância entre entre as capitais e no caso de Moçambique entre as capitais e cabo delgado no caso do Congo entre quinchas e Goma e esta zona toda do kivu
Norte isso também é um fator desestabilizador até para para aquilo que continua a dizer que é os estados africanos ainda são estados em informação é exatamente isso aí é o que nós estamos a presenciar neste momento é que e nós temos um estado que ganhou uma certa coerência parcialmente ou
Grandemente por causa do seu tamanho reduzido eh conseguiu fazer aquilo que os outros estados africanos Ainda não lograram eh da melhor maneira então ele tem muita flexibilidade tem muito maior capacidade de ação e quando entra em países e que T justamente essa dificuldade de se imporem is é quando
Entra em países onde os estados T essa dificuldade de se impor o seu efeito é realmente eh destrutivo não é e é o que a gente está a ver eh no cono a questão da distância da Capital em relação a esses focos onde há problemas é de facto
Uma questão que precisa ser tomada muito eh muito em consideração agora naturalmente quer dizer nós estamos a tirar da equação aqui os próprios processos internos do Congo e do Moçambique que precisam naturalmente também de ser considerados ados né quer dizer que tipo de consciência política é
Que as elites nacionais têm no Congo e em Moçambique e e aqui eh nota-se um outro talvez defeito entre aspas eh do processo de construção de estado em África que eh esse processo de estado é feito por elites que dependem do estado para sua própria reprodução social e
Isso nunca vai dar certo quando a reprodução da Elite política depende do controle que ela tem do Estado Não no sentido de exercício do Poder mas no sentido de obtenção de rendas e esse é o grande é uma coisa que enfraquece muito o regime político congolês é uma coisa
Que enfraquece também já está mais do que claro isso aí enfraquece o regime político em Moçambique a grande dependência da Elite política paraa sua própria repodução a sua grande dependência do contro dos recursos do Estado a elite política micana vive e das rendas do estado e o que eu acho
Curioso nisso tudo é um pouco há um certo anacronismo né porque esta é uma discussão que já se fez nos meios marxistas nos meios da economia política nos anos 70 né fazia-se isto aqui quando se falava desse estado que vivia de rendas e nós estamos a ter isso eh de
Novo e o exemplo do Congo o exemplo de Moçambique são mais do que ilustrativos dessa dessa problemática e isso acaba fragilizando esses estados também e fragilizando o próprio processo de consolidação do Estado então a distância de facto é é é muito importante nesta equação digamos e e nós estaremos também
Aqui h a assistir a uma espécie de pós neocolonialismo que é as potências estrangeiras utilizarem países africanos para continuar o o aproveitamento dos recursos tende atenção que estamos a falar de duas regiões que são ricas em Recursos cursos o o kivu tem tem grande parte das reservas de minério do do do
Congo é a parte central e a parte do leste do Congo tem as maiores reservas Moçambique tem a questão do gás natural não estaremos aqui também isso ou seja o Rand a ser o aquilo que os ingleses cham o proxy nesta neste novo neocolonialismo sim eu tenho muitas
Reticências em relação eh a essa abordagem não porque ela não faça completamente sentido mas porque ela tem um pouco o condão de desviar a atenção das elites políticas e intelectuais africanas do que realmente está em causa nisto Claro é uma abordagem que depende muito digamos daquilo que nós poderiam
Chamar eh de teoria de conspiração eh por exemplo assim porque mesmo a própria história Colonial é sempre Vista sempre desse ponto de vista que tudo que aconteceu no continente africano foi o resultado de um grande desígnio Imperial europeu e eu acho que há problemas muito graves com essa com esse tipo de
Historiografia e há uma certa utilidade em procurar outras formas de olhar para a história Colonial que não enfatizem muito esta questão do de um projeto colonial e de um projeto Imperial que dê maior destaque inclusivamente de maior destaque ao fator contingente na Constituição do próprio momento Colonial
