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senhor presidente da Assembleia da
República Senhor primeiro-ministro e
demais membros do
governo senhores presidentes dos
tribunais superiores senhores
presidentes António ramales e anel CAV
Silva senores capitães de
Abril senhoras
presidentes João Bosco Mota Amaral jaim
Gama Assunção Esteves Eduardo ferro
Rodrigues senhores primeiros ministros
Francisco pa sãoos amel de marros
senhores embaixadores senhoras deputadas
senhores
deputados excelências
portugueses 50 anos passaram desde que
um império de cinco séculos acabou uma
ditadura de 48 anos foi deposta do
império nos viramos para a Europa
mudamos quatro vezes de regime
económico Parece que foi ontem o
anteontem mas não foi foi há meio século
dei hoje comigo a ver-me há 48 anos
sentado neste hemiciclo na Assembleia
constituinte e não encontro aqui a não
ser dois antigos presidentes da
Assembleia da república e um antigo
primeiro-ministro também Conselheiro de
estado constituintes e alguns capitães
de Abril não encontro muitos mais desse
tempo nesta sala
é a lei da
vida Decididamente até por isso vale a
pena tentar compreender o 25 de Abril
porque não foi antes porque foi como foi
o que uniu mas dividiu os seus tempos e
modos e como chegamos até hoje primeira
questão porque foi tão tarde o 25 de
Abril porque vários impérios coloniais
ainda eram tidos por quais eternos até
ao fim da segunda guerra porque esse
sonho ilusão durou entre nós nos anos 50
e para uma ditadura em queda após a
campanha presidencial de 58 se converteu
com as guerras de África na última
narrativa Albi para tentar sobreviver e
porque o sucessor do chefe do regime só
em 72 tornou totalmente visível a
impossibilidade de democratizar sequer
de liberalizar e sobretudo de
descolonizar assim as tentativas
militares e civis de abreviar o império
de obrigar à sua transição de preparar o
seu fim falharam todas as da oposição
sempre severamente reprimidas as da
situação sempre
ignoradas o império mesmo já sem futuro
agarrou-se e com ele a ditadura à ilusão
da Sobrevivência
impossível segunda questão porque foi
com como foi porque só assim teria sido
possível a ditadura nascera pela mão das
Forças Armadas do jovens oficiais
revoltados com indiferença política
perante a sua quase solitária luta na
grande Guerra a ditadura cairia pelas
mãos de outros jovens capitães com uma
duas três quatro cinco comissões
africanas livres
e Dau n viva descomprometidos ou mesmo
opositores à ditadura em menos de 1 ano
passaram da luta pela dignidade da
condição militar aos da sociedade
portuguesa para análise do que se vivia
em África e para duas conclusões não se
anevia solução política para a guerra
ees do corajoso combate centenas de
milhares de J havia Vit militar possív
nessa guerra num tempo em que as Guerras
não duravam décadas e num país com mais
de 1 milhão de portugueses a emigrar em
pouco mais de
anos se não responsabilizem o poder da
ditadura acabariam por ficar os únicos
responsáveis por aquilo que não tinham
decidido e não tinham tido condições
para mudar
em menos de um ano aqueles jovens
militares organizaram-se prepararam-se
concluíram que a ditadura devia cair e
que deveriam ser eles a derrubá-la não
os políticos que governavam não os
grupos económicos mesmo os mais abertos
à Europa mas ainda ligados à África não
apenas os abnegados pardos sindicatos
movimentos militantes de décadas de
resistência apen
a cultura aquela parte da igreja
católica já é mudança só eles ligados a
todos os mais mas os únicos com poder
militar para depor um regime desde
sempre assente no poder militar que
controlava e fizeram sem sangue a não
ser recordou vossa excelência muito bem
e muito justamente o do desespero da
polícia política da ditadura
derramar num dia de revolução sem sangue
sangue de vítimas inocentes daqui Saúdo
