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uma primeira palavra para os capitais de
Abril uma palavra que partilho com todas
as mulheres e homens que saíram à Rua
naquele
dia temos o protocolo e o ritual de 25
de Abril discutimos muitos as causas as
consequências a teoria a ideologia e a
política do 25 de Abril alimentamos
debates e guerras culturais sobre Abril
e esquecemo-nos do mais simples do mais
elementar se o 25 de Abril tivesse
falhado o regime teria sobrevivido
pior mas teria sobrevivido os
portugueses teriam sobrevivido
pior muito pior mas teriam sobrevivido
este país teriam amanhã pior certamente
pior se o 25 de Abril tivesse falhado os
únicos que não teriam amanhã seriam
estes homens e
sabiam todos o sabiam e mesmo assim
fizeram e a maior parte deles voltou a
fazê-lo no dia 25 de
novembro era mais fácil não sair à Rua
ter um pretexto ou inventar uma desculpa
era mais fácil optar pela neutralidade
ou permanecer a meio
nenhum deles seria julgado por
ficar todos seriam julgados por
fazer esta é a definição de coragem e
coragem física concreta real porque os
discursos como este fazem-se palavras e
simpáticas intenções mas a história
faz-se de coragem e de ações
[Aplausos]
Este é o princípio que me leva à segunda
palavra desta minha
intervenção um dos grandes mitos do 25
de Abril é o slogan tantas vezes
repetido de um dia sem
sangue senhoras e senhores deputados há
pelo menos quatro famílias que discordam
desta ideia
naquele dia houve gente que estava no
sítio errado à hora errada gente que
saiu de casa para apoiar a
revolução gente que já não voltou a casa
foram as últimas vítimas da polícia
política do regime e é tempo de dizer os
seus nomes nesta sala Fernando
Gesteira fando
Fernando Barreiros dos
Reis João
Arruda
e José
[Aplausos]
barneto e não basta dizer os seu nomes
é preciso expressar a nossa gratidão
esta semana Tomei a iniciativa de
convidar as famílias para pela primeira
vez estarem nesta sessão solene o
convite foi para que vissem com os
próprios olhos o que o sacrifício dos
seus conquistou a ver-nos e a ouvir-nos
e aqui está a família de Fernando
Barreiros dos Reis peço por isso ch
ia pedir mas não foi preciso que a
assembleia em unísono batesse Palmas e
por isso não é necessário eu dizer esta
parte que tinha aqui da minha
intervenção senhoras e senhores
deputados liberdade de expressão
liberdade de imprensa liberdade de
associação democracia saúde educação
Justiça habitação separação de poderes
desenvolvimento
o lugar comum conquistas de
Abril princípios consagrados como
direitos concretos direitos até
constitucionais mas há outros princípios
que Abril nos troue e que raramente
valorizamos princípios que devem também
ser considerados como direitos e que o
poder político até tem dific Emir oito e
oever de exigir mais de quem nos governa
o direito e o dever de concretizarmos os
nossos sonhos
individuais nada disso existia no dia
24 Alguns podem dizer que abril Está por
cumprir direi que cinco décadas depois
Abril mudou só podia mudar o país quer
mais exige Mais Mais Saúde Mais Educação
mais Justiça mais habitação mais
desenvolvimento e o país tem
razão continuamos a querer concretizar
os nossos sonhos temos é mais sonhos e
temos sonhos
maiores temos a certeza vivida de que só
há verdadeira Liberdade com autonomia e
independência financeira enquanto país e
enquanto indivíduos
esta exigência permanente evolutiva e
mutável dos portugueses é a pesada
herança que os capitães de Abril
deixaram a esta Câmara mais
concretamente a todos nós aos políticos
e essa pesada herança e é essa pesada
herança que explica tantos e tantos
portugueses desiludidos tantos e tantos
portugueses zangados tanta e tanta
polarização tanta
e tanto
populismo devemos culpar os portugueses
por isso devemos culpá-los pelas suas
escolhas n urnas tenho genuínas dúvidas
que a resposta a isto seja mais
ideologia mais guerras culturais mais
partidarização mais tática política ou
mais jogos parlamentares a desilusão de
uns resolve-se com boa
governação polarização de outros
resolve-se com soluções com ações
concretas e não com palavras e discursos
mais ou menos inflamados e notem a
expressão que propositadamente usei
resolver não disse
combater a casa da Democracia não é um
castelo fechado em si mesmo protegida
atrás de grados que por conforto ou
segurança simbolicamente fomos
santificar a casa da Democracia não pode
servir para defender o regime e será
outra a dita assembleia nacional e muito
menos a casa da Democracia serve para
defender a democracia Serve sim para
construir a democracia todos os dias com
mais políticas que política com mais
coragem que jogos ou preocupações com a
popularidade
entre defender e construir é a diferença
entre 24 e 25 de
Abril senhoras e senhores deputados o
primeiro a perceber isto mesmo terá sido
Mário
Soares Soares essa personalidade quase
tão polémica quanto marcante fo mai de
um espírito de bom senso e sabedoria que
hoje em política chamamos de
moderação o homem que combateu o Partido
Comunista português nas ruas foi o mesmo
que não permitiu a sua
ilegal o homem queou a Telo foi o mesmo
que trouxe Espinola para junto de si o
que alguns podem chamar de contradições
ideológicas e políticas ele chamaria
de
respeito de respeito pela diferença de
pensamento pela diversidade das ideias
não por uma casta noção de tolerância
Mas pela certeza de que o país só cresce
e só se desenvolve com a diferença e
pela diferença
com a certeza de que a diferença exige
mais de nós muito mais de nós que a
diferença soma e acrescenta isso é
sabedoria isso é bom senso como
português cidadão e eleitor só posso
esperar o mesmo para esta casa o
respeito pela diferença de que a
composição desta Assembleia é hoje
exemplo
da afirma livre da vontade
Popular diferença que todas as semanas
exercitamos com a exigência de elevação
que distingue o ser
Democrata sim senhoras e senhores
deputados eu ainda sou do tempo em que
tínhamos parlamentar
aparentemente muito educados formalmente
muito respeitadores da dignidade das
instituições que pensavam todos da mesma
forma que concordavam uns com os outros
e que diziam as mesmas coisas esta
Assembleia já teve isso mesmo e depois
fez o 25 de Abril Tenho dito
C