E aí nós vamos poder dar e devolver digamos assim as forças políticas africanas vamos devolver essas forças políticas africanas à história não é que elas são também protagonistas desta história não são apenas vítimas inocentes de uma vontade Imperial europeia então neste momento nós corremos o mesmo perigo que eu de pensar
Que uma vez que a Europa eh tem interesse em explorar os recursos do Congo e os recursos de Moçambique então todos os problemas que nós temos são resultado desse interesse os europeus agem sempre no interesse de enfraquecer os africanos para poderem tirar proveito do do nossos recursos mas eu acho que
Essa é uma é uma maneira de olhar para as coisas muito problemática em Moçambique claramente porque impede os nossos governantes de prestarem atenção aos defeitos do próprio o sistema político que nós temos e não é procurar saber porque é que o nosso o sistema político é vulnerável à violência contra
O estado e não pode ser simplesmente porque há gente lá fora que está interessado no nossos recursos e que vem criar confusão aqui tem que haver alguma coisa que diga respeito a forma como nós fazemos a gestão do poder e isso é muito mais importante do que essas teorias de
Conspiração Então por um lado Sim há naturalmente o interesse óm a gente não pode ignorar isso aí mas eh Há um grande perigo em colocar muita ênfase nesse tipo de abordagem porque vai tirar aquilo que nas Ciências Sociais se chama de agenciamento dos africanos portanto os africanos vão sempre ser vistos como
Vítimas em processos onde eles são realmente protagonistas principais porque se fala sobre eh sobre algumas coisas que estão por detrás de tudo que acontece no norte de Moçambique e de tudo o que acontece no Congo de uma forma eh geral mostra claramente que há interesses dos próprios africanos eh
Naquela desordem há uma certa instrumentalização da desordem né E a gente tem que ter sempre isso em consideração uhum Professor vamos ter que mudar de tema que já já nos estendemos demasiado passemos então para o senegal o presidente maial decidiu adiar as eleições de 25 de Fevereiro a
Horas do começo da campanha eleitoral O parlamento sem a presença da oposição que foi retirada da sala pela polícia por protestar contra o golpe constitucional decidiu adiar as eleições para 15 de dezembro A decisão foi recebida com muitos protestos na rua que foram reprimidos com violência resultando em várias mortes que levou o
Porta-voz da União Europeia o porta-voz do José porel o alto representante da União Europeia para a política externa a denunciar o recurso inútil e desproporcional à força contra os manifestantes e citei agora o conselho constitucional do Senegal a Instância judicial mais alta em matérias decidiu anular a decisão do presidente e este
Afirmou que vai acatar a decisão se as eleições se realizarem mesmo a 3 ou a 10 de Março já que manter a data de 25 de Fevereiro é quase impossível Este é um sinal Claro aos outros países da África ocidental e Central onde vários golpes de estado e derivas autoritárias têm
Afetado as democracias locais ou seja será este um sinal Claro para esses países africanos de que a democracia se for sólida se tiver instituições consolidadas pode fazer frente aos dislates autoritários e antidemocráticos de alguns detentores do poder em África acha que este este é um bom exemplo para
Para demonstrar que se as instituições estiverem consolidadas estas manobras políticas de presidentes que se querem manter no poder estão votadas ao fracasso assim sem dúvidas Antonio eh sabe há aqui talvez eh duas coisas a ter em conta há uma crise política no Senegal que é muito complexa e que
Precisa de uma certa especialização para melhor compreensão portanto não se trata apenas de deriva autoritária pronto Esse é o rótulo que nós damos a coisa não se trata apenas eh da ambição de um indivíduo Essa é a forma como nós procuramos dar sentido ao que eh é difícil de entender portanto existe esse
