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[Música] do jornal público Este é o podcast mais lento do que a luz bem-vindos a mais lento do que a luz o podcast David Marçal e Carlos fiolhais a nossa convidada de hoje é Helena Rafael que é Desde há alguns meses diretora editorial da gradiva publicações a bem conhecida Editora Portuguesa que se tem distinguido na publicação de livros de divulgação Científica Helena Rafael estudou comunicação social na universidade nova de Lisboa curso concluiu em 1993 e fez uma pós-graduação no isct trabalhou na empresa digital l netro no momento em que se registou o boom da internet criou as áreas de comunicação das editoras presença e princípia antes de assumir essas mesmas funções na gradiva onde está desde 2006 encontra-se atualmente a realizar um trabalho de renovação editorial e gráfica naquela Editora que foi fundada pelo seu tio Guilherme Valente em 1981 é colonista do Jornal de Leiria cidade onde tem raízes bem-vinda Helena Olá Obrigada Olá Helena é um prazer termos esta conversa à volta de livros estamos a gravar nas instalações do público no no dia que é o dia mundial do livro e é Enfim estamos a falar com uma pessoa da edição com muitos anos de experiência de edição eh eu começava por fazer umas perguntas sobre a carreira porque é que a Helena foi para comunicação E porque é que depois entrou no mundo editorial o mundo que nunca mais Deixou sim já levam alguns anos e eu fiz comunicação social muito eh por resposta H um a um desafio que tinha a ver com com um novo curso que surgia começavam a surgir as televisões privadas as rádios privadas e todo o mundo todo esse mundo deslumbrava noos muito nos anos 90 sobretudo quem vivia numa pequena cidade de província média cidade de província como era o meu caso e Tod nascia em Coimbra mas fui muito muito pequena para para Leiria e portanto todo todo este mundo era era fascinante e e de facto o curso da Universidade nova na altura h reunia gente muito conhecida da comunicação social e e foi isso um pouco que me levou a escolher comunicação social a ir para a nova que era de facto um curso que ganhava uma expressão enorme na na altura e foi assim e depois os os livros as editoras a presença foi a primeira não é sim eh também Nessa altura eh os livros começavam A precisar de um trabalho de comunicação para chegar a estes novos canais de divulgação que começavam a surgir e as editoras muito poucas tinham Este trabalho de comunicação de dar a conhecer o que se fazia H ao nível da edição e portanto na altura um grande editor que era o o Dr Francisco espadinha pressentiu isso logo e eh percebeu a necessidade de ter alguém que se encarregasse desse trabalho de divulgação hh e foi assim que me colocou o desafio de criar o departamento de comunicação da presença eh que me deu um enorme enorme prazer porque tive privilégio de conhecer ainda autores como o dav David Morão Ferreira o Augusto abeleira a Fernanda Botelho muitos outros autores que digamos assim já eram consagrados mas que também começavam a perceber a necessidade destas ferramentas de comunicação para a sua obra chegar a outros públicos e foi fascinante esse período Então a partir de 2006 H agiva enfim ainda não tava lá mas sabe como é que foi o início porque o tio era uma pessoa próxima e é como é que então arrancou a gradiva que histórias há a contar eh do desses anos gloriosos início anos 80 sim enfim os livros eh correm um pouco pelo sangue da família não é o meu avô eh foi preso político foi um grande Combatente pela Liberdade e existia um um cofre em casa eh que não tinha joias porque a família não tinha muito património na altura mas tinha livros e eram livros proibidos e portanto essa história acompanhou desde sempre a minha vida eh livros jornais e e enfim todo este património de ideias e de conhecimento que na altura era conotado com oposição e resistência e portanto esta esta ideia de que os livros eram de alguma forma veículos para chegar a um mundo melhor acompanha-me desde muito pequenina e o meu tio que também enfim testemunhou todo este trajeto toda esta trajetória no no sentido e na procura e na na procura da da da da Liberdade do grande valor da Liberdade verade sempre ocupou esse lugar de Ídolo na família porque enfim deu esta resposta através dos livros e que começou também ele próprio nas editoras trabalhou na europa-américa na na na presença na Dom quichote depois com a sen Cis e portanto o meu tio era de alguma maneira alguém que tinha saído de uma cidade pequena com Leiria e tinha encontrado este lugar que era admirado por toda a família e pronto chegava a Leiria com