com gratidão que não prescreve os jovens
capitães de Abril os únicos a poderem
ter feito o que fizeram em 25 de abril
de 74 e Saúdo a
todos
aqueles que temos hoje connosco e
aqueles que partiram
durante este meio
século terceira questão porque foi tão
agitado o pós 25 de Abril o chamado
processo revolucionário de cerca 2 anos
porque o movimento Militar se
converteu pela presença massiva do Povo
em revolução porque dentro de qualquer
revolução não há uma há inúmeras
revoluções com projetos diferentes e
líderes diversos militares e civis já
que aos partidos vindos da
clandestinidade se juntaram outros
entretanto formados e como em todas as
revoluções e como em todas as
constituintes e constituições há quem
ganhe e há quem
perca Isso mudou ao longo da
revolução uns queriam primeiro levar
mais longe a revolução outros abreviá-la
com a sua
Constituição e Dentro de uns e de outros
e dos pactos assinados entre os jovens
capitães e partidos muito foi mudando
entre 74 75 e
76 sendo então presidentes dois
destacados chefes militares e
governantes na ditadura um destemido
detonador de consciências pela sua
de 73 nas vésperas de Abril o outro
viria a ser decisivo para evitar um
confronto civil em novembro de
75 no fim ganhou um setor político
mililitar
protagonizado de algum modo pelo
documento dos de que sairia o nome do
candidato primeiro presidente da
república eleito aqui hoje
conosco ção da revolução para a
democracia que Saúdo muito
efusivamente sempre tem mamente avesso
na sua humildade a todas as homenagens
incluindo a do Marchal
também também ganhou um
partido que liderou por várias vezes uma
frente Ampla na Revolução e arbitrou fui
disso testemunha os dificílimos
compromissos na constituinte
um partido liderado por um homem que
acabou por ser de facto o imediato
vencedor civil da revolução já não está
entre nós mas este ano celebra-se o
Centenário do seu nascimento e é justo
evocá-lo até por ter somado Um percurso
singular na Revolução e na democracia a
uma longa luta contra a ditadura
ele foi o imediato vencedor civil mas a
história recorda com o devido
relevo três outros principais pais
fundadores do sistema
partidário desde logo que numero pelo
peso dos seus pardos na
constituinte aquele que foi o primeiro
primeiro ministro do Hemisfério oposto
Ao Vencedor civil imediato e que teve um
papel muito marcante na génese da
Democracia apesar de ter estado meia
revolução afastado por doença e depois
tragicamente morto muito no começo de
uma carreira Notável
o segundo seguindo a ordem do Peso na
constituinte o mais antigo e mais
persistente lutador contra o salazarismo
com mais provas da resistência na prisão
na clandestinidade e no
exílio e o terceiro o líder da formação
mais
conservadora que votou mesmo contra a
constituição mas que garantiu em tempos
muito difíceis a existência de o mais
amplo leque de pluralismo político em
Portugal não o podemos também
esquecer muitos muitos e muitos outros
como eles batalharam e tantas vezes
venceram e outros batalharam e perderam
pouco ou muito e alguns se desiludiram
uns no próprio 25 de Abril outros no 28
de Setembro outros no 11 de Março outros
no verão quente outros no crucial 25 de
Novembro que acabou por definir o
desfecho da
revolução e por isso a justo título tal
como a constituinte e a constituição
desde sempre foi pensado para integrar
as celebrações de Abril que só
terminarão em em
2026 outros ao longo dos últimos 50 anos
é assim a história fazse e refaz de
altos e baixos a miúdo mais de baixo do
que de
Altos quarta questão e esses altos e
baixos terão comp qualquer outro
movimento político militar social na
nossa história contemporânea na história
dos nossos parceiros europeus mais
antigos ou dos nossos parceiros europeus
mais recentes não não tem comparação o
25 de Abril implicou ao mesmo tempo fim