Lado e esse lado é muito importante e aí nós estamos dependentes das pessoas que se ocupam eh realmente eh do Senegal que estudam a realidade senegalesa e é muito muito difícil nós formarmos o nosso juízo eh sem essa especialização mas agora há o outro lado que é digamos
Assim uma espécie de lado normativo que é o que sempre deve orientar a nossa apreciação dessas coisas na ausência de um conhecimento mais consolidado então o que nós vemos eh com a atitude do Conselho constitucional é de facto uma ilustração de como é que as coisas podem
Ser né porque muitas vezes as pessoas pensam que a democracia signif ausência de conflito quando na verdade a democracia tá lá para ajudar a a resolver conflitos né e a Democracia produz os seus próprios conflitos mas ela também produz os mecanismos para que esses conflitos sejam eh resolvidos
Então o que nós vemos no Senegal é de facto essa encenação dos atributos normativos da da própria democracia e que eu achei particularmente interessante eh no o acordam e estive a ler o acordam na semana passada logo que ele saiu e o que eu achei interessante foi e a própria
Argumentação quando eh eles apelaram ao princípio de segurança jurídica para dizer que não se devia adiar aquelas eleições E e essa segurança jurídica tem a ver com o fato de ninguém ter autoridade para estender o mandato eh presidencial não é e é o que teria acontecido se as eleições f
Acontecer em Dezembro né agora por que que eu acho isso aí importante este apelo ao a Esse princípio jurídico E é porque ele introduz na esfera pública senegalesa um outro nível de discussão sobre problemas políticos não é aquele nível de reduzir as coisas a autoritarismo ambição pessoal e não sei
Quanto mas é aquele nível de de uma reflexão adulta que se faz ao nível do poder normativo das das instituições Isso é muito bom E isso tem também a possibilidade de cortar as pernas aqueles que pensam que não é possível eh resolver os problemas políticos africanos sem recurso à violência que é
O que aqueles três países na África ocidental estão a fazer que é o que este país onde eu me encontro agora o Gabão também tá a fazer né porque estamos aqui eh num estado de excepção aqui em li brevir aqui na eh na gâmbia resultado também do recurso à violência para
Abordar problemas políticos né então é de facto uma boa coisa a decisão do Conselho constitucional senegalês o felin sar o intelectual senegalês autor entre outras obras de afrotopia numa entrevista à revista Jan afri que diz que e passa a citar em África em geral e mais ainda no Senegal os poderes
Políticos instalados entravam metodicamente a maturação e autonomização das instituições que os deviam controlar e que maal e agora citao outra vez nunca teve intenção de respeitar as instituições de renunciar de Partir em paz só se importa de manobrar para manter a sua família política no Poder Sem ter em conta a
Vontade dos senegaleses o professor acha que est é uma é uma interpretação muito ou seja muito redutora daquilo que está daquilo que se está a passar no Senegal até certo ponto a interpretação parece-me redutora e não é que ela não faça sentido é redutora por insistir numa coisa que eu acho problemática e
Querer fazer depender as coisas eh no se de indivíduos de intenções individuais sabe maal quer isto maal quer aquilo naturalmente que isso é importante mas o que nós sempre temos que perguntar António é que tipo de arranjos institucionais existe para controlar esses assuntos eh de grandeza esses essas ambições
Individuais A questão não é de acabar com os indivíduos eh que têm intenções maquiavélicas ou malévolas a questão é de sempre procurar saber que tipo de instituições é que existem e como é que essas instituições funcionam para que saibam lidar com a natureza humana que é
Boa e má né sabe uma coisa importante relação ao Senegal e talvez as pessoas que estudam Senegal possam falar melhor sobre isso aí é que uma boa parte da estabilidade política do Senegal eh dependeu muito de fatores endógenos né E quais foram esses fatores endógenos foram todos aqueles que estão