livros e com histórias eu era muito pequena Portanto ele tinha experiência editorial já noutras editoras e lembra-se de fazer ag gradiva porque ele entendeu que era preciso uma coisa diferente e e uma das Diferenças bem uma diferença logo é o nome que é o nome estranho gradiva porque é gradiva ess é curioso que neste trabalho de refundação que estou a procurar fazer enfim saudando todo este trabalho e sublinhando o trabalho e o valor do trabalho que ele desempenhou até agora um pouco dar a conhecer aos leitores o que é gradiva e o nome gradiva que muito poucas pessoas conhecem a origem do nome e e que tem a sua graça e que agora vai conta história conta gradiva é um nome que vem da de um Fascínio muito grande dele pela obra do Freud que estudou na universidade e que trouxe para a universidade portuguesa também em termos de de objeto de estudo h e a história é muito simples h o Freud tinha um grande Fascínio por um romance de um escritor alemão do início do século do final do século XIX chamado William yensen que escreveu um livro chamado gradiva com o título gradiva e esse fascínio do Freud traduziu-se pela escrita de um pequeno livrinho chamado o Delírio e sonho na gradiva de ensen que é no fundo um livro que se psicanalisa uma personagem do livro do do romancista Alemão portanto no fundo é um primeiro livro de psicanálise de uma personagem fí e por outro lado esta personagem chamada gradiva é uma uma remota figura de uma Patrícia Romana que viveu em Pompeia que tem uma espécie de descrição associada a ela que é aquela que caminha no sentido da luz e portanto atribuiu-se o nome gradiva também no sentido de no fundo dizer que os livros nos trazem conhecimento e iluminação de algum modo eu conheci ente e foi um encontro feliz h no final dos anos 80 na segunda metade dos anos 80 e e comecei a colaborar na gradiva e mas a coleção ciência aberta já existia que vem vem do início dessa década e nessa coleção que agora tenho Hed dirigir estão lá os Gigantes da ciência como Einstein o feman Walking o docking facto Aquilo é uma obra extraordinária que já vai e enfim em nestes anos todos já tem mais de 250 títulos mas mas a agrad é também a editora do Eduardo Lourenço e do Zé António sarai entre os portugueses do casu e siguro e do ion MW no primeiro entre estrangeiros o primeiro Nobel e o segundo ainda não mas pode ser que seja e e tem publicado bandas desenhadas como h calvan oves e portanto H desta herança toda que isto é uma herança não é há alguns livros que queira Helena quero particularmente destacar que se senta por uma razão ou por outra mais ligada seja por uma razão ou por outra porque às vezes as nossas adesões aos livros são misteriosas não é sim eu nasci num momento eu nasci cresci num momento em que algo algo mudou também e na minha geração por causa de uma figura chamada Carl Sagan eu cresci com a série e o meu tio de um dia para o outro surgiu com o Cosmos lá em casa Portanto o Cosmos e o Carl Sagan serão sempre a minha primeira porta para digamos ag gradiva e na altura não não imaginava que viria a trabalhar como estou a trabalhar há tantos anos lá e portanto o Cosmos de Carl Sagan e todo aquele contexto que foi de facto um contexto de abertura A um mundo que era completamente desconhecido aos leitores Portugueses e e os livros de ciência que gradiva publicou Nessa altura foram de facto isso uma porta abriu-se uma porta em termos de oferta editorial e que neg fal de uma geração gradiva não é jovens queeram a ler aqueles livros Como já alguém lhe chamou creio que foi o José Maria Gaga Universidade grad que ocupava esse outro lado esse lugar ao lado da universidade e de outros e de outros enfim de outros acessos ao conhecimento o Sagan Decididamente o Sagan Decididamente e depois aos 16 anos li um livro absolutamente esmagador que marcou a minha vida que foi o Jardim decimento ean maan que foi um que foi o primeiro livro realmente adulto que eu li e e um livro que que se debruça sobre Elena já conheceu pessoalmente Foi sim e nunca mais me esqueci desse livro que é um livro que que incide sobre sobre a e sobre infâncias que não são propriamente felizes nem regulares eh como são no fundo as infâncias de muita gente eh e que me abalou muitíssimo e portanto esse outro livro e depois um autor que descobri muito mais tarde e que aprecio imenso e que reitai recentemente que é o George Steiner que tem um grande grande lives do Mestres exatamente por ser um autoral profundamente curioso profundamente estimulante e um homem um grande amante da Cultura e um grande humanista portanto são digamos são estes três Helena pode então Pando nessa dica