de um império de C séculos fim de uma
ditadura de 48 anos integração económica
e política na hoje União Europeia e
quatro mudanças de regime económico
de uma economia meio Colonial meio
europeia para afirmad m europeia
nacionalizações e expropriações
revolucionárias reprivatização
mais tardias e lentas para mãos
portuguesas e anos volvidos numa parte
de mãos portuguesas para mãos
estrangeiras e tudo num tempo
concentrado Desolação nacionalizações
expropriações 74
75 fora os efeitos decorrentes
democratização só verdadeiramente
completada com o fim do período
transitório em
82 entrada na Europa em
86 reprivatização dos setores chaves da
economia a partir de 92 e quais Até ao
presente cplp em
96 nenhuma outra revolução o golpe
militar foram comparáveis na nossa
história contemporânea
1820 190
1926 nenhum outro império europeu
moderno enfrentou todos estes desafios
ao mesmo tempo em menos de 30 ou 40 anos
o
espanhol findara no século X o britânico
a francês no termo da Segunda Guerra e
estes dois já eram democracias
consolidadas e Integradas na
Europa nenhum dos nossos parceiros de
Leste tivera império
nem viver
descoloniza com
democratização com integração europeia e
mudança de regime económico nós por isso
é injusto comparar o incomparável
esquecer os custos globais daquilo que
vivemos e até os custos da
revolução só existi a sou
aoo da vizinha
espanh quinta questão E como foi com
esses custos com tão complicados prazos
o só ser democracia plena 8 anos depois
de 74 só ser integração na Europa 12
anos depois só ter economia como
europeia 18 anos depois só constituir a
cplp 22 anos depois como foi sabemos TR
ciclos se sucederam muito
o ciclo da estabilização do regime
político de 76 a 86 nascido à esquerda
terminado à direita o ciclo da
estabilização do regime económico de 86
A 96 à direita o ciclo dos novos
desafios externos e internos de 96 até
hoje esmagadoramente à esquerda com duas
janelas à direita primeiro ciclo da
estabilização do regime político com
dois protagonistas cimeiros o presidente
saído dos vitoriosos militares que
pilotou a transição da revolução para
democracia e o primeiro-ministro
saído dos vencedores civis da revolução
que lhe sucederia em Belém em
1986 entre governos partidários governos
presidenciais cumprimentos escrupuloso
pelos militares da Promessa de regressar
aos quartéis em 82 abertura do acesso ao
poder executivo do Hemisfério de direita
foram 10 anos agitados de executivos
Breves de indefinição do modelo
económico culminando na adesão às
Comunidades europeias em 86 assim
acabando por escolher o modelo económico
Para o Futuro segundo ciclo o da
estabilização do regime económico também
com dois protagonistas
cimeiros o Presidente da República
primeiro presidente civil como fora o
primeiro primeiro ministro em democracia
e o mais duradouro primeiro ministro da
Democracia ciclo este que beneficiou da
Adesão europeia e dos seus Fundos e da
permanência do mesmo partido no governo
desde
79 até 96 embora com anos partilhados de
primeiro forou a estabilidade
governativa introduziu o equilíbrio
financeiro e no quadro do regime
económico lançou as privatizações o
primeiro-ministro viria mais tarde a ser
o quarto presidente da república e o
primeiro do do Hemisfério de
terceiro ciclo com múltiplos novos
protagonistas com especial relevo para o
terceiro presidente da
república fundamental na crise Timor
Leste e que desempenhou ao longo da sua
vida
política em particular um duplo papel de
concertação dos hemisférios de esquerda
e direita e de de toda a esquerda também
ele merece a nossa
Evocação e
depois inúmeros primeiros
ministros de que cito apenas dois pelos
cargos internacionais o futuro
secretário Geral das Nações Unidas
e o já passado presidente da Comissão
europeia
iniciado com o tempo porventura mais
esperançoso quanto ao mundo à Europa e