Relacionados com a importância que as fraternidades tem as irmandades islâmicas e t dentro do Senegal são ess essas instituições senegalesas eh que garantiram durante décadas a estabilidade política eh do Senegal eh mesmo quando Por exemplo quando foi da primeira eleição de abdulah wad um dos maiores fatores para que essa eleição
Fosse possível foi o posicionamento Claro posicionamento Claro dos líderes eh dessas fraternidades dessas irmandades eh que vieram a público e disseram claramente que não iriam aceitar nada que não correspondesse à vontade Popular agora eu pergunto e não sei muito sobre o assunto mas pergunto-me se parte desta
Crise senegalesa não tem a ver também com um provável enfraquecimento dessa autoridade tradicional que existe no Senegal e que por exemplo mais do que qualquer outro chefe de estado senegalês mas parece uma pessoa que está fora do controle dessas fraternidades não é o caso por exemplo de abdulah wad não é o
Caso de Abdul diof e e todas essas outras pessoas Então há este aspecto também que é preciso ter eh em consideração naturalmente que outra coisa que a gente vê no Senegal e é muito muito interessante mesmo e encorajadora é o alto nível de consciência cívica não é a a vontade que
As pessoas têm de ir à Rua os protestos que as pessoas fazem a vontade que os políticos têm de se opor claramente a esta perversão digamos assim eh das instituições então isso também é muito interessante portanto eh Sim há de facto o lado pessoal o lado individual mas eu
Não acho Prudente enfatizar isso aí eh dessa maneira é preciso sempre destacar o papel que as instituições podem representar para estabilização para o contrle digamos assim da natureza humana vamos ter que ficar por aqui nesta primeira parte vamos a seguir ter a nossa entrevista com o Xavier Figueiredo e depois teremos a terceira
Parte savimbi um homem no seu martírio é uma biografia do fundador da União para a independência total de Angola unita que lutou contra o colonialismo português primeiro e depois contra movimento popular de libertação de Angola que após a independência se tornou o único a assumir o poder no país
O seu autor Xavier de Figueiredo é um Jornalista angolano ou português que começou a sua carreira no Diário a Província de Angola em 1971 dedicou toda a sua carreira a publicações sobre o continente Africano depois de trabalhar na anop e ser correspondente na Guiné Bissau desde o quinzenário África jornal
Que fundou e dirigiu passando por diferentes newsletters de assuntos africanos como África confidencial África Focus África intelligence e o Africa monitor começa por dizer na sua nota de autor que este livro não é estranho a um dever de consciência que sem disso nunca fazer segredo faz muitos
Anos me senti Obrigado Por que razão senti esse dever de consciência antes de mais deixe-me fazer uma pequenina precisão o livro não é uma biografia no no sentido clássico de uma obra biográfica é mais sobre aspectos da vida política de Jonas savimbi e tem o seu enfoque e naquilo que foi uma campanha
De propaganda muito longa e implacável que os seus adversários moveram contra ele e com que ele teve que lidar sempre e sendo tendo sido ele quem foi e tendo vivido no tempo em que Ele viveu e participado nos acontecimentos em que participou o livro também é uma versão
Da história política e Militar de Angola por esse título porque justamente ente porque por efeito dessa propaganda que tinha por finalidade desacreditá-lo ostracizar e se as circunstâncias o permitissem mesmo fazê-lo desaparecer a sua vida é uma vida muito tormentosa aliás eu estou convencido de que quando ele morre ele tem plena consciência de
Que vai morrer e portanto é é isso pressupõe uma espécie de uma aceitação sacrifício Supremo e é essa a razão desse subtítulo o próprio liberti chiaca diz isso no posfácio do livro escreve ele que apesar do título do livro salientar savimbi o leitor facilmente perceberá que o livro revela mais sobre
Um mpla do que sobre savimbi quer dizer acaba por por por ter quer dizer eu concentro-me mais em aspectos chave daquilo que foi a sua vida política que e que é uma vida política engrandecedor eu acho que mesmo ao nível dos grandes líderes africanos mas estão dispersas pelo livro muitas notas e muitas