do de uma de uma reedição do Steiner pode falar-nos um pouco do seu trabalho atual na gradiva os últimos títulos em que a editora investiu partic particularmente sabendo que muitos dos nossos ouvintes certamente poderão acompanhar os livros da gradiva pode gostares o apetite falando de alguns livros que ainda iram sair este ano Sim há aqui uma preocupação muito clara que me acompanha desde que assumi estas funções que é de dar a conhecer livros que já passaram todos os testes do tempo e que são clássicos não só na ciência como na filosofia Como o próprio Eduardo Lourenço António José Saraiva comos ensaios vamos reeditar este ano ainda nomeadamente aqueles que se debruçam sobre a obra do Camões e é um pouco Este trabalho Inicial que estou a fazer é eh trazer estes livros que que que que já estão fora da da das Liv e do acesso aos leitores introduzindo leitores mais novos portanto estou a introduzir novos prefácios e e a dizer aos leitores que eles existem e que que mantém a sua atualidade não só na ciência e na filosofia como também na literatura que estamos a reeditar alguns acompanhando isto obviamente com as novidades H que que vão continuar a sair H temos vindo a publicar eh quer na em todas as áreas na ficção na na na filosofia nas ciências humanas muito descobrimos novos autores também como temos agora uma uma descoberta muito interessante de um de um jovem cientista português político neste caso eh de Oxford que publicou um livro sobre de análise sobre o modo como as direitas radicais se se se se afirmam em contexto europeu e portanto esta preocupação com a novidade vem muito com esta preocupação de que os editores têm de estar também atentos à história e àquilo que é o passado porque o passado permite-nos entender o o o futuro com alicerces sólidos e e e entendê-lo de forma de forma muito mais substancial e sustentada a gradiva tem enfim muitos e bons livros de banda desenhada o covs tem o autor Watson teve muito tempo sem sem desenhar mas parece que há um livro próximo do sim o Bill Watson tem uma ligação inclusive ao público Portanto o público foi nasceu com com o Bill Watson também e com o cal da tira com a tira do do calvins continuamos permanentemente a reeditar e que atravessa gerações é um cartoon que atravessa gerações o Bill Watson passado surpreendeu-nos com com um título absolutamente diferente do que do que é o quadro do sim vai sair em princípio em setembro chama-se os mistérios eh ele fez uma dupla com um outro desenhador americano eh e e traz um livro absolutamente notável hem teve 30 anos sem fazer sem publicar nada não o Bill wat teve uma uma resposta muito curiosa e admirável até que é a de ter achado que que que tinha chegado ao culminar da sua carreira não podia fazer melhor não podia fazer melhor e que portanto era melhor retirar-se e retirou-se e ainda lees numa linha completamente diferente do Calvin e com uma leitura muito curiosa acerca daquilo que são que é o mundo presente não só ao nível da do clima mas também daquilo que é a nossa relação com o mundo e desgotamento dos recursos portanto é um livro completamente diferente do que é o Calvin ands mas continua com a clarividência qu ao mesmo tempo que lá fora não nós tentamos sempre em todas as áreas acompanhar em termos de traduções aquilo que é aquilo que é a simultaneidade com o país de origem e muitas vezes temos esse acesso curioso e interessante com os autores em que eles estão ainda a corrigir a versão original do livro e a mandar-nos e nós a corrigir as correções muitos destes autores conhecem gradiva e estimam digamos a ver a sua editor português sim sim isso isso é um lado muito interessante que é o de facto dessa eu acredito nessa linhagem de de editores em que os autores estão de facto são são o cimento não é e os tijolos da editora e crescem juntos e e como é que isso se faz ou seja explique-nos como é que se faz um livro se eu for um autor e tiver um manuscrito ó dav tu um autor O que é que eu devo fazer n agradvel é em todos os manuscritos que recebem respondem a todos quanto tempo demoram livre produzir como é que se faz o preço é tão variável não é tão variável estamos a falar de um livro ou se falamos de livro ilustrado ou num Liv um livro não ilustrado eh eu vou dar-vos um exemplo fascinante que foi o exemplo do Vicente Valentim que é precisamente este livro que acabamos de publicar fim da vergonha sim em 2023 nós estávamos a ver uma notícia de televisão e o Vicente tinha acabado de ganhar um grande Grande Prémio europeu o Jean blondel sobre que premiava a melhor tese de doutoramento europeia na área da ciência política e Ao vermos