Portugal foram os anos de meados de 90
até ao final da década
depararia depois comise
externas e
interas mas tambm commento da sociedade
portuguesa com a repercussão em antigas
e novas
desigualdades exo com mudanças
estruturais novas exigências de
qualificação novos modelos energético e
digital intercial eica
daoc regime polí e sistema paro comeavam
a concer alterações sensíveis
se questão e mais
recente 50 anos passaram mundo Europa e
Portugal
mudaram aquilo tudo que foi sumariamente
evocado não ficou
ultrapassado os mais
novos desconhecem parte destes 50 anos
muitos dos menos
novos ele tem em recordações distantes
apareceram novas ideias novos movimentos
novos partidos novos parceiros novos
fenómenos mediáticos novos problemas
sociais A somar aos antigos desafios
externos a agravar os do foro doméstico
no que ocorreu bem ou muito bem no após
25 de Abril na saúde
na educação nos direitos fundamentais no
papel da mulher na atenção aos excluídos
na solidariedade social na mobilidade na
abertura na tolerância e tanto mais
muito parece ser já de outros tempos ou
precisado do impulso de novas gerações
ideias e pessoas é inevitável e é bom
que assim
seja antes que
Abril que os estos entes da opinião
mostram que é partilhado como um arco
histórico único na nossa vivência
coletiva em percentagens
esmagadoras fique ou acá purificante
saudosismo
nostalgia mais passado do que futuro o
que fazer como fazer tomar aquilo que de
mais forte mais duradouro mais Redentor
mais promissor tem abril e com isso
recriando Portugal esse valor único
singular que nunca morreu nunca se
apagou nunca se enfraqueceu chama-se
Liberdade democracia e vontade do
povo Então reconheçamos essa força vital
da democracia e tenhamos a humildade e a
inteligência de preferir sempre a
democracia mesmo imperfeita à
ditadura são democracias mesmo
inacabadas as sociedades mais fortes e
criativas do
mundo como são as humanamente melhores
como são as ambientalmente mais
avançadas como são as mais Livres mais
plurais mais abertas menos repressivas
menos persecutórias menos intolerantes
mais menos avessas à diferença mais
abertas a todos AES toos incluindo
aqueles que contestam no todo ou em
parte essa democracia asas na qualidade
mais democráticas e menos
democráticas sim consoante a qualidade
política ser acompanhada pela qualidade
económica social e cultural no fundo a
igualdade mas ninguém quer trocar uma
democracia menos perfeita por uma
ditadura ainda que sedutora ou escondida
por detrás de e liberais nós em Portugal
não Queremos queremos é maior qualidade
económica social e cultural para dar
força a melhor qualidade política
excelências portugueses comecei as
minhas palavras recordando o
constituinte de 20 e Poucos Anos que eu
era a votar a 48 levantado na última
fila do hemiciclo Além
entre o centro e a direita a
Constituição da República Portuguesa em
liberdade com uns a maioria esmagadora a
aprovarem com outros em liberdade a
rejeitarem termino com uma memória uns
anos mais antiga no final dos anos 60
sentado na terceira fila da galeria
ironicamente por detrás da futura
bancada de
76 acompanhado de colegas estudantes
universitários olhando para os que
falavam e todos eles escolhidos um a um
por uma pessoa e só ela Líder vitalício
ou Líder sem prazo do partido único não
assumido aqui chegados por vontade do
chefe não pela vontade do povo um
hemiciclo tão diferente tão oposto ao de
76 ao dos últimos 50 anos ao de hoje
um hemiciclo de escolha Popular seria
impossível de encontrar em 35 em 45 em
55 em 65 em 24 de Abril de
74 definitivamente o caminho que
queremos Não é esse o da ditadura é
outro da Democracia mas o de cada vez
melhor muito melhor democracia pelo
futuro de Portugal Viva o 25 de Abril
Liberdade viva a democracia viva
Portugal
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Fantoche.