Referências sobre a sua vida privada a sua vida particular que é também um bocado incomum a maneira como eh como ele num ambiente em que um angolano não tinha assim grandes aspirações de se ilustrar ele ilustrou se de facto e e e faz isso com muito mérito a ponto de ser
Um dos raros angolanos que em 1959 portanto numa numa época em que isto era pouco possível ele ter vindo para Portugal para frequentar a universidade acha que esta campanha de propaganda do mpla contra savimbi de alguma maneira diminuiu o impacto que o líder do unita teve em África essa
Propaganda produz alguns efeitos quer dizer tanto efeitos que dou-lhe dou-lhe um exemplo templo eu Enfim pelo conhecimento que eu tenho e pela relação antiga que tenho com com esta realidade o mpla sofre em 19 Aliás o MPA lança o governo angolano lança três grandes ofensivas que tinham por objetivo tomar
A Jamba à unita e todas elas fracassam e e aquela que em que o fracasso é mais extenso que é de 1987 e estamos em vésperas de a ordem mundial se alterar e e e a Guerra Fria chegar ao seu ao seu termo e por via
Disso O emper de a também ficar cair numa espécie de uma orfandade per dos seus aliados e tudo isso quer dizer o que obriga o o empel em verdade por novas vias para fazer o que até essa altura recusou sempre que é o entrar em diálogo com a unita bom esse revés
Sofrido pelo governo de Angola revés militar em 1987 é convertido num enorme feito militar portanto Isto é revelador de uma realidade que é a presença constante da propaganda na política do mpla agora e se produziu efeitos muito danosos para o savim em parte sim ele ele acaba por é
Um homem que nessa altura no fim da guerra fria tem um goza de uma grande aceitação aqui fora inclusivamente é aliado dos Estados Unidos é apoiado dos Estados Unidos e Goa de grandes aberturas aqui na Europa ocidental mas não se pode dizer que que isso tenha o
Tenha maculado de uma maneira completa e definitiva por exemplo eh Há uma pessoa um líder africano que é Nelson Mandela que sempre lhe presta atenção e nunca deixa de manifestar apreço por ele outro que faz faz isso e esse processo Eu conheço bastante bem embora de uma forma
Menos ostensiva portanto é mais recatado é o próprio Samora machelo eu quando eu também fui correspondente em Moçambique em Maputo E aí estabeleci uma relação de muito Estreita amizade com um conselheiro do sar machel que também deve conhecer que era o Aquino de Bragança e ele era um homem que Aliás
Ele tinha conhecido Jonas savimbi no Cairo no no no princípio da década de 60 e disse-me que ele é que o apresentou a naser Nessa altura e portanto ele também tinha alguma admiração por ele e manifestava isso publicamente isso causando alguns embaraços em Luanda e ele tinha uma uma determinada visão da
Situação em Angola equilibrada que eu Julgo que serviu para influenciar também aquilo que eram as posições do próprio Samara machel em relação ao unita e ao Jonas safim e depois tinha aqueles os seus aliados que não Nunca deixaram de o ser como o rei de Marrocos o Alan i o o
Fi banhi quer dizer essa campanha de propaganda é muito corrosiva para ele mas não se pode dizer que tenha atingindo plenamente os seus os seus fins com o o fué banhi havia uma relação e quase filial entre o savimbi e quase filial aliás há um há um pr muito
Interessante ele não consegue ir ao funeral do o fe banh ele tinha no o foi banhi uma espécie de guia um um homem que ele via como como seu Conselheiro como homem eh que orientava a sua ação política mas não consegue estar presente no seu funeral em virtude de
Circunstâncias de do colapso em que tinha entrado aquele processo de paz e a primeira vez que vai a isso já não em em abitam mas em e ucro que é onde ele ficou sepultado e está diante da tumba dele ele desmaia Portanto ele tinha assim um grande
Apreço por ele e depois havia outros que eram mais discretos ou eram mais discretos ou também as suas posições eram muito determinadas pelas circunstâncias quando a política do governo estava numa espécie de modo Sim eles alinhavam com o governo quando ela era mais híbrido hou havia uma tendência mesmo de uma