aquela notícia pressentimos que havia ali um livro A Emergência a emergir e falamos com o Vicente enviamos-lhe um e-mail e ele poucos minutos depois foi Elena que fez isso tudo poucos minutos depois o Vicente Valentim respondia dizendo que sim pensava em publicar o livro que tinha já um contrato semi assinado com uma grande Editora Inglesa a Oxford University press queria publicar a tese doutoramento dele e que estava recetivo a fazer uma uma um trabalho sobre aquele trabalho da sua T uma edição mais dirigida ao leitor comum Car acadmico menes de caris Académico e respondeu que sim eh pouco tempo depois h o governo Português caía e do António Costa e foi há pouco tempo e que nós que tínhamos o livro calendarizado para a rant portanto estamos a falar de setembro outubro de 2024 percebemos que tínhamos ali o momento certo para publicar o livro também um pouco como análise aos resultados das eleições que que foram antecipadas o fim da vergonha é quem quem já pensava o que pensava e agora tem onde votar exato exatamente pronto e fizemos uma maratona de muitas diretas agradvel e o autor para tentar antecipar o livro numa altura em que pudesse servir também como pouco tempo depois com mecanismo de reflexão sobre os resultados das eleições legislativas e assim foi tudo somado Há quanto tempo três meses penso que foi menos porque nós também temos de ter sempre em atenção os prazos de distribuição das das para levar o livro à livraria eh e portanto foi foi uma corrida contra o tempo mas aí foi o editor que andou atrás do autor autores que andam atrás de editores certo sim sim a gradiva recebe muitos manuscritos também e esse é um trabalho Ao qual eu tenho muita atenção e procuro responder sempre num tempo aceitável o que nem sempre é possível porque o trabalho das editoras é muito absorvente muito muito desgastante por vezes e e é preciso estar atenta a muitas muitas frentes desde a desde o da da área gráfica até a área do do papel da escolha do papel do acabamento e tudo mais da conceção do os textos obviamente porque eh e quem é obsessivo eu acho que há as pessoas que procuram o melhor não é tem um certo grau de Obsessão não é e às vezes andamos À Procura da frase e do texto perfeito para para escrever um texto de contracapa cativo o leitor isso é muito obsessiv imagem da capa não e e imagem da capa e que é um trabalho fascinante eh e portanto não nem sempre respondemos no tempo que gostaríamos Hum e e o trabalho da autoria de um livro escrever um livro eh e para quem escreve isso é muito muito real é um trabalho altamente respeitável portanto procuramos responder a todos s e há alguém na gradiva cuja profissão seja ler manuscritos eh idealmente deveria haver uma pessoa que só se dedicasse a isso mas não é possível porque as editoras vivem com contexto nem sempre fácil não é Eh gostaríamos todos que os livros fossem mais lidos e mais comprados e mais vendidos e nem sempre é assim não não não é Ass Sim sim e numa Editora média como a nossa de facto tocamos muitos instrumentos ao mesmo tempo e E é difícil responder em tempo expectável por um autor ansioso em ter uma resposta eh mas procuramos sempre dar a resposta e não não dizer que sim nem que não sem ler minimamente o que está perante de nós e muitas vezes é esse início eu acho que é grande grande Encanto da da da atividade editorial é perceber que de facto está ali uma uma estrela diferente da outra enfim que há ali um texto que o grande editor é aquele que consegue descobrir como nesse caso do Valentino ex s e do e dos livros que são da iniciativa do autor anónimo que envia um manuscrito para a gradiva qual é a probabilidade de sucesso um enquantos tem caminho um em 10 um em 100 É sim davido eu acho que tudo tudo tem a ver com com o apelo que um texto nos traz não é isso isso consegue-se perceber muito no nas primeiras páginas primeiras 20 páginas 30 páginas eu acho que se consegue tomar o pulso a um texto e a um autor nesse nesse nesse primeiro contao e portanto h eu acho que esse é sempre o momento mágico em que o editor Decide ou não ir para um lado ou ir para outro é claro que há aqui uma grande ditadura que é a ditadura das vendas e do Sucesso comercial e mas eu acho que os editores que procuram também livros que sejam diferenciadores e que e que de alguma forma acrescentam ao que já está feito são os Que se deixam apanhar por esses textos que nos chegam independentemente do ser o autor Y ou x Helena conhece bem o mundo editorial não só em Portugal como no mundo Quais são os seus editores de referência estrangeiros eu tenho uma grande admiração por um grande editor italiano e sou uma grande leitora da obra dele também chamado Roberto calaço que aliás publicou um livro numa Editora numa Editora nas edições 70 chamado cunho do editor eu já tinha lido a edição inglesa já há muitos anos que se chama arte de ser editor as edições 70 publicaram como uma outra tradução chama-se o cunho do editor é esse ideal de editor que procura lá está eh primeiro é um editor que é um leitor e ele é de facto isso e depois cria uma editora com uma linguagem que acompanha toda a sua que acompanha toda a sua a sua atividade em toda a sua extensão desde a escolha da capa o modo como uma capia de dialoga com o texto o modo como existem afinidades como a escolha dos autores da sua Editora traz um fio condutor que os une não é que os une a todos os autores e ele diz uma coisa extraordinária que de facto é eu acho que traduz aquilo que é a atividade do editor que é a sua grande autobiografia são os livros que publica isso de facto distingue o como como como um editor diferente do tem um papel extraordinário que é no fundo fazer Cultura a partir do material que ele escolhe não é escolhe não é uma espécie de selecionador não sim exatamente examente e e de facto os livros que que transporta até aos leitores são livros que acrescentam alguma coisa à sua às suas visões à sua visão do mundo e é uma visão do mundo que chega e tem de ser eclético não é apenas aqueles que ele gosta pessoalmente ou que gosta pessoalmente mais mas aqueles que fazem falta livros que o Guilherme Valente dizia muito isso sim estes livros são livros que fazem falta livros que TM leitores e que e de facto tem sido essa também a preocupação de gradiva e que eu acho que é uma das coisas mais admiráveis do trabalho da editora que é de facto trazer ângulos novos à à análise do mundo eh sejam eles e ângulos com os quais Nos quais o editor se revejam mas sejam sobretudo ângulos de visão do mundo que trazem a possibilidade de discutir seriamente sobre um tema ou sobre um assunto isso eu acho que é extremamente enriquecedor para qualquer leitor passar diferente escolher caminhos fala-se muito no momento de leitores jovens entre os jovens o que o que é que os jovens leem e e como é que vai a leitura em Portugal como é que pode ser promovida qual é o papel do do digital da edição digital Esse é um caminho que eu que me surpreende d viid e que eu ainda não aprofundei como gostaria de ter aprofundado eu tenho um exemplo muito doméstico que é uma filha com 18 anos e que chega à casa a dizer que quer ler autores como a Silvia plaz porque viu um vídeo no tiktok a falar d da Silvia plaz eu não rejeito absolutamente o digital como pelo contrário acho que que é um canal de acesso e aos livros e de comunicação de livros interrogo-me sobre como e que livros é que circulam por ali h e portanto nós estamos nesses canais digitais todos usá-lo como como ferramenta de comunicação questiono-me muito sobre o tempo que a comunicação digital absorve No que diz respeito à atenção dos jovens porque porque a atenção tá capturada e aliás nós temos livros sobre isso por por esta tecnologia e interrogo-me se o modo Como se lê eh é de facto o modo que permite com que a leitura se perpetue no sentido CL Palas o papel e o digital são modos de leitura distintos exatamente portanto eu eu eu eu vejo muito a minha a minha filha lê de forma muito fragmentada portanto lê um bocadinho aqui lê um bocadinho ali e vai lendo muitas muitas muitas fontes de informação e tenho conhecimento de outras pessoas da idade dela que que que realmente dedicam um pouco tempo a ler a tempo inteiro um livro Só e adamente um livro Só portanto confesso que é uma área que preciso de aprofundar melhor e perceber De que modo é que de facto contribui para criar pessoas que refletem sobre os temas com profundidade com atenção e com e com procura de de de de aprofundamento de um tema não tenho dados suficientes para conseguir mas o mercado do livro que é que vai em Portugal eu acho que no caso da gradiva não é nós nós temos leitores temos de conquistar novos leitores nomeadamente para a ciência porque é uma área que que tem que tem alguns leitores Mas que que que não tem a expressão que tinha na altura da fundação da gradiva em que de facto as edições eram expressivas e eram e vendiam muito bem e Houve tempos em que as tiragens eram grandes mas isso diminuiu tudo as tiragens diminuíram francamente eh Há aqui também outros fenómenos que eu penso que contribuem um pouco para para que a ciência seja esteja a ser lida de outra forma como os negacionismos após verdade e tudo isto coloca-nos aqui também outras questões no no no acesso a alguns conteúdos de