Em relação ao unit eles também mudavam o Roberto mugabe por exemplo sim sim sim e eu gostaria de fazer uma pergunta relacionada com a ênfase que o livro Sem dúvida interessante dá a questão do recurso à propaganda que pode ter afetado a forma como algumas pessoas olharam para essa figura importante da
História angolana e também da história africana acho que não nenhuma dúvida em relação a isso e eu parto do princípio de que isso é normal em circunstâncias como essas que se faça recurso a essa estratégia de de mostrar o um outro lado que Possivelmente até nem possa existir
Em relação a quem é nosso adversário ou ou inimigo mas o que me parece ainda mais interessante é saber o que eh este retrato que se faz dessa figura Hoje pode significar para a apreciação daquilo que se passa em Angola hoje porque é que é necessário que a gente
Apresente uma outra imagem dessa figura que a gente exponha o que os outros tentaram colocar como sendo digamos assim a imagem correta entre aspas dessa figura porque é que é importante hoje que a gente tenha uma outra percepção de Jonas Savin eu acho que de uma forma
Espontânea quase natural tá em curso em Angola um processo de reabilitação da memória de Jonas savimbi aliás que eu sempre achei que iria acontecer ele ele é um homem de Rara grandeza política e humana e uma pessoa que tem de facto estes atributos como ele teve mas que
Numa fase longa da sua vida e é tão vilipendiado como ele foi de facto aquilo que acaba sempre por acontecer faltando saber o o tempo emem que isso acontece é uma sua reabilitação lenta porque as pessoas vão tendo acesso àquilo que foi a realidade da e porque a
Propaganda também nunca é duradora de qualquer modo queria dizer que eh a propaganda e isso eu acho que o livro aponta muitos factos concretos que são eh reveladores disso mesmo e é uma propaganda de inspiração Soviética quer dizer não só no seu modelo como no seu alcance e essa propaganda é dirigida
Motivada não por uma pessoa para quem o mpla e o governo Olha como uma criatura perversa e que inspira cuidados para o futuro de Angola mas exatamente ao contrário ou seja que que em que vê grandes qualidades e que políticas e humanas e que trata de ocultar ou de
Aviltar através dessa mesma propaganda ou seja não é uma propaganda destinada contra alguém em quem o mpl vê uma ameaça Ou vê um perigo mas em que vê um rival de peso e concluída dessa maneira eu acho que o eu quando disse há pouco uma propaganda de inspiração Soviética a
Linha da propaganda do do empia contra Jonas savimbi e também é uma propaganda aquilo que se chama de espetro Largo quer dizer que tem muita desinformação tem muita comp securitária mas a campanha de propaganda do do MP contra jvim faz lembrar muito a campanha de propaganda do do do do stalino contra o
Trotsky que é muito destrutiva muito destrutiva sim eu acho que isso faz sentido eh mas também penso que há um outro aspecto sobre o qual eu gostaria que algumas considerações por exemplo existe a propaganda por um lado mas existe também é toda uma série de relatos que vêm do interior da unita em
Relação a essa figura quando se fala não só das atrocidades que ele cometeu no interior eh da unita como ele dirigiu a unita como também quando assim de uma forma talvez mais académica se fala alguns erros estratégicos no campo político sobretudo os que se verificaram quando ele não aceitou os resultados das
Eleições onde ele foi realmente tanto quanto eu saiba abandonado praticamente pelas nações unidas como também por uma boa parte dos seus aliados Estados Unidos começaram Nessa altura a tecer mais relações com angola penso que é preciso considerar de facto como conforme diz eh esta questão da propaganda que é feita pelos seus
Adversários mas já também a própria figura os contornos da própria figura que podem ter contribuído para comprometer a percepção que o público tem dessa pessoa e aí eu volto a insistir talvez na questão de saber que importância que relevância tem Hoje realmente que a gente se ocupe dessa