ciência eh a leitura que eu faço também desde que entrei em 94 até ao dia de hoje é que há uma oferta exponencial de livros e é muito difícil a um leitor e situar-se em tanta oferta de livros e perceber o qual é realmente sua Qual é a sua opção de de compra mais acertada digamos assim porque porque há uma enorme oferta e eu interrogo-me como necessariamente mal não é a questão é que são pequenas tiragens cada um dos livros e a competição no Marketing de cada um deles é muito e depois há um outro lado que é de facto o espaço não é como é que nós conquistamos espaço no local de venda espaço na atenção do leitor onde é que se vendem mais Livros agora é ainda nas livrarias ou é já no online em lojas dig online já começa a assumir proporções muito interessantes e a pandemia trouxe muito isso de forma muito Evidente não é a resposta na compra online foi aumentou exponencialmente depois da pandemia H mas compram-se livros em papel os ebook V comprar sim o ebook continua a ser inexpressivo sim inexpressivo e temos muitos casos em que há compra de o mesmo leitor compra a versão em papel e compra a versão em ebook também para para situa de viagem ou alguma coisa em que seja mais confortável levar o ebook mas de facto o mercado mudou muito muito muito nestes anos em que já atravesso por aqui e os livros que realmente vendem muito bem são exceções estamos a aproximar do fim mas eu eu não queria e neste dia mundial do livro e terminar sem falarmos não apenas dos livros da gradiva mas dos livros em geral a Helena é uma grande leitora eu sei h de dê-nos outros autores e outros títulos que enfim não tão no catálogo agradvel porque Há outras editoras mas que Mas que que gosto particular sei lá da poesia da do ensaio O que é que tá na mesa de cabeceira ou o que é que já esteve na mesa de cabeceiro Sim eu sou uma grande leitora de poesia que é um género infelizmente que não tem muitos leitores em Portugal agrad quase não tem não É sim a gradiva tem muito poucas tem muito poucas obras de poesia infelizmente ainda que tínhamos bons bons poetas um livro da Maria de Sousa com Agustinho da Silva sim exatamente que já já tem uns anos passou despercebido era uma cientista a fazer poesia sim eh e eu eu acho muito interessante esse diálogo entre as ciências humanas e as ciências exatas eh e tem até registo de grandes autores de ciência que depois T um conhecimento de literatura absolutamente surpreendente hh e portanto para mim está sempre na mesa de cabeceira à poesia e uma das minhas poetas de eleição já já falarmos sobre ela aqui é uma poeta uma poetisa polaca a ais laava zim borca e não creio que haja algum dia da minha vida que não que não tenha lido nada dela nem tenha lido poesia portanto eh é um género que que leio muito cada vez mais leio não ficão por razões de compreensão do mundo eh mesmo de precisar de de de compreender com dados eh que não enfim que não que não os da os que me vêm através do romance o conhecimento que me V através meio quer dizer não chegam para a gente perceber ao mundo o livro continua Aim o livro continua a ser o grande meio de acesso à compreensão do mundo a filosofia sempre e depois tem uma grande paixão que é que é a arte que é a arte que a história da arte que é a história de arte e é este diálogo entre a entre a arte e e a ciência a arte e a literatura Isso é uma das coisas mais fascinantes que tá das grandes surpresas da minha atividade editorial neste momento tem sido esse diálogo entre aquilo que é a imagem de uma capa e aquilo que é a mensagem de um livro eu acho que se pode criar muito essa ponte e esse di faz a comunicação ajuda na comunicação é difícil comunicar ciência mas a arte é ajuda muito n portanto leio tudo sobre pintura leio tudo sobre escultura leio tudo sobre história de arte e design que é de facto uma paixão secreta Mas que que esta atividade nova tem vindo a despertar de forma muito acentuada muito bem obrigado ficamos a conhecer melhor o que é o trabalho de um editor O que é a paixão de fazer livros agradecemos não só os livros que temos à Helena e aos outros editores já vemos ter mais aqui e agradecemos ainda os livros que estão para vir porque o editor é aquele que acrescenta mais livros aqueles que nós já temos e e às vezes há nos surpresas tão boas porque somos surpreendidos a isso que que a mim particularmente me fascina entrar numa livraria e de repente aver qualquer coisa e isto isto isto isto interessa-me eu vou levar eu vou vou ler este livro Esse é um momento mágico é sempre momento mágico muito obrigada pelo convito Muito obrigado e até ao próximo mais lento do que a luz o público fica no ouvido