Figura porque eu tenho a impressão de que há alguma coisa que a gente pode aprender para melhor perceber e os desafios que a Angola hoje enfrenta no seu processo de eh de construção do Estado porque Angola ainda está a enfrentar esse esse Grande Desafio então teria dise algumas considerações sobre
Facto desses dois polos né de abordagem desta figura que sem dúvidas é muito importante para Angola e para a África Olhe Professor macam Jonas savimbi como ser humano que era e e ele Aliás ele reconhecia isso ele cometeu erros tinha defeitos aliás há um princípio segundo o qual perfeitos justos e iluminados
Apenas os falsos apenas Ouve os falsos não agora queria lhe dizer que há uma coisa que eu para que para a qual eu queria chamar a sua atenção há uma propaganda torrencial do mpla sempre contra ele mas não há uma contrapropaganda dele Nunca ele nunca responde e os meios e depois tem uma
Diferença substancial é a propaganda que a partir de 1975 é de um estado e é de um estado que dispõe de abundantes meios e de influências e portanto isso acrescenta um um peso importante àquilo que é a sua política propagandística e a unita está muito mais condicionada e não
Tem essa vocação e quando quando referiu que aquilo que também contribui para para chamuscar Jonas savimbi também provém de testemunhos de quadros da unita que com ele romperam eu gostaria de chamar a sua atenção para factos que acho que estão devidamente demonstrados hoje e eu conhecia alguns em particular
E inclusivamente pessoas que mais tarde manifestam o seu arrependimento posso falar do Miguel no alpuna São pessoas que foram geralmente aliciadas e esse aliciamento se faz na base da sua instrução para fazerem requisitórios contra Jonas savim aliás eu eu o o livro relata o caso de duas tentativas de aliciamento
De filhos dele uma no Togo outra no gana e são ações postas em Marcha pela segurança e aquilo que se pede aos filhos é que falem mal do seu pai agora eu isto não quero dizer não estou ensalo não estou a dizer que ele é um
Homem justíssimo ou que foi assim eh mas temos de olhar muito para essa propaganda contra ele como uma propaganda perfeitamente fabricada e orientada bem temos que interromper por aqui que já já vai longa a entrevista agradecer já ao Xavier Figueiredo a sua o seu o ter aceitado este convite ter
Estado aqui no estúdio do público Muito obrigado obrigado obrigado eu encerrada a segunda parte vamos finalizar este Episódio 10 como é habitual com as nossas sugestões o que nos traz hoje professor bom eu hoje trago uma coisa que já começou é uma exposição é uma exposição sobre um grande fotógrafo moçambicano que celebra
O seu Centenário em 2024 o famoso fotógrafo Ricardo Rangel eh a exposição chama-se entrega as paixões que é sobre a curadoria de Jorge dias com a participação de Isa Bandeira e essa é uma exposição que pode ser vista em Maputo na galeria tanto no porto de Maputo entre os dias 15 de
Fevereiro e 8 de Março não é só de livros e que o Espírito humano vive e mas é também deste olhar de segunda ordem e é assim como eu gosto de olhar para a fotografia não é o olhar de segunda ordem que é feito pelo eh pelo fotógrafo a capacidade que o fotógrafo
Tem de nos mostrar e aquilo aquilo que nós vemos mas não vemos realmente e Ricardo Rangel é sobejamente conhecido como um indivíduo que tinha um olhar particularmente agoado Se assim posso dizer eh sobre a vida a minha sugestão tem a ver com livros e eu cabo sempre no mesmo e
Também tem a ver com Moçambique portanto hoje ficamos com sugestões moçambicanas trata–se do novo livro do escritor moçambicano João Paulo Borges coelho eh um livro que se chama roteiros provinciais que foi publicado agora em Portugal com a chancela da editora caminho e que junta quatro novelas que
Andam À Volta do tempo que falam sobre a relação entre o que aconteceu a memória do que aconteceu e o que se escreve ficcionalmente sobre o que aconteceu e assim terminamos mais um episódio deste podcast mais uma vez se quiser continuar noos a seguir Voltaremos Dentro de 15 dias Muito obrigado Professor obrigado
Abraço abraço o público